sobre a coleção

criada em: 19/08/2016

Araraquara e São Carlos foram os pontos de partida para a interiorização do projeto. Uma rica região, cujo desenvolvimento foi calcado inicialmente nos cafezais e, mais recentemente na agroindústria da laranja - considerada, nos últimos anos do século XIX, o principal destino de milhares de imigrantes italianos. Ao percorrer as ruas do centro de Araraquara e de São Carlos, percebe-se que as duas cidades têm muito em comum desde os seus primórdios. Distam cerca de 40 quilômetros uma da outra e não é por acaso: nos tempos da procura do tão almejado ouro, essa era a distância que uma parelha de burros percorria durante um dia, sendo necessário então uma providencial parada. A busca do ouro e a definição de rotas para as minas de Goiás e Mato Grosso estão na gênese dessa história. Mas toda a região merecia um olhar mais atento. Por conta disso, a equipe de pesquisa passou dois meses contatando possíveis entrevistados nas 26 cidades que formam a 12ª Região Administrativa do Estado de São Paulo. Dessas, Araraquara, São Carlos, Matão, Itápolis e Ibitinga forneceram entrevistados representativos de toda a região. Procurou-se também contrabalançar experiências longevas de comércio com experiências mais recentes e as novas formas de troca de mercadorias. Um espaço maior foi dado ao comerciário, figura ímpar que faz a ponte entre o cliente e o produto, que muitas vezes age como se fosse um confessor, ouvindo atentamente as alegrias, tristezas, preocupações e conquistas de seus clientes. Nessa época, os processos de produção da indústria e do setor bancário passavam por grandes transformações, tanto pela privatização das empresas públicas como pelos processos de terceirização e informatização. Por isso, na pesquisa de campo, foram localizadas pessoas que, com garra e coragem, haviam depositado no comércio a possibilidade de uma nova etapa de vida. Café, ferrovia e imigrantes são os três pilares do ponto de partida dessa história, que foi contada não só por 21 entrevistados, mas também pelo levantamento de 40 famílias, 20 de Araraquara e 20 de São Carlos, que tradicionalmente se dedicam ao comércio há várias gerações. Nesse módulo, vislumbra-se não só as dificuldades de adaptação, mas também, os desafios da arte do comércio, principalmente de representantes das colônias italiana, árabe, espanhola e japonesa. O projeto resultou em 21 entrevistas gravadas em vídeo. Elas foram sistematizadas e geraram um hot site, um livro e uma exposição itinerante, que percorreu várias cidades, da mesma maneira que os imigrantes italianos, espanhóis e árabes fizeram tantos anos antes.


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