Estou longe da minha casa, e quando fecho os olhos lembro de muitos objetos que fazem parte da minha vida, ao longo dos anos. Para o diário gostaria de destacar um: a máquina fotográfica do meu pai. Acho que ela não funciona mais, virou um artigo vintage de decoração. Meu pai era o fotógrafo aqui de casa, comprou essa máquina no final dos anos 1970 para registrar a família. Me lembro dos filmes de 12 e 24 fotos, e de ir na loja revelar os filmes com ele. Me recordo de várias poses e também de como naquela época, quando a gente não podia ver a foto antes, como fazemos hoje no smartphone, a gente pensava bem se aquele momento valia uma foto. Lembro de um dia em que fizemos um autorretrato de família, meu pai apoiou a câmera pela janela e colocou no disparo automático. Estávamos todos no quintal, meus pais, meus irmãos e eu. Estávamos felizes, era um domingo de sol.