Projeto BNDES 50 anos
Depoimento de Renato Sucupira
Entrevistado por Márcia de Paiva e Paula Ribeiro
Rio de Janeiro, 10/05/2002
Realização Museu da Pessoa
Código: BND_HT017
Transcrito por: Elisabete Barguth
Revisado por Ligia Furlan
P/1 – Boa tarde, Renato. Eu gostaria de começar o depoimento pedindo que você nos forneça o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Renato José Silveira Lins Sucupira, eu nasci em Recife no dia oito de fevereiro de 1961.
P/1 – Seus pais, nome completo e atividade profissional.
R – Meu pai é Nilton Lins Buarque Sucupira e minha mãe é Odete Silveira Sucupira. O meu pai é professor, responde pela parte de filosofia, e minha mãe também tinha um lado mais educacional, ela também foi professora, mas já faleceu.
P/1 – E a vinda para o Rio, como é que foi isso?
R – Quando eu tinha nove anos, em 70, o meu pai trabalhava no Conselho Federal de Educação, e naquela parte de reforma na Universidade ele foi convidado a ir pra Brasília, então nós nos transferimos. O meu pai teve nove filhos eu sou o nono, então foi uma retirada, vamos assim dizer... Fomos numa Kombi pra Brasília, eu tinha 9 anos. Ficamos lá por seis anos, porque meu (pai?) trabalhou no Ministério da Educação, na UNB [Universidade de Brasília] e no Conselho Federal de Educação. Aí ele foi convidado para vir pra a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] para coordenar o doutorado de filosofia e pela Fundação Getúlio Vargas. Nós viemos paro o Rio, e cada vez a família ia diminuindo, porque alguns iam casando, então quando a gente chegou aqui já tinha menos, já estávamos em quatro. Cheguei aqui em dezembro de 76, desde lá estou aqui no Rio.
P/1 – Foi morar onde?
R – Começamos morando em Botafogo, (por?) um ano, porque o prédio que a gente tinha comprado o apartamento estava em construção. Depois fui para o Jardim Botânico, aí fiquei até casar, quando casei, em 86.
P/1 – Em termos de...
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Depoimento de Renato Sucupira
Entrevistado por Márcia de Paiva e Paula Ribeiro
Rio de Janeiro, 10/05/2002
Realização Museu da Pessoa
Código: BND_HT017
Transcrito por: Elisabete Barguth
Revisado por Ligia Furlan
P/1 – Boa tarde, Renato. Eu gostaria de começar o depoimento pedindo que você nos forneça o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Renato José Silveira Lins Sucupira, eu nasci em Recife no dia oito de fevereiro de 1961.
P/1 – Seus pais, nome completo e atividade profissional.
R – Meu pai é Nilton Lins Buarque Sucupira e minha mãe é Odete Silveira Sucupira. O meu pai é professor, responde pela parte de filosofia, e minha mãe também tinha um lado mais educacional, ela também foi professora, mas já faleceu.
P/1 – E a vinda para o Rio, como é que foi isso?
R – Quando eu tinha nove anos, em 70, o meu pai trabalhava no Conselho Federal de Educação, e naquela parte de reforma na Universidade ele foi convidado a ir pra Brasília, então nós nos transferimos. O meu pai teve nove filhos eu sou o nono, então foi uma retirada, vamos assim dizer... Fomos numa Kombi pra Brasília, eu tinha 9 anos. Ficamos lá por seis anos, porque meu (pai?) trabalhou no Ministério da Educação, na UNB [Universidade de Brasília] e no Conselho Federal de Educação. Aí ele foi convidado para vir pra a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] para coordenar o doutorado de filosofia e pela Fundação Getúlio Vargas. Nós viemos paro o Rio, e cada vez a família ia diminuindo, porque alguns iam casando, então quando a gente chegou aqui já tinha menos, já estávamos em quatro. Cheguei aqui em dezembro de 76, desde lá estou aqui no Rio.
P/1 – Foi morar onde?
R – Começamos morando em Botafogo, (por?) um ano, porque o prédio que a gente tinha comprado o apartamento estava em construção. Depois fui para o Jardim Botânico, aí fiquei até casar, quando casei, em 86.
P/1 – Em termos de formação escolar, Universidade, pós...
R – Me mudei muito por causa das constantes viagens, e iniciei minha vida em escola pública, naquela época eu acho que até escola pública era um bom exemplo também, e tanto em Recife como em Brasília, quando a gente chegou lá, também passei por algumas escolas públicas até entrar no Marista. Fiz dois anos no Marista − naquela época o Marista não tinha o segundo grau − aí eu fui para o pré-universitário, que era um curso de segundo grau. Quando eu acabei o primeiro ano do segundo grau vim para cá, pro Rio, e entrei no Santo Inácio, fiz dois anos no Santo Inácio, segundo e terceiro, aí eu fui pra Universidade, aí eu me formei em 83, em dezembro de 83, na UFRJ.
P/1 – No curso de...
R – Engenharia Civil.
P/1 – E por que a escolha dessa opção, pela Engenharia Civil?
R – Eu acho que a gente morava... Em Recife, quando eu nasci, a gente morava numa casa relativamente pequena. Nós éramos nove filhos e morava os quatro avós também juntos, e meu pai e minha mãe, então eram 15 numa casa de 4 quartos. Meu pai comprou um terreno na esquina e começou construir uma casa. Desde que eu nasci até ela ficar pronta foi justamente o ano da gente ir pra Brasília, e eu vi muita construção. A minha vida eu acho que foi dali, eu imagino que eu gostei de construção e quis ser Engenheiro, quis fazer obra e tal. Minha vida era sempre pensando que um dia eu iria fazer obras, acho que por ter passado a minha vida inteira... Os nove anos da minha vida inicial na fase de construção, e quando a gente foi morar na casa, já estava no final da construção. Depois a gente foi para Brasília, então acho que isso me marcou, talvez tenha sido isso e o fato de gostar muito de matemática, de ciências exatas. Fui muito mais pragmático, sou totalmente assim, oposto da linha do meu pai.
P/1 – E o seu primeiro trabalho, qual foi o seu primeiro emprego?
R – Contando com estágio, quando eu estava na UFRJ comecei a estagiar em Engenharia Civil, trabalhei em obra num prédio de apartamentos lá na Barra, e aí me formei em 83. Naquela época era a grande recessão de 83, e principalmente na área de construção civil estava muito pesado. Fiquei desempregado, quer dizer, me formei, não podia ser mais estagiário e não tinha emprego. Foi quando, em dezembro de 83... Eu até fiz algumas tentativas no setor de petróleo também, mas eu estava desempregado. Em 84 começa a história mais ligada ao BNDES. Um dia eu fui buscar minha cunhada que estava estudando, fazendo um curso na PUC [Pontifícia Universidade Católica], eu fui lá, estava esperando ela, aí ela falou: “Demorei porque eu estava me escrevendo no concurso do BNDES”. Eu disse: “tá bom”, aí ela falou: “Por que você não se inscreve? Você está desempregado, tem vaga pra engenheiro” – ela é economista – “Não, não estou afim não, o meu negocio é obra”, aí ela ficou lá, meia hora insistindo, e eu disse: “Não, vamos embora”. No caminho passamos pelo setor de inscrição, acabei fazendo minha inscrição. Fiz minha inscrição para o concurso, aí ela disse: “pô, você está desempregado, você tem que correr atrás, tem que fazer alguma coisa, não pode fazer o que você só, a principio, quer”. Aquilo realmente caiu como uma bomba na minha cabeça, porque desempregado... Resolvi estudar. Quando eu peguei o programa, era totalmente diferente daquilo que eu estava lidando na época, era muito mais engenharia econômica, era parte de matemática financeira, contabilidade – que não era o meu negócio –, eu realmente resolvi estudar, passei um mês e meio estudando muito forte, que era o tempo até o concurso. Me dediquei bastante, porque não tinha mais o que fazer na vida a não ser estudar e curtir também um pouco a vida. Fiz o concurso e, para minha surpresa – porque eu estava meio “assim”... Mas me dediquei bastante, passei e recebi o resultado, acho que o resultado saiu em maio, quer dizer, o resultado oficial, o nome das pessoas que tinham sido aprovadas.
P/1 – Como é que foi esse concurso, essa prova?
R – Foram duas provas, uma prova múltipla escolha, num domingo... E foi engraçado porque a prova foi entregue e muita gente entregou a prova com pouco tempo, a prova estava muito difícil para mim, estava muito difícil, e realmente saiu bastante gente, mais ou menos uns 30% da sala entregou com pouco tempo. No outro domingo foi uma discursiva, e a discursiva, pra mim, foi até mais difícil. E de novo a quantidade de pessoas que queriam levantar... As pessoas segurando, só podia entregar com, no mínimo, meia hora de prova. Entregou... Sabe aquele negócio de ficar persistindo? Eu fui o último a entregar, ficar ali tentando. Achei a prova meio difícil, fiquei meio desanimado, porque prova não era aquilo que você sempre espera, você sempre acha que vai mal. Mas chegou em maio, o resultado saiu, para minha surpresa... Fiquei super contente, contando para vir trabalhar aqui. E as coisas começaram a caminhar. Foi na época que o Tancredo ia assumir, ele teve aquele problema e uma das poucas medidas – que dizem que foi do hospital – tomada naquela época foi proibir qualquer contratação, aí só entraram os primeiros dez. Saiu isso quando poderia... Tanto que eu me desestimulei um pouco, depois de toda dessa dedicação. Arrumei um emprego na construção civil eu fui trabalhar numa subsidiária da Vale do Rio Doce, chamada Fundação do Vale do Rio Doce. Não é a Fundação Valia, que é responsável pela Previdência Privada deles. Fui tocar obra e realmente comecei a tocar um prédio, porque eu sabia fazer. Eu digo que sabia porque eu comecei a aprender a outra parte, a financeira, e fiquei tocando, fiz um prédio em Niterói, outro no Jardim Botânico e um na Gávea, que eu ajudei. Mas do Jardim Botânico e de Niterói fiz desde o inicio, e já tinha dois anos que eu já tinha feito o concurso.
P/1 – Nesse meio temo você casou?
R – Ah, o casamento. Aí sim, quando saiu o resultado... Porque o resultado saiu em maio, por isso eu, exatamente quando saiu... Ah não, espera aí, o resultado só saiu em maio de 84. Eu só fui casar depois, quando eu estava trabalhando na Vale nesses dois anos, na Fundação da Vale do Rio Doce. Eu já até tinha esquecido do BNDES, já não tinha mais nenhuma esperança, porque dois anos... E diziam inclusive que a validade do concurso já tinha sido estourada. Eu não sou assim tão detalhista de ter lido o edital, estava trabalhando, estava fazendo uma coisa que eu gostava também naquela época, então para mim... Eu já tinha emprego, marquei meu casamento, ia casar no dia dez de maio, que era num domingo. No dia sete de maio chegou um telegrama junto com aqueles telegramas... Com a quantidade enorme que chega, que normalmente são para os pais. Quer dizer, minha mãe que recebia, normalmente parabeniza os pais. E eu me lembro que eu estava entrando no edifício, o porteiro me entregou, disse: “Olha aqui seus telegramas de casamento.” Eu disse: “Não, isso é pra minha mãe, não é pra mim não”. Ele disse: “Então leva pra ela”, e eu, subindo no elevador... O primeiro que tinha lá eu abri, resolvi abrir só para ver, e aí tinha um texto enorme, normalmente são duas linhas, esse tinha um texto enorme. Quando olhei, era do BNDES, me convocando para se apresentar no dia 11 de maio, segunda feira, porque supostamente eu estaria fora, em lua de mel. Com essa coincidência... Eu tenho um irmão que é muito brincalhão: “Isso deve ser brincadeira do meu irmão”. Meu pai logo ficou chateado: “Isso não é hora de brincar, essas coisas todas”. Começamos a descartar, brincar: “Será que é verdade?” “Não é, fala com ele, ele garante que não é.” “O texto é muito grande, essa brincadeira é meio cara, não deve ser, vamos ligar”. Liguei para o banco e realmente tinha sido a convocação, só que tinha vindo aqui na sexta-feira, dia 8 de maio. Pedi para não me apresentar no dia 11 e eles fizeram o que tinha que ser feito: no dia 11 fizeram... No dia 8 de maio me liberaram, foi o meu melhor presente.
P/1 – E aí você entrou em que área?
R – Na verdade eu entrei aqui no dia 14 de julho, porque ainda teve um tempo do processo de seleção. Depois do “presente de casamento” ainda fiquei mais. Na verdade naquela época também eu não tinha dado esse valor que hoje eu dou ao banco, e entrei no dia 14 de julho, fui trabalhar na antiga AP1, no Departamento de Mineração e Metalurgia. Comecei a trabalhar nesse setor e fiquei trabalhando com a área de Mineração, mais especificamente fiz alguns trabalhos na parte de Siderurgia, também com o CSN [Companhia Siderúrgica Nacional], com a Usiminas, com essas empresas. Em 89 teve uma grande reforma no banco, e aí eu fui para uma outra área, que era Caop7, que era Carteira Operacional 7, e fui trabalhar com o Beni Palatnik, que é uma pessoa que eu admiro muito, que me ensinou muito. Fui trabalhar no setor petroquímico, no papel e celulose, já mudei de setor e fiquei pouco tempo com o Beni, porque ele foi convidado para ser Diretor da Finame. Mas foi muito bom, porque o Beni é uma pessoa fantástica, agradeço muito a ele, que ele me ensinou muita coisa. Quando ele foi convidado – isso foi em 90, final de 90 – para ser Diretor da Finame, aí eu substitui ele como Chefe de Departamento que foi o meu primeiro cargo de executivo, porque na vida você tem que ter sorte e competência.
P/1 – Substituiu ele em que cargo?
R – Como chefe da Caop.
P/1 – Tinha quantos anos?
R – Eu tinha... Foi em 90, eu tinha 29 anos. Mas naquela época eu era muito novo para assumir, porque aqui no Banco você tem, normalmente, Técnico... Naquela época: técnico, gerente, chefe de departamento, superintendente e diretor. Eu já estava como chefe de departamento, e aí foi engraçado, porque ele foi convidado em novembro, eu assumi em novembro. Quer dizer, substituí temporariamente ele, até ser convidado a outro, mas eu estava substituindo temporariamente. Só que eu fiquei oito meses temporário, aí o pessoal estava testando e vendo, até que em junho de 91 o diretor me confirmou como efetivo, e não mais temporário, substituto. Eu assumi, já vinha trabalhando, fiquei lá trabalhando com papel e celulose e depois, em 92, passei para Agrobusiness, toda parte de agricultura, pecuária, essas coisas todas ligadas à industria da agricultura, até 96, porque aí eu fui convidado para ser diretor da Finame, onde o Beni já tinha sido, só que ele tinha saído por opção dele, que ele foi fazer curso fora do Banco.
P/1 – Você foi diretor muito moço, né.
R – Naquela época eu tinha... Em 96 eu tinha 35 anos.
P/1 – O que representava pra você, profissionalmente?
R – Olha, pra mim foi, depois de ter entrado aqui, a coisa mais importante da minha vida. Digo assim, até profissionalmente recordo para o resto da minha vida, porque foi um grande marco, foi um grande desafio, foi uma mudança radical na minha vida em todos os aspectos: em dedicação, em profissionalismo, em seriedade, em tudo. Eu acho que foi uma grande etapa, e foi engraçado que eu estava no Japão, fui fazer um seminário no Japão, passei 45 dias no Japão. Em 96 eu cheguei aqui no Brasil no finalzinho de outubro, se passaram dez dias, eu fui convidado para ser diretor, e já tinha uma viagem marcada para passar 15 dias no Japão. O Japão, nesse caso, tem até um lado meio interessante para mim, porque foi... Eles até brincavam, porque disseram que eu tinha que voltar para o Japão, por isso que eu tinha sido convidado. Era brincadeira, mas na verdade aquilo pra mim foi uma responsabilidade muito grande, porque naquela época, em 96, a área de exportação que tinha sido criada em 91 – e foi criada e iniciada pelo Beni, que era o meu antigo chefe – era uma área que ainda era... Porque se levou muito tempo, era uma coisa muito complexa, muito diferente. O banco está com 50 anos, tem toda uma história, uma cultura de fazer financiamento e investimento fixo, formação bruta de capital tem todo um contexto, e participar de todos os desenvolvimentos das grandes indústrias no Brasil, isso é história do banco, acho que vocês devem saber isso aí, porque o que deve ser contato mais forte no banco é isso. Na verdade, fazer financiamento de exportação é uma coisa totalmente diferente da vida, da cultura, do padrão do BNDES. Em 96 foi dada uma prioridade, foi aí, quando começou... O Brasil precisava exportar, o Brasil vinha com déficit na balança comercial, isso para um país como o Brasil, que sempre teve superávit, que era mudança da economia em 90... Quer dizer, era uma modificação principalmente com o plano real, nós estávamos com necessidade de exportar mais, e foi um grande salto, porque era uma missão para mim, uma coisa nova que eu não tinha também tantos conhecimentos, que eu tive que aprender fazendo, aí que é a grande lição pra mim, da capacidade se você se envolve realmente nas coisas. E efetivamente, em 96 o BNDES Exim, naquela época chamava “Finamex”, tinha uma liberação de 300 milhões de dólares, e nós chegamos a fazer três bilhões em 2000, quer dizer, foi um crescimento muito forte num período estreito, muito curto de tempo. Isso pra mim foi muito como um desafio, acho que a minha vida...
P/2 – Nessa altura, como superintendente dessa área...
R – Na verdade naquela época a Finame, como subsidiária, tinha não superintendente, ela tinha diretores operacionais, era subsidiária, então tinha um corpo de diretores, eram três, e eu era um diretor. Dentro do sistema do BNDES tinha a mesma equivalência de um superintendente. Agora, era diferente, porque você tinha um cargo de diretor de uma empresa, só que era uma empresa subsidiária do banco, então um diretor de uma subsidiária tem um nível abaixo de um diretor da road, vamos dizer assim, que era o BNDES. Aí eu fiquei responsável pela área de exportação que antigamente se chamava Finamex, isso foi em novembro de 96.
P/1 – E ela trocou de nome pra Exim.
R – Quando eu comecei a trabalhar, a gente começou com grandes ideias de transformação e de mudanças, criando novas linhas de financiamento, fazendo diversas coisas. Eu posso explicar depois como é que funciona um modelo de exportação, mas a grande questão é que eu fazia grandes negociações fora do Brasil, e naquela época o Finame não era um instrumento conhecido fora do Brasil, o BNDES tinha algum conhecimento fora porque fazia emissões de títulos e captação lá fora. Uma vez eu estava em uma reunião, e a pessoa que estava me esperando na reunião esperava alguém do BNDES, e quando eu dei o cartão da Finame... Até eu explicar que o Finame também era BNDES houve um mal entendido, ele achou que eu tinha falado diferente para ele atender alguém do BNDES. Veio alguém da Finame e tal e isso foi um pouco de constrangimento. Depois, um dos nossos objetivos era trabalhar como um verdadeiro Exim Bank, que é um banco de exportação e importação, apesar do nome. Os países normalmente que tem Exim Bank (têm?) a linha de exportação que tem grande força, mas o nome Exim é um nome conhecido mundialmente. Se você disser: “Olha, é uma instituição Exim”, todo mundo sabe o que é. Se você disser “Finamex”, as pessoas vão precisar de alguma informação a mais para saber do que se trata, e aí eu comecei a pensar nisso tudo. Por último, eu estava fazendo uma palestra e um cara me perguntou da Finamex, ele me perguntou se era financiamento mexicano, porque a terminação “mex” é ligada a México. A partir desse dia eu falei: “não mais posso falar Finamex”, e aí a criação do BNDES Exim. Para mim, acho que foi assim muito natural, não é que eu tenha tido uma grande ideia − apesar de o nome ser, eu acho, forte −, mas é unir as duas coisas. Eu falo que é BNDES o pessoal sabe de onde eu venho e de onde eu sou, eu falo Exim sabe que tipo de trabalho eu faço, BNDES Exim é a coisa mais natural, você está com o próprio nome já explicando muita coisa só com esse nome, então passamos a usar BNDES Exim porque eu acho que hoje virou uma marca, tem um símbolo, tem uma coisa muito ligada, começa a participar dentro do contexto. Eu acho que assim como o banco faz parte na vida da criação das industrias no Brasil, acho que BNDES Exim começa a participar dentro do contexto de exportação no Brasil.
P/1 – E como tem sido o desempenho dessa área nos últimos anos, houve um crescimento? Você já falou em cifras...
R – Foi um crescimento muito grande, acho que a gente teve aí grandes operações que nos deram esse combustível para crescer. A gente tinha uma equipe muito nova, lá a gente sempre dizia: “Exportação é um negócio diferente do banco, tem na sua história”. Normalmente você faz um financiamento de comercialização, então em exportação você tem duas coisas, primeiro você pode financiar a produção – que é até o embarque – e depois que o produto é embarcado você vai financiar a comercialização, ou seja, o comprador e o vendedor têm um contrato, e a gente está financiando, então é totalmente diferente, não tem investimento fixo nisso. O pré-embarque é considerado como se fosse um capital de giro, que para o banco, no passado, sempre foi um certo constrangimento, um palavrão quase. A gente não está aqui para financiar capital de giro das empresas, pode estar associado a investimento, ali era uma operação pura e simples de capital de giro, mas está dentro de outro contexto, então aquilo começou a ser uma coisa que a gente precisava criar. E a comercialização era uma outra coisa, que também era diferente no banco. Em um financiamento doméstico você financia uma empresa brasileira, uma empresa que vai fazer um investimento aqui no Brasil, então você pode ter um contato com ela, pode ter um banco garantindo, mas é financiador e tomador beneficiado do financiamento. Quando você vai trabalhar em comercialização, você inclui mais um membrozinho dessa novela, ou seja: é o BNDES, o comprador e o vendedor, então já é uma negociação de três partes. Essa complexidade, essa diferença é bem... Outra coisa: envolvia contratos externos, contratos que você tem que fazer na legislação, muitas vezes que não é a brasileira, em línguas diferentes, então você tem todo um contexto que é totalmente diferente de um financiamento normal, e isso por trás tem todo um objetivo do BNDES Exim fazer isso. Aí a gente tem essa flexibilidade, porque a gente estava criando um pouco diferente do banco, as vezes a gente era mal interpretado internamente, porque as regras dentro do BNDES estavam muito estabelecidas, antigas, e todo mundo já conhecia, tinha um padrão. Enquanto no BNDES Exim a gente estava criando, a gente estava aprendendo, estava inventando mesmo, então a gente era muito mais flexível, se adaptava muito mais às demandas, porque quando você exporta para os Estados Unidos, é totalmente diferente quando você exporta para a China, existem demandas diferentes.
P/1 – Conta pra gente então o que a gente exporta. Embraer é o grande carro chefe da...
R – Dentro desse aspecto que é importante, a gente criou uma coisa que é fundamental, que nós queríamos ser competitivos a nível internacional, porque uma coisa que é diferente: o BNDES, dentro do Brasil ele é o único financiador em recurso a longo prazo, então ele é monopolista, é diferente, você dita regras e as pessoas vão ter que aceitar. Não vou dizer que a gente só faça isso, a gente até é bastante competitivo, mas o que eu estou dizendo é que lá fora eu sou apenas mais um que tem que ser competitivo, porque existem milhões de oportunidades de negócio.
P/1 – Quais são esses padrões internacionais para uma empresa ser uma empresa competitiva?
R – Aí são taxas de juros, são todas condições financeira que você tem que ser agressivo, competitivo, para que o comprador prefira comprar um produto brasileiro financiado pelo BNDES em vez de comprar um produto americano, europeu, asiático, de qualquer lugar. Você tem que ter na cabeça que você tem que ser competitivo, e não é só competitivo na taxa de juros, é no pacote financeiro, isso era diferente da minha cabeça, que vinha de uma coisa que eu já partia do ponto: eu já era competitivo por si só quando eu era monopolista nos recursos de longo prazo em reais no Brasil, então isso é uma grande mudança de concepção, e fazer com que a gente seja competitivo a nível internacional não é fácil, e pra mim...
P/1 – O custo Brasil ainda é uma realidade?
R – O custo Brasil ainda é uma realidade, embora a gente tenha recurso, o Bandespe só consegue ser competitivo... Isso na questão da taxa de juros, pelo fato de ter um recurso oriundo do FAT, o Fundo de Amparo ao Trabalhador, que é na base larga, já é uma taxa internacional, então no ponto de vista de juros, até que a gente já estava bem assim, próximo, bem equilibrado. O resto era a montagem, era o pacote financeiro, condições para que você realmente fosse competitivo. Então a partir daí a gente começou a se envolver em diversas áreas, e quando você me perguntou: “O que o Brasil exporta?” O Brasil tem uma pauta de exportação concentrada mais em produtos básicos...
P/1 – O Brasil ainda é um grande exportador de matéria prima?
R – O que eu acho que é importante... É que eu não queria falar sobre a pauta brasileira de exportação, para dar o contexto que eu quero chegar. É que o BNDES tem como foco assim, normalmente como os Exim Banks, financiar produtos de alto valor agregado, então mesmo que...
P/1 – Então explica pra gente o que é um alto valor agregado.
R – Os produtos básicos, minérios de ferro, soja, suco de laranja, esse produtos não são financiados pelo BNDES Exim, porque eles são produtos que têm uma característica de venda de curto prazo, são vendidos a vista. O BNDES só entra em produtos de alto valor agregado... Ou seja, um motor, um equipamento, um trator, um avião, um ônibus são produtos que se você normalmente for comprar, você não vai comprar a vista, precisa de um financiamento. Então é aí que entra o financiamento, é aí que entra o BNDES Exim, e é por isso que a gente fala que não dá pra comparar o BNDES Exim e sua atuação e a pauta brasileira, porque tem uma gama de produtos que não são atendidos pelo BNDES Exim, não porque a gente não queira, porque não precisam... Efetivamente, se você vai vender soja, não precisa de um financiamento de longo prazo, é um mercado natural, a vista. No mundo tem bolsa, então isso é uma coisa tipicamente fora de demanda para recursos de longo prazo.
P/1 – Então quais são os focos do Exim?
R – Bens de capital, que são produtos de alto valor agregado. Quanto maior é agregação de valor, seja a tecnologia, a complexidade, uma turbina elétrica, um equipamento sofisticado, um avião, isso demanda de financiamentos de longo prazo. Quando o produto é, por exemplo, uma cadeira, uma mesa, ele já tem um produto mais simples, esse você tem um prazo mais curto de venda, está certo. E aí depende caso a caso, nós só entramos naquilo que precisa de um financiamento de longo prazo, de médio a longo prazo, esse que é o nosso objetivo. Um produto como cadeira ou produtos de consumo básicos, aí nós pelo menos fazemos o financiamento da produção. A empresa pega o dinheiro para comprar matéria prima, para pagar os empregados e o capital de giro necessário a produção, aí com esse recurso ele pode fazer as exportações, então esse é o nosso foco, esses são os produtos que nós estamos mais envolvidos em fazer com que a gente consiga aumentar as exportações brasileiras. O que a gente também tem sempre em mente é trabalhar onde o mercado não está trabalhando. Nós não estamos aqui para competir com os bancos comerciais, estamos aqui para financiar um produto que teoricamente não precise. O nosso grande objetivo é achar aquele produto, aquela empresa que realmente, sem o nosso financiamento, não exportaria. Se eu conseguisse fazer só esse tipo de financiamento, eu estaria 100% realizado.
P/1 – Você pode simplificar então a empresa que...
R – Posso. Um dos grandes projetos que a gente fez – e eu acho que é um processo que pode representar muito para a gente, e não só pro BNDES Exim, esse é um projeto de nível mundial – é um projeto da hidrelétrica das Três Gargantas da China, é uma hidrelétrica que é uma vez e meia Itaipú, quer dizer, é uma hidrelétrica muito grande e que existia uma concorrência internacional onde estava participando todos os países desenvolvidos e alguns países em desenvolvimento, era uma concorrência muito grande e com características muito importantes, e nessa concorrência toda, três empresas ou três consórcios foram vencedores, e os chineses dividiram em três partes. Esses consórcios que tinham empresas subsidiárias no Brasil e em outros lugares do mundo tinham que se adequar às exigências de financiamento da China, então o Brasil só poderia participar desse projeto se tivesse primeiro uma “competição competitiva” e as empresas brasileira subsidiárias desses consórcios, e que tivesse um financiamento de longo prazo, porque nenhuma Exim Bank, nenhuma agência de crédito e exportação como a gente, internacionalmente iria financiar o produto brasileiro, eles vão financiar sempre os produtos de origem, então nós tivemos que fazer, naquela época, um financiamento de 20 anos, que é uma coisa extremamente excepcional, mas que viabilizou a venda de turbinas e de geradores de empresas brasileiras, e que nessa concorrência especifica o Brasil teve uma posição de destaque. Vários países (que?) estão envolvidos e que estão fornecendo nesse projeto como Inglaterra, França, Espanha, Itália, Canadá entre outros, e a parcela individual do Brasil foi a das maiores, isso foi dividido em tantos países, quase 150 milhões de dólares que o Brasil estava exportando dentro dessa concorrência, ele, individualmente, quase foi o maior de todos. E para mostrar o quanto isso foi importante... Porque isso, dentro do currículo do BNDES Exim já no inicio... Isso foi em 97, já apresentava como grande obra ou grande operação feita, então você mostrava: “Olha, o BNDES fez isso”, quer dizer, isso já mostrava internacionalmente como uma coisa onde várias outras, como a agencia de tele exportação inglesa, que tem 100 anos, estava também operando. E para vocês terem uma ideia, quando foi fechado o contrato e teve uma cerimônia muito grande lá em Pequim...
P/1 – Você foi?
R – Fui, eu estava presente. Estava o Darlan, que na época era diretor superintendente da Finame, e o Luiz Carlos Mendonça de Barros, que era o Presidente do BNDES. Na cerimônia estavam presentes os presidentes de todos os três consórcios; internacionalmente, vários bancos e estava todo o primeiro nível do escalão do governo chinês, se não me engano o primeiro Ministro na China era ____________ naquela época, e ele estava presente na cerimônia. Então falaram a empresa chinesa, os três consórcios, os presidentes mundiais das três empresas – ABB, Auston e Voigh Systens – e foi convidado um representante de várias agencias de exportação dos bancos, de um modo geral dos financiadores. Quem eu escolhi para fazer esse discurso era o Luiz Carlos, que era o presidente do BNDES. Quer dizer, dada aquela cerimonia a importância que teve o BNDES nessa operação, então acho que isso mostra o que a gente começou a fazer, e foi uma operação que tivemos que fazer diversas excepcionalidades, aprender muito rápido, porque a gente estava operando com outras... Antigas, a gente tinha que fazer tudo igual, eu acho que aquilo ali serviu como um desafio inicial muito grande, isso foi em 97.
P/1 – Como você viu uma cultura tão diferente como a chinesa?
R – Olha, foi muito interessante, nós tivemos que ir lá três vezes para negociar, não é fácil ir para a China, só a distância já cansa, são mais de 24 horas de viagem, fora o fuso. É lógico que a cultura é totalmente diferente, tem que ser considerada a necessidade e a urgência de concluir, então isso é um pouco diferente de quando você vai pra China para iniciar uma negociação, para iniciar um processo de conhecimento. O chinês é muito... Raciocina a longo prazo, ele tem uma visão bem diferente. A gente raciocina mais a curto prazo, mas nesse caso a gente teve que fazer um pouco mais a coisa acelerada, datas limites impostas pelos próprios chineses, então a gente entrou atrasado no processo, porque nós fomos convidados. Na verdade, não ia ter fornecimento brasileiro, e quando a gente começou a acenar a possibilidade de financiar, aí é que foi cogitado e a gente entrou no processo. É obvio que aí sim era muito difícil, até porque a gente falava em inglês e era traduzido para o chinês, e aí eles conversavam. E tem toda questão da cultura deles, a formalidade dos chineses é muito grande. Mas eu acho que foi muito importante para que a gente tivesse assim, pelo menos eles começassem a nos respeitar como uma agência de crédito, a exportação, então isso...
P/1 – Um cartão de visita.
R – Um cartão de visita muito importante, e eu acho que esse projeto aparece sempre em qualquer currículo que a gente bote, qualquer evento que a gente vai a gente sempre diz que participou desse projeto, porque isso realmente saiu em todas as revistas, isso é uma coisa que, dentro do meio de exportação, foi muito falado.
P/1 – Em que ano foi isso?
R – Isso foi em 97, foi o primeiro ano de grande salto nosso, e foi um ano muito marcante pra mim. Eu comecei em novembro de 96, então em 96 foi só assim, tentar esquentar um pouco a cadeira que eu tinha acabado de assumir. Mas em 97 foi o ano em que a gente assinou esse contrato com a China, e assinamos os maiores contratos também com a Embraer, ou iniciamos assinar todos os grandes contratos. Foi quando a gente fechou a operação com a American Igor, que é da American Airlines, também esse foi outro projeto que representou muito para a gente, e foi um projeto... Diria que, juntando as duas etapas do projeto, foi o maior contrato assinado pelo banco naquela época.
P/1 – Comenta um pouquinho como foi essa transação nos Estados Unidos. Você ia lá, como é que era esse movimento?
R – Esse aí já foi um movimento assim, bastante diferente, porque nesse caso existiam duas empresas que estavam concorrendo até hoje, são dois concorrentes muito fortes, que é a Embraer, brasileira e a Bombardier, no Canadá. Nós iniciamos um processo e tínhamos reuniões regulares, então eu tinha que ir para os Estados Unidos várias vezes.
P/1 – Entrava fácil no país?
R – Eu fui várias vezes, e teve uma época, uma das minhas idas, que as reuniões aconteciam muitas vezes em Dalas, que é o centro, o escritório da American Airline. Em uma dessas vezes que estive lá, até teve um fato muito curioso, que toda vez que você chega nos Estados Unidos tem todo aquele procedimento de alfândega, onde se pergunta por que você vem, tem sempre aquela visão do brasileiro que está indo para os Estados Unidos “Será que ele vai ficar aqui e tal?”. Se fosse mineiro ia ficar mais difícil ainda, Governador Valadares nem se fala. Eu já tinha ido lá varias vezes, mas dessa vez o cara falou pra mim: “O que é que você veio fazer aqui?” Aquilo já soou, para mim, como um país em movimento, parece que o cara... Eu olhei para a cara dele e fiquei alguns segundos, que você fica assim, meio parado, meio chateado, porque tem a viagem longa de manhã cedo, você chega e tal, fila grande, aquela coisa toda, eu disse assim: “Olha, eu vim aqui porque vou financiar a maior empresa de vocês de aviação a comprar 67 aviões brasileiros da empresa Embraer, que faz jatos com avião de alta tecnologia que você estão comprando.” O cara ficou me olhando com aquela cara que ele nunca ouviu falar que o Brasil fazia aviões a jato e que muito menos que tinha um banco no Brasil que fosse financiar essa empresa que lá deveria ter, então ficou aquele meio constrangimento inicial...
P/1 – Pensou que era piada.
R – Achou que era piada, coisa de brasileiro que vai brincar na hora que não deve. Se fosse hoje em dia, depois de 11 de setembro, com certeza eu ia para uma salinha especial até provar que... Aí eu tive que perder um tempo lá para explicar, mostrar para ele de onde é que era etc. Ele viu que eu já tinha vindo varias vezes, mas aquilo ali pra mim serviu mais como um desabafo para falar: “Olha, eu estou aqui fazendo isso, se você quiser acreditar, acredite.” E foi muito interessante, realmente as reuniões sempre foram muito duras, porque American Airline é a maior empresa do mundo de aviação, que estava fazendo uma grande compra de aviões, os dois contratos juntos passavam de três bilhões de dólares, quer dizer, isso não é uma coisa simples, e eles têm muito poder. Quer dizer, a pressão que eles exerciam, esse projeto era fundamental para a Embraer. A Embraer de hoje, a Embraer de final de 96 e 97 era uma Embraer que estava em dificuldade, uma Embraer que tinha sido recém privatizada, e ela precisava daquele contrato para sobreviver, e eles sabiam disso. Mais uma vez, a força deles... E os canadenses, sabendo disso, também foram muito agressivos, porque sabiam que se a Embraer perdesse essa operação, dificilmente eles iam ser os concorrentes que são hoje deles, então eles apostaram nisso, e foi uma disputa ali, palmo a palmo. Eu me lembro que a gente fazia ali reuniões, pareciam verdadeiras rodadas de poker, porque a gente falava, os americanos ficavam passivos. Mesmo que oferecesse coisas e mais coisas, eles não demostravam que aquilo estava sendo bom, ficava naquele expectativa. Depois, no final, acabou sendo para mim uma grande experiência.
P/2 – Uma grande vitória.
R – E uma grande vitória. Me lembro que o coordenador da American Airline, que era um senhor de idade muito experiente – eu muito novo –, ele devia ter quase 60 anos, 55, mas era uma pessoa muito mais experiente, e de uma empresa grande, quer dizer, anos luz na minha frente. Depois de alguns (anos?) de convívio... Ele até já se aposentou, e ele, outro dia falando da admiração que tinha pelo BNDES, porque ele via que aquilo tudo era novo, porque a gente contou toda a história, a gente tinha que mostrar e tal, e a nossa dedicação, a nossa capacidade impressionou muito isso. Ele até tem um documento que mostrou para mim, de bilhetes e tal, que é uma coisa de reconhecimento. Então passou por diversos momentos, de novo em 97 você iniciando... Quer dizer, pra mim foi um grande inicio de aula, de aprendizado, e que me deu uma base muito grande para fazer diversos outros projetos, posso enumerar vários aqui.
P/1 – Renato, você falou da China, falou dos Estados Unidos. Quais são os outros mercados que o Brasil está entrando? Conta pra gente, porque não temos a menor ideia.
R – A gente tem desde mercados tradicionais, mercados naturais, a mercados meio exóticos, de operações mais difíceis. Mercados naturais tem o Brasil... Argentina hoje está com problemas, mas sempre foi o maior parceiro, sempre teve uma participação muito relevante nos nossos financiamentos, nas exportações brasileiras, então várias operações para Argentina nós fizemos. Para a Europa também não é um grande numero, a gente teve operações também da Embraer, e outras operações. Estados Unidos já falei, e América Latina, como um todo, era sempre o foco. Vocês têm que entender que o BNDES é focado, como eu falei, em produtos de tecnologias, em produtos de valor agregado, que naturalmente é muito difícil para o Brasil exportar esse produto. Exportar para os Estados Unidos, Japão e Europa é mais difícil ainda, o campo onde a gente é mais competitivo para esses produtos é a América Latina, então a gente financiava muito América Latina, e também, quando a gente financiava para a Europa e Estados Unidos, a questão financeira não era o ponto mais importante, porque eles também têm recursos, então tornava mais difícil não só o fato da competitividade do produto, e nós também fizemos várias operações fora da América Latina...
P/1 – São os mercados exóticos que você tinha falado.
R – Eu não vou dizer exóticos, mas são mercados também mais difíceis. Nós fizemos uma operação para a Angola que é um mercado bem mais complicado...
P/1 – Qual foi a operação?
R – Foi uma operação de serviço de construção de casas para uma empresa de petróleo, então a gente fez com que tivéssemos, junto com uma triler japonesa, os direitos encima da venda. Então ela que estava me dando a garantia, a garantia não era exatamente de Angola, então isso fez com que a gente pudesse viabilizar essa operação. A gente fez uma operação para Cuba também, que é um país que a gente está começando a ter o maior número de operações, e que também não tão fácil operar com Cuba.
P/1 – E o que vocês financiaram?
R – Nós financiamos ônibus, fizemos um grande lote, acho que foi cerca de 30 milhões de dólares, e essa operação foi muito interessante, porque nós nos utilizamos dos recebíveis dos cartões de crédito dos turistas estrangeiros em Cuba. Então quando o cubano recebe um turista... “Eu fui lá a Cuba, gastei lá, gastei com o meu cartão de crédito depois paguei aqui em reais”, quer dizer a administradora do cartão tem que mandar os dólares para lá, e o dinheiro entra. O que nós fizemos, fizemos uma OS com Alcantara. Você separa e esse dinheiro que vem de fora para certo hotel, para um x pacote de turismo, e aí esse dinheiro fica em garantia. Antes de entrar em Cuba, vamos dizer assim, ele já pode nos pagar. Então você começa, você faz vários artifícios em engenharia financeira para tirar o risco para onde você está indo.
P/1 – Isso tem um setor que é responsável, vocês que pensam em reunião em discutir, bolando isso?
R – Não é só a taxa de juros que faz com que você seja competitivo, é a forma, é o pacote de condições financeiras, de um modo geral, que dão aquele grau de competitividade.
P/1 – E o BNDES é que ajuda a amarrar esse pacote, vocês é que fazem junto com o cliente.
R – A participação é total nossa, então eu acho que isso começa a fazer com que nada seja impossível, gente tem diversos... Agora a gente está fazendo operações de Exim para mercados mais difíceis, não é só fazer América Latina, Estados Unidos, Europa, a gente vai discutindo.
P/1 – E quais são os mercados mais promissores que você vê?
R – Olha, hoje em dia, com a crise da Argentina... Quer dizer, as empresas brasileiras tiveram, assim, uma redução muito forte, maior do que se esperava em termos de exportação para a Argentina, então vem buscando novos mercados, e aí varia muito de setor pra setor, de empresa para empresa. De um modo geral, com a recuperação dos Estados Unidos... Os Estados Unidos sempre se apresenta como um grande mercado para todo mundo, porque é um enorme mercado, então o Brasil tá explorando mais isso. A China é um grande potencial, é um mercado que cresce todo ano, as taxas muito altas. Nós estamos realmente explorando mais, agora nós temos um certo, vamos dizer assim, conhecimento do mercado no ponto de vista financeiro, e nós até tivemos agora, recentemente, na China fazendo um seminário, e nesse seminário nós estávamos mostrando o que o BNDES faz, o que o Brasil pode exportar, ou seja, a aproximação Brasil e China é muito grande. A gente precisa – isso sim como eu disse antes na formalidade –, esse raciocínio de longo prazo é uma coisa que você não vai lá e já volta com o pedido embaixo do braço. Você vai lá, conhece, conversa, volta, vai lá, conversa e toma um chá com ele e vai, e assim vai, conta história, vê com ele como é que é isso e tal, aí você vai andando com isso e vai tomando a confiança, um grande mercado a ser explorado, sem dúvida. A Ásia, de um modo geral, por ser distante, tem certa dificuldade com o Brasil. O Brasil vem crescendo dentro desses mercados, a China é um grande mercado e a América, de um modo geral América Latina... Tirando alguns problemas de alguns países, porque a gente tem alguns vizinhos que estão com problemas, é um mercado que a gente vem, tirando Europa e Estados Unidos, que são mercados naturais que você sempre busca, o resto é tentar. Agora, a China é o mercado que mais cresce no mundo, ano a ano, e eu acho que o Brasil tem uma participação muito pequena ainda com a China, existe uma afinidade com a China muito grande por questões políticas, por questões conceituais e etc. Acho que tem um espaço muito grande. Vamos dizer assim, a China acabou de entrar no AMC, mas a China não tá incluída em nenhum bloco comercial, e o Brasil estava com o Mercosul. Mas também, a consulta é meio assim, tem uma certa independência. A Rússia também é um país que a gente está tentando entrar. Dentro da América Latina o México também é um país sempre interessante, desde que ele entrou na Nafta ele só cresce, tem um mercado muito grande, é também uma porta de entrada...
P/1 – Vocês exportam para o México?
R – Já exportamos para o México, já fizemos operações.
P/1 – Abaixo da Embraer, qual é a segunda grande exportação?
R – Ônibus, esse é o produto. Para vocês terem uma ideia, o Brasil tem a maior empresa do mundo, fabricante de ônibus que é a Marco Polo, ela é a maior do mundo.
P/1 – Exporta para quais países?
R – Para vários países, inclusive ela tem uma subsidiária. Tinha uma unidade na Argentina, tem uma unidade em Portugal, tem no México. Tanto a Buscar, que é outra empresa vamos dizer assim, de um porte exportador de primeiro nível, a Buscar e a Marcopolo são duas empresas que realmente têm nível de competitividade internacional. A gente está falando da carroceria, é obvio que o chassi do ônibus é produzido também no Brasil, mas ele não é feito pela Marcopolo e nem pela Buscar, e ele representa também quase 50% do ônibus. Mas o ônibus completo é feito e acabado por essas duas empresas. Pode ser um chassi da Volvo, da Volkswagen, da Mercedes, e aí qualquer um desses produtos, mas é um produto assim, onde o Brasil é extremamente competitivo e a gente consegue... Cada vez mais eles estão se expandindo, que é o próximo passo. Eu acho que uma coisa que é muito importante: a empresa inicia a sua internacionalização muitas vezes para exportação, depois ela tem que colocar um pé fora do Brasil para ter unidades lá fora e para realmente virar uma empresa global, e às vezes as empresas estão partindo para isso, a Buscar tem no México...
P/1 – O BNDES também está ajudando a tentar botar esse pé local?
R – Nós já viemos ajudando no ponto de vista da exportação, que é o inicio. Hoje o presidente do BNDES anunciou que a gente já está fazendo isso. Quer dizer, ainda não está totalmente operacionalizada essa medida, mas essa decisão do que o BNDES vai fazer, financiamento para empresas brasileiras investirem fora do Brasil, isso é mais uma grande inovação, mais um passo do BNDES para a atualização das nossas atividades encima de demandas que vêm para cima do BNDES. Acho que isso é muito importante, o BNDES, apesar de ter 50 anos, eu não diria que é uma instituição antiga e velha, ela está se atualizando. Ela vai buscando o mercado, buscando esse dinamismo, ela sempre procura estar updated com o mercado, e atendendo as demandas que são feitas para contribuir com o desenvolvimento do Brasil, esse que é o grande ponto do BNDES, isso é que eu acho que é forte. E aí aquela questão que a gente estava conversando de você... O que é que é bom? O que faz você trabalhar numa instituição publica e não em uma instituição privada? Essas diferenças vão muito por aí, essas questões.
P/1 – Como é isso para você? Como é a sua jornada de trabalho, você se dedica full time?
R – É, eu me dedico bastante, mas acho que na vida tem duas coisas que são importantes: uma coisa é você distinguir o prazer e o lazer, que muitas vezes a gente confunde o que é lazer e o que é prazer. Às vezes você vai num cinema porque todo mundo diz que aquele cinema é bom, você vai num restaurante, fica numa fila, passa duas horas aquilo ali deixa de ser um prazer, é um lazer que você está arrumando, mas não é prazer, então muitas vezes você faz coisas que supostamente seriam um lazer, mas não são prazer. E o trabalho pode ser um prazer também, eu não vou dizer que o trabalho é um prazer só, mas tem que ser prazeroso, senão não fica bom. E eu tenho uma jornada de trabalho aqui, saio muito tarde, isso tem um lado ruim óbvio. Eu tenho uma família, tenho três filhos, uma esposa, então isso sempre prejudica. Estou há quase seis anos no BNDES Exim, a minha mais nova tem seis anos, então ela é a que sente mais, porque foi quem menos teve o contato desde o inicio. O meu filho mais velho tem 12, então já é diferente. Mas isso tudo faz parte de um ideal, faz parte de você entender que é importante, que você está fazendo uma coisa para o Brasil, para a sociedade, que você realmente é importante nesse processo. Se você acha que é mais um você não fica, se você acha que o que você está fazendo é uma coisa diferencial, você pode ficar até meia noite, você vai trabalhar, não tem diferença nenhuma, e isso não traz só um retorno financeiro. É lógico que a gente tem um salário, a gente trabalha, o salário que eu recebo é fundamental para a minha vida, é obvio, eu tenho que educar meus filhos, tenho que comer. Minha vida... O prazer também é isso, mas não é só isso, e aí tem uma passagem que eu estava falando para vocês antes: a gente fez vários negócios com bancos de investimentos, tipicamente desses bancos do __________ que se vê, que só visam, só pensam no bônus, e a gente estava vendo uma operação com Saulo ___________ e agora no inverno aqui nosso, a diferença de Nova York é só de um, mas no verão são três horas. Naquela época, no final do ano, a gente estava fazendo uma operação grande, que foi até o início do outro ano, e a gente ficava, às vezes, em conference call. Ele já seis, sete horas da noite a gente aqui. Nove, dez horas da noite e eles ficam meio assim: “Posso ligar às sete?” “Pode, tudo bem.” E a gente ficava, e de tanto fazer isso, no final, quando concluiu, o funcionário lá do Saulo foi falando comigo, fomos no jantar e tal, e depois falamos por telefone, falou assim: “O seu bônus deve ter sido muito alto nesse ano, porque sua operação foi muito boa, vocês trabalharam demais. Quer dizer, o bônus deve ter sido alto”. Eu disse: “Olha, foi muito bom e foi igual ao do ano passado.” Ele disse: “Você está realmente arrebentando, é todo ano isso.” Eu disse: “E tem sido assim nos últimos anos, igualzinho.” Ele: “E como pode assim e tal, e quanto é que é mais ou menos assim...” E eu disse: “É zero”. Ele olhou para mim, achou que eu estava brincando: “Mas quantos zeros?” Eu disse: “Zero, não tem nada, é zero, zero de zero”. Ele ficou realmente assim, impressionado, porque para ele, podia estar na cabeça dele: “Trabalhando até tarde, se tivesse um retorno variável...” Ou seja, que fosse função daquele trabalho a mais que ele estava fazendo e que ideal não existisse. Então isso para mim, só o fato dessa conversa com ele já me alimenta, porque isso que é interessante. É óbvio, eu não estou aqui dizendo que eu rasgo dinheiro, muito pelo contrário, se tiver uma oportunidade de ganhar dinheiro eu vou fazer, mas me dá prazer em fazer isso, eu acho que é por aí que faz essa diferença, e é isso que eu acho que a gente tem que resgatar um pouco. O Brasil precisa mais valorizar o funcionalismo público e olha que o BNDES, não essencialmente o funcionário público, quer dizer, os funcionários do BNDES não são funcionários públicos, nós somos CLT, mas trabalhamos com empresa pública, então eu acho que essa valorização dentro do BNDES é muito importante, essa importância que a gente tem do nosso trabalho, essa possibilidade da gente achar que é importante para o Brasil, isso alimenta. Eu acho que a valorização disso é muito importante, acho que é por isso que o BNDES é uma boa casa para se trabalhar.
P/1 – Quais são as suas expectativas, da sua área também, com essas metas de 2000, 2005?
R – Olha, é engraçado, porque quando a gente fez o planejamento estratégico de 2000, 2005, foi determinado que o BNDES Exim representaria 25% do orçamento do banco. A gente já estava com quase 25% nisso, até...
P/1 – Atingiria, a meta era atingir 2005, sendo que vocês já estavam quase com 2000.
R – Em 2000 nós tivemos acho que 24 e alguma coisinha por cento do sistema BNDES. Isso, de um certo modo, pode parecer até de não muito estimulo, porque você já estava com a meta em 2000, praticamente. Óbvio que as outras têm todo um desenvolvimento percentual, isso realmente não era o ideal no ponto de vista, estou falando, anual, mais do que isso aí, do planejamento estratégico o Brasil está passando por um momento que é importante da estabilização, onde a exportação se mostre como um dos itens mais importantes para que se consolide esse processo, e eu acho que diferente do passado, onde você tinha todas aquelas estruturas que foi o Bifiex, Cicex e todas essas coisas de ‘exes’ aí, que eram subsídios, o Brasil hoje caminha para um programa de apoio à exportação, programa oficial, como existe em todos os países. Aí é que é importante, isso não é uma característica de um país em desenvolvimento, como... O BNDES, como o Banco de Desenvolvimento, ele está muito ligado à característica de um país em desenvolvimento, você não vai encontrar um Banco de Desenvolvimento nos Estados Unidos. Pode até existir alguma coisa, mas não é natural. A necessidade de um BNDES no Brasil é muito grande, recurso de longo prazo essa ideia da existência do BNDES. Eu vou contar rapidamente um parêntese, eu já expliquei varias vezes em reuniões fora, nos Estados Unidos, na Europa como é que foi a criação, como existe o BNDES, como é que funciona, por que nos outros países da América Latina eles sentem falta da existência de um BNDES, que o BNDES tem um porte muito grande, que ele libera mais do que o Banco Inter Americano, então isso tem uma dimensão muito grande, uma importância muito forte dentro da economia brasileira. E você criar um modelo de exportação que seja competitivo em exportação... Existe em todos os países modelo de apoio, que é ciências de crédito de exportação. Existe nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra, todos eles tem; então isso é uma coisa que a gente precisa fazer para ser competitivo, é uma coisa que precisa ser feito. No Brasil, para mim esse é o meu grande desafio, é você realmente criar, não só tendo nome, o que eu acho é que é uma grande importância que a gente já opera como se fosse um Exim Bank. O BNDES Exim é como se fosse um Exim Bank no Brasil, faz parte da estrutura desse programa de apoio a exportação, nós criamos recentemente, “nós”, quando eu digo... Aí o governo criou SBCE, que é Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação, é um instrumento também importantíssimo que existe nos países desenvolvidos e que começa a surgir uma coisa mais natural dentro das regras da AMC, uma coisa mais competitiva, duradoura e de longo prazo. Então, para mim, isso é um grande desafio, é criar hoje... Eu venho aprendendo muito, vasculhando e pesquisando como é que funciona todo modelo francês, quais são as instituições desenvolvidas de apoio ao crédito de exportação, como é que funciona nos Estados Unidos, como é que o Exim Bank americano... No Japão existe, pelo menos, três tipos de modelos básicos; nos Estados Unidos e no Canadá é uma instituição que tanto faz financiamento quanto seguro; na França, na Inglaterra e na Itália é só seguro; na Alemanha e no Japão você tem uma que faz seguro e outra que faz financiamento, então o Brasil está até muito parecido com a Alemanha e o Japão, onde tem o BNDES que faz financiamento, SBC que faz seguro, então a gente começa a engatinhar. Uma coisa: como eu disse antes, na Inglaterra já existe, a mais de 100 anos, então é fundamental que a gente já comece a viver e ter coisas que são naturais dentro de países desenvolvidos. Se a gente quer ser um dia desenvolvido, a gente também tem que cooperar com eles, esse talvez seja um desafio a mais do que só meramente ter 25% do orçamento do BNDES. Não que eu ache que isso é importante, a gente tem que procurar agora manter essa faixa e caminhar nessa estruturação, nessa formação desse modelo, e isso que eu acho importante.
P/1 – Renato, eu vou te fazer uma pergunta que você até respondeu bastante aqui, mas quero te fazer de novo, inclusive porque a gente quer te liberar, porque hoje é uma data especial, você entrou no banco numa data especial e está dando uma entrevista também numa data especial, vamos terminar logo essa entrevista. O que é o BNDES para você?
R – É complicado. Profissionalmente, hoje em dia, até hoje, é tudo. Pessoalmente influencia muito, porque mais da metade da minha vida acordado eu passo aqui, vamos dizer assim. Se a gente tem... Se considerar que eu passo aqui no mínimo dez horas, se eu passar dez horas aqui eu estou passando mais da metade acordado, então é muito difícil saber o que representa o BNDES, eu teria que pensar com mais carinho, porque é importante, é muito importante, e eu gosto muito daqui, me dá condições de fazer uma coisa que eu acho que é importante: de fazer contato com pessoas de alto nível, isso é importante também, um relacionamento bom. E eu acho que na minha formação, tanto profissional como pessoal, o BNDES tem uma parcela muito grande. Isso é tudo.
P/1 – Que dia é hoje?
R – Dez de maio, o dia do meu casamento e o dia que eu recebi, junto do casamento...
P/1 – Mas hoje você não fica até às dez horas aqui.
R – Não, hoje eu já tinha que ter ido embora.
P/1 – Então Renato, para finalizar: o BNDES está fazendo 50 anos. O que você acha desse projeto de memória e de ter prestado o seu depoimento para o projeto?
R – Eu acho importantíssimo, dada a história do BNDES dentro da história do Brasil. E você preservar a história, registrar a história, isso é a coisa mais importante, o Brasil é muito novo, tem 500 anos. A gente vê isso quando viaja, quanto mais a gente viaja, mais aprende isso lá fora: a valorização das coisas, da cultura, isso na Europa é campeão, e fazer parte dessa história, para mim é muito importante, isso para mim é valioso, e eu vou ter isso para sempre para passar aos meus filhos.
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