Casei-me aos vinte e um anos e foi muito legal. Heliane, minha irmã mais nova, tinha dezesete anos e se encantou com um primo, filho de um irmão de papai, o Fábio que veio de Teresina, no Piauí para meu casamento.
Como acontece em diversas famílias com primos que se vêem pela primeira vez, Heliane e Fábio acabaram namorando e ele só foi embora quando conseguiu casar-se com ela.
Casamento marcado, resolveram que seria em Teresina e foram com minha mãe e meus irmãos para o casório. No dia da festa, noiva na igreja, meu pai não compareceu. Meu tio, o pai do noivo, que tem o mesmo nome de meu pai, estava lá. As mães, ansiosas aguardavam o casamento. Começa a cerimônia e o padre a ler os nomes da noiva do noivo, dos pais da noiva do pai do noivo... Dos avós paternos e maternos... Quase a genealogia da família... Surpreende-nos o padre. Não caso. Voces são meio irmãos, filhos do mesmo pai. Não caso.
Foi um rebuliço danado. Minha mãe se zangou com o padre, minha tia também, meu tio queria tirar satisfação e o casamento foi adiado. Como represália à bagunça promovida pela familia, o padre condicionou a realização da cerimônia a uma autorização do Bispo.
E foram todos, tios, primos, as mães e o noivo, pedir a tal autorização que só aconteceu após muito tempo, depois de muita explicação e com o pagamento de uma taxa exorbitante, quando a noiva de tanto chorar, já havia perdido toda a maquiagem.
As fotos saíram borradas e ficou na história da família o casamento mais difícil que já houve. Hoje, quinze anos depois, eles continuam juntos, para afirmar que primos também são bons namorados...