Facebook Informações Ir direto ao conteúdo
Por: Museu da Pessoa, 22 de março de 2010

Uma batalha diária

Esta história contém:

Uma batalha diária

P/1 – Paulo, mais conhecido como Amendoim, vou perguntar primeiro qual é seu nome completo, o local e a data de nascimento?

R – Meu nome é Paulo César Martins Vieira, nasci em Ubá, mas eu vim muito bebê. Nasci no dia 20 de agosto de 1957. Estou batendo 53 anos, com a cara de 73, mas está tudo certo.

P/1 – Conta um pouco então, você falou quando chegou à Rocinha, como é que era aqui?

R – Aqui era uma loucura, tipo uma fazenda. A Rocinha era fazenda. As pessoas foram morando, os negros baianos foram chegando aqui. Aqui foi uma habitação... Quando diz que tem mais nordestino, quando se diz nordestino, quer dizer os negros baianos que existiam aqui. Com o decorrer do tempo, em 1944, 1945, foi quando o verdadeiro nordestino veio chegando. Na Bahia é nordestino, mas é o afro-nordestino. Depois, chegaram os cearenses, pernambucanos e paraibanos e que hoje são 95% dessa comunidade lá do Nordeste estão na Rocinha. Eu me sinto extinto, eu me sinto 100% só. Então, tem que valorizar porque tem que valorizar os animaizinhos que são 100%, tem que dar mais atenção.

P/1 – Como que era na década de 1950, quase 1960, conta um pouco melhor. Você falou da água, do esgoto.

R – Ah, não tinha nada disso. Água, esgoto, não tinha nada. Nós tínhamos que pegar água, porque aqui é assim, a Rocinha é grande, mas ela é dividida, tipo complexo. Eu, hoje, sou da Roupa Suja, mas como a Rocinha cresceu e elitizou... Elitizou. Incrível falar isso, se elitizar. Então, RS, Roupa Suja, dá no mesmo. Então, é assim dividida: “Onde tu moras?” “RS.” “Onde tu moras?” “LA. Moro no LAB, Laboriaux.” Mas naquela época, foi uma luta muito grande que a gente teve para conquistar tudo aqui na Rocinha. Nada foi conquistado à toa. Foi muita luta... Nós fomos muito para a rua paralisar o trânsito para poder chamar a atenção do governo, para olharem para a gente. Água...

Continuar leitura

Dados de acervo

Baixar texto na íntegra em PDF

Projeto Memória de Habitantes

Depoimento de Paulo César Martins Vieira

Entrevistado por Thiago Majolo

Rio de Janeiro 22/03/2010

Realização Museu da Pessoa

Entrevista FUS_CB001

Transcrito por Ana Carolina Ruiz

P/1 – Paulo, mais conhecido como Amendoim, vou perguntar primeiro qual é seu nome completo, o local e a data de nascimento?

R – Meu nome é Paulo César Martins Vieira, nasci em Ubá, mas eu vim muito bebê. Nasci no dia 20 de agosto de 1957. Estou batendo 53 anos, com a cara de 73, mas está tudo certo.

P/1 – Conta um pouco então, você falou quando chegou à Rocinha, como é que era aqui?

R – Aqui era uma loucura, tipo uma fazenda. A Rocinha era fazenda. As pessoas foram morando, os negros baianos foram chegando aqui. Aqui foi uma habitação... Quando diz que tem mais nordestino, quando se diz nordestino, quer dizer os negros baianos que existiam aqui. Com o decorrer do tempo, em 1944, 1945, foi quando o verdadeiro nordestino veio chegando. Na Bahia é nordestino, mas é o afro-nordestino. Depois, chegaram os cearenses, pernambucanos e paraibanos e que hoje são 95% dessa comunidade lá do Nordeste estão na Rocinha. Eu me sinto extinto, eu me sinto 100% só. Então, tem que valorizar porque tem que valorizar os animaizinhos que são 100%, tem que dar mais atenção.

P/1 – Como que era na década de 1950, quase 1960, conta um pouco melhor. Você falou da água, do esgoto.

R – Ah, não tinha nada disso. Água, esgoto, não tinha nada. Nós tínhamos que pegar água, porque aqui é assim, a Rocinha é grande, mas ela é dividida, tipo complexo. Eu, hoje, sou da Roupa Suja, mas como a Rocinha cresceu e elitizou... Elitizou. Incrível falar isso, se elitizar. Então, RS, Roupa Suja, dá no mesmo. Então, é assim dividida: “Onde tu moras?” “RS.” “Onde tu moras?” “LA. Moro no LAB, Laboriaux.” Mas naquela época, foi uma luta muito grande que a gente teve para conquistar tudo aqui na Rocinha. Nada foi...

Continuar leitura

O Museu da Pessoa está em constante melhoria de sua plataforma. Caso perceba algum erro nesta página, ou caso sinta falta de alguma informação nesta história, entre em contato conosco através do email atendimento@museudapessoa.org.

Histórias que você pode gostar

A liderança do povo Nukini
Vídeo Texto

Urukã Nukini Hinuvakivu (Paulo Francisco de Almeida Cardoso)

A liderança do povo Nukini
Os sons de uma vida num banco
Vídeo Texto

Marco André Ferreira da Silva

Os sons de uma vida num banco
Um lugar político como Guarani
Vídeo Texto
Ganhar a Copa do Mundo não muda o Brasil
Texto

Raí Souza Vieira de Oliveira

Ganhar a Copa do Mundo não muda o Brasil
fechar

Denunciar história de vida

Para a manutenção de um ambiente saudável e de respeito a todos os que usam a plataforma do Museu da Pessoa, contamos com sua ajuda para evitar violações a nossa política de acesso e uso.

Caso tenha notado nesta história conteúdos que incitem a prática de crimes, violência, racismo, xenofobia, homofobia ou preconceito de qualquer tipo, calúnias, injúrias, difamação ou caso tenha se sentido pessoalmente ofendido por algo presente na história, utilize o campo abaixo para fazer sua denúncia.

O conteúdo não é removido automaticamente após a denúncia. Ele será analisado pela equipe do Museu da Pessoa e, caso seja comprovada a acusação, a história será retirada do ar.

Informações

    fechar

    Sugerir edição em conteúdo de história de vida

    Caso você tenha notado erros no preenchimento de dados, escreva abaixo qual informação está errada e a correção necessária.

    Analisaremos o seu pedido e, caso seja confirmado o erro, avançaremos com a edição.

    Informações

      fechar

      Licenciamento

      Os conteúdos presentes no acervo do Museu da Pessoa podem ser utilizados exclusivamente para fins culturais e acadêmicos, mediante o cumprimento das normas presentes em nossa política de acesso e uso.

      Caso tenha interesse em licenciar algum conteúdo, entre em contato com atendimento@museudapessoa.org.

      fechar

      Reivindicar titularidade

      Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”),  nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.