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Por: Museu da Pessoa, 29 de outubro de 2009

Neuza, avó e blogueira

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Neuza, avó e blogueira

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A gente fazia amor adoidado! Era uma época muito engraçada, que não tinha energia disponível o dia inteiro. Lá na Lapa, por exemplo, da uma às seis horas da tarde não tinha força. Então eu trabalhava até a uma, almoçava mais tarde e depois recomeçava às seis e ia até a meia-noite pra compensar. Da uma às seis a gente não tinha o que fazer, né?! Era nosso primeiro ano de casados, nós não pretendíamos ter filho logo, mas acidentes de percurso acontecem... Uma hora tinha que dar errado!

O teste de gravidez, naquela época, era feito com sapo! O sapo só fabrica espermatozóide quando ele está copulando com a fêmea. Então o que se fazia: pegava a urina da mulher, injetava nos sacos linfáticos do sapo e deixava lá umas duas horas. O sapo tem um buraco só, né? A cloaca, então botava o conta-gotas com a urina e depois retirava o material e olhava pelo microscópio. Ele não deveria ter espermatozóides porque ele não estava copulando. Se tivesse espermatozóide, é porque a urina da mulher continha hormônio. Nas minhas duas gravidez, o método usado foi esse, chamado Galli-Mainini, porque ainda não tinha nenhum desses outros processos mais modernos. Então por isso o sapo na minha vida é um bicho importante! Pode não ser pros outros, mas pra mim é!

Em toda a minha gravidez eu continuei a trabalhar e eu me lembro que no 16 de fevereiro à noite, arrebentou a bolsa e eu ainda tinha cinco provas pra corrigir. Eu falei: “Ainda não tem contração, então aguenta firme aí que eu vou corrigir essas provas.” Corrigi as cinco provas e daí que eu fui pra maternidade. Nasceu o Flávio.

A Jurema veio depois, num parto muito complicado. E até que ela andasse, até que ela falasse, até que ela fosse à escola e aprendesse... Até que ela casasse, até que ela tivesse filho, a gente sempre estava com medo de alguma coisa, essa ligação umbilical que existe… Mesmo quando você corta o cordão umbilical, ele abstratamente...

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P/1 – Então, dona Neuza, a gente vai começar perguntando seu nome completo, o local e a data de nascimento.

R – Meu nome é Neuza Guerreiro de Carvalho, Neuza com zê. O nome completo, eu faço muita questão de nome completo, porque é uma questão de identidade, eu não respondo quando me chamam de Neuza Guerreiro ou Neuza de Carvalho, porque não sou eu. Eu nasci em São Paulo, no Brás, na Rua Benjamim de Oliveira, em abril de 1930, a data tem uma historinha já, eu nasci realmente dia 09 de abril, mas naquele tempo meu pai achava que quem não registrasse no mesmo dia do nascimento pagava uma multa, era o que corria. Então como ele só pode registrar no dia 12, ele me registrou como se eu tivesse nascido no dia 12, eu sempre pus na escola 09 e não sei exatamente em que época, em que escola, eu pus 12. E a partir daí é sempre 12, mas eu acredito que isso tenha sido já no primário, ginásio, no máximo, daí pra frente é sempre 12 de abril.

P/1 – Eu queria que a gente voltasse lá para os seus avós, falasse um pouco da história deles, o nome deles? O que você conhece deles?

R – Bom, eu me lembro muito bem dos meus avós tanto maternos quanto paternos. Os meus avós maternos e paternos são originários da Espanha e, por coincidência, de uma região bastante próxima uma da outra. É a região de Andaluzia e as cidades são próximas, mas eles não se conheciam. O meu avô paterno era de Almeria, ele era de uma família bastante importante na cidade dele, cidade de Antas, mas ele era importante, então ninguém da família queria que ele casasse ou simplesmente namorasse a minha avó, que era de família simples. Mas com o amor ninguém brinca, né? Eles acabaram se casando lá e vieram pra cá com os meus bisavós, como imigrantes. A minha avó paterna era da Espanha, do mesmo lugar, e ela já veio casada pra cá, mas com uma porção de outros irmãos, esses irmãos eram tios avós meus e esses eu convivi muito. Minha avó paterna...

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Título: Neuza, avó e blogueira

Data: 29 de outubro de 2009

Local de produção: Brasil / São Paulo

Autor: Museu da Pessoa

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