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Por: Museu da Pessoa, 5 de setembro de 2011

Um banquinho, um violão

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Um banquinho, um violão

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Meu avô paterno era luthier na Sicília. Ele fazia bandolins. E, quando eles vieram ao Brasil, resolveram trabalhar com instrumentos musicais. Aí abriram uma firma no antigo Largo do Piques– hoje é Praça da Bandeira. O nome ficou sendo Irmãos Del Vecchio. Em 1920,eles transferiram a firma para a Rua Aurora. Tinha a loja na frente, no meio tinha a casa da minha avó e atrás era a fábrica que eles chamavam de oficina.

Antigamente umas cinco casas dominavam o mercado de violões no Brasil; era a Casa Manon, tinha a Leimar, Tomazi, Vitale e eu. A concorrência era menor e as lojas eram muito conhecidas. Tanto que na década de 80 eu construí uma fábrica bem grande, 3.500 metros quadrados na Marginal Tietê. Vinha gente de todo o Brasil. Eles vinham e enchiam a Kombi, porque eu vendia tudo: amplificador, bateria...

Dentro da parte de fabricação na loja, nós fizemos essa parte de revenda de equipamentos que teve muito sucesso na época. Mas com a abertura da importação ficou difícil. Eu me lembro que, quando o Collor abriu a importação em 1992, meu instrumento mais barato custava... Acho que era cruzeiro, cruzeiro novo, não lembro mais a moeda, mas vamos dizer que, se fosse em reais, seria equivalente a 70 reais. Com o dólar um por um com a moeda, o chinês chegava aqui por 18. Então, ficou uma concorrência muito desleal!

Era dar murro em ponta de faca, não tinha como! Eu cheguei a ter 200 e poucos empregados lá e o que mantinha as despesas de custeio eram os instrumentos baratos! Fabricava os melhores também, que davam lucro e tal, mas a parte básica que cobria os custos operacionais eram os violões baratos, que a gente despachava para todo o Brasil. Eu trabalhava com revendedores. Sempre mantive a loja lá na Rua Aurora, mas a gente vendia para lojas especializadas em São Paulo e outros Estados. Mas aí, com a concorrência, o violão barato chinês ficou fazendo a concorrência muito desleal. No nosso segmento sempre teve...

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Dados de acervo

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P/1 — Senhor Angelo, primeiramente a gente queria agradecer a sua presença aqui e sua participação no nosso projeto. Para começar, gostaríamos que o senhor falasse o seu nome completo.

R — Angelo Sérgio Del Vecchio

P/1 — E o local e data de nascimento.

R — Vinte e nove de abril de 38.

P/1 — E o nome dos seus pais?

R — Francisco Del Vecchio e Lídia Del Vecchio.

P/1 — O senhor tem irmãos?

R — Tenho uma irmã.

P/1 — Mais nova ou mais velha?

R — Mais nova.

P/1 — Eu queria que o senhor contasse o que lembra da rua da sua infância, onde o senhor morava.

R — Onde eu morava...

P/1 — Que bairro era?

R — Eu morava numa travessa da Rua Augusta, na época que ainda tinha bonde. Passei minha infância praticamente lá. Eu acho que o bairro era Cerqueira César. Eu fiquei até uns dez anos, mais ou menos. Moramos uns dez anos lá.

P/1 — O senhor se lembra de brincadeiras de rua com os amigos?

R — Ah, sem dúvida! Eu me lembro até que passava umas cabritas que vendiam leite na porta. (risos). Passava um velhinho puxando meia dúzia de cabritas com sininho e tirava leite de cabra na hora. Para mim era um horror, porque eu detestava leite e era obrigado a tomar.

P/1 — E como o senhor descreveria a vida na sua casa, o seu pai, a sua mãe? Como eles eram?

R — A minha mãe era uma mulher exigente, com muita mania de limpeza. O meu pai sempre foi campeão brasileiro de bilhar, então ele se dedicava bastante. Ele era um amador, porque ele trabalhava na fábrica de instrumentos musicais e a noite a dedicação dele era treinar bilhar. Mas o bilhar clássico! Não a sinuca. O bilhar inglês, com três bolas. Ele era muito bom! Então, ele não era muito presente não. Acho que o meu pai era meio ausente. Não costumava viajar muito com a gente nas férias também. A minha mãe é que comandava tudo.

P/1 — O senhor tem um sobrenome bem italiano. O seu pai já era nascido no Brasil ou veio da Itália?

R —...

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