Nome do projeto: Memorial do Trabalhador
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de: Rubens Nogueira
Entrevistado por: Marina
Foz do Iguaçu, 28 de agosto de 2002
Código: ITA_CB018
Transcrito por: Elisabete Barguth
P1 – Por favor, diga o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Rubens Nogueira, 30 de julho de 1928, em Sorocaba estado de São Paulo.
P1 – Nome dos seus pais por favor.
R – Teodoro Nogueira e Hortênsia Nogueira.
P1 – Muito bem, o senhor veio a Itaipu, chegou à Foz do Iguaçu por qual motivo?
R – Porque eu fui admitido para trabalhar para Itaipu no Rio de Janeiro onde eu exercia minha atividade, eu trabalhava lá em 1976 e durante 5 anos eu trabalhei lá. Em 1981 o assessor de relação publicas daqui pediu demissão e eu fui transferido pra Foz do Iguaçu e aqui trabalhei por mais de 10 anos no total trabalhei 15 anos na Itaipu Bi Nacional.
P1 – Certo, o que o senhor se recorda da primeira vez que veio aqui, qual foi o impacto?
R – Olha, o impacto foi o seguinte: em 1976 Foz do Iguaçu era uma cidade muito pequena com apenas 36 mil habitantes, muito pouco asfalto... não havia praticamente asfalto, telefone precário, o aeroporto fechava às 6 horas da tarde, uma cidade pacata, uma cidade que me lembrava Sorocaba quando eu sai de lá em 1948 com 20 anos para tentar a vida no Rio de Janeiro.
P1 – E por sua vez essa foi a impressão de Foz. E a impressão daqui de Itaipú?
R – A impressão de Itaipu sempre foi muito positiva porque um projeto do tamanho que é o projeto Itaipu, conduzido magistralmente por um homem chamado José Costa Cavalcanti. Um homem que já havia sido Ministro das Minas e Energias, Ministro do Interior e que assumiu a direção de Itaipu com uma equipe excepcional e que como ele mesmo disse ao final de uma visita depois de ter se ausentado de Itaipu ele deu a alma a esta obra eu tenho a convicção de que sem o trabalho, a dedicação, o esforço daquele homem Itaipu não...
Continuar leitura
Nome do projeto: Memorial do Trabalhador
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de: Rubens Nogueira
Entrevistado por: Marina
Foz do Iguaçu, 28 de agosto de 2002
Código: ITA_CB018
Transcrito por: Elisabete Barguth
P1 – Por favor, diga o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Rubens Nogueira, 30 de julho de 1928, em Sorocaba estado de São Paulo.
P1 – Nome dos seus pais por favor.
R – Teodoro Nogueira e Hortênsia Nogueira.
P1 – Muito bem, o senhor veio a Itaipu, chegou à Foz do Iguaçu por qual motivo?
R – Porque eu fui admitido para trabalhar para Itaipu no Rio de Janeiro onde eu exercia minha atividade, eu trabalhava lá em 1976 e durante 5 anos eu trabalhei lá. Em 1981 o assessor de relação publicas daqui pediu demissão e eu fui transferido pra Foz do Iguaçu e aqui trabalhei por mais de 10 anos no total trabalhei 15 anos na Itaipu Bi Nacional.
P1 – Certo, o que o senhor se recorda da primeira vez que veio aqui, qual foi o impacto?
R – Olha, o impacto foi o seguinte: em 1976 Foz do Iguaçu era uma cidade muito pequena com apenas 36 mil habitantes, muito pouco asfalto... não havia praticamente asfalto, telefone precário, o aeroporto fechava às 6 horas da tarde, uma cidade pacata, uma cidade que me lembrava Sorocaba quando eu sai de lá em 1948 com 20 anos para tentar a vida no Rio de Janeiro.
P1 – E por sua vez essa foi a impressão de Foz. E a impressão daqui de Itaipú?
R – A impressão de Itaipu sempre foi muito positiva porque um projeto do tamanho que é o projeto Itaipu, conduzido magistralmente por um homem chamado José Costa Cavalcanti. Um homem que já havia sido Ministro das Minas e Energias, Ministro do Interior e que assumiu a direção de Itaipu com uma equipe excepcional e que como ele mesmo disse ao final de uma visita depois de ter se ausentado de Itaipu ele deu a alma a esta obra eu tenho a convicção de que sem o trabalho, a dedicação, o esforço daquele homem Itaipu não teria saído do projeto.
P1 – E como se manifestava essa dedicação em poucas palavras por favor.
R – Essa dedicação se manifestava, provavelmente, eu não estava dentro dele, mas em pensar em Itaipu 24 horas por dia, em estar sempre disposto em sair do Rio para ir a Brasília discutir e pedir ajuda financeira, ajuda de aprovação para que o cronograma não se atrasasse. Ele realmente... ele vivia Itaipu.
P1 – Agora dentro da sua área qual foi o seu trabalho frente a comunidade, que histórias mais contundentes você tem para contar?
R – Itaipu sempre foi muito contestada na região, então quando eu cheguei aqui em 1981 estava no auge de desapropriação, uma vasta área de Foz do Iguaçu até Guaíra a centenas de terrenos, de fazendas, de propriedades que teriam que ser desapropriadas para a formação do lago. Então os políticos, a imprensa... eram hostis a Itaipu, o meu trabalho como assessor de relações publicas era tentar mudar um pouco essa mentalidade através da comunicação, do esclarecimento, da visitação trazendo as pessoas, as entidades comunidades autoritárias e autoridades da região para conhecer de perto o projeto o que ele significava para a redenção do Brasil no campo energético e foi um trabalho que o meu era muito pequeno em relação que fazia a diretoria jurídica, faziam outros diretores, mas na minha pequena área de relações publicas eu acredito que nós fomos felizes porque nós preparamos materiais de divulgação, preparamos filmes, documentários, fotografamos, divulgamos isso tudo e recebíamos cerca de mil visitantes por dia numa certa ocasião.
P1 – Mas o senhor acha que essa argumentação anulava o sentimento da propriedade privada invadida por águas?
R – Olha, a desapropriação era indispensável para que o projeto prosseguisse, Itaipu foi muito generosa com os proprietários, ela fez avaliações sempre no alto, sempre pelo maior valor. Houve algumas resistências, mas 95% foi de aceitação. Muita gente aceitou bem e Itaipu trabalhou pela relocação dessas pessoas em outras áreas, em outros estados, enfim, foi um trabalho criterioso, um trabalho de grande planejamento e eu acredito que hoje em dia todo mundo reconhece como foi benéfico fazer esse projeto que atende mais de 20% de toda a exigência de energia elétrica no Brasil.
P1 – Quer dizer no geral houve aceitação e que outro trabalho a sua área fazia com a humanidade, acho que era fundamental a aceitação...
R – A aceitação era fundamental mas a convivência também, então nós organizávamos programas sociais, artísticos, esportivos não diretamente mas o nosso setor de relações publicas ele colaborava com essas atividades que era da assistente social, da diretoria de administração e tal para fazer o entrozamento com a comunidade local dávamos todo o apoio as entidades locais, fosse religiosa, fosse comercial, fosse esportiva, enfim, eu acredito que hoje em dia quem olha pra traz sente que o trabalho foi bem feito.
P1 – E o senhor sentiu por exemplo medo da população quando fosse o momento de subir o nível da represa, medo de certas crendices.
R – Houve muita crendice cada vez que explodia uma carga de dinamite as janelas tremiam na cidade e as pessoas ficavam um pouco assustadas e tal.
P1 – E era com que frequência isso?
R – Isso era praticamente 24 horas por dia, a Itaipu tinha um consumo de dinamite fantástico pra abrir na rocha o canal de desvio por exemplo com 150 metros de altura, quase 2 quilômetros, né, era um trabalho muito intenso.
P1 – Mas o desvio tinha 2 quilômetros?
R – 2 quilômetros.
P1 – E como é que foi o momento da abertura das...
R – Olha, foi um momento fantástico que eram 50 mil quilos de explosivos em poucos segundos, quem assistiu aquilo não esquece jamais.
P1 – Eu acredito.
R – O avanço da água barrenta aos borbotões, um rio de 450 metros quadrados de repente tendo que correr por 150 metros de largura.
P1 – Espirrou água por todo lado.
R – Por todo lado, era uma beleza, era um espetáculo assustador mais demonstrativo da capacidade do homem e do mar um rio como Paraná.
P1 – É verdade, algum outro caso assim o senhor deve ter muitos, mas assim de uma coisa muito fragrante que aconteceu na área de comunidade que mereça ser mencionado rapidinho porque nós já estamos no fim.
R – Pra dizer a verdade nós tínhamos acontecimento diários, porque o setor de relações publicas recebia visitantes do mundo inteiro então falando em comunidade internacional de Campos a um episódio muito curioso da visita da Princesa Anne, a filha da rainha da Inglaterra que foi preparado com muita antecedência e com muita solenidade, mas quando ela chegou na casa de força um desses servidores humildes com aquele tambor de café com copinhos de plástico se aproximou da princesa e ofereceu pra ela e ela aceitou de bom grado, pronto acabou-se toda aquela...
P1 –Acabou o protocolo.
R – O protocolo, foi uma beleza.
P1 – E você assistiu a isso?
R – Assisti.
P1 – Deve ter sido lindo, muito bem e hoje quais são as suas atividades?
R – Olha, depois que eu me aposentei eu passei a me dedicar as letras ler e escrever.
P1 – Desculpa, a sua aposentadoria é complementar a ...
R – Fundação Itaipu que foi criada na administração do Ministro Ney Braga.
P1 – Que é um privilégio raro. Agora quanto a esse projeto de Memória de Itaipu levantada através de depoimentos o que o senhor acha?
R – Eu sou um escritor memorialista, já estou no meu quarto livro então o passado tem que ser preservado. Preservado no documento, preservado na imagem, preservado na gravação e quando me convidaram pra esse projeto eu fiquei muito feliz, porque eu teria a ideia de ter feito um projeto pessoal pra mim e agora tranquilamente convidado estou aqui muito honrado, muito feliz.
P1 – E nós agradecemos imensamente a sua entrevista e a sua colaboração, obrigada.
Recolher