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Personagem: Sandra Urizzi Lessa
Por: Museu da Pessoa, 17 de abril de 2019

A contadora de histórias de vida

Esta história contém:

A contadora de histórias de vida

Vídeo

Meus pais tinham dois filhos mais velhos e, curiosamente, eles são mais morenos do que eu. Curiosamente, porque tem motivo. Eles moravam em Suzano e meu pai, naquela coisa, trabalhador: “Eu vou mostrar que eu realmente sou trabalhador e que eu gosto da sua filha”, essas coisas, um homem honesto. Tiveram dois filhos, a coisa começou a apertar financeiramente e aí minha mãe começa a discutir com ele quem vai fazer a operação, você ou eu: “Tá bom, eu faço”. Ela marca a operação de trompas dela, porque ela não ia mais ter filhos. Estava marcada pra dia tal. Uma semana antes meu pai ganha na loteria. Bolada. Ficou tipo rico, de uma hora pra outra. E aí eles ficam tontos com essa informação. Começam a comemorar, comemorar, fazer festa, fazer festa, fazer festa, não vai fazer a operação, engravida de mim. Eu entro aí nessa história. E em nove meses eles perdem quase tudo que eles ganharam.

E eu nasci, pra surpresa deles, branca, branca, branca, os cabelinhos pixaim, enroladinhos na cabeça, muito pixainzinho, assim. Aí meu pai ficava passando a mão no meu cabelo e falava: “Está aqui o tesouro da loteria, olha. Todas as moedinhas vieram parar na cabeça da menina”. Então, a gente sempre brinca com essa história. Aí minha mãe deu pra ele o direito dele escolher meu nome, que é Sandra, por causa da Sandra Bréa, que era atriz. Meu pai gostava dela. Mas aí eu falo que eu já nasci com a sorte, que eu sou filha da sorte, já vim junto com a loteria. O meu caminho já foi sempre na sorte

Eu me lembro até hoje do dia em que a gente estava na sala da minha mãe e a gente tentando correr atrás dessa história, tocou o telefone e era uma amiga da minha mãe, enfim, que ligou e falou: “Heronda” – o nome da minha mãe, né? – “mas você não sabe o que aconteceu com sua avó? Então eu vou te contar: a sua vó foi morar em um circo, ela virou cantora de circo e o circo dela...

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Dados de acervo

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PCSH_HV_750_SANDRA_LESSA

ENTREVISTA DA SANDRA LESSA

ENTREVISTADA POR JONAS SAMAÚMA E KAREN WORCMAN

SÃO PAULO, 17 DE ABRIL DE 2019

PROJETO AFINADORES DE OUVIDO

PROGRAMA CONTE SUA HISTÓRIA

PCSH 00750

TRANSCRITORA SELMA PAIVA

P/1 – Querida, eu queria começar você me contando, se puder, essa imagem, onde você foi. Se puder.

R – A primeira imagem creio que seja a primeira memória que eu tenho. É um lugar muito, muito escuro e eu era muito, muito pequena. Um bebê. E eu estava em um lugar bem quente, confortável, acho que até a sensação de alguma roupa bem apertadinha, dessas de bebê e era tudo muito escuro e eu recordo de uma voz que disse pra mim: “Agora vai começar sua infância. Tudo que você sabe, você vai ter que esquecer, pra começar o novo”. Veio um clarão e eu sinto que ali começou as minhas lembranças mais memoráveis. Essa é a primeira recordação que eu tenho.

P/1 – E você lembra dessa voz que estava dizendo isso?

R – Lembro.

P/1 – E você entendeu?

R – Lembro exatamente disso, dessa voz e eu abrindo os olhos e tendo a sensação de que agora, outras lembranças viriam. Essa foi uma memória que me acompanhou durante muitos anos na infância. Eu sempre recordava disso. Não foi algo que eu cheguei e falei pra minha mãe, até porque eu tenho a sensação de ser muito bebê e isso ficou muito tranquilo, sabe? Era uma coisa que estava tranquila dentro de mim e, às vezes, eu acordava de manhã, quando eu era criança e falava: “O que eu tenho pra aprender hoje?” e aí eu observava coisas que eu aprendia naquele dia. Uma coisa que eu via nova, alguma informação que chegava sobre a vida e eu falava: “Ahhhhh, era disso que aquela voz falava!”

P/1 – Me conta um pouco mais, então, das suas primeiras lembranças, ainda de bebê? Você tem outras lembranças nesse momento?

R – Eu lembro de coisas assim de muito, muito prazer de estar viva, sempre foi uma coisa muito prazerosa pra mim. E eu tinha dois...

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