Eu vou tentar contar a história. É uma história tão traumatizante. Chama-se “As Canecas Malditas”.Nós pegamos uma encomenda de canecas de cerâmica para fazer para a FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). E daí a pessoa que estava na Aliança era o Alexander. Ele ligou para mim, falou: "A FIEP quer umas canecas, tal, você faz?" Eu falei: "Eu faço, só que tem que comprar uma máquina..." Quantas canecas? 500 canecas. Daí nós pegamos o dinheiro do micro crédito, que o Wal-Mart disponibiliza, e compramos a máquina, compramos as canecas e fomos fazer as benditas canecas. Aí eu trouxe a máquina e coloquei ali, regulei lá mais ou menos a caneca. Achando que era a coisa mais simples do mundo. O cara que me vendeu as canecas também, amaneira como ele explicou lá para mim na hora parecia uma coisa até mágica. Colocava lá e puxava, e estava saindo da fábrica. Coloquei a caneca lá e comecei. Coloquei a tinta lá e fui tentar fazer. Não saía nem a marca do negócio, não saía na caneca. E daí, descobri que era a tela. Descobri não, me falaram que era a tela. "Ah, é a tela. O problema é a tela”.Peguei, fui lá comprei outra tela. O problema é a tela, né? Foi quando o Tiago me ligou, falou assim: "O pessoal da FIEP quer pelo menos uma amostra até segunda-feira”. Era sexta, eu falei para ele: "Ó, cara, eu comprei outra tela. Pelo que me falaram está resolvido o problema. Segunda-feira eu garanto para você que está pronto”. Acho que eu falei que estavam prontas todas, nem me lembro mais. Chamei, liguei para a Marlene que é a pessoa que está no grupo hoje, uma das pessoas e falei para ela: "Você vem amanhã aqui e nós vamos fazer as canecas”. Ela veio, e eu misturei um monte de tinta. Uma tinta que a gente mistura com um produto e ela só dá para aquele dia. Se deixar para o outro dia não presta mais. Eu estava tão confiante que eu fui lá misturei um monte de tinta. E começamos, cadê que saiu alguma...
Continuar leitura
Eu vou tentar contar a história. É uma história tão traumatizante. Chama-se “As Canecas Malditas”.Nós pegamos uma encomenda de canecas de cerâmica para fazer para a FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). E daí a pessoa que estava na Aliança era o Alexander. Ele ligou para mim, falou: "A FIEP quer umas canecas, tal, você faz?" Eu falei: "Eu faço, só que tem que comprar uma máquina..." Quantas canecas? 500 canecas. Daí nós pegamos o dinheiro do micro crédito, que o Wal-Mart disponibiliza, e compramos a máquina, compramos as canecas e fomos fazer as benditas canecas. Aí eu trouxe a máquina e coloquei ali, regulei lá mais ou menos a caneca. Achando que era a coisa mais simples do mundo. O cara que me vendeu as canecas também, amaneira como ele explicou lá para mim na hora parecia uma coisa até mágica. Colocava lá e puxava, e estava saindo da fábrica. Coloquei a caneca lá e comecei. Coloquei a tinta lá e fui tentar fazer. Não saía nem a marca do negócio, não saía na caneca. E daí, descobri que era a tela. Descobri não, me falaram que era a tela. "Ah, é a tela. O problema é a tela”.Peguei, fui lá comprei outra tela. O problema é a tela, né? Foi quando o Tiago me ligou, falou assim: "O pessoal da FIEP quer pelo menos uma amostra até segunda-feira”. Era sexta, eu falei para ele: "Ó, cara, eu comprei outra tela. Pelo que me falaram está resolvido o problema. Segunda-feira eu garanto para você que está pronto”. Acho que eu falei que estavam prontas todas, nem me lembro mais. Chamei, liguei para a Marlene que é a pessoa que está no grupo hoje, uma das pessoas e falei para ela: "Você vem amanhã aqui e nós vamos fazer as canecas”. Ela veio, e eu misturei um monte de tinta. Uma tinta que a gente mistura com um produto e ela só dá para aquele dia. Se deixar para o outro dia não presta mais. Eu estava tão confiante que eu fui lá misturei um monte de tinta. E começamos, cadê que saiu alguma coisa? Saiu tudo borrado, saía torto, mas não saía a cor. Daí liguei para a fábrica da máquina, o cara falou: "A gente dá o suporte, mas só ali na regulagem. E o que nós podemos fazer é passar o telefone de uma pessoa que pode, que comprou uma máquina nossa e pode estar te dando uma força." O cara era para lá de Mandirituba, onde ele morava. E celular ainda. O cara falou: "O que eu posso fazer para você, cara, vou te dar umas dicas”. Que a tela não chegava direito na xícara, eu ficava com medo de calçar a tela. Ele falou: "Pode calçar a tela com umas moedas”. Fiz o que ele falou e saiu um pouquinho. Mas muito pouquinho. E não era suficiente para conseguir fazer. Daí fomos, ligava para um, ligava para outro. Liguei para o cara que me vendeu ele falou: "Ó, eu acho que é o rodo”. Só que ele sabia que era o rodo, que ele já me vendeu com o rodo estragado. Foi realmente o rodo, estava com uns dentinhos assim. Puxava assim, ficava a marca na tela aonde o rodo não puxava tinta. Eu falei: "Quanto que é o rodo?" Ele falou: "É 30 reais”. Um rodo desse tamanhozinho assim. Eu falei: "Vou ter que comprar”. A sorte que eu encontrei uma outra fábrica que fabricava aquele tipo de rodo e comprei. Falei: "Agora está resolvido”. Mas não era isso ainda. Tinha mais coisa. A Geórgia, que trabalha aqui com a gente, falou: "Ah, tem um amigo, ele não trabalha com isso, mas ele é bastante curioso. Ele pode estar dando uma força”.Eu falei: "Beleza, manda ele vir aqui." Ele veio. Realmente era um problema que eu mexia muito nas regulagens e tal ali. E às vezes estava acertando, mas dava um probleminha eu ia lá mexia nas regulagens, desregulava tudo. Ele falou: "Olha cara, é melhor você mexer na tela ali, você então procura, você marca certinho. Se precisar tirar a tela para limpar”. E foi quando eu consegui fazer a amostra. A amostra. Isso tinha umas três semanas, mais ou menos que eu estava com a máquina, com a xícara, tudo. Já tinha perdido mais de meia lata de tinta e daí fiz a amostra. Falei: "Agora tranqüilo”. Mandei a amostra lá, foi aprovado. Só mandou mudar um negocinho lá: "Agora mãos à obra”. Fui fazer, não conseguia fazer. Não conseguia encaixar cores lá na hora de encaixar as cores na xícara. Na verdade para resumir a história descobrimos que o problema não era exatamente a tela, não era exatamente o rodo, o problema era na xícara. Que a xícara era de segunda linha e ela era muito torta, muito cheia de lombinho, vamos dizer assim, e isso fazia com que o rodo não acompanhasse. Então foi assim, muito estressante, que tenho testemunhas aqui. O pessoal lá na Aliança já ficou estressado. Havia uma pressão, lógico, né? Uma coisa para 15 dias já tinha quase dois meses. Olha, nós conseguimos. Por incrível que pareça, depois que passou a minha vontade de jogar a máquina no lixo e de quebrar as canecas. Inclusive eu andei quebrando umas. Mas no final deu tudo certo. Não ficou aquela maravilha, lógico, não ficaria nunca. Mas a gente, no fim, acabamos comemorando, de alguma forma foi uma experiência boa. Aprendi que não se pode querer fazer as coisas sem conhecer primeiro aquilo que se vai fazer, entre outras coisas. Mas felizmente saiu.
Recolher