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Por: Museu da Pessoa, 15 de julho de 1988

"Eu sou um sobrevivente, óbvio"

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"Eu sou um sobrevivente, óbvio"

KA- Sr. Adam, vou começar perguntando o seu nome, local de nascimento, data.

AD- O meu nome... Isso é uma coisa, como você deve sentir, uma coisa complicada. Meu nome, agora, é Adam Drozdowicz, mas isso é nome relativamente novo. Eu nasci como Adam, também, segundo nome foi Henryk e o nome da família foi Gutgisser.

KA- Gutgisser. Depois o senhor escreve pra gente.

AD- Durante a ocupação, durante... Na época, quando nós saímos do gueto, eu adquiri, recebi, na realidade, documentos falsos com este nome Drozdowicz. Meu nome foi Adam Edward Drozdowicz. Quem me deu estes documentos novos foi meu mestre, meu professor da universidade, com quem eu trabalhei. E após da guerra, quando a Polônia foi liberada, surgiu um problema. Voltar pra o nome antigo ou ficar com o nome adquirido. A decisão foi bastante difícil, mas me convenceram que era mais... somente convenceram, não forçaram - ficar com o novo nome. A explicação foi... Estas coisas também podem ser muito interessantes, porque isso não é História, isso é história.

PA- Quem convenceu o senhor?

AD- Muita gente, do Partido, principalmente. E a razão foi bastante simples e complicada. Nós pertencemos ao Partido. Ainda durante a guerra, nós lutamos, nós fizemos parte da guerrilha da esquerda contra os alemães, na Polônia. Eu tinha a chamada boa aparência, ou seja, eu não fui parecido com judeu. Após a guerra, entre a "inteligenzia" polonesa, não muitas pessoas quiseram colaborar com esse novo governo. Eles estavam muito interessados para atrair e colaborar com as pessoas, com alguém até para ser profissional etc... E eles acharam que isso era muito útil para o Partido, se eu vou ficar com o novo nome, com a minha cara do... não do judeu. Isso foi uma coisa bastante... bastante comum.

KA- Mas isso pelo próprio povo ter... Pelo sentimento de antissemitismo do povo?

AD- Pelo próprio povo, claro que sim. Claro que sim. E eu concordei.

AD- Isso foi uma das razões....

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Entrevista com ADAM DROZDOWICZ

Rio de Janeiro, 15 de julho de 1988

Entrevistadoras : Karen Worcman e Paula Ribeiro

Código: HV_059

Revisora: Camila Catani Ferraro

KA- Sr. Adam, vou começar perguntando o seu nome, local de nascimento, data.

AD- O meu nome... Isso é uma coisa, como você deve sentir, uma coisa complicada. Meu nome, agora, é Adam Drozdowicz, mas isso é nome relativamente novo. Eu nasci como Adam, também, segundo nome foi Henryk e o nome da família foi Gutgisser.

KA- Gutgisser. Depois o senhor escreve pra gente.

AD- Durante a ocupação, durante... Na época, quando nós saímos do gueto, eu adquiri, recebi, na realidade, documentos falsos com este nome Drozdowicz. Meu nome foi Adam Edward Drozdowicz. Quem me deu estes documentos novos foi meu mestre, meu professor da universidade, com quem eu trabalhei. E após da guerra, quando a Polônia foi liberada, surgiu um problema. Voltar pra o nome antigo ou ficar com o nome adquirido. A decisão foi bastante difícil, mas me convenceram que era mais... somente convenceram, não forçaram - ficar com o novo nome. A explicação foi... Estas coisas também podem ser muito interessantes, porque isso não é História, isso é história.

PA- Quem convenceu o senhor?

AD- Muita gente, do Partido, principalmente. E a razão foi bastante simples e complicada. Nós pertencemos ao Partido. Ainda durante a guerra, nós lutamos, nós fizemos parte da guerrilha da esquerda contra os alemães, na Polônia. Eu tinha a chamada boa aparência, ou seja, eu não fui parecido com judeu. Após a guerra, entre a "inteligenzia" polonesa, não muitas pessoas quiseram colaborar com esse novo governo. Eles estavam muito interessados para atrair e colaborar com as pessoas, com alguém até para ser profissional etc... E eles acharam que isso era muito útil para o Partido, se eu vou ficar com o novo nome, com a minha cara do... não do judeu. Isso foi uma coisa bastante... bastante comum.

KA- Mas...

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