Nome do projeto: Memorial do Trabalhador
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de: Romualdo Barth
Entrevistado por: Claudia Fonseca
Foz do Iguaçu, 28 de agosto de 2002
Código: ITA_CB013
Transcrito por: Elisabete Barguth
P1 – Bom, eu gostaria que você Romualdo começasse dizendo o seu nome completo, local e a data do seu nascimento.
R – O meu nome é Romualdo Barth, nasci no dia 19/ 9/ 55, em São Luiz Gonzaga no Rio Grande do Sul.
P1 – E o nome de seus pais?
R – Miguel Barth e Irene Margarida Barth.
P1 – E qual era a atividade dos seus pais?
R – Agricultores.
P1 – Lá no Rio Grande do Sul mesmo.
R – Lá no Rio Grande do Sul.
P1 – E quando é que você chegou em Foz do Iguaçu, Romualdo?
R – Vindo do Rio Grande do Sul?
P1 – Sim.
R – Vindo do Rio Grande do Sul foi em 1966, eu não vim diretamente pra Foz do Iguaçu e sim pra Missal aonde eu moro hoje.
P1 – Certo, e veio só você ou veio a família?
R – Veio toda família.
P1 – Você tem 11 irmãos, você e mais 11, conta como é a história?
R – Nós somos 11 irmãos homens e cada um tem uma irmã.
P1 – São 11 irmãos homens e cada um tem uma irmã e porque seus pais resolveram vir de...
R – Porque na época no Rio Grande do Sul a situação tava difícil e a gente era de uma família pobre e viemos procurar mais progresso, a família era grande precisava terra, Paraná era bom.
P1 – E você se lembra quando você entrou em Itaipu a primeira vez na sua vida, a impressão que você teve da Usina?
R – Eu lembro, lembro inclusive que meu pai não queria que eu viesse trabalhar em Itaipu de jeito nenhum porque na época falava-se que Itaipu era um lugar perigoso e mesmo assim contra a vontade de meu pai eu vim fiz os testes todos na época e entrei no dia 18 de julho de 77 eu estava em Itaipu.
P1 – Você estava com quantos anos?
R – 21 anos.
P1 – Mas como é que você veio, você soube que tava fazendo ficha do pessoal?
R – Eu...
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Nome do projeto: Memorial do Trabalhador
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de: Romualdo Barth
Entrevistado por: Claudia Fonseca
Foz do Iguaçu, 28 de agosto de 2002
Código: ITA_CB013
Transcrito por: Elisabete Barguth
P1 – Bom, eu gostaria que você Romualdo começasse dizendo o seu nome completo, local e a data do seu nascimento.
R – O meu nome é Romualdo Barth, nasci no dia 19/ 9/ 55, em São Luiz Gonzaga no Rio Grande do Sul.
P1 – E o nome de seus pais?
R – Miguel Barth e Irene Margarida Barth.
P1 – E qual era a atividade dos seus pais?
R – Agricultores.
P1 – Lá no Rio Grande do Sul mesmo.
R – Lá no Rio Grande do Sul.
P1 – E quando é que você chegou em Foz do Iguaçu, Romualdo?
R – Vindo do Rio Grande do Sul?
P1 – Sim.
R – Vindo do Rio Grande do Sul foi em 1966, eu não vim diretamente pra Foz do Iguaçu e sim pra Missal aonde eu moro hoje.
P1 – Certo, e veio só você ou veio a família?
R – Veio toda família.
P1 – Você tem 11 irmãos, você e mais 11, conta como é a história?
R – Nós somos 11 irmãos homens e cada um tem uma irmã.
P1 – São 11 irmãos homens e cada um tem uma irmã e porque seus pais resolveram vir de...
R – Porque na época no Rio Grande do Sul a situação tava difícil e a gente era de uma família pobre e viemos procurar mais progresso, a família era grande precisava terra, Paraná era bom.
P1 – E você se lembra quando você entrou em Itaipu a primeira vez na sua vida, a impressão que você teve da Usina?
R – Eu lembro, lembro inclusive que meu pai não queria que eu viesse trabalhar em Itaipu de jeito nenhum porque na época falava-se que Itaipu era um lugar perigoso e mesmo assim contra a vontade de meu pai eu vim fiz os testes todos na época e entrei no dia 18 de julho de 77 eu estava em Itaipu.
P1 – Você estava com quantos anos?
R – 21 anos.
P1 – Mas como é que você veio, você soube que tava fazendo ficha do pessoal?
R – Eu em 1974, servi o exército em Foz do Iguaçu e fui convidado na época, dei baixa em 75 pra ingressar em Itaipu porque precisava muitas pessoas pra trabalhar, né, mas eu voltei pra lá pra trabalhar com meu pai na agricultura... ajudar ele, fiquei mais 2 anos com meu pai na agricultura, aí larguei e através de amigos que já trabalhavam aqui acabei ingressando em Itaipu também.
P1 – E a sua primeira atividade aqui foi segurança?
R – Segurança físico.
P1 – Segurança físico, o que você fazia nessa época?
R – Na época tinha vários lugares que tinha que trabalhar, tinha a barreira de controle que era o controle de entrada e saída, tinha o controle de explosivos que era feito pela segurança de Itaipu na construção de canal de desvio, enfim... fazia a segurança da empresa num todo.
P1 – E você entrou direto como funcionário?
R – Não, eu entrei na época contratado pela Unicon fiquei 6 meses e posteriormente passei pra Caeb que tem mais 9 anos e alguma coisa e em 5 de março de 88 eu ingressei em Itaipu.
P1 – Então você fez um trabalho muito interessante que foi na área de meio ambiente, você já foi pra essa... como foi essa sua passagem da segurança pro meio ambiente?
R – Até foi interessante porque na época trabalhava de segurança. Pra mim foi assim meio complicado porque eu era acostumado a trabalhar bastante no pesado, na agricultura e chegar aqui e ficar sem fazer serviço pesado, quem tá acostumado... começou a ficar difícil, a gente trocava turno, foi complicado realmente no inicio os trabalhos. E chegou numa oportunidade em que a diretoria jurídica começou a desapropriação da área dos agricultores pra formação do reservatório e quando ficaram sabendo que eu conhecia a região e eu sabia falar e entendia o alemão, né, o pessoal achou por bem que eu acompanhasse, até ficaram contentes porque a assessoria jurídica tinha bastante dificuldades na época porque o rio Paraná era mato, estrada secundárias... realmente era difícil essa região, aí eu trabalhei com eles 1 ano, com a jurídica na área de desapropriação acompanhando o trabalho deles. E posteriormente o término da desapropriação no enchimento do reservatório de Itaipu eu participei do resgate de toda área onde foi feito na hora do enchimento foi feito o resgate dos animais, foi bastante interessante esse trabalho.
P1- Foi um tanto que pioneira essa preocupação, não foi Romualdo? A preocupação de Itaipu com a questão do meio ambiente naquela ocasião... você vê como uma questão pioneira?
R – Eu achei bastante interessante a ideia de Itaipu fazer esse trabalho porque Itaipu se preocupou logo de cara na hora do enchimento com a área ambiental como está se preocupando hoje ainda. Itaipu fez um trabalho muito grande no meio ambiente onde estou desde o inicio, ainda hoje estou trabalhando nesta área, é uma área bastante gratificante também.
P1 – E como é que foi esse relacionamento seu com os agricultores naquela época que você participou do processo de desapropriação?
R – No inicio foi bastante complicado porque as pessoas que foram desapropriadas, que não foram poucas, muitas terras foram desapropriadas. Foi bastante complicado porque o pessoal não queria entender no inicio... tivemos até a revolta dos agricultores, na época vieram aqui em Foz do Iguaçu fazer greve por causa de melhores pagamentos de terra, mesmo que Itaipu estava pagando bem, que eu conhecia bem a região sabia que estava pagando bem e aquelas pessoas... os aproveitadores, os intermediários. Aí começa as complicações, né, mas felizmente essa parte Itaipu foi bem. Após o enchimento quando Itaipu voltou a campo pra fazer trabalho de reflorestamento, porque nós temos uma faixa de 1400 quilômetros de Foz de Iguaçu à Guaíra com uma média de 200 quilômetros de largura que é a faixa de proteção reservatória, né, e essa área nós estamos reflorestando. Estamos com em torno de 27 mil hectares de terras pra reflorestar e nós temos hoje praticamente faltando mil hectares mais ou menos para o termino, né, e esse trabalho no inicio foi meio complicado porque... até que a gente conseguiu que o agricultor entendesse essa ideia de necessidade de preservar o meio ambiente foi bastante complicado. Hoje já tá mais tranquilo, a situação já tá mais cômoda.
P1 – Você estava dizendo que Itaipu estava pagando mais que as terras valiam, que percentual mais ou menos?
R – Eu não poderia dizer percentual, posso dizer que na época que eu era filho de agricultor. Aí Itaipu entrou com compra, eles fizeram um tomada de preço antes de começar a pagar e eles procuraram pagar um preço justo na época, né, só que os primeiros agricultores que receberam os primeiros que eu digo seriam 30, 40% dos agricultores que receberam eles foram muito bem porque com o dinheiro que eles pegaram eles conseguiram comprar talvez duas a três vezes a quantidade de terra com que receberam de Itaipu, pelo valor que eles receberam de Itaipu, só que depois a inflação, aliás a inflação não seria o ponto, mas especulação tomou conta então as terras começaram a subir e aquele agricultor não conseguiu mais comprar a terra na nossa região.
P1 – E você disse que um dos critérios pra sua escolha que você falava alemão, tinha muito agricultor alemão aqui na região?
R – Olha, a nossa região Beira Lagos, Município mineiro de Itaipu daria pra dizer hoje ainda que eles são 50%, é que são a maioria pessoal do Sul a maioria italianos e alemães.
P1 – E como era o teu cotidiano, o teu horário de trabalho aí já na época que já estava junto com o pessoal do meio ambiente, quer dizer, qual era o horário de trabalho como é que vocês faziam pra almoçar por exemplo, era todo mundo junto?
R – Não, a gente saía a campo como sai hoje ainda, saia de manhã de Foz do Iguaçu e ia a campo fazia as visitas, né, visitava os agricultores, visitava os trabalho de rotina que no inicio por exemplo pra fazer o reflorestamento de Itaipu, Itaipu não tinha muda suficiente pra plantar porque é uma imensidão de área, o que Itaipu fez, ela fez um reflorestamento consorciado, Itaipu entrava com as terras o agricultor entrava com as mudas e plantava milho ou mandioca na faixa de Itaipu, né, então a gente ia lá fazia o cadastro do agricultor... vê quanta área ele tinha, quanta divisa ele tinha e cedia pra ela a área de Itaipu pra ele plantar 3 anos em troca ele plantava as mudas de arvores pra reflorestamento.
P1 – E o que você acha que a Hidroelétrica de Itaipu que mudanças que ela trouxe pra região?
R – Muitas.
P1 – Cita algumas pra gente.
R – Na região que eu moro é uma região praticamente só de agricultura, pequenos vilarejos beirando o rio Paraná e hoje Itaipu, vários fatores, Itaipu trouxe desde os roites por exemplo que eu vivo nos Municípios deles que eles servem, roites é uma população que tá muito contente com Itaipu.
P1 – A infraestrutura então se modificou...
R – A estrutura de Itaipu ajuda desde de convênios pra fazer o reforçamento na faixa de proteção, mananciais fora da faixa de Itaipu, conservação de estradas, também na agricultura Itaipu interfere, ajuda, né, então vários setores Itaipu está beneficiando os agricultores e os Municípios.
P1 – E você é casado Romualdo?
R – Casado.
P1 – Você tem dois filhos?
R – Eu tenho, Nicole Camila e Raphael Miguel.
P1 – Então você mora em Missal que é um Município lindero, o que você faz hoje assim como lazer?
R – O meu lazer hoje é curtir a minha família, moro numa chácara muito bem instalada que eu consegui através do meu trabalho e é o que eu gosto de fazer, chegar em casa e curtir a minha chácara com meus animais.
P1 – Você falou em animais eu queria voltar um pouquinho, na época do resgate com animais como é que foi? Foi muita correria de vocês?
R – O resgate... não tem nenhuma escola que ensina pra vocês aquilo que eu aprendi no resgate. Na época veio o pessoal do Butantã de São Paulo, deu um dia de umas aulinhas pra gente como é pra fazer e a gente pegou o barco foi pra água e o que aparecia a gente pegava desde cobra, aranha, lagarto, o que tinha pegava... tudo.
P1 – Meio na raça então.
R – É, tudo no pulsar, no gancho aí recolhia pro refugio aonde era feita a triagem as cobras eram mandadas pra São Paulo no Butantã e os animais eram soltos no refugio aqui em Itaipu, aqui em Bela Vista e Santa Helena.
P1 – Romualdo, pra gente encerrar o que você achou de ter dado essa entrevista pro Memorial do Trabalhador?
R – Eu fiquei muito contente, agradeço as pessoas que me indicaram e muito obrigado a vocês também.
P1 – Então eu vou pedir só mais uma coisinha pra você, que você agradecesse em alemão é possível ao Museu da Pessoa?
R – Não é difícil não.
P1 – Então?
R - ________
P1 – Ao Museu da Pessoa.
R – Ao Museu da Pessoa _________.
P1 – O.k., obrigada então Romualdo.
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