Sonhei que ia visitar a minha avó no interior do estado. Quando cheguei, a rua estava em ruínas e só restava a casa da minha avó - que estava ali, literalmente, sozinha. De repente, a minha mãe está ali junto comigo e encontramos, no lado de fora da casa, uma perna de uma mulher jovem. Com o passar do tempo, outros corpos (ou pedaços de corpos) começam a aparecer, todos semi enterrados nas ruínas da cidade. Todos os corpos são de mulheres jovens e parecem ser de prostitutas.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
O sentimento geral do sonho era o de desamparo. O que associo, em um primeiro momento, é que minha avó de 85 anos está isolada em casa com quase nenhum contato com a família desde março. Quando conversamos por vídeo chamada, ela me conta do medo que tem de perder os últimos anos de sua vida presa em casa. Essa fala me deixa angustiada, mas ela se recusa a sair de casa e ir para a casa de alguém. Ela sempre foi uma mulher que gostou muito de viver. A segunda associação, é em relação às mulheres mortas e esquartejadas. Quando eu era criança, morei nessa casa e durante à noite muitas prostitutas faziam ponto ali. A vizinhança queria tirar essas mulheres dali e meu avô as defendia, dizia que elas cuidavam da casa de noite. No sonho, estão todas mortas e despedaçadas. Não conseguimos mais protegê-las do horror. Não têm (temos) mais futuro e somos somente mercadoria matável do antigoverno Bolsonaro.