IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Rosa Hama Nakai, sou de São José dos Campos e nasci no dia 30 de junho de 1954. INGRESSO NA PETROBRAS Ingressei na Petrobras através de concurso. Fui aprovada e fui fazer o curso de especialização em refino de petróleo, em 1978. Me formei em 1979, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Eu fiz o último ano de faculdade junto com essa especialização em refino de petróleo. A minha formação é em Engenharia Química. Meu ingresso na Empresa, como engenheira, foi em 1979. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Eu comecei na Refinaria de Capuava – Recap – e fiquei até julho de 1982. Em julho, eu me casei e fui para São José dos Campos. Meu marido também é da Petrobras, ele veio do Xisto e passou para a Revap – Refinaria Henrique Lage –, em São José dos Campos. Nós casamos e estamos lá desde então. Conheci meu marido dentro da Petrobras, através de uma amiga que hoje está na Replan – Refinaria de Paulínea, a Eliana Mussato. Eu comecei na parte de acompanhamento e análise de processos. Enquanto estive em Capuava, eu estava nessa atividade. A gente vê todo o acompanhamento de como é refinado o petróleo e fazemos o controle. Depois, quando passei para São José dos Campos, comecei na área de programação da produção, onde a gente faz o planejamento da produção, que é o ponto de partida dentro da refinaria. A partir do momento que a gente planeja nossa produção, a gente define quem vai operá-la dentro da unidade, que tipo de matéria-prima nós vamos processar, o tipo de produto que nós vamos gerar, que volume está sendo demandado. Depois desse momento, eu voltei para a análise de processo, por uns dois anos, retornei para programação de produção e gerenciei a área de programação da produção. Nos últimos tempos, eu passei para a Gerência de Otimização, que foi criada justamente para a gente buscar a parte de otimizar a produção. Dentro dessa...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Meu nome é Rosa Hama Nakai, sou de São José dos Campos e nasci no dia 30 de junho de 1954. INGRESSO NA PETROBRAS Ingressei na Petrobras através de concurso. Fui aprovada e fui fazer o curso de especialização em refino de petróleo, em 1978. Me formei em 1979, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Eu fiz o último ano de faculdade junto com essa especialização em refino de petróleo. A minha formação é em Engenharia Química. Meu ingresso na Empresa, como engenheira, foi em 1979. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Eu comecei na Refinaria de Capuava – Recap – e fiquei até julho de 1982. Em julho, eu me casei e fui para São José dos Campos. Meu marido também é da Petrobras, ele veio do Xisto e passou para a Revap – Refinaria Henrique Lage –, em São José dos Campos. Nós casamos e estamos lá desde então. Conheci meu marido dentro da Petrobras, através de uma amiga que hoje está na Replan – Refinaria de Paulínea, a Eliana Mussato. Eu comecei na parte de acompanhamento e análise de processos. Enquanto estive em Capuava, eu estava nessa atividade. A gente vê todo o acompanhamento de como é refinado o petróleo e fazemos o controle. Depois, quando passei para São José dos Campos, comecei na área de programação da produção, onde a gente faz o planejamento da produção, que é o ponto de partida dentro da refinaria. A partir do momento que a gente planeja nossa produção, a gente define quem vai operá-la dentro da unidade, que tipo de matéria-prima nós vamos processar, o tipo de produto que nós vamos gerar, que volume está sendo demandado. Depois desse momento, eu voltei para a análise de processo, por uns dois anos, retornei para programação de produção e gerenciei a área de programação da produção. Nos últimos tempos, eu passei para a Gerência de Otimização, que foi criada justamente para a gente buscar a parte de otimizar a produção. Dentro dessa gerência, eu tenho uma equipe que faz a parte de planejamento da produção, uma equipe que faz análise e controle da produção e uma equipe de engenheiros. Trabalho com a parte de controle avançado, sistemas de controle avançado, controle da qualidade também, que é a parte de laboratório, desenvolvimento de produtos, e a última, uma das etapas, que nós chamamos de apropriação da produção. Todas essas atividades compõem a Gerência de Otimização. Eu fui para a Revap - Refinaria Henrique Lage - em julho de 1982. PROCESSAMENTO DE ÓLEO DA REVAP No caso, eu vou contar da Revap, que foi onde aconteceu essa mudança. Essa refinaria, inclusive, foi projetada para processar petróleo importado, petróleo do Kuwait, da Arábia Saudita, e nós vínhamos processando esses petróleos. Depois, o primeiro petróleo nacional que nós começamos a processar foi o Cabiúnas. Na época, a gente tinha até um temor porque era um petróleo mais pesado que o importado e tinha um tipo de acidez naftênica, que é uma característica que acaba danificando mais os equipamentos. Então, tinha que ter um material compatível com esse petróleo. Depois a Revap – Refinaria Henrique Lage - se adequou para processar mais e mais petróleo nacional, porque nós já tínhamos uma sinalização de que a produção de petróleo nacional ia crescer muito. A Revap foi uma das pioneiras nesse processamento de petróleo de Cabiúnas, com volume bastante grande, porque nós já tínhamos também, na época, uma unidade chamada hidrotratamento, que permitia processar mais petróleo nacional, tratar o derivado, basicamente querosene e diesel. Naquela época, já havia uma demanda bastante forte desses derivados. Isso permitiu que a gente processasse cada vez mais o petróleo nacional e hoje, por exemplo, processamos em média 85% de petróleo nacional. Eu tenho bastante orgulho de dizer isso, porque com esse petróleo nós produzimos o melhor querosene, que é reconhecido internacionalmente, e somos o maior produtor de querosene de aviação. Posso dizer que, com qualquer petróleo nacional, nós conseguimos produzir o melhor querosene reconhecido. Somos o maior produtor de asfalto também. Antigamente, para produzir esse asfalto tinha que ser um petróleo bastante específico. Mas, no caso da Revap, que já tinha uma outra unidade chamada de desasfaltação, nós conseguimos pegar uma corrente de petróleo nacional e fazer o asfalto com ótima qualidade. Então, hoje eu digo o seguinte: a gente não tem nenhuma restrição em processar o petróleo nacional e estamos prevendo para 2008 um empreendimento bastante grande dentro da Refinaria para aumentar o processamento de petróleo nacional, ir a 100% e gerar produtos mais nobres. PRODUTOS NOBRES Hoje, sem ter essa unidade de coque, por exemplo, nós precisamos produzir um óleo combustível, que tem uma sobra muito grande no mercado, pela questão de ter entrado gás natural, que também é um produto Petrobras. O gás natural foi substituindo nas indústrias o que a gente chama de óleo combustível, que é a parte mais pesada do petróleo. À medida que o gás natural foi entrando, esse óleo combustível começou a sobrar. Então, agora, estamos fazendo a unidade de coque, que vai pegar essa parte do óleo combustível e gerar coque, e desse outro pesado a gente vai gerar outros produtos nobres: querosene, diesel. Então, na conversão, com essa mudança, realmente, a gente pode pegar alguma coisa que ia ser um produto muito inferior e transformar em coque, em querosene, em diesel. Uma refinaria de petróleo tem o básico, que é gás de cozinha, que nós chamamos GLP, a nafta petroquímica, que vai para as petroquímicas, o querosene de aviação, o diesel, a gasolina e óleo combustível. Quer dizer, mesmo com o petróleo nacional, com o petróleo importado, nós produzíamos exatamente essas correntes. Com o petróleo nacional, que é um petróleo mais pesado, a tendência é a gente gerar produto mais pesado e menos nobre, mas são os mesmos derivados. ADEQUAÇÃO DO REFINO No processamento desse óleo, naquela época, ele já tinha essa característica de acidez naftênica. Nós tivemos, em várias fases, adaptação da nossa unidade com mudança do material dos nossos equipamentos e tubulações. Uma coisa boa também é que o petróleo nacional tem baixo teor de enxofre, coisa que o petróleo importado não tem. Isso permitiu que a gente conseguisse gerar produto com menos teor de enxofre e mais valorizado no mercado internacional, inclusive. A parte, por exemplo, de óleo combustível com baixo teor de enxofre vale mais do que o de alto teor de enxofre. A mudança na refinaria foi que, no início, a gente tinha um temor natural, porque era uma matéria-prima não conhecida, era mais pesado e tinha mais acidez naftênica, e nós tínhamos que processar justamente porque já havia a sinalização de que esse petróleo nacional ia vir com um volume maior. Muda um pouco o perfil de rendimento também, a gente acaba gerando produtos mais pesados, então a gente também tem que adequar mais a nossa logística de armazenamento e a logística de transporte desses produtos. Nós tivemos paradas programadas para manutenção em que, ao invés de a gente só chegar para limpar equipamento, teve que mudar o material. O grande desafio foi adequar, à medida que a produção nacional ia aumentando, as unidades para processar esse petróleo nacional. QUEROSENE DE AVIAÇÃO Em várias etapas, foi sendo substituído o material do equipamento. Nós tínhamos um temor, por exemplo, que a gente não pudesse produzir querosene de aviação. Com o petróleo importado, às vezes, a gente produz querosene de aviação sem precisar de hidrotratamento. Nós já tínhamos umas unidades de hidrotratamento, mas não sabíamos se aquela unidade de hidrotratamento era totalmente suficiente para gerar um produto acabado. Pelo Cenpes, já tínhamos uma indicação que sim, mas entre uma pesquisa e outra, na fase industrial, é um fator preocupante. O trabalho com o Cenpes é realmente na fase de pesquisa, então a gente tem muita troca de experiência, tanto em nível de laboratório, quanto em relação às plantas-piloto. Nessa fase, os engenheiros têm uma participação grande para estar pesquisando junto. Quando nós tivemos essa constatação: “vai dar para fazer querosene de aviação”, nós comprovamos a nível industrial que realmente dava para fazer o querosene de aviação. No petróleo tem uma coisa bastante peculiar que é o seguinte: a gente começa testando com faixas, o querosene tem faixas de início e de fim. À medida que a gente foi conhecendo o petróleo, nós conseguimos ir aumentando o rendimento e comprovando que, mesmo com esse rendimento maior que a gente buscava, a qualidade ainda estava o.k.. Foi dessa forma: a gente começa pequenininho, pegando a melhor parte do querosene, depois expandindo e aumentando a faixa de corte do querosene, com isso a gente aumenta produção de querosene também. A gente fala muito em querosene e diesel porque a Petrobras importa esses produtos e nós temos uma missão de diminuir essa importação, para ser menos oneroso para o país. Na verdade, no começo, o nosso rendimento de querosene era de 7% e hoje a gente já consegue produzir 16%. Também conseguimos aumentar o rendimento do diesel. Tudo isso é uma questão de vivência, cada vez que a gente teve uma vivência com o petróleo nacional, era uma nova experiência. Tinha um superintendente que falava assim: “É um petróleo nosso e a gente quer processar e gerar todos os produtos.” ÓLEO ULTRAPESADO A Bacia já sinalizava para uma expansão, como hoje todas as refinarias estão esperando para receber óleos mais pesados. O óleo é bem mais denso e temos que nos adequar porque, cada vez que o petróleo está mais ácido, a gente tem que mudar de novo o material. Hoje, o de Cabiúnas é bem menos ácido e bem mais leve do que o que está por vir. Além de a gente mexer em torres, em fornos, também tem que substituir o material das tubulações, dos equipamentos, das bombas, permutadores, tem que adequar porque senão, em um certo tempo, ele fura. A acidez naftênica vai comendo o material e ele fica como se fosse uma casquinha de ovo. Com a alta pressão que a gente tem lá, aquilo fura e pode vazar. Hoje o nosso maior valor é a segurança dentro da Petrobras, então a gente sempre tem que estar trabalhando isso antecipadamente antes de chegar esse petróleo ultrapesado. AUTO-SUFICIÊNCIA A Petrobras trabalha muito antecipadamente, tanto para atender a especificação futura que está por vir, assim como para os novos petróleos que estão para chegar para a gente refinar. Eu digo que a auto-suficiência é um desafio para nós, dá mais ânimo até para a gente pensar que não é uma coisa parada, que a gente quer buscar coisas diferentes. Isso mobiliza uma equipe bastante grande dentro da Petrobras também, desde o Cenpes até a refinaria, tanto o pessoal de pesquisa, como o pessoal de inspeção de equipamento. É um trabalho que não se realiza só com uma pessoa ou uma equipe isolada da refinaria, ele envolve a Petrobras como um todo. A gente já tem um histórico de que tudo que recebemos como desafio, compramos a idéia e fomos implementando, foi sempre um sucesso. A gente acredita muito que, com esse petróleo ultrapesado, nós vamos ter o mesmo final de história. Outra coisa que eu vejo também é que, como o petróleo nacional está dentro do Brasil, é um petróleo mais barato, não tem custo de frete, no fim, a matéria-prima é mais barata. A gente que acompanha a margem de lucro na refinaria, quando a gente põe petróleo importado porque faltou algum petróleo nacional, a nossa margem cai. Por mais que seja um petróleo mais leve, a gente paga muito mais caro, tem o custo de frete, tem o custo de importação. TRANSPORTE DO ÓLEO Terminal de São Sebastião No caso de São Paulo, nos somos abastecidos pelo Terminal de São Sebastião. Para se ter uma idéia, 50% do refino do Brasil se encontra no Estado de São Paulo. O Terminal de São Sebastião manda petróleo para quatro refinarias: Revap - Refinaria Henrique Lage, Replan – Refinaria de Paulínia, RPBC – Refinaria Presidente Bernardes e Recap – Refinaria de Capuava. Como São Paulo sempre tem essa indicação de melhor mercado, era o lugar onde mais podia refinar petróleo nacional. São Sebastião também teve que se adaptar, porque era um petróleo pesado, tinha mais água e mais sal também. O petróleo de produção marítima vem com bastante sal e água, então tem que prepará-lo antes de bombear, tem que dar um repouso para tirar esse fundo, para não ter que ficar bombeando água e sal em cima das refinarias. No terminal, o petróleo fica dentro do tanque, em repouso, e cada vez que fica em repouso, ele gera uma quantidade de água no fundo. A água é mais pesada que o petróleo, então fica no fundo. À medida que ele vai dando o tempo de repouso, ele vai decantando. Esse volume de água é tirado desse tanque, colocado em um outro tanque, para depois só bombear petróleo com menos sal e água para as refinarias. Em capacidade de bombeio também, porque é um petróleo mais pesado, ele requer bombas com capacidades maiores. Só para vocês terem uma idéia, a Revap processa 40 mil metros cúbicos por dia, 40 milhões de litros; a Replan, por exemplo, processa acho que 57 mil metros cúbicos de petróleo; então, só aí, São Sebastião tem que movimentar 90 mil metros cúbicos de petróleo por dia, 90 milhões de litros de petróleo por dia, é muito volume Depois ainda tem Santos e Capuava. São Sebastião realmente é um terminal de muita capacidade de envio de petróleo. O óleo vem para a refinaria por tubulação. No caso da Revap, a gente consegue receber direto; no caso da Replan, eles colocam uma parte em um terminal que a gente chama de Guararema e de lá é re-bombeado para a Replan, porque fica mais para o norte, mais distante de São Sebastião. Para Santos também, tudo é bombeamento por tubulação de alta capacidade. Nós temos ali, mais ou menos, sete tanques de petróleo com capacidade de 60 mil metros cúbicos. A gente recebe nesses tanques, dá outro repouso, analisa, acompanha, faz uma amostragem durante o recebimento para ver a qualidade. Depois que recebe no tanque, dá o repouso e tira o fundo de novo, porque, às vezes, ainda pode ter água – a unidade de processo não pode receber água, porque esquenta o petróleo e, acima de 200 graus, se tiver muita água, acaba criando muita pressão dentro da unidade e tem problema de acidente, inclusive. O petróleo nacional tem bastante água e a gente tem que remover essa água antes de entrar na unidade de processo. Hoje o óleo da Bacia de Campos é recebido por todas as refinarias do Brasil. Umas com um percentual maior e outras menos, mas as refinarias como RPBC, Replan, Revap e Recap também, em São Paulo, são as que mais processam percentualmente o petróleo nacional da Bacia de Campos. PLANEJEMENTO DO REFINO Mensalmente, a gente faz um planejamento da nossa produção para os próximos dois meses, coordenado pela área de logística da Sede. A logística tem um simulador que faz a melhor distribuição de petróleo, vê onde que tal petróleo é mais rentável ou não, e também obedece algumas características do tipo: tem que ser aquele petróleo para alguma determinada refinaria? Porque senão aquela refinaria não consegue produzir algum determinado produto, por exemplo. Tem que ter uma mistura também, às vezes uma refinaria tem essa característica. Não é qualquer refinaria que recebe qualquer petróleo nacional. Na nossa refinaria, hoje, a gente processa qualquer petróleo nacional. Nós temos essa unidade de hidrotratamento, que faz o tratamento das correntes de querosene e diesel, então nós processamos qualquer petróleo nacional. ÓLEO DA BACIA DE CAMPOS Na realidade, a maior parte do petróleo da Bacia de Campos é um petróleo mais pesado do que do Norte e Nordeste do país. Mas esses petróleos do Norte e Nordeste não chegam aqui para o Sul, porque tem o frete, fica mais caro trazer o petróleo de lá. Eles ficam mais entre Rlam – Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, acho que a Lubnor – Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste também processa, Manaus também processa esse petróleo que está lá no Norte. Em São Paulo, nós processamos principalmente petróleos mais pesados, no caso, o Marlim. O Marlim é o mais pesado que a gente tem. PLANEJAMENTO DO REFINO Mensalmente a gente faz um planejamento junto com a Sede, que fornece os petróleos disponíveis para processar. Por outro lado, nós temos essa demanda, os derivados e os volumes que a gente precisa para atender tanto ao mercado interno como também para exportação. Com essas duas informações, ou seja, de petróleo disponível e o mercado, nós também estamos utilizando para fazer um planejamento mais otimizado, mais rentável. Através do simulador, a gente consegue ver que tipo de derivado nós vamos gerar com esse petróleo, quando sair processado. Depois, nós fazemos um fechamento com a logística: “Nós temos esses derivados aqui, vamos ofertar com esse petróleo que vocês passaram para a gente.” Como são quatro refinarias, nós fechamos esse planejamento de produção dentro da área de São Paulo e também fazemos o planejamento de abastecimento de derivados para diversos terminais, diversas distribuidoras. Com isso, a gente tem um planejamento fechado para o mês. Com esse planejamento, a gente processa dentro da refinaria conforme foi planejado. PROCESSAMENTO DO ÓLEO Depois que nós recebemos o petróleo dentro de um tanque, nós o preparamos, que é dar o repouso, tirar a água desse tanque. Assim que ele estiver preparado, nós temos outras análises, tipo teor de enxofre, acidez naftênica, ver a qualidade do petróleo que a gente recebeu. Depois, esse tanque é enviado para a unidade, passa por um processo de dessalgação, para tirar sal e água do petróleo, passa por uma fase de aquecimento, através de trocador de calor e fornos, e depois ele vai para uma torre. Nessa torre de destilação, é separado o que é gás de cozinha, o que é nafta, o que é querosene, o que é diesel. E a gente tem outros processos que a gente chama de destilação à vácuo, nós temos craqueamento catalítico, nós temos desasfaltação, hidrotratamento. Essas várias outras unidades vão separar a parte mais pesada, de cozinha, e a parte do tratamento que faz a remoção de enxofre e deixa o produto mais estável. O petróleo nacional tem uma característica assim: se você não hidrohidrata o produto, por mais que ele tenha teor de enxofre baixo, a gente não consegue adequar dentro da especificação da Agência Nacional de Petróleo, então precisa passar por hidrotratamento para remover enxofre. E à medida que você remove enxofre e passa por esse hidrotratamento, a gente deixa o produto mais estável. O que é produto mais estável? É aquele produto que você gera e, mesmo deixando ele estocado, ele não degrada, não fica escuro, por exemplo. Tem alimento também que, se você deixar exposto recebendo oxigênio, ele começa a ficar escuro. O querosene e o diesel são assim, então, passam por hidrotratamento. Esses são os principais processos de uma refinaria, é o básico. MEIO AMBIENTE Nos últimos tempos, um dos desafios para a Petrobras é que nós temos uma cobrança ambiental muito forte. Fora a cobrança ambiental, tem a cobrança de segurança. Principalmente a Revap, que é uma refinaria que está no meio da cidade – na verdade, a refinaria chegou lá e a cidade foi crescendo em torno da refinaria. Antigamente, a gente podia drenar produto e gerar. “O que é esse cheiro? Por que esse barulho?” Agora até barulho eles começaram a reclamar. E a parte de segurança também, hoje a gente não pode ter explosão, incêndio, como antigamente tinha mais. Mas agora com esse trabalho, tornando esse SMS - Saúde, Meio Ambiental e Segurança Industrial - como valor da Empresa, uma parte, acho que um terço ou até metade dos nossos investimentos, quando a gente vai fazer uma parada programada, é voltado para essa questão de preservação do meio ambiente e de segurança. Na nossa última parada, uma boa parte do dinheiro envolvido para adequação das unidades foi gasto em SMS – Saúde, Meio Ambiente e Segurança Industrial. Emissões de gases, de componentes de enxofre, também nós tivemos que investir para reduzir esse teor, essas emissões para a comunidade. Outra coisa importante também com a vinda do petróleo nacional foi que, no caso da Revap, por exemplo, a capacidade nominal dessa unidade era de 24 mil metros cúbicos por dia e, desde que a gente começou a refinar petróleo nacional, nós chegamos a 40 mil metros cúbicos por dia. Foi um salto de 24 para 40 mil, 16 mil metros cúbicos por dia a mais de capacidade de refino. Quase o dobro. Agora o nosso foco não é mais aumentar a capacidade de refino, o nosso foco é investir para melhorar a qualidade dos produtos. Estão vindo umas especificações mais rigorosas, principalmente voltadas para a preservação do meio ambiente, que são os teores de enxofre nos derivados, são muito mais rigorosos, e também para a preservação ambiental. Hoje a gente tem a nossa vizinhança sabendo o que acontece com a refinaria. Coisa que, antes, era uma caixa preta para a população. Hoje a população sabe, porque a gente abriu as portas para eles conhecerem nosso processo de refino; forçamos uma proximidade com a comunidade, para a comunidade não ficar mais temerosa. O temor vem por desconhecimento, então, além da gente ter habilidade para refinar o petróleo, a gente também teve que ter a habilidade de tratar isso junto à comunidade, com os órgãos ambientais, com a CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Acho que o maior desafio foi isso mesmo. TRABALHO FEMININO Para mim, foi marcante quando cheguei na Petrobras, porque sou da primeira turma de mulheres, de engenheiros, de 1979. Quando eu cheguei em Capuava, uma refinariazinha bastante pequena, a refinaria já era de 1954 e os operadores já eram veteranos. Eu cheguei com certo receio, falei: “Nossa, primeiro que não tem engenheiro mulher, vou ser a primeira; e outra, como será que os homens vão me receber?” Eu fui bem recebida e aquilo me deixou muito feliz, foi o meu início profissional e tive muita felicidade de ter entrado em uma refinaria pequena, antiga, onde tantos os meus colegas, engenheiros, me receberam muito bem, mas os operadores, já senhores, tinha até senhores de bastante idade, me receberam até como filha mesmo. Eles fizeram questão de me ajudar a entender aquele processo, eu tive todo o apoio. Por exemplo, na unidade de processo, não tinha banheiro para mulher e hoje tem. Eram algumas dificuldades, mas eu digo como desafio, pelo fato de ser mulher, foi tudo facilitado. Eu só saí de lá porque o meu marido era do Paraná e não queria vir para São Paulo, então nos viemos para São José. Em São José, eu também tenho muita satisfação em trabalhar, porque a Revap, por mais que tenha mais de 20 anos, é uma refinaria mais nova da Petrobras, o pessoal é muito bom, nós trabalhamos bastante integrados também. Eu digo assim: a minha história dentro da Petrobras, eu me considero uma mulher, uma profissional, uma esposa muito feliz, e a Petrobras ter me aceitado dentro da empresa. PROJETO MEMÓRIA PETROBRAS Quando eu recebi o convite, fiquei super contente, emocionada, porque entendo que esse trabalho que está sendo realizado é para ficar dentro da história da Petrobras. Eu estou tendo uma oportunidade que poucos terão. Como vai ficar dentro da história da Petrobras, pode se passar 100 anos, mas eu vou ter pelo menos a gravação, pelo menos essa entrevista. Já fiz entrevista em outros trabalhos, mas eu considero esse trabalho bastante importante. Eu sei que faço parte da história da Petrobras e esse momento está registrando isso. Me deixa muito contente. Eu tenho que agradecer muito às pessoas que me indicaram para estar aqui falando com vocês. Agradeço muito
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