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História
Por: Museu da Pessoa, 7 de maio de 2012

Idade da pedra

Esta história contém:

Idade da pedra

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“Eu nasci nos Açores. Os Açores são um arquipélago de nove ilhas que fica entre o continente americano e o europeu. Reza a tradição que ali teria sido a Atlântida, e nós acreditamos nisso, nesse mito. É um arquipélago que tem em torno de 300 mil habitantes, e a ilha onde eu nasci, como foi a terceira a ser descoberta, chama-se Ilha Terceira. Minha infância foi bem típica do meio rural: jogava-se bola, havia brincadeiras de correr. Isso foi lá pelos anos 40. Depois veio o tempo da escola, e aí tinha uma peculiaridade que vocês não conhecem: a alfabetização se dava numa pedra. Era uma pedra que tinha um caixilho e o lápis, que não era de pedra, era um pouco mais mole. E ali você podia escrever. Os primeiros dois anos você escrevia numa pedra de ardósia. Então, por incrível que pareça, eu sou da idade da pedra. Nessa época, nós vivíamos numa aldeia e tudo era bem rústico. No comércio, por exemplo, a coisa ainda se fazia pelo sistema de trocas. Meu pai semeava trigo, colhia o trigo, dava uma parte do trigo para o moleiro que moía, ficava com uma parte e trazia a farinha. E era igual com os outros produtos. Você fazia troca de batata com o pescador que levava o peixe e assim por diante. Depois, por volta de 1946, meus pais mudaram para a quinta dos meus avós. Eles produziam hortaliças para o mercado; tinham uma banca no mercado, então a relação já era outra. Eu me dei bem ali, mas sempre tive o espírito rebelde. Questionava a ditadura de Salazar e então pesava uma certa ameaça sobre mim. Para piorar, naquele tempo eclodiu a guerra nas colônias. Então eu só tinha uma saída: migrar. Eu fiz a viagem de navio para o Brasil. Saí da Ilha Terceira e passei por outra ilha chamada São Miguel; isso levou um dia. Depois, navegava-se mais dois dias para chegar à Ilha da Madeira. E, finalmente, da Ilha da Madeira para chegar a Lisboa mais dois dias. Só nesse trecho você viajava por cinco dias. E de Lisboa até o Brasil,...

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Dados de acervo

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P1 – Boa tarde. Primeiramente eu gostaria de agradecer muito a sua participação. Pra começar eu gostaria que o senhor dissesse pra gente o seu nome completo, a data e o local de seu nascimento.

R – Meu nome é Manuel Henrique Farias Ramos, nasci em 8 de maio de 1939, portanto faço 73 anos amanhã.

P1 – O senhor nasceu onde?

R – Eu nasci nos Açores. Os Açores são um arquipélago de 9 ilhas que fica entre o continente americano e o europeu. Homero, reza a tradição que ali teria sido a Atlântida. Nós acreditamos nisso, né? Nesse mito. É um arquipélago que tem em torno de trezentos mil habitantes e a ilha onde eu nasci, como foi a terceira a ser descoberta, chama-se Ilha Terceira. Por incrível que pareça Dom Pedro I, quando voltou a Portugal pra combater o irmão Dom Miguel, foi lá que ele foi pegar apoio, organizar as tropas, para cunhar moeda. Houve doação de joias, tudo, pra ele cunhar moeda e pra fazer um movimento bem sucedido chamado o Movimento Liberal.

P1 – O senhor poderia falar pra mim o nome dos seus pais?

R – Manuel Gonçalves Ramos e Emilia Gonçalves Farias.

P1 – E o que eles faziam, qual era a atividade deles?

R – Bom, minha mãe, como era tradicional naquele tempo, era dona de casa, né, e meu pai, a maior parte do tempo ele era bom profissional em carpintaria e marcenaria. Ele acabou fazendo, nos seus últimos 20 anos, fez empreitada com os americanos porque tem um base americana das lajes lá na ilha, que foi montada pra Segunda Guerra mundial pelos ingleses. Depois foi cedida para os americanos e se mantém hoje. É considerada uma das três bases mais importantes pelo ponto estratégico e pela infraestrutura, para aviões cargueiros e todo o tipo. Então nos últimos vinte anos ele foi empreiteiro para trabalhar para os americanos.

P1 – O senhor tem irmãos?

R – Não. Tive um irmão, mas morreu pequenininho com onze meses, alguma coisa assim.

P1 – Certo. Conta pra gente um pouquinho como é que foi...

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