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Por: Museu da Pessoa, 17 de setembro de 2020

Uma coleção que virou um dos maiores museus da América Latina

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Uma coleção que virou um dos maiores museus da América Latina

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Eu vivia no meio da molecada e tinha virado o menino mais terrível de Santo Amaro. A gente ia caçar passarinho, a gente fazia todas as coisas, jogava bola, era um grupinho de moleques, podia ser os de Jorge Amado. Meu pai me pegou um dia e disse: “Você não vai virar vagabundo! Você vai tomar jeito" então me botou numa oficina, numa oficina de marcenaria. O meu pai era ourives que é uma tradição muito antiga, em Salvador era uma tradição muito importante. Ele era sensível por lidar com ouro, pedra preciosa, mas tinha uma coisa bruta também de derreter o ouro no carvão...Meu pai era uma espécie de ourives que consertava relógios, fazia anéis até que no final ele tinha uma clientela muito grande de ciganos.

O Caetano Veloso que foi meu colega de classe ele gostava de pintar também, ele sempre diz que foi ele que me ensinou a pintar. E eu sempre digo que fui eu que o ensinei a cantar. Caetano pintava as paredes, tinha muito talento. Nós éramos muito colegas, porque eu era a única pessoa que entrava no quarto de Caetano, pra acordá-lo, porque até hoje, é um sujeito que acorda quatro horas da tarde. Então, eu o acordava, a gente ia pro ginásio, pintávamos, era uma amizade que tinha em Santo Amaro. Até hoje em Santo Amaro eu não sou conhecido como Emanoel Araújo, mas como filho de Vital. Santo Amaro fica no fundo da Bahia de todos os Santos, né? Lá tinha muito capoeirista muito importante, aquele Besouro foi um famoso capoeirista, tinha Gato, essa coisa popular negra, o bonde puxado a burro, que era Popó com maculelê, que eram pessoas batendo uma luta, como se fosse de espada. Tinha tudo em Santo Amaro, tanto que eu só vim pra Salvador com 18 anos.

Você não vai ser advogado?" Me perguntou meu pai, e respondi que ia ser artista. Aquele choque, eu entro em sessenta na escola de Belas Artes. Eu já fazia uma coisa em Santo Amaro, chamado guache lavado. O guache lavado se constitui de você pintar com guache branco, depois passar...

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PCSH_HV0917_EMANOEL_ARAÚJO

Entrevista de Emanoel Araújo

Entrevistado por Karen Worcman e Day Rodrigues

São Paulo, 17 de setembro de 2020

Projeto Conte Sua História – Vidas Negras

Entrevista número PCSH_HV0917

Transcrita por Selma Paiva

P/1- Então, eu ia te fazer um pedido que eu tenho feito ultimamente, tá bom? Que é fechar um pouquinho o olho e... respirar um pouco.

R- Hmmm. (riso)

P/1- Porque aí eu vou te pedir, Emanoel, pra você, dentro de você mesmo, tentar, respirando, lembrar assim só pra você, as primeiras lembranças da sua vida, que você tem. Pode ser imagem, pode ser um cheiro.

R- Hmmm. Ai, eu não sei. Eu...

P/1- Mas assim, aí só fica aí um pouquinho, que aí eu vou te perguntar.

R- A minha primeira... as minhas primeiras lembranças são que eu fui um menino muito mimado, que eu fui o primeiro filho. E a gente, meu pai, naquela época, isso em quarenta, né? Meu pai... a gente tinha, era um tratamento muito especial, de brinquedos feitos pra mim, tal, tal, tal. E a gente teve uma vida muito... porque o meu pai não era de Santo Amaro, nem a minha mãe. Os dois eram migrantes. Em Santo Amaro, né? Então... mas eu não tenho muito lembrança, não. Tenho lembranças já de outras épocas, talvez. Mas eu me lembro de uma coisa, que uma vez, até, uma pessoa, um amigo meu fez uma árvore, uma árvore, né, de... como é que chama isso mesmo?

P/2- Árvore genealógica.

R- Não. Não era genealógica. Era uma, uma... era uma coisa de horóscopo, né? Um...

P/2- Mapa astral?

R- Hum?

P/2- Mapa astral?

R- Um mapa astral. E, nesse mapa astral, ele me contou uma coisa muito engraçada: que eu tinha caído do sótão onde eu morava, que eu tinha nove anos, tinha oito e pouco ou oito anos. E eu sabia disso, porque era um comentário, entendeu? E isso era um sótão de um sobrado que, por acaso, tinha aquele alçapão, eu caí lá embaixo, no meio de bacia, de coisas velhas guardadas e tal. E não tive nada, entendeu? Uma coisa tão...

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