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Personagem: Ilson Nawa
Por: Museu da Pessoa, 9 de julho de 2021

Provando que o próprio povo existe e demarcando a terra

Esta história contém:

Provando que o próprio povo existe e demarcando a terra

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Eu tinha 2 anos de idade quando a antropóloga Devair, fez o primeiro levantamento da terra indígena Nukini, dos parentes lá, eu morava do outro lado do rio, eu tinha 2 aninhos de idade, quando a antropóloga foi lá e bateu uma foto minha, perguntou para meus pais se eu era indígena, eles falaram que sim, ela até perguntou se não iria passar para o outro lado do rio, para dentro da terra indígena Nukíni, minha mãe falou que não, que eu ia ficar daquele lado mesmo, eu tinha 2 anos de idade, quando já fui registrado como indígena pela antropóloga. Eu tinha 2 aninhos, tinha os cabelos bem de indígena mesmo, daí ela disse: “Esse aqui que vai ser o cacique do futuro do povo de vocês” e bateu foto. Eu voltando antes dos meus 25 anos, quando começou o movimento do Parque Nacional da Serra do Divisor de cadastramento, quando foi descoberto que existia um povo indígena, dentro do Parque Nacional do Divisor, e foi nesse período que eu fui chamado para ser o cacique. Minha mãe falou: Olha, você tinha 2 anos de idade, passou uma antropóloga que disse que você ia ser o cacique, e agora estão te chamando para ser o cacique

Pela parte da minha mãe, eu ainda conheci minha avó, e meu avô é João Batista Carneiro, ele era um indígena mesmo, o pai dele era bem da mata mesmo, eu convivi um pouco com eles, e eles eram aquelas pessoas meio fechadas, eles não gostavam muito de se identificar, mas eu perguntava muito para ele, o meu avô, como era que ele caçava na mata, ele era muito matador de anta, ele rastreava muita anta, ele rastreava aquele animal e sabia quando estava longe, sabia quando estava perto, ele me contava um pouco dessa história dizendo assim: “eu conheço pelo rastro, se ela pisar com o rastro aberto, é porque ela está longe, se ela fechar o rastro, é porque está perto” e comia muita carne assada. Eles tinham um tambor grande, faziam caiçuma e passava a noite todinha, cantando e batendo naquele bumba até o dia amanhecer,...

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Retirada de olho de buriti para fazer saia de fibra de buriti

Dados da imagem Railson, em direção ao Kupixawa, para bater os olhos de buriti para retirar a fibra e fazer as saias tradicionais do povo Nawa. Na foto, além de Railson, temos a criança Jailson, neto do cacique.

Período:
Ano 2020

Local:
Brasil / Acre / Aldeia Novo Recreio

Imagem de:
Ilson Nawa

História:
Provando que o próprio povo existe e demarcando a terra

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
buritis, cultura indígena, aldeia

Railson, em direção ao Kupixawa, para bater os olhos de buriti para retirar a fibra e fazer as saias tradicionais do povo Nawa. Na foto, além de Railson, temos a criança Jailson, neto do cacique.

Saia de fibra de buriti

Dados da imagem Railson, e seus netos após a retirada dos olhos de buriti para fazer, no dia seguinte, as saias tradicionais do povo Nawa. Na imagem, além de Railson, temos Stephania e Jefferson, ambos netos da liderança. Residência do Railson, no Cabeço (morro), na Aldeia Novo Recreio

Período:
Ano 2020

Local:
Brasil / Acre / Aldeia Novo Recreio

Imagem de:
Ilson Nawa

História:
Provando que o próprio povo existe e demarcando a terra

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
buritis, cultura indígena, fibra de buriti

Railson, e seus netos após a retirada dos olhos de buriti para fazer, no dia seguinte, as saias tradicionais do povo Nawa. Na imagem, além de Railson, temos Stephania e Jefferson, ambos netos da liderança. Residência do Railson, no Cabeço (morro), na Aldeia Novo Recreio

Railson conduzindo o timão em direção à aldeia Novo Recreio

Dados da imagem Railson usando máscara durante o período da pandemia da Covid-19, em direção à Aldeia Novo Recreio.

Período:
Ano 2020

Local:
Brasil / Acre / Rio Moa

Imagem de:
Ilson Nawa

História:
Provando que o próprio povo existe e demarcando a terra

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
barco, rio, timão

Railson usando máscara durante o período da pandemia da Covid-19, em direção à Aldeia Novo Recreio.

Railson e sobrinho com vestimentas tradicionais do povo Nawa

Dados da imagem Railson e seu sobrinho, Jozianes (Txai), vestidos com chapéu de penas de arara e saia feitas da fibra de Tucum. Foto tirada na casa de Anália, irmã de Railson, dentro do Igarapé Novo Recreio

Período:
Ano 2020

Local:
Brasil / Acre / Igarapé Novo Recreio

Imagem de:
Ilson Nawa

História:
Provando que o próprio povo existe e demarcando a terra

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
vestimenta, indígenas, povo nawa

Railson e seu sobrinho, Jozianes (Txai), vestidos com chapéu de penas de arara e saia feitas da fibra de Tucum. Foto tirada na casa de Anália, irmã de Railson, dentro do Igarapé Novo Recreio

Railson usando chapéu tradicional

Dados da imagem Railson vestido com chapéu de penas de arara. Casa de Anália, irmã de Railson, dentro do Igarapé Novo Recreio

Período:
Ano 2020

Local:
Brasil / Acre / Igarapé Novo Recreio

Imagem de:
Ilson Nawa

História:
Provando que o próprio povo existe e demarcando a terra

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
chapéu, cultura indígena, povo nawa

Railson vestido com chapéu de penas de arara. Casa de Anália, irmã de Railson, dentro do Igarapé Novo Recreio

Dados de acervo

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Indígenas pela Terra e pela Vida

Entrevista de Ilson Carneiro

Entrevistado por Jonas Samaúma e Idjahure Kadiwel

Entrevista concedida via Zoom, 09/07/2021

Realização: Museu da Pessoa

Entrevista ARMIND_HV005

Transcrita por Lidiane Ramos

0:11

P/2 - Bom dia Ilson

R - Bom dia.

0:20

P/2 - A gente está aqui muito feliz, para poder gravar este depoimento Wilson, aqui para o Museu da Pessoa, sobre a sua narrativa de vida. Bom, a gente tem que começar pelo início. Queria pedir para você falar seu nome completo, seu local de nascimento também?

R - Meu nome é Ilson Carneiro de Oliveira Nawa, nascido no município de Mâncio Lima, rio Moa, terra indígena Nawa, aldeia No Recreio.

1:07

P/2 - Você pode falar um pouco sobre a sua infância, sobre os seus pais, você está contando desse território, assim da onde você está falando, onde você nasceu? A gente quer saber um pouquinho mais sobre o início?

R - Eu nasci no município de Mâncio Lima, porque perto desse Mâncio Lima, só que eu nasci na aldeia mesmo, no igarapé no Recreio, eu nasci lá e passei o tempo da minha infância toda lá no igarapé no Recreio, e até hoje ainda moro lá, acompanhei um pouco do sofrimento dos meus pais, do trabalho na época. Eu comecei trabalhar eu tinha 10 anos de idade, quando eu comecei a andar na estrada com ele, ele cortava para ir, era canela para colher, eu e ele, eu tinha 10 aninhos de idade, já andava na mata, cortei seringa quando eu tinha meus 15, 16, até os 17 anos eu ainda cortei um pouco junto com ele, trabalhei a vida toda naquela região, quando acabou a seringa a gente tirava caucho, que é uma árvore que a gente anelava e fazia borracha, e vendia, e aí quando acabou toda essa renda financeira, que foi a borracha, o caucho, a gente começou a trabalhar na agricultura, a farinha, no caso o feijão, o arroz, o milho, a gente vem sempre trabalhando nessa produção, na batata, até eu chegar nos meus 25 anos.

3:24

P/1 - Rapidinho. Antes de você chegar aos...

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