Fui acordado pela minha professora de francês, estavamos no meu quarto. Ela com um sorriso no rosto e muito animada me chamava atenção, apontava para a janela. A janela tinha uma grade, não era uma grade de proteção, e sim, de uma prisão. Tinha várias barras, entretanto, como apontava a minha professora, uma tinha sido retirada. Era possível observar a claridade entrando no quarto e uma forte esperança me abateu. Ufa! Uma barra a menos! Ainda não era possível sair, mas naquele dia, fui acordado com a lembrança que um dia seria possível a liberdade, que lá fora tinha uma luz. Minha professora falava apenas francês, é a primeira vez que sonho em outra língua.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Achei interessante sonhar com que estava preso, assim é a realdiade, estava confinado em casa. A grade já não é mais segurança, é prisão. É a lembrança que será mais um dia em casa, sem poder imaginar um futuro. Apesar de saber dos imprevistos da vida, como sonhar se não consigo nem saber se posso sair para o mercado ou padaria. A vida se tornou um confinamento. Entrentanto, o que reclama com os amigos, era que a quarentena só se restringiu aos nossos sonhos, por que estava trabalhando, estudando e pagando minhas contas como antes, nada mudou numa vida permeada pelo capital, apenas o fato de não mais poder sonhar. Estou preso no meu quarto, um fantasma que me persegue, ficar para sempre no quarto da casa da mãe. Me mudei recentemente, tenho minha casa, mas o sonho revela o meu fantasma, não estou preso na casa, e sim, no quarto. Como se não tivesse outros espaços, como se meu mundo, assim como o de um adolescente, fosse o seu quarto. Um mundo pequeno, restrito, sem muitas possibildiades. É essa a vida da quarentena, um mundo pequeno. Entretanto, o que me chama atenção é que o estrangeiro não está fora, pelo contrário, o estrangeiro está dentro, dentro do meu quarto, me lembra que algo pode mudar...
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Fui acordado pela minha professora de francês, estavamos no meu quarto. Ela com um sorriso no rosto e muito animada me chamava atenção, apontava para a janela. A janela tinha uma grade, não era uma grade de proteção, e sim, de uma prisão. Tinha várias barras, entretanto, como apontava a minha professora, uma tinha sido retirada. Era possível observar a claridade entrando no quarto e uma forte esperança me abateu. Ufa! Uma barra a menos! Ainda não era possível sair, mas naquele dia, fui acordado com a lembrança que um dia seria possível a liberdade, que lá fora tinha uma luz. Minha professora falava apenas francês, é a primeira vez que sonho em outra língua.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Achei interessante sonhar com que estava preso, assim é a realdiade, estava confinado em casa. A grade já não é mais segurança, é prisão. É a lembrança que será mais um dia em casa, sem poder imaginar um futuro. Apesar de saber dos imprevistos da vida, como sonhar se não consigo nem saber se posso sair para o mercado ou padaria. A vida se tornou um confinamento. Entrentanto, o que reclama com os amigos, era que a quarentena só se restringiu aos nossos sonhos, por que estava trabalhando, estudando e pagando minhas contas como antes, nada mudou numa vida permeada pelo capital, apenas o fato de não mais poder sonhar. Estou preso no meu quarto, um fantasma que me persegue, ficar para sempre no quarto da casa da mãe. Me mudei recentemente, tenho minha casa, mas o sonho revela o meu fantasma, não estou preso na casa, e sim, no quarto. Como se não tivesse outros espaços, como se meu mundo, assim como o de um adolescente, fosse o seu quarto. Um mundo pequeno, restrito, sem muitas possibildiades. É essa a vida da quarentena, um mundo pequeno. Entretanto, o que me chama atenção é que o estrangeiro não está fora, pelo contrário, o estrangeiro está dentro, dentro do meu quarto, me lembra que algo pode mudar e que nada é permanente. Asssim como o fantasma materno ou o covil, não será para sempre. Levantei com uma barra a menos.
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