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Por: Museu da Pessoa, 5 de maio de 2019

Parindo uma literatura indígena

Esta história contém:

Parindo uma literatura indígena

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Eu me chamo Olívio Jekupé, sou natural do Paraná e atualmente eu moro aqui na aldeia Krukutu, já faz vários anos, sou casado, minha mulher também é guarani e tenho cinco filhos e a gente vive nessa aldeia chamada Krukutu, que fica aqui na região de São Paulo, região de Parelheiros e sou escritor que o povo precisa saber um pouco sobre a gente, porque se não souberem, sofreremos grande golpe, que o Brasil foi invadido e de repente os brancos vão pensar que nós é que invadimos o Brasil.

Eu só lembro uma que ficou na história, porque eu morava em Curitiba e tinha uma índia, lá, na época, que veio de Santa Catarina e ficava lá na Casa do Índio e é de outro povo, eles são do povo xokleng. Daí eu a vi, uma índia muito bonita naquela época, né? E daí eu peguei e resolvi escrever uma poesia pra ela e ela não falava bem português. Daí eu peguei, declamei a poesia pra ela e falei assim: “Canta, canta, minha xokleng. Xokleng me canta”. Daí ela pegou e falou assim, naquele português rústico: “Você só escreve besteira?”

José de Alencar escreveu um livro chamado O Guarani que ficou famoso. Ficou tão famoso, que a Manchete resolveu escrever um filme, O Guarani. Aí eu morava em Curitiba, com essa família Kaingang que eu te falei, com a índia Xetá, que é filha dela, e daí elas: “Nossa! Já pensou a Manchete vai passar uma minissérie”, sei lá se era uma minissérie, alguma coisa, sobre O Guarani de José de Alencar. Eu falei: “Vamos tentar assistir”. O primeiro dia que nós fomos assistir o filme, não mexeu com a gente, a gente foi dormir, por quê? Porque não é a realidade do índio. Então, José de Alencar escreveu uma literatura indígena. Essa literatura indígena é preocupante, porque as pessoas inventam a história do índio, entendeu? Por isso que o índio tem que começar a escrever as suas histórias. Pra que daí a sociedade comece a entender melhor o índio e comece...

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PSCH_HV760_OLIVIO_JEKUPE

ENTREVISTA DE OLIVIO JEKUPE

ENTREVISTADO POR JONAS SAMAÚMA e WERA KUNUMI

SÃO PAULO, 5 DE MAIO DE 2019

PROJETO HISTÓRIAS INDÍGENAS

ENTREVISTA PSCH_HV760

PROGRAMA CONTE SUA HISTÓRIA

TRANSCRITO POR SELMA PAIVA

P1 – Bem-vindo, Olívio! Eu queria que primeiro você começasse dizendo o seu nome e o lugar que você nasceu.

R – Então, eu me chamo Olívio Jekupé, sou natural do Paraná e atualmente eu moro aqui na aldeia Krukutu, já faz vários anos, sou casado, minha mulher também é guarani e tenho cinco filhos e a gente vive nessa aldeia chamada Krukutu, que fica aqui na região de São Paulo, região de Parelheiros e sou escritor, gosto de falar um pouco sobre essa questão, que eu acho muito importante a gente falar sobre a literatura e também fui liderança por vários anos na aldeia e hoje eu dei uma parada, porque a gente sai muito, pra dar palestra, então não dá pra gente ficar na liderança. Então, já tem outros jovens assumindo, mas a gente está aí na luta, né? Dando a nossa força, contribuindo através da escrita, através das palestras, pra conscientizar a sociedade, que o povo precisa saber um pouco sobre a gente, porque se não souberem, sofreremos grande golpe, que o Brasil foi invadido e de repente os brancos vão pensar que nós é que invadimos o Brasil. Por isso eu gosto de falar muito nas palestras.

P/1 – Interessante! Eu queria, pra começar, que você contasse uma história, mesmo.

R- Eu gosto, como sou escritor, de contar uma história, que tem várias histórias, são tantas histórias que 500 anos é pouco. E eu vou contar a história de um livro que eu publiquei e nunca consegui vender direito, porque no Brasil é difícil você publicar um livro crítico e vender, porque as secretarias do estado, municipal, o MEC, não têm muito interesse nessas áreas. Então eles gostam de ver o índio publicar uma história mitológica, ficção, alguma coisa assim, né? E eu, quando comecei a...

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