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História
Personagem: Pedro Herz
Por: Museu da Pessoa, 17 de agosto de 2012

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“Meus pais fugiram do nazismo em 1938. Eles não tinham opção. E o curioso é que, apesar de quererem vir para o Brasil, não puderam ficar, porque o governo Vargas não permitia. Tiveram que seguir até a Argentina e só mais tarde conseguiram um visto. Eles queriam vir para o Brasil porque meus tios já estavam aqui. Terminada a guerra, minha mãe precisava fazer algo para ajudar meu pai, porque era realmente apertado sustentar minha mãe, meu irmão e eu. E ele. Ele tinha que comer também. Enfim, ela teve uma ideia e resolveu alugar livros. Os conhecidos, os amigos daquele grupo de imigrantes, sentiam falta de ler. Livro já era raro, e em alemão muito menos. Eles se sentiam uma comunidade à parte. Minha mãe conta um episódio que, quando foi fazer a documentação na polícia, a pessoa que a atendeu perguntou: ‘Estado civil?’ Ela falou: ‘Cansada.’ Aí o atendente desapareceu do guichê, voltou dois minutos depois e trouxe uma cadeira para ela. Foi uma cena engraçada, mas que mostra que havia toda aquela comunidade de imigrantes, pessoas que falavam alemão e não liam bem em português. Ela começou o negócio com dez livros. Eram romances, best-sellers. Aos poucos os pedidos foram aumentando e ela foi comprando mais livros... até que chegou um momento em que éramos nós ou os livros, sabe? Aí tivemos que alugar um sobrado na Rua Augusta e nós ocupávamos a parte superior. Fomos para lá com os livros. E de novo os livros tomando conta... Assim até que as pessoas que alugavam começaram a estimular minha mãe a vender os livros: ‘Ah, eu li esse livro, adorei, amanhã é aniversário da minha avó, ela com certeza adoraria ganhar esse livro. Por que você não vende?’ Aí nasce a livraria, porque até então era uma biblioteca circulante, apenas isso. Foi quando ela decidiu, também, vir para a Avenida Paulista, porque achou que seria uma rua que teria futuro. Nós abrimos a loja em 1969. Fomos crescendo...

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Dados de acervo

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P/1 – Eu queria começar perguntando o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – Eu sou Pedro Herz, sem t. Vou brincar um pouco agora, porque se tivesse t eu seria rico e famoso, se tivesse o t seria o da locadora hertz, e seria famoso por ser o descobridor das ondas hertzianas, o kilohertz, megahertz, sabe? Então eu seria famoso por aí. Eu sou nascido em São Paulo, em 28 de maio de 1940, na Promater.

P/1 – E qual o nome dos seus pais?

R – Meu pai é Kurt Herz e a minha mãe é Eva Herz, alemães que fugiram do nazismo em 1938 com destino à América Latina e, no último minuto, já eram casados, mas nem conseguiram fugir juntos.

P/1 – Você não viveu isso, mas dessa história de origem da família, o que eles faziam, em que cidade da Alemanha eles viviam? O que ficou de memória da família pra você?

R – Bom, eu não conheci nenhum dos avós, nenhum avô materno e nem paterno. Todos faleceram antes... A minha avó materna faleceu aqui, mas eu não a conheci, foi antes de eu nascer. Do resto eu não conheci ninguém. Só conheci uma tia, um tio, e da parte de pai também só um irmão do meu pai, que fugiu pro Brasil. Eram nove irmãos, todos os demais foram pros Estados Unidos, um apenas foi pra Suíça, que eu conheci.

P/1 – Nenhum deles foi pra campo de concentração, foi morto?

R – Não, eles conseguiram fugir. O meu tio, irmão da minha mãe, foi. Esse foi morto em campo de concentração, mas os demais fugiram, conseguiram fugir.

P/1 – O que a sua família fazia lá? Que cidade eles moravam e qual era a profissão deles?

R – Meu pai é de Krefeld, cidade perto de Colônia, e a minha mãe é berlinense, de Berlim. A minha mãe tinha uma atividade em que ela trabalhava basicamente como voluntária em uma biblioteca, ela não tinha um emprego propriamente dito; meu pai era representante comercial.

P/1 – Você sabe como eles se encontraram, como eles se casaram?

R – Não. Eu acho que foi uma cerimônia...

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