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Personagem: Maya Schneyder
Por: Museu da Pessoa, 6 de novembro de 2020

Eu preciso ser quem eu sou

Esta história contém:

Eu preciso ser quem eu sou

Eu tenho a minha melhor história com os meus irmãos foi quando eu tinha treze anos e eu realmente entendi quem eu era, como eu era.

Eu me identifiquei com nove anos, eu tive a certeza de que eu era uma mulher trans e que eu gostava do sexo oposto, no caso eu gostava dos meninos, e que eu não me identificava com o meu corpo. Aí eu contei pra minha mãe, nós mantivemos um segredo por um período, e eu frequentava um psicólogo porque a minha mãe achava que era conflito da idade, aquela história que os antigos tinham de acreditarem nesses vieses inconscientes ou que a criança quando está entrando na fase da pré-adolescência, saindo da fase infantil pra fase adolescente, tem esse conflito de gênero. E, por mais jovens que os meus pais fossem, porque os meus pais faleceram com cinquenta e seis anos, na época, ainda era um assunto não muito comentado, não se era conversado, você não tinha instruções como você tem hoje.

A minha mãe se preocupou com o pouco que ela conhecia, o que ela acreditava, o que o meu pai pregava, e a preocupação dela era me manter. E, lógico, como a maioria das pessoas achava que [a transexualidade] era uma insanidade, então eu frequentei um psicólogo durante dois anos. E aí, mesmo com essa frequência, com esses estudos, com essas análises, depois de dois anos a conclusão que o analista chegou é de que realmente eu sempre fui uma pessoa normal e que eu não tinha nada além de uma descoberta que era a identificação do meu gênero.

Nós mantivemos esse segredo durante um período e eu comecei a minha transição hormonal, porque eu achei que eu precisava associar o meu corpo ao mais próximo daquilo com que eu me identificava. Então eu passei a, muito por conta, vamos dizer assim, tomar uns hormônios, eu ia na farmácia, comprava, enfim.

Uma das coisas que a minha mãe sempre me ensinou e que eu sempre tive comigo era jamais mentir, principalmente para as pessoas que eu amava, para as pessoas que eu amo. Eu...

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Projeto Medley

Depoimento de Maya Shneider

Entrevistada por Fernanda Regina

Local São Paulo

Realização Museu da Pessoa

Transcrito por Camila Inês Schmitt Rossi

[00:00:01]

P/1 – Oi! Fala o seu nome completo, data e local de nascimento.

[00:00:08]

R – Meu nome é Maya Shneider, nasci dia 26/07/78 em São Paulo, capital.

[00:00:15]

P/1 – Quais os nomes dos seus pais?

[00:00:16]

R – Minha mãe chamava-se Valéria Aparecida da Costa Resende, meu pai chamava-se Jorge Luís Resende.

[00:00:26]

P/1 – E o que eles faziam?

[00:00:29]

R – Meu pai era taxista e a minha mãe era secretária num escritório de advocacia dentro do OAB de São Paulo.

[00:00:36]

P/1 – Você tem irmãos?

[00:00:38]

R – Tenho, tenho quatro irmãos. Um mais velho do que eu, o Victor Benedito Resende; mais dois irmãos mais novos, que é o Jorge Luís Resende Junior e a Jamília Aparecida Resende. Mas eu não tenho contato com os meus irmãos nos dias de hoje.

[00:00:57]

P/1 – Como era a sua casa de infância, você lembra?

[00:01:02]

R – Lembro (risos). Sim, claro. Ah, eu tive uma infância, normal, normal dentro do que era possível, eu dentro da minha visão do que era ser normal. Na minha infância (porque a minha irmã chegou no começo da minha adolescência), mas na minha infância eu tinha os meus irmãos, nós éramos muito unidos. Então nós brincávamos de todas as atividades, até as que eu odiava (tipo futebol, enfim, empinar pipa), mas eu gostava dessa recreação de estar junto, de participar, de estar com eles. Nós estudávamos, então eu gostava desse momento de ir pra escola e às vezes eu conseguia até auxiliar os meus irmãos com algumas coisas. Eu tive uma infância tranquila dentro do que era permitido pra mim naquele momento. Eu tinha uma família... eu tinha uma família que a minha mãe me amava, ela desempenhou bem esses dois papéis. Eu sempre tive um pai ausente, né, mas a minha mãe tentou de todas as formas suprir esse papel. E os...

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