História da Farma Brasil
Depoimento de José Novazzi Júnior
Entrevistado por Cláudia Leonor Oliveira e Márcia Ruiz
No Estúdio Telecentro
São Paulo, 20 de outubro de 1995
Realização Museu da Pessoa
Entrevista: FR_HV004
Transcritora Marina D’Andréa
Revisado por: Nataniel Torres
P/1 - Diga seu nome completo, data e local de nascimento.
R - Meu nome é José Novazzi Júnior, nasci em São Paulo, capital, no dia 29 de janeiro de 1926.
P/1 - O nome dos seus pais e onde eles nasceram.
R - Meu pai, José Novazzi, nascido em Milão, e minha mãe, Estefânia Piva nascida em Pádua, ambos na Itália.
P/1 - Quais as lembranças marcantes que tem da sua infância?
R - Nós éramos uma família pobre, essa lembrança eu tenho, mas todos trabalhavam e vivíamos razoavelmente bem, em casas modestas. Os meus irmãos, mais velhos, todos trabalhavam, em fábrica, menos um que mais tarde conseguiu se formar e começou a trabalhar em atividade administrativa, e eu era o filho menor, e todos queriam que eu estudasse. Então, acho que tive vantagem, em relação aos outros, por ser o último que estava em condições de se desenvolver. A memórias de minha infância foram todas agradáveis, não me lembro de nada desagradável, se eu tentar voltar no tempo, eu me lembro mais de 1932, a Revolução Constitucionalista. Nós, minha mãe e minhas irmãs costuravam pro exército de São Paulo, não se chamava exército, mas pra força militar de São Paulo, e um de meus tios tinha sido preso no Rio de Janeiro e estava trabalhando , não sei se obrigatoriamente, mas, de alguma forma, ele trabalhava nos Correios dos nossos inimigos. E nós recebemos uma vez uma visita de um oficial, que veio nos informar, que lamentavelmente meu tio tinha passado para as forças... ( risos) Isso nos chocou profundamente porque nós éramos visceralmente paulistas, tínhamos um sentido regionalista tremendo nesta ocasião. Até uma das poucas memórias que tenho da minha infância, e depois...
Continuar leituraHistória da Farma Brasil
Depoimento de José Novazzi Júnior
Entrevistado por Cláudia Leonor Oliveira e Márcia Ruiz
No Estúdio Telecentro
São Paulo, 20 de outubro de 1995
Realização Museu da Pessoa
Entrevista: FR_HV004
Transcritora Marina D’Andréa
Revisado por: Nataniel Torres
P/1 - Diga seu nome completo, data e local de nascimento.
R - Meu nome é José Novazzi Júnior, nasci em São Paulo, capital, no dia 29 de janeiro de 1926.
P/1 - O nome dos seus pais e onde eles nasceram.
R - Meu pai, José Novazzi, nascido em Milão, e minha mãe, Estefânia Piva nascida em Pádua, ambos na Itália.
P/1 - Quais as lembranças marcantes que tem da sua infância?
R - Nós éramos uma família pobre, essa lembrança eu tenho, mas todos trabalhavam e vivíamos razoavelmente bem, em casas modestas. Os meus irmãos, mais velhos, todos trabalhavam, em fábrica, menos um que mais tarde conseguiu se formar e começou a trabalhar em atividade administrativa, e eu era o filho menor, e todos queriam que eu estudasse. Então, acho que tive vantagem, em relação aos outros, por ser o último que estava em condições de se desenvolver. A memórias de minha infância foram todas agradáveis, não me lembro de nada desagradável, se eu tentar voltar no tempo, eu me lembro mais de 1932, a Revolução Constitucionalista. Nós, minha mãe e minhas irmãs costuravam pro exército de São Paulo, não se chamava exército, mas pra força militar de São Paulo, e um de meus tios tinha sido preso no Rio de Janeiro e estava trabalhando , não sei se obrigatoriamente, mas, de alguma forma, ele trabalhava nos Correios dos nossos inimigos. E nós recebemos uma vez uma visita de um oficial, que veio nos informar, que lamentavelmente meu tio tinha passado para as forças... ( risos) Isso nos chocou profundamente porque nós éramos visceralmente paulistas, tínhamos um sentido regionalista tremendo nesta ocasião. Até uma das poucas memórias que tenho da minha infância, e depois memórias das minhas idas ao Grupo Escolar, onde aprendi muita coisa, me lembro das professoras, sempre tive bom relacionamento com os colegas, e não me lembro nada que fosse desagradável, pelo menos.
P/1 - O senhor disse que todos queriam que o senhor estudasse. O que o senhor estudou?
R - Bem. Naquela época, a primeira pretensão das famílias era que as crianças fossem para o ginásio. E havia muito poucos ginásios. Os ginásios oficiais eram poucos, difíceis de você conseguir vaga, e com a ajuda minha mãe, de meus irmãos, fui matriculado em colégio particular. Para primeiro de tudo fazer ginásio. E fiquei no ginásio, depois havia um complemento que era o Colégio, e nessa época, já trabalhava na Johnson & Johnson, quando estava no Colégio. E nesse momento deveria escolher um curso superior. Mas, naquela época, a escola era muito elitista, como disse a vocês, e não havia cursos noturnos. Era necessário que eu conseguisse meios para estudar durante o dia. E foi a Johnson & Johnson que me concedeu essa oportunidade de estudar durante o dia, e trabalhar numa espécie de horário móvel, atendendo às recomendações que eles me faziam
P/1 - Quando o senhor começou a trabalhar na Johnson?
R - Uma vizinha da minha casa falou com um mestre da área têxtil que tinha um menino que era muito inteligente, acho que eles me achavam inteligente, e que precisava trabalhar. Então fui falar com esse mestre, e ele me disse que não poderia me admitir, porque a Johnson não admitia funcionários menores de 18 anos. Eu tinha, na ocasião, 15 anos, mas que a recomendação era muito boa, essa vizinha trabalhava na Johnson também, se chamava Íris, Íris Cavarsieri , não sei bem, mas esse mestre da área têxtil me pediu que voltasse no dia seguinte pra falar com o vice-presidente da companhia, um americano de nome Andrew (Roffman?) , e me mandou que eu chegasse antes das 6 horas da manhã. E eu cheguei. Às 5 e meia estava lá. O senhor (Roffman?) só me atendeu perto das 10 horas da manhã ( risos). E ele me entrevistou, me fez uma série de perguntas, sobre assuntos que eram do meu conhecimento, que eu estava naquela época fazendo colegial, e eu conhecia bastante coisa de álgebra, logaritmo, trigonometria, geometria, e ele ficou espantado que eu, menino, pudesse responder aquelas coisas todas. E a Johnson & Johnson, naquela época não tinha ninguém qualificado, que depois eu pude constatar, porque fui admitido. E o salário que ele mandou que me pagassem foi um salário que provocou algum conflito, eu diria, porque foi muito alto em relação aos salários vigentes na ocasião. Claro que fiquei muito satisfeito, e passei a ganhar salário que só os adultos ganhavam, e bem empregados, ainda. E eu me dediquei então à empresa a partir daí
P/1 - Qual era a suas função ?
R - Inicialmente eu seria contratado para fazer um trabalho que hoje se chamaria ______ acho que apontador, uma coisa assim. Mas, naquela época, havia na fábrica um americano recém-chegado, que era o responsável pela fabricação, e que me pedia pra fazer uma porção de outras coisas. Então fiquei praticamente fazendo tudo o que ele me solicitasse, na área têxtil, verificando a qualidade dos fios, a eficiência dos teares e dos tecelões, a umidade relativa das salas, todas as atividades que ele iniciava, ele precisava de alguém que soubesse pelo menos lidar com números, e escrever corretamente, para fazer um relatório, um resumo, então fiquei praticamente acompanhando esse americano até que ele foi embora, um ano e meio depois, e veio então um novo superintendente de fabricação, também americano, de nome José Muka e que manteve essa situação, e eu fiquei nessa atividade durante muito tempo, até 1945, quando chegou a hora de eu decidir se ia estudar alguma coisa ou não. Decidi que ia estudar, e a Johnson & Johnson me deu a oportunidade de ter um horário móvel que me permitia também estudar.
P/1 - Nesse tempo a área têxtil era composta...
R - A área têxtil era a maior da empresa. Era composta de uma fiação e de uma tecelagem. Ocupava a maior parte da fábrica. Dois andares grandes. E havia também toda a área de alvejamento, de gaze e de algodão, que essa área era pra fazer gaze, ataduras e tecidos pra fazer esparadrapos, fraldas, que eram os produtos da empresa. Naquele tempo a Johnson & Johnson eram produtos cirúrgicos.
P/1 - Como o senhor media a produção nessa época?
R - Bom. As máquinas todas tinham um medidor, que a gente chamava de relógio. E esse relógio marcava pontos a cada vez que o tecido ia sendo produzido. Então, a gente controlava esses relógios diariamente, nas três turmas que operavam, e somava a produção de cada funcionário, para ter a produção total do dia. E com o tempo me dediquei também a verificar a potência das máquinas, os motores, que eficiência eles tinham, sua capacidade, e estabelecemos qual seria a capacidade máxima das máquinas, e daí pudemos medir exatamente e eficiência de cada tecelão, de cada operador dessas máquinas.
P/1 - E depois pra que área o senhor passou?
R - Bem. Durante o tempo em que eu estudei, continuei nessa atividade. Não só na área têxtil, mas em todas as outras áreas da empresa, acompanhava o superintendente e medindo, examinando, estudando, projetando. Quando completei o meu curso, recebi propostas para trabalhar no exterior. Recebi uma proposta pra trabalhar na Bolívia na Universidade da Bolívia, ensinando alguma coisa do Brasil (risos) e de português também. Eu não aceitei. Recebi também proposta da Johnson & Johnson e preferi me manter lá. E me designaram para trabalhar num setor que se chamava programação de planejamento da produção. Não Farmacêutica. Para essa área havia um engenheiro químico, que já havia sido contratado, e ia fazer a Farmacêutica, e eu fiquei fazendo essa programação e planejamento da produção, baseado nas projeções de vendas, a gente projetava a matéria prima que era necessária, e a quantidade que deveria produzida, e quando isso devia ser produzido. Então havia um esquema de cada artigo que a empresa fabricava, para ter a mercadoria à disposição, no momento em que ela devesse ser expedida para o cliente. Fiquei dois anos nessa atividade, e quando em 1951 este mesmo diretor que me havia contratado estava completando 10 anos. Naquela ocasião, as pessoas que iam completar 10 anos, geralmente eram demitidas. Mas a Johnson & Johnson não fazia isso. Ela tinha muitos empregados estáveis. Ela sempre respeitou a dignidade pessoal e profissional de seus empregados, então não fazia isso, mas havia alguns que não se enquadravam exatamente na empresa, então era necessário não mantê-los e... Eu ainda não tinha dez anos, e recebi um aviso que o então presidente, esse diretor era presidente, queria falar comigo. E ele me convidou pra expandir, montar, implantar, porque havia um departamento de pessoal incipiente, mas ele queria um departamento de pessoal moderno. Que se chamaria Departamento de Recursos Humanos. Eu disse a ele que eu não tinha nenhuma experiência nessa atividade, mas ele disse “não, mas você tem toda a formação pra poder fazer isso, você vai ter uma assessoria jurídica interna e externa, você estuda o que quiser faça os cursos que quiser, mas você conhece bem a nossa organização, a empresa, os funcionários, conhece praticamente toda a operação, então você tem a condição de elaborar isso”. E eu comecei, e fui, fiquei 20 anos nisso, montei um Departamento de Pessoal grande, na companhia, com todas as áreas que hoje todos os departamentos de pessoal tem, seleção, recrutamento, treinamento, benefícios, todas as coisas foram feitas, e a Johnson & Johnson foi pioneira em muitas atividades. Folhas de pagamento em computador, e foi uma das primeiras, senão a primeira empresa que liquidou o tempo anterior ao Fundo de Garantia, e em muitas outras atividades ela foi pioneira.
P/1 - O que o senhor colocaria como marcante, além disso, dentro de Departamento de Recursos Humanos que o senhor desenvolveu.
R - Fazendo uma análise mais profunda das minhas atividades, acho que, o mais marcante foi uma capacidade que me foi doada, não sei de onde, foi manter a harmonia entre as partes. Empregados e empregadores, entre subordinados e chefes, mantive sempre harmonia em nossa empresa. Acho que isso era a minha habilidade, a de saber evitar conflitos, e quando havia conflitos saber como solucioná-los.
P/1 - Como era o relacionamento entre os funcionários?
R - Era, eu diria, bom. Mas, como tudo na vida, existem sempre algumas, como diria, preconceito... Por exemplo. Existia o pessoal de fábrica e o pessoal de escritório. Hoje, não existe tanto essa diferenciação. Mas naquela época havia , sim. O pessoal do escritório, como diria, era mais privilegiado. E o de fábrica era mais sofrido. E, a Johnson tinha também uma parte que ficava entre fábrica e escritório. Eram da parte dos acabamentos, onde trabalhavam muitas moças, então era um setor que mantinha um nível melhor do que fábrica. E mais tarde apareceu o laboratório grande, que era então outro centro. Mas o relacionamento era bom . Tanto é que havia festas em que todos compareciam, nunca houve atritos, a... que devessem ser solucionados... Na parte de vendas, propaganda, eu acho que o setor farmacêutico era a elite da companhia. Enquanto o setor de produtos cirúrgicos, não farmacêuticos, era mais popular, vamos dizer, o setor farmacêutico tinha um grupo de funcionários que eu diria que era a elite da companhia.
P/1 - Eu queria que o senhor comentasse um pouco, o que a gente estava falando agora há pouco sobre os casamentos que ocorreram entre os funcionários da Johnson....
R - Bom, a Johnson & Johnson era uma empresa em que trabalhavam muitas moças. Mas muitas, mesmo. E a empresa tinha a fama, de só empregar moças bonitas. E elas eram bonitas, mesmo. Mas, não havia uma seleção que impedisse que moças feias entrassem. E havia moças muito bonitas. E havia rapazes também que queriam casar, e encontravam nessas moças a parceira ideal. E tivemos uma série de casamentos, muito grande, dos quais posso citar do Tamaro com a Eulália, ela era secretária do presidente da companhia, do vice-presidente também, antes, o meu casamento com a secretária de um diretor financeiro, o casamento do Vicente (Nanni?), ele era ... da parte contábil da companhia, ele foi controler também da companhia, se casou com a funcionária de nome Nely, todos esses casamentos... o Reginaldo, não sei se ele está nessa relação também, se casou com uma funcionária também, então, esses casamentos todos eu estou citando na parte de escritórios. Na parte da fábrica também eram muito comuns. Mas não me recordo mais do nome das pessoas. Mas eram muito comuns, os casamentos. O meu casamento foi muito festejado na companhia. A companhia tinha um refeitório grande. No dia do meu casamento foi oferecido almoço de graça a todos os empregados no refeitório, um almoço melhor, está certo? Pela direção da empresa. Não fui eu quem, pagou essa....Então o relacionamento era bom, não havia , apesar de a Johnson fabricar alguns artigos, hoje já não tem tanto problema, quando se fala nesses artigos, como absorventes, como anticonceptivos, mas naquela época isso tudo era muito delicado, mas nunca tivemos problemas com esses assuntos.
P/1 - Era delicado em que sentido?
R - Porque você não podia deixar as moças em uma passagem embalando Jontex, por exemplo, que isso criava problemas, com certeza, então isso precisava evitar. Mas nós evitamos sempre esses problemas.
P/1 - Gostaria que o senhor fizesse uma avaliação da sua trajetória profissional.
R - Eu me orgulho de ter trabalhado pra Johnson & Johnson 30 anos. Eu não digo que me arrependo, de ter saído de lá. Mas eu mantive uma ligação aberta com a empresa, com os amigos que fiz lá, e num determinado momento decidi sair, porque não concordava com a política estabelecida por dois novos diretores recém-chegados dos Estados Unidos, e não senti que o presidente da Companhia se opusesse também. Então, sem nenhuma animosidade, sem nada, decidi sair da empresa. E no mercado encontrei outro trabalho, e penso que me realizei profissionalmente nesse outro trabalho. Porque tudo o que aprendi na Johnson & Johnson, eu aprendi muita coisa lá, que é uma verdadeira escola de administração, eu diria .Os meus contatos com os diretores, com os superintendentes, com todos os membros da companhia foram muito úteis para a minha carreira profissional. Aprendi muita coisa que apliquei nessa outra empresa, na qual fui elite, uma empresa nova no Brasil, que me deu oportunidade de crescer realmente, tanto é que fui diretor dessa empresa, estive no exterior muitas vezes, montamos a empresa no Brasil, e a empresa foi um sucesso. Então, acredito que tive uma carreira profissional bem sucedida, lamento ter deixado a Johnson. mas por outro lado, me realizei profissionalmente ,talvez , mais facilmente do que teria ocorrido na Johnson & Johnson, porque prata da casa é sempre mais difícil de dar certo.
P/2 - Queria que senhor colocasse o que significa o credo para o Departamento de Recursos Humanos da Johnson & Johnson. Se houve uma mudança antes do Credo e depois do Credo.
R - Eu diria o seguinte. A empresa tinha como filosofia, integral respeito pela dignidade pessoal e profissional de cada um, não importasse o nível em que eles estivessem. O Credo, foi mais um elemento de integração e de informação para os funcionários de qual era realmente o intuito da nossa empresa. Então, esse Credo é um, eu diria, a base para a nossa continuidade.
P/2 - Como o senhor vê, permanecendo tanto tempo dentro da companhia enquanto filosofia?
R - Olha, eu não sei depois de minha saída, o que ocorreu. Até 1971, enquanto estive na companhia, este Credo não era um documento que andasse na mão de todos os empregados. Era um ... publicado, exposto,mas , se você examinar bem os empregados de uma fábrica, eles não lêem muita coisa. Então, poucos tinham conhecimento do Credo. Mas todos sabiam qual era a filosofia da companhia e o que ocorria efetivamente, que era a prática do Credo, isso o que acontecia.
P/1 - Tenho mais uma pergunta, o que foi a criação do Clube dos 25.
R - O Clube dos 25 anos foi criado na administração do presidente Williamson. E pretendia congregar os empregados que tivessem completado os 25 anos, premiá-los, e mais tarde, reuni-los em festas anuais. Esse clube teve muito sucesso, e ainda tem, nós teremos, brevemente uma reunião, acho que no dia 27 deste mês, e hoje congrega muitos empregados. No início não eram tantos. O clube, inicialmente elegeu um presidente. E eu não participei das primeiras reuniões porque eu não tinha 25 anos. Mas, quando completei 25 anos, fui eleito presidente do clube durante vários anos. Até a minha saída, pelo menos . E deixei de comparecer depois de minha saída. Fiquei 2 anos sem comparecer. E infelizmente num funeral, tive um contato com o Sanches, que era presidente, e ele me cobrou a ausência, porque que não estava indo. Eu disse, “olha, não estou indo porque você não me convida”. “Você não recebe o convite?” “Eu recebo um convite impresso, enviado pelo Departamento de Pessoal, e não aceito esse convite e não vou”. Então ele disse, “você está convidado oficialmente por mim, e sua presença é obrigatória” (risos). E eu, a partir daí, passei a comparecer a todas as reuniões. Também não me sentia muito à vontade para comparecer, porque não tinha, eu não era um aposentado, realmente. Eu estava numa outra empresa, onde ocupava um cargo de executivo e não me sentia realmente em condições de ir se não houvesse um convite efetivo. Quando houve um convite efetivo do presidente, voltei, muito feliz, a comparecer.
P/1 - Pra terminar, gostaria que o senhor dissesse qual o sonho que o senhor gostaria de realizar?
R - Olha, acho que os sonhos todos que tive, já realizei (risos). Tenho hoje meus filhos formados, um médico, um engenheiro e minha filha é advogada. Minha mulher goza de boa saúde também, nós temos netas e um netinho também hoje. E então, só espero que isto continue da forma como tem vindo. E nada mais do que isso. Se você me perguntar de uma forma mais geral, só espero que o Brasil se estabilize numa situação melhor pra todos nós.
P/1 - Agradecemos a sua entrevista.
R - Muito obrigado.
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