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Personagem: Awapataku Waura
Por: Museu da Pessoa, 30 de novembro de -0001

No rastro da sucuri

Esta história contém:

No rastro da sucuri

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Quando eu entrei numa reclusão, tem uma regra certa, sim. E foi assim: todos da minha geração, a gente entrou na reclusão, através de cobra. Da Cobra Sucuri. Lá na nossa região tem muita Sucuri. Quando chega um tempo que a gente vai pra reclusão e o nosso avô, pai, tio, nos leva pra pescaria, pra achar algumas cobras sucuri. Vai pescando até que a gente encontra. Você desce na água, geralmente ela fica boiado em algum lugar em cima do aguapé, uma planta do rio. E você desce e fica no meio da água, vai lá e pega no rabo enquanto cobra está viva. E puxa. Ela sabe que você vai aproveitar muito ela, ela não vai ficar com medo de você. Ela fica só assistindo você. Desse jeito, como se tivesse uma criação. Você pega o rabo dela, puxa, vai procurar algum lugar seco ali, local limpo, lá que você vai levar. Vai até você chegar em um lugar limpo lá e puxa até o seco. A cabeça na água. Pega a faquinha e corta vivo. Pega um pedaço assim. A corta e o resto e vai embora. Pega aquele pedaço e vai embora pra casa. Chegando em casa você vai abrir e vai tirar a carne dela, vai ficar com seu couro, esse couro você vai fazer um enfeite que a gente pendura nas costas. É pra gente, quando a gente dança. Quando você vai sair da reclusão, vai usá-la como adorno, pendurado nas suas costas. Faz parte da gente provar que a gente passou por esse processo forte. Na época, meu sonho, depois de pegar a sucuri e tomar o cipó, essas coisas, o meu sonho foi muito bom. O meu sonho foi pegar a erva, extrair da terra, peguei fácil, tirei, amarrei e fui embora pra casa. E quando eu contei isso pra pessoa que interpretava o meu sonho, ele falou pra mim: “Nossa, parabéns! Se você continuar do jeito que você está, respeitando a dieta e a regra de convivência da casa, de tudo, você vai ser futuramente historiador e desde agora você vai ser campeão de luta, pescador, você vai ter de tudo. Isso que o sonho seu te mostrou. Você está sendo abençoado...

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Entrevista de Awapataku Waura

Entrevistado por Jonas Samaúma e Marcelo Fortaleza Flores

São Paulo, 24 de julho de 2019

Primeira entrevista na língua indígena na história do Museu

Tradução de Tukupé Waura

Projeto Histórias Indígenas

PSCH_HV762

Transcrito por Selma Paiva

P/1 – Então, agradecendo imensamente, gostaria que começasse falando assim o nome dele, que ele recebeu e onde ele nasceu e o que ele lembra do nascimento.

01:04 a 03:00 = 1:56

R – Fico muito agradecido por vocês nos darem oportunidade pra poder chegar até aqui. É difícil a gente estar aqui. E também esse projeto, essa ideia de guardar a memória é muito importante. Tanto é que o meu povo, já tem uns três ou quatro anos, não sei o que deu, os anciões do povo ali, morreram em seguida. Morreram uns oito anciões de vez. E sobrevivente sou eu, nesse momento. Só está eu, não tem mais da minha geração, mais velho, mais novo do que eu, não tem mais. Só está eu aqui e, por isso, é uma honra poder estar compartilhando da memória, passado. Eu sou, eu nasci lá na cabeceira onde está a nossa aldeia. Tem um rio e fica lá na cabeceira, que chama Aldeia Veado, na língua fala ___________ [04:20]. Nessa aldeia é onde eu nasci. Nasci e, quando eu consegui enxergar o mundo, meu avô era grande cacique e ele resolveu deslocar da outra aldeia uns 20 quilômetros. Na época estava tendo uma ameaça de outra etnia, recém estava aproximando da gente. Nunca tinha ali. Quando estava chegando, estava ameaçando uns caçadores, pescadores próximos da aldeia. Meu avô resolveu sair de lá. Saiu aproximadamente uns 50, cem quilômetros, abriu uma aldeia, descendo pelo rio. Ali cresci um pouco e cheguei, em média, 17 ou 15 anos, onde que Orlando chegou. Ali que Orlando chegou, fez contato com a gente. Ele veio a primeira vez, chegou ali, eu sabia, eu vi que ele estava fazendo registro de todo mundo. E um deles era eu. Ele estava com um médico dentista. Abria a boca,...

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