"Lá em Amparo ele nasceu
E com Alice se casou
Seus filhos são uns amores
Suely, Hamilton
Sélma e Hailton"
É bom lembrar que os versos acima foram feitos como paródia para a música da série famosa da TV "Bat Masterson" em homenagem ao sr.Miltinho. E a nossa melhor homenagem a ele é transcrver um texto sobre sua cidade querida e há muito não visitada Amparo, terra do meu pai. "Montanhas recobertas por selva brumosa, repleta de feras e índios hostís, mas com vales ensolarados, auroras e poentes que fariam o sonho de um pintor, terras férteis e até um pouco de ouro, essa era a visão que os paulistas de antanho tinham do Sertão de Manducaia, vasta região ao norte de Jundiaí. Durante duzentos anos, bandeirantes e tropeiros evitaram passar por essas perigosas florestas. Mas essa região estava no caminho mais curto para se chegar aos garimpos de Goiás. A "febre do ouro" começou a vencer os temores.
Um ramal da estrada S.Paulo/Goiás, de Atibaia a Mogi-Mirim, rasgou o coração da selva, cortando os vales do Jaguari e Camanducaia. Por essa picada trafegavam garimpeiros, comerciantes, tropeiros e famílias inteiras que se dirigiam ao novo Eldorado de Goiás. Isso exigia que houvesse a cada cinco ou seis léguas pousos, onde encontrassem abrigo e alimentos. Desses ranchos nasceram dezenas de cidades aos longo dessa rota. Provavelmente, essa foi a origem do povoado nas margens do Camanducaia; um rancho à beira do caminho para os visitantes, uma "vendinha" e a humilde morada do vendeiro, nada mais...
Nessa época, o Morgado de Mateus, governador da capitania, escrevia ao Rei, dizendo que no "retiro do Camanducaia" não se sabia o nome do Rei, e nem sequer que ele existia. Era uma terra livre... Por volta de 1816 já havia uma capelinha dedicada a Nossa Senhora do Amparo, à margem do rio, mudada para a encosta para fugir as inundações.
Entretanto, continuava a chegar ao povoado gente nova vinda de Bragança, Atibaia, Nazaré, Mogi-mirim e Campinas....
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"Lá em Amparo ele nasceu
E com Alice se casou
Seus filhos são uns amores
Suely, Hamilton
Sélma e Hailton"
É bom lembrar que os versos acima foram feitos como paródia para a música da série famosa da TV "Bat Masterson" em homenagem ao sr.Miltinho. E a nossa melhor homenagem a ele é transcrver um texto sobre sua cidade querida e há muito não visitada Amparo, terra do meu pai. "Montanhas recobertas por selva brumosa, repleta de feras e índios hostís, mas com vales ensolarados, auroras e poentes que fariam o sonho de um pintor, terras férteis e até um pouco de ouro, essa era a visão que os paulistas de antanho tinham do Sertão de Manducaia, vasta região ao norte de Jundiaí. Durante duzentos anos, bandeirantes e tropeiros evitaram passar por essas perigosas florestas. Mas essa região estava no caminho mais curto para se chegar aos garimpos de Goiás. A "febre do ouro" começou a vencer os temores.
Um ramal da estrada S.Paulo/Goiás, de Atibaia a Mogi-Mirim, rasgou o coração da selva, cortando os vales do Jaguari e Camanducaia. Por essa picada trafegavam garimpeiros, comerciantes, tropeiros e famílias inteiras que se dirigiam ao novo Eldorado de Goiás. Isso exigia que houvesse a cada cinco ou seis léguas pousos, onde encontrassem abrigo e alimentos. Desses ranchos nasceram dezenas de cidades aos longo dessa rota. Provavelmente, essa foi a origem do povoado nas margens do Camanducaia; um rancho à beira do caminho para os visitantes, uma "vendinha" e a humilde morada do vendeiro, nada mais...
Nessa época, o Morgado de Mateus, governador da capitania, escrevia ao Rei, dizendo que no "retiro do Camanducaia" não se sabia o nome do Rei, e nem sequer que ele existia. Era uma terra livre... Por volta de 1816 já havia uma capelinha dedicada a Nossa Senhora do Amparo, à margem do rio, mudada para a encosta para fugir as inundações.
Entretanto, continuava a chegar ao povoado gente nova vinda de Bragança, Atibaia, Nazaré, Mogi-mirim e Campinas. Em 1829 a população já justificava a presença de um Cura, concedida em 8 de abril desse ano. Poucos anos depois, Amparo era Freguesia e, em 1857, tornou-se "vila", mas a esse tempo uma riqueza inesperada, o café, tomou conta da terra e da alma amparense. Duas décadas depois, Amparo era o maior produtor da rubiácea no mundo. Casarões e sobrados se multiplicavam em suas ruas e praças, ficando até hoje como testemunhas mudas desse período dourado. Havia jornais diáios, teatros, estrada de ferro, médicos e hospitais, advogados e comarca, bancos, ricos fazendeiros e abastados comerciantes. Havia também uma multidão de escravos e começavam a chegar os imigrantes estrangeiros.
A política também fervilhava em disputas acirradas, enquanto o abolicionismo se apoderava do coração de muitos amparenses. Foi em Amparo que surgiu o primeiro Clube Republicano do país e seus membros participaram da célebre Convenção de Itu, onde se criou o Partido Republicano. A Abolição e a República não alteraram a prosperidade do município. Amparo continuou sendo uma das mais importantes cidades do Estado. Sobreveio, porém a crise de 1929, com a bancarrota do café, seguida das Revoluções de 1930 e 1932.
Amparo, um dos núcleos da Revolução Constitucionalista, dera sua mocidade para formar o Batalhão 23 de maio; a cidade foi alvo de ataques aéreos, os primeiros do hemisfério sul, foi conquistada e ocupada pelas forças federais em meio a sangrentos combates, uma dezena de jovens amparenses perdeu a vida batalhando por sua cidade. Começava um período de estagnação que só seria interrompido pela retomada da prosperidade na década de 1970.
Mas mesmo a crise teve suas vantagens: preservou a arquitetura oitocentista de sobradões imponentes e velhas fazendas, afastou a poluição e permitiu um crescimento ordenado. Por isso, Amparo hoje é a linda e velha cidade de que todos nós, amparenses de nascimento ou de coração, nos orgulhamos. Uma cidade cheia de histórias e lendas que infelizmente, não cabem aqui, cheia de episódios heróicos e de "causos" caipiras de grandes vultos que aqui nasceram ou viveram, cheia de relíquias do passado e também de projetos para o futuro.
Mas, sobretudo, é a mesma terra linda e hospitaleira de montanhas e vales, de rios e cascatas, de flores e de frutos, de céu azul ou de brumas frias de inverno, que encantou seus primeiros povoadores."
Texto de José Eduardo Pimentel de Godoy, homenagem da filha Suely ao pai Milton Geraldo de Freitas Santos.
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