Entre os anos de 2011 e 2012, o Projeto Memórias do Comércio retornou à capital do Estado com novos olhares. Novos olhares que devem levar em consideração a relação intrínseca entre comércio, prestação de serviços e desenvolvimento urbano. Esse conceito trouxe para a equipe o desafio de ampliar os horizontes da pesquisa de campo a partir do centro expandido, que havia sido um dos principais conceitos da etapa desenvolvida entre os anos de 1994 e 1995. Para o estabelecimento de novas áreas de mapeamento de entrevistados, buscamos localidades que se destacam pelas características de sua rede de comércio. Um dos parâmetros utilizados foi a definição dos chamados subcentros. O desafio era sair do centro e circular pelos bairros mais longínquos da cidade, percebendo o imenso potencial de comércio local, quase como se fossem minicentros. Trata-se de bairros mais distantes do centro histórico, onde atualmente encontram-se os mais diferentes produtos e serviços, eliminando a necessidade de se deslocar. Temos, como exemplo, Pinheiros, Santo Amaro, São Miguel Paulista, Santana e Lapa, entre outros. Outras áreas mapeadas se notabilizam como polos culturais e de consumo: bairros que atraem determinado tipo de consumidor não por conta de preços ou produtos disponíveis, mas porque, aliado a essas questões, está o fato de que revelam também um estilo de ser, pensar ou agir. É o consumo do próprio espaço, tal como ocorre na Vila Madalena e na Freguesia do Ó. Por outro lado, outros polos especializados dizem respeito ao tipo de produtos que se busca, como nos casos dos bairros do Bom Retiro, Brás e Santa Ifigênia. E, da mesma maneira que na primeira edição, os pesquisadores também percorreram ruas especializadas em determinado tipo de comércio, como a Paes Leme, a Borges Lagoa e a Avenida dos Bandeirantes. Mas o crescimento do setor de serviços, principalmente no que diz respeito ao transporte e armazenamento de mercadorias, trouxe também a ideia de bairros especializados nesse tipo de atividade: Vila Maria, Vila Guilherme e Parque Novo Mundo, todos com atividades que giram em torno do terminal de Cargas Fernão Dias, na Vila Sabrina. Também nesta sexta edição era necessário verificar as mudanças ocorridas nas modalidades de comércio e nos ramos de atividade. O que teria mudado no espaço de quase 20 anos? O comércio virtual, que era incipiente, mostrou a sua força e, ao contrário do que os especialistas previam naquela época, potencializou o negócio de grandes estabelecimentos que já mantinham uma extensa rede de lojas. Dos ramos de atividades, parâmetro que permeia todos os módulos, foi dado destaque para o lazer e o entretenimento, bem como a uma novíssima modalidade, o comércio solidário. Esse, certamente foi alavancado não só pelas facilidades do comércio virtual, mas também pelo desenvolvimento dos conceitos de desenvolvimento sustentável e respeito às comunidades urbano-rurais que as organizações sociais brasileiras desenvolveram desde os anos 90. Foram então localizadas 276 pessoas em mais de 25 bairros de São Paulo. Dessas, 61 se dispuseram a compartilhar suas memórias e suas experiências em site, exposição e livro. A partir desse novo olhar sobre a cidade, que ainda não se esgota nesta etapa, a equipe de pesquisa chegou à conclusão de que ficou evidente a existência de diversos centros comerciais e que a dicotomia centro-periferia na faz mais sentido.