Eu estava em uma casa desconhecida, porém familiar já que as paredes sem tinta remetiam à casa pobre onde passei a infância e começo da adolescência. Era uma reunião de amigos, mas eu conhecia poucos ou ninguém ali. Entrei na casa sabendo que não poderia tocar em nada se não me contaminaria de Covid-19. Andava cuidadosamente pelos cômodos vazios, e me lembro de estar com as mãos na altura do tórax alinhada às paredes, como se, sem tocá-las, eu estivesse me guiando naquele interior por elas. Quando cheguei no rumo de uma abertura onde deveria ter uma porta, vi, como num espelho, embora claramente não fosse meu reflexo, uma outra pessoa com a mesma posição de mãos, como se, nós dois estivéssemos, cada qual do seu lado no cômodo, fazendo o mesmo. Quando me deparei, essa pessoa e eu nos assustamos, e caímos em risada. Batemos as mãos como num cumprimento. E eu acordei, literalmente, gargalhando.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
No sonho, assim como na vida real, eu estava com muito medo de tocar em algo ali naquela casa. E percebi que eu não era a única a portar esse medo.