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Personagem: Bel Santos Mayer
Por: Museu da Pessoa, 25 de novembro de 2020

Uma passagem pra um lugar que você não sabe qual é

Esta história contém:

Uma passagem pra um lugar que você não sabe qual é

Vídeo

Eu nasci em 1967, num período que as crianças nem comiam junto com os adultos, nas famílias mais simples. Primeiro comiam as crianças, num espaço separado e os adultos comiam no espaço deles. Sempre que eu podia, eu estava ouvindo as histórias e eu adorava ver minha vó contar histórias. E ela tinha uma coisa: ela não sabia comer de garfo e faca, ela comia ou de mão ou de colher, então, ela sempre comia com a gente, com as crianças. E aquela coisa era um negócio que me chamava atenção. Eu falava: “Vó, a senhora não tem que ter vergonha, porque a senhora não sabe comer de garfo e faca”. Eu lembro uma vez, eu levei um amigo pra comer em casa e o chamei pra comer com a gente. Eu já era adolescente e aí a minha vó não quis comer. Ela pegou a comida dela e foi pros fundos, onde a gente morava, onde eu dormia com ela. E eu falei: “Vó, não, a senhora vai comer aqui, com a gente” “Não, não vou”. E aí eu comi de mão, junto com ela. E ela me olhava, ela ficou irritada com aquilo, meu amigo não entendeu nada, mas a nossa relação sempre foi essa. Eu queria sempre que ela se sentisse à vontade, porque o que estava fora do lugar era um país que as pessoas tinham que viver sem saber o que era garfo, né? E ter vergonha de comer com a mão. Não era ela que estava fora do lugar. Era o país.

Quem me ensinou a ler foi a finada Josefa, era um barraquinho, ela juntava várias crianças dentro desse barraco e o filho dela ficava lá com ela, o Tonho e o que ele fazia? Fritava linguiça, jogava farinha e a Dona Josefa colocava as palavras na lousa. Quando a gente conseguia ler, o Tonho pegava um pouquinho de farinha de linguiça e dava na nossa mão. Então, era tão saboroso aprender a ler e escrever! Tinha esse cheiro da linguiça fritando, da farinha, do Tonho. Uma coisa muito afetuosa. Acho que essa história dessa mulher, gratuitamente ensinando outras pessoas a ler. Parecendo aquele canto da capoeira:...

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Direito a leitura na escola pública

Dados da imagem Emef- Arlindo Caetano Filho. Bel era a professora da turma.

Período:
Ano 1993

Local:
Brasil / São Paulo / São Paulo

Imagem de:
Bel Santos Mayer

História:
Uma passagem pra um lugar que você não sabe qual é

Crédito:
Acervo pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
leitura, escola

Emef- Arlindo Caetano Filho. Bel era a professora da turma.

Direito ao lazer

Dados da imagem Bel Santos com 8 anos. Com vó Geni, tia Eunice, mãe Dorinha, pai Miguel, primo Paulinho, irmão Geraldo, primo Álvaro e primo Arlindo.

Período:
Ano 1975

Local:
Brasil / São Paulo / Praia Grande

Imagem de:
Bel Santos Mayer

História:
Uma passagem pra um lugar que você não sabe qual é

Crédito:
Acervo pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
lazer, praia, família

Bel Santos com 8 anos. Com vó Geni, tia Eunice, mãe Dorinha, pai Miguel, primo Paulinho, irmão Geraldo, primo Álvaro e primo Arlindo.

Casamento

Dados da imagem Casamento realizado na rua cônego Eugênio Leite. O vestido foi feito por uma estudante de moda, chamada Paula. Véu realizado por senhoras do Vale do Jequitionha

Período:
Ano 2006

Local:
Brasil / São Paulo / São Paulo

Imagem de:
Bel Santos Mayer

História:
Uma passagem pra um lugar que você não sabe qual é

Crédito:
Acervo pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
felicidade, casamento

Casamento realizado na rua cônego Eugênio Leite. O vestido foi feito por uma estudante de moda, chamada Paula. Véu realizado por senhoras do Vale do Jequitionha

De Parelheiros para o Mundo

Dados da imagem Na pirâmide da lua Yucatán.

Período:
Ano 2019

Local:
México / Cidade Do México

Imagem de:
Bel Santos Mayer

História:
Uma passagem pra um lugar que você não sabe qual é

Crédito:
Acervo pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
méxico, viagem

Na pirâmide da lua Yucatán.

Vó Edelmira

Dados da imagem Avó materna, Edelmira da Silva Cruz, na casa da filha Eunice.

Local:
Brasil / São Paulo / Barretos

Imagem de:
Bel Santos Mayer

História:
Uma passagem pra um lugar que você não sabe qual é

Crédito:
Acervo pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
, benzedeira

Avó materna, Edelmira da Silva Cruz, na casa da filha Eunice.

Dados de acervo

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Projeto Conte sua História Vidas Negras

Entrevista de Bel Santos Meyer

Entrevistada por Jonas Samauma e Wini Calaça

São Paulo, 25 de novembro de 2020

Código PSCH_HV926

Transcrito por Selma Paiva

P1 – Queria te pedir, assim, se pudesse, fechar os olhos pra gente começar, assim, a entrevista. Virar assim e fosse buscar lá no baú das suas lembranças a sua memória mais antiga, a primeira memória que você tem na sua vida.

R1 – E falo sobre ela?

P1 – Hum hum.

R1 – As memórias, tem alguém que já falou sobre isso, tem muita coisa que está aqui, tem coisa que a gente inventou e tem coisa que vira nossa, de tanto a gente ouvir. Mas, nesse pedido pra fechar os olhos, a memória que veio foi eu pequenininha, com uns dois anos de idade, andando quase uma hora com a minha mãe grávida, atravessando de Santo André pra São Paulo, do Jardim Utinga, para o Parque Santa Madalena, na zona leste de São Paulo, com materiais pra construir a primeira casa dela, do meu pai e das minhas irmãs, em São Paulo. Eu sou filha de um casal nordestino, do Recôncavo Baiano, Terra Nova e eles moraram nas casas dos outros quando chegaram aqui, nos anos 60. E sempre quando eu fico pensando na infância, eu fico imaginando aquela menina gordinha andando, porque minha mãe não podia me pôr no colo, porque ela precisava carregar um monte de coisas nessa travessia. Então, era essa a imagem. De uma criança de mãos dadas com a sua mãe, caminhando na construção do sonho da casa própria, que é onde eles vivem até hoje.

P1 - Nossa! E você podia contar um pouquinho como que foi a construção dessa casa? Como eles decidiram que ia ser lá? Como é que aconteceu isso?

R1 – Primeiro uma irmã da minha mãe, a minha tia Eunice, que foi a irmã que migrou pra São Paulo antes dela, conseguiu comprar um terreno nesse Parque Santa Madalena e ficou em cima do meu pai e da minha mãe: “Vocês têm que conseguir comprar um terreno também. Vocês têm que se...

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