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Personagem: Edson Camilo Leite
Por: Museu da Pessoa,

O “chef” das causas sociais

Esta história contém:

O “chef” das causas sociais

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Edson Camilo Leite, este é o meu nome completo. Nascido na Zona Leste de São Paulo, criado em Osasco e depois Zona Sul, moleque da periferia. Criado por mãe e avó, considero meu pai, hoje, um amigo capaz de me emocionar: “Você é para mim o que eu acho que deveria ter sido para você”, ele me disse. Em certas ocasiões, no entanto, meu padrasto foi referência para mim, principalmente por tentar me mostrar o caminho certo. E isso era fundamental na minha infância/adolescência, nas quebradas por onde eu transitava. Pelo caminho eu encontrava a violência, o crime, a droga,a morte. Lugares onde a expectativa de vida era de 29 anos. Morrer ‘matado’ era normal.

Eu começo a perceber que não era normal (tiro, morte) quando curto o rap, quando vou para o rap. Para não ir para o crime; o rap é que salvou.

Hoje, eu reflito sobre nossas escolhas. Os que permaneceram no processo escola/ amizade/ rap, sobreviveram. Os que se perderam, perderam afinal a vida. Agora, o rap trouxe, na época, consciência, revolta, confronto com o Estado, preconceito...Mas aquele era o momento do desafio; a vontade de transformar, de tornar menos injusto. Aí, eu começo a trabalhar, a frequentar uma escola fora da quebrada – em Moema. Nessa saída, eu percebo que há uma oportunidade, mas que prospera, também, um sentimento de não pertencimento. Àquele mundo, àquele ambiente, àquela realidade. Porque o natural não é sair, é ficar confinado à periferia, suas lacunas, suas carências. Então eu saio e permaneço – o rap é um elo permanente com a periferia. E aí eu passo a fazer parte da turma de moleques-problema da escola, graças, sobretudo, à inadequação, à certeza da inferioridade social. Não havia, ainda, maturidade para perceber a escola – particularmente a boa escola – como única chance de salvação. Eu não compreendia que o Estado monta esquemas de confinamento nos lugares de origem das pessoas. E...

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Projeto Conte Sua História

Depoimento de Edson Leite – Parte I

Entevistado por Carol Margiotti e Wini Calaça

São Paulo, 23/04/19

PCSH-HV 767 (Parte I) _ rev.

Realização Museu da Pessoa

Transcrito por Selma Paiva

Revisado/Editado por Paulo Rodrigues Ferreira

P/1 – Edson, bom dia!

R – Bom dia!

P/1 – Muito obrigada por ter vindo aqui hoje!

R – Obrigada eu, por vocês me convidarem!

P/1 – E, para começar, seu nome completo.

R – Edson Camilo Leite.

P/1 – O local e a data do seu nascimento.

R – Eu nasci no dia 28 de dezembro de 1983, na Vila Matilde, Zona Leste de São Paulo.

P/1 – E você sabe por que você foi batizado com esse nome?

R – Então, na real, é uma briga entre meu pai e minha mãe. Meu pai saiu para me registrar, sozinho. Aí, minha mãe é (Ivanci?) [1:07] Rosana de Oliveira, meu pai é Valmir Camilo Leite. Minha mãe estava no hospital, ele saiu para me registrar. Colocou só o nome dele. Aí ficou Edson Camilo Leite. Então, não tem o nome da minha mãe. Só tem o nome do meu pai. (risos). Aí, ele me registrou sozinho, eu fiquei sem o Oliveira.

P/1 – E você sabe qual foi a reação da sua mãe?

R – Minha mãe, o que ela conta, na real, é que não deu tempo. Como já tinha registrado, naquela altura, para trocar o nome, para fazer... Como ele foi registrar, ele registrou... Foi uma briga. Foi algo que ele foi fazer e fez sozinho. Aí eu fiquei com o nome dele, só. (risos) É isso. Mas eu sou bem mais Oliveira, de vivência, do que Leite, de convivência. Porque convivi com meu pai pouco tempo.

P/1 – E você sabe por que Edson?

R – Na real, não, assim. Mas era uma altura dos Edsons, ali. 1980 você ainda tinha a era meio Pelé, ali, fora, tipo saindo, não é? Então era a altura, meio ali. Não tem mais Edson. A partir da década de 1990 a 2000 você não tem mais Edsons. Não tem criança que se chama Edson. Você tem jogadores de futebol que chamam Edson, atores que chamam Edson e aí, sei...

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