Moi, Auguste, Empereur de Rome
Por Angelo Brás Fernandes Callou
A Folha de S.Paulo publicou, em 2014, uma longa reportagem sobre a exposição “Moi, Auguste, Empereur de Rome”, inaugurada em Paris, em março daquele ano. Diante da notícia, fiquei feito um cão a olhar para seu petisco predileto.
Jamais imaginei que, meses depois, já próximo do verão europeu, estaria nos corredores do Grand Palais, conferindo a exposição comemorativa dos dois mil anos que nos separam do primeiro imperador romano, Augusto (63 a.C. - 14 d.C.). Acredito que os deuses gregos e romanos conspiraram a meu favor. Não brinque nunca com seus desejos, pois eles podem levá-lo a corredores vertiginosos!
Imensas esculturas em mármore, joias em ouro e em prata, incrustadas de pedras preciosas, quadros, documentos, moedas, vasos e os mais diversos objetos do cotidiano, de antes e depois de Cristo, foram removidos de museus do mundo inteiro para aqueles corredores em homenagem à grande arte grego-romana. Augusto parecia um ator coadjuvante na esplendorosa exposição. Tenho certeza de que nunca mais verei algo parecido.
Há pouco, tudo isso veio à memória, quando retirei um cacho de flor do jasmim, que plantei no condomínio onde moro, e o coloquei no pequeno vaso do império romano. Réplica comprada na loja de suvenires da exposição. Olhando para o resultado singelo da composição, disse pra mim mesmo: Moi, empereur de Pina.
Praia do Pina, Recife, 2 de abril de 2022.