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Por: Museu da Pessoa,

Trabalhando até dar calo

Esta história contém:

Trabalhando até dar calo

Vídeo

“Eu e meu pais morávamos em Graúna. Era um lugar que não tinha luz, mas meu pai mandou ligar luz e água lá em casa. Era um descobrimento porque eu e minha irmã olhávamos pra luz e ficávamos achando assim um milagre de Deus aquela luz e aquela água. Uma vez eu e minha irmã pegamos a enxada e fomos cavar porque queríamos descobrir onde estava o poço. Meu pai teve que sentar e explicar como que funcionava. Eu nunca trabalhei na roça com meus pais. No meu primeiro emprego eu chorava, queria voltar pra casa. Custei a entender que eu havia crescido. Eu sonhava em ser enfermeira. Ainda sonho. Eu dia vou conseguir. Uma coisa que marcou muito minha vida e dos meus pais é que eu fui mãe ainda na adolescência. Não estava preparada. Eu tinha quinze pra dezesseis. E aí tive que trabalhar. Fui pra roça, pra um serviço brutal, que é corte de cana, de capim. Comecei a sustentar meu filho assim. Mas meu primeiro calo foi um desespero. Eu lembro que joguei o facão no chão, deu aquela bolha d´água. Eu chorava. Não conseguia nem segurar mais o facão. Fiquei uma semana sem voltar pra roça. Quando voltei, já não deu mais calo. Aprendi a cortar cana, capinar e sustentei meu filho. Quando apareceu essa oportunidade aqui na comunidade pra fazer um empreendimento nosso, das mulheres daqui, desconfiei muito antes de abraçar. Começou o curso* e aos poucos foram chegando as mulheres e montamos um numero para fazer uma especialização no Senai. Nós somos da roça, todas tivemos grandes dificuldades, então só de reunir essas mulheres na cozinha, conversar, querer sonhar junto e expandir, eu já acho que é dar certo. Viemos lá de baixo. E não quero vender só pro mercado de Graúna os doces que a gente faz. Quero ir pros supermercados. Meu marido às vezes se aborrece quando preciso ficar fora de casa, mas logo tira a cara emburrada e sorri, sempre. Sabe que é disso que eu gosto. É isso que eu sonho. Aliás, são três sonhos:...

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Dados de acervo

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Projeto Mulheres Empreendedoras Chevron

Depoimento de Luciana Souza de Oliveira

Entrevistada por Stela Tredici

Itapemirim, 02 de maio de 2012

Realização Museu da Pessoa

Código: MEC_HV009

Transcrito por Ana Paula Corazza Kovacevich

Revisado por Joice Yumi Matsunaga

P/1 – Luciana, eu queria que você começasse falando seu nome completo, onde você nasceu e a data do nascimento.

R – Meu nome é Luciana Souza de Oliveira. Eu nasci em Itapemirim mesmo. E minha data de nascimento é dia 6 de fevereiro de 1979.

P/1 – Tá. E você passou a sua infância aqui em Itapemirim?

R – Passei... Foi aqui mesmo em Itapemirim.

P/1 – E os seus pais, o que eles fazem? O que eles faziam?

R – Meu pai é pescador e minha mãe ela trabalhava na roça.

P/1 – E como é que você lembra, assim, dos seus pais? Como é que você descreveria seus pais?

R – Pra mim, os meus pais? São um exemplo de vida... Pra mim, eles são tudo.

P/1 – E estão casados faz tempo?

R – Tá. Faz tempo.

P/1 – Quanto tempo faz?

R – Deve ter mais ou menos... Meus pais, eles casaram há mais ou menos quase cinquenta anos. Tem muito tempo. Desde que eu me conheço por gente, eles estão casados.

P/1 – E você sabe como eles se conheceram?

R – Meu pai, ele veio de Cachoeira e minha mãe é de Minas. Daí meu pai veio aqui trabalhar na usina Paineiras com o irmão dele. Veio ainda criança. Aí, no quintal da casa da minha mãe, tinha uma roda – hoje em dia a gente fala samba, mas não era samba naquela época. Era uma roda... Aquelas pessoas antigamente tocavam “moda congo” e eles se reuniam todo final de semana, toda sexta-feira, minha avó dizia. E aí meu pai um dia foi lá e conheceu a minha mãe. Daí, minha mãe trabalhava fora, aí o relacionamento deles foi um pouquinho tumultuado, mas acabou dando certo, eles ficaram juntos, estão casados, e nós somos oito irmãos hoje em dia.

P/1 – Que bonito. Então quer dizer que a sua mãe cantava ou dançava o...

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