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Por: Museu da Pessoa, 30 de novembro de -0001

Pagu Fulni-ô e a busca de uma identidade fora do RG

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Pagu Fulni-ô e a busca de uma identidade fora do RG

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Vira e mexe a gente ia procurar minha tataravó, ela estava em cima do telhado ralando a mandioca. Ralando milho em cima do telhado, pra garantir que o sol ia ficar ali, bem em cima da cabeça dela, que era como ela gostava. E era um sacrifício pra tirar! Você imagina uma senhora, toda magrinha, miudinha, subia, escalava o telhado e ficava lá, sentada com o ralador dela. Enlouquecia a minha vó. E eu convivi muito com isso, assim.

E minha avó e meu pai tinham uma certa... minha vó não era vergonha, ela tinha um receio de dizer que era índia; o meu pai já, mais, vergonha, mesmo, de assumir que era índio. Eu acho que muito pelo preconceito que o povo nordestino sofre quando chega aqui em São Paulo.

Minha vó falava muito isso pra mim: “A gente é, sim, tudo índio, mas minha filha, estar aqui em São Paulo e dizer que é nordestino já é um problema. Se a gente disser que a gente é índio, a gente está morto”. Eu me lembro que, numa ocasião, a minha tataravó estava preparando um remédio pra mim. Eu não estava muito bem. E tem uma coisa: o povo Fulni-ô não fala, não fala mesmo porque ele está fazendo, como está fazendo, porque a gente nasce com o dom ou a gente não nasce. Se a gente nasce, em algum momento a gente vai aprender a fazer as coisas. Se a gente não nasce, a gente aprende um pouco com o mais velho, mas nunca é a mesma coisa. Então, a minha avó também não sabia exatamente como eu ia ser. A minha tataravó quando eu tinha uns cinco pra seis anos, algumas coisas da minha vida espiritual já aconteciam, eu falava pouco, mas numa ocasião eu perguntei pra ela como ela fazia o remédio, pra que era o remédio que ela estava fazendo e ela só botou em cima da mesa e mandou eu tomar. E aí eu perguntei de novo, pela segunda vez, ela falou: “Toma logo aí esse remédio, você precisa dele e só toma”. Aí, quando eu terminei de tomar, daí ela sentou, olhou pra mim e falou: “Olha, minha filha, nós somos todos índios e eu...

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