Se fosse para definir em apenas uma frase o que mais me motivou a sair do meu apertado casulo para o mundo das aventuras e das experiências loucas acho que seria: “Não mãe… eu não vou fazer engenharia”. Já estava com o saco bem cheio de tudo quando a mãe veio com aquele papo de que eu tinha que fazer engenharia, voltar a estudar, ser alguém na vida e toda aquela conversa que só me deixava emputecido. Um surto de loucura - ou talvez um lapso momentâneo de razão - tomou conta de mim enquanto tratava de carregar a minha velha mochila com algumas bugigangas. Estava completamente quebrado, sem qualquer dinheiro na carteira. Não importava. Estava determinado a pegar a estrada. Queria ir embora daquela vida.
Foram alguns anos longe do conforto de casa e dos cuidados da mamãe que forjaram a minha nova especialidade. Viajar sem gastar um tostão (até porque não tinha mesmo). Aprendi a pegar carona, a encontrar um teto para dormir, a arranjar o que comer. No fim, aprendi a ter coragem. Da modalidade caroneiro evoluí para uma outra categoria. Viajar pelo mundo gastando muito pouco. Conheci alguns países da Europa, América do Sul, Índia, Oriente Médio, Indonésia e morei na Austrália. Achava graça quando os outros perguntavam se eu era rico. De certa forma, sou! Respondia. Sempre achei que a liberdade é a nossa maior riqueza. Não quero aqui tentar convencer ninguém a fazer nada. Odeio quando tentam fazer isso comigo. O que quero dizer é que, ao contrário de muitas previsões – principalmente dos parentes – não me tornei um lixeiro ou mendigo, nem fui preso. Sei que a maior parte deles me considera um retardado mental. Graças a Deus que pensam isso. Se eles estivesse me elogiando agora, definitivamente eu estaria no caminho errado. Na verdade tudo deu muito certo.
Hoje estou feliz da vida, morando na praia, cheio de histórias para contar e escrevendo esse livro enquanto curto uma linda vista para...
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Se fosse para definir em apenas uma frase o que mais me motivou a sair do meu apertado casulo para o mundo das aventuras e das experiências loucas acho que seria: “Não mãe… eu não vou fazer engenharia”. Já estava com o saco bem cheio de tudo quando a mãe veio com aquele papo de que eu tinha que fazer engenharia, voltar a estudar, ser alguém na vida e toda aquela conversa que só me deixava emputecido. Um surto de loucura - ou talvez um lapso momentâneo de razão - tomou conta de mim enquanto tratava de carregar a minha velha mochila com algumas bugigangas. Estava completamente quebrado, sem qualquer dinheiro na carteira. Não importava. Estava determinado a pegar a estrada. Queria ir embora daquela vida.
Foram alguns anos longe do conforto de casa e dos cuidados da mamãe que forjaram a minha nova especialidade. Viajar sem gastar um tostão (até porque não tinha mesmo). Aprendi a pegar carona, a encontrar um teto para dormir, a arranjar o que comer. No fim, aprendi a ter coragem. Da modalidade caroneiro evoluí para uma outra categoria. Viajar pelo mundo gastando muito pouco. Conheci alguns países da Europa, América do Sul, Índia, Oriente Médio, Indonésia e morei na Austrália. Achava graça quando os outros perguntavam se eu era rico. De certa forma, sou! Respondia. Sempre achei que a liberdade é a nossa maior riqueza. Não quero aqui tentar convencer ninguém a fazer nada. Odeio quando tentam fazer isso comigo. O que quero dizer é que, ao contrário de muitas previsões – principalmente dos parentes – não me tornei um lixeiro ou mendigo, nem fui preso. Sei que a maior parte deles me considera um retardado mental. Graças a Deus que pensam isso. Se eles estivesse me elogiando agora, definitivamente eu estaria no caminho errado. Na verdade tudo deu muito certo.
Hoje estou feliz da vida, morando na praia, cheio de histórias para contar e escrevendo esse livro enquanto curto uma linda vista para o mar, em Portugal. Posso dizer que sou o cara mais sortudo que conheço. Um dia me disseram que o meu bom humor chegava a irritar. Adorei ouvir essa. Mas, honestamente, me considero bastante imaturo, bipoloar, ranzinza e num geral sou bastante insatisfeito com tudo. Algo do tipo uma colisão entre um autista em último grau e um monge budista com narcolepsia. Saber lidar com os altos e baixos da minha personalidade e a minha Fé naquele algo maior que sempre dá um jeito em acertar as coisas talvez sejam os meus maiores Super Poderes. Acho que foi exatamente esse espírito de confiança e auto-conhecimento que me levaram sempre mais e mais longe nas minhas aventuras.
No começo dessa minha vida de viajante sem rumo me sentia como aquela criancinha que saía a passear de mãos dadas com os colegas da escolinha. Super inseguro e obedecendo todas as ordens da titia. Mas com o tempo, a gente pega confiança e manda a titia se lixar para seguir o próprio caminho. Não é preciso muito tempo para a criançada toda pirar e deixar a professora louca. Acho que é essa a ordem natural das coisas. Já não vejo TV há décadas. Um cinema, às vezes. Para mim, programas de auditório, jornais ou telenovelas são o fim da picada. É o atestado de óbito de quem entregou os pontos e desistiu da vida. Graças a Deus deixei de lado essa “maquininha de fazer idiotas” chamada televisão e resolvi conhecer as coisas ao vivo, em direto.
Tenho orgulho em poder dizer que sou o cara mais livre do universo. Não sou casado, não preciso cuidar de filhos, não tem ninguém doente que conte comigo. Me afastei completamente da minha antiga vida, dos amigos, da família. Mantenho contato apenas com a mãe, o irmão caçula e um ou outro amigo que ficou. Tinha uma ligação profunda com o meu cão, mas ele já morreu. No momento em que percebi que eu não era nenhum super herói com super poderes do tipo soltar teias de aranha das mãos, nem um Highlander que só morre quando lhe cortam a cabeça ou um exterminador indestrutível, passei a curtir muito mais a minha breve vida. Passei a arriscar mais e mais e a confiar plenamente naquela Super Força chamada Deus. Sempre estamos arrumando alguma desculpa para não tornarmos a vida uma aventura louca. Falta de dinheiro? Heheheheeee… acho que isso nunca será o suficiente para ninguém neste planeta. Medo? De Morrer? Kkk... ninguém bate as botas antes da hora. Medo do que os outros irão pensar? Hahahahaha... danem-se todos. Medo de perder tudo??? Tudo o que, exatamente?
Poderia contar aqui a minha EQM (experiência de quase morte) num acidente que sofri de bicicleta, mas aí o livro seria “motivacional” demais e eu iria me odiar pelo resto da vida. Ninguém tem nada a ver com isso. Ao invés de me lamentar saí a viajar e a buscar outras aventuras. O livro "A Gente Vai Morrer Mesmo" é para todos aqueles que já não aguentam mais televisão, ou a rotina, ou o emprego, a esposa, a sogra, os parentes. Ter a plena consciência de que somos limitados a um corpo físico com prazo de validade pré-determinado faz com que certas atitudes sejam tomadas. A verdade suprema e imutável de que A Gente Vai Morrer Mesmo abre novos espaços aonde existia apenas um minguado vou levando a vidinha… É uma grande honra para mim poder contar que um dia meditei no Himalaia e encontrei o Dalai Lama por lá. Que participei de Rituais Sagrados, tomei Ayahuasca com os índios, São Pedro com os nativos do Peru, chá de cogumelo na Indonésia e fiz o processo dos 21 dias de jejum para viver de luz. De que morei em três países diferentes, com culturas diferentes, mas sempre conhecendo muita gente boa por todo o lado. Aprendi uma porrada de coisas. Quebrei a cara. Fui empresário. Trabalhei de faxineiro na Austrália. Caí, levantei. Escalei montanhas, saltei de paraquedas, percorri quase trinta países, fiz o Caminho de Santiago de Compostela, escrevi livros e ainda quero continuar correndo de kart, de Fórmula Ford, praticando Yoga e lutando karatê. E você?
Sobre o autor “Sempre fiz tudo o que me deu vontade. Acho que é por isso que a grande maioria das vezes as coisas deram muito certo. A minha vontade sincera vem do coração e o coração sempre tem razão!” Jeferson Biela sempre foi um especialista em viver a vida. Uma criança híper ativa que cresceu em um mundo de aventuras e muita adrenalina. Paraquedismo, escaladas, automobilismo e viagens pelo mundo são as suas formas de expressão favoritas. “A Gente Vai Morrer Mesmo” costuma ser a sua frase preferida todas as vezes que aceita um desafio, talvez mais para esquentar as coisas e dar aquela coragem e motivação iniciais do que um mero desprezo pela vida. Extremista e sincero no modo como vê as coisas, define-se simplesmente como imaturo, bipoloar, e ranzinza... algo do tipo uma colisão entre um “autista em ultimo grau” e um “monge budista com narcolepsia”. Tais atributos, diz ele, forjaram o seu modo de vida.
A Gente Vai Morrer Mesmo é a sua fonte de inspiração. É o que torna a sua vida mais interessante. É o elemento facilitador das suas decisões. É a sua poção mágica, o elixir da vida, o seu Superpoder. Encarar a morte como parte fundamental da vida sempre trouxe inúmeras vantagens em sua existência. Algo que não o aprisiona, mas sim, o liberta. Para ele a morte talvez seja algo bonito, até poético. A chave dourada que abre portas maravilhosas para o desconhecido. Estabelecer uma amizade com a morte e ter a certeza de que ela chegará no momento certo, nem antes e nem depois, não levou Jeferson apenas as partes mais longínquas desse planeta, mas também o levou até aí, para a tela do seu computador. E essa, para ele, é a aventura mais bonita de todas, a que mais valeu a pena!
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