Projeto Aché Vai Contar sua História
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Célia Maria Fiuza de Albuquerque
Entrevistada por Eliana Reis
Fortaleza, 03 de julho de 2002.
Código: Aché_CB021
Transcrito por Leandro S. Mota
Revisado por Letícia Manginelli dos Santos
P- Então Doutora Célia, pra começar, eu queria que a senhora dissesse o nome completo, local e data de nascimento?
R- É Célia Maria Fiuza de Albuquerque, eu nasci em Belém do Pará, no dia 28 de agosto de 1947.
P- Toda a sua família é do Pará, Doutora Célia?
R- Meu pai é do Piauí, já é falecido e minha mãe é paraense, da cidade de Cametá, interior do Pará.
P- E já havia uma tradição na família de médicos?
R- Não, tenho apenas um médico na família e parente distante.
P- Então como é que surgiu o gosto, a vontade de fazer medicina?
R- Eu acho que desde criança, eu gostava de cuidar dos animais que a minha mãe criava e eles ficavam doentes, aí eu já queria estar mexendo, dando remédio e cuidando. Meu intuito sempre era cuidar das pessoas, dos animais. Então, nesse intuito de cuidar, eu não posso nem explicar, porque aquilo foi aflorando dentro de mim a vontade. Muitas vezes, hoje mesmo se vê pessoas concluindo o 2º grau e dizendo assim: “Eu não sei o que é que vou fazer na minha vida, não sei que faculdade eu vou fazer”. Eu nunca pensei em outra coisa na minha vida, nunca, sem ser medicina.
P- Então, antes do colegial, já sabia?
R- É, eu já tinha essa certeza. Eu nunca fiz teste vocacional, naquela época não existia essa coisa toda, né? Quando diz: “O que é que você vai fazer?” Eu digo: “Medicina”. Não existia outra coisa.
P- Você fez curso em que lugar?
R- Eu fiz o curso em Belém, num curso bem simples, eu venho de uma família humilde... Bateu a emoção agora [choro].
P- Ah, mas sem problema, pode ficar emocionada.
R- É porque meu pai lutou com muita...
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Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Célia Maria Fiuza de Albuquerque
Entrevistada por Eliana Reis
Fortaleza, 03 de julho de 2002.
Código: Aché_CB021
Transcrito por Leandro S. Mota
Revisado por Letícia Manginelli dos Santos
P- Então Doutora Célia, pra começar, eu queria que a senhora dissesse o nome completo, local e data de nascimento?
R- É Célia Maria Fiuza de Albuquerque, eu nasci em Belém do Pará, no dia 28 de agosto de 1947.
P- Toda a sua família é do Pará, Doutora Célia?
R- Meu pai é do Piauí, já é falecido e minha mãe é paraense, da cidade de Cametá, interior do Pará.
P- E já havia uma tradição na família de médicos?
R- Não, tenho apenas um médico na família e parente distante.
P- Então como é que surgiu o gosto, a vontade de fazer medicina?
R- Eu acho que desde criança, eu gostava de cuidar dos animais que a minha mãe criava e eles ficavam doentes, aí eu já queria estar mexendo, dando remédio e cuidando. Meu intuito sempre era cuidar das pessoas, dos animais. Então, nesse intuito de cuidar, eu não posso nem explicar, porque aquilo foi aflorando dentro de mim a vontade. Muitas vezes, hoje mesmo se vê pessoas concluindo o 2º grau e dizendo assim: “Eu não sei o que é que vou fazer na minha vida, não sei que faculdade eu vou fazer”. Eu nunca pensei em outra coisa na minha vida, nunca, sem ser medicina.
P- Então, antes do colegial, já sabia?
R- É, eu já tinha essa certeza. Eu nunca fiz teste vocacional, naquela época não existia essa coisa toda, né? Quando diz: “O que é que você vai fazer?” Eu digo: “Medicina”. Não existia outra coisa.
P- Você fez curso em que lugar?
R- Eu fiz o curso em Belém, num curso bem simples, eu venho de uma família humilde... Bateu a emoção agora [choro].
P- Ah, mas sem problema, pode ficar emocionada.
R- É porque meu pai lutou com muita dificuldade pra me formar e se eu tivesse que fazer uma faculdade particular, eu não teria conseguido me formar.
P- A senhora se lembra do vestibular?
R- Ah, me lembro demais! Quando eu fiz o vestibular em Belém, nossa turma de vestibulandos, nós saímos na rua principal de Belém, na Avenida Presidente Vargas, nós saímos, nós desfilamos e eu me lembro como se fosse hoje, eu vesti uma roupa feita de saco de serapilheira e até pouco tempo eu tinha mas deu cupim, destruiu, até o ano passado eu tinha. O saco de serapilheira tinha a palavra medicina e com que orgulho eu desfilei na Avenida Presidente Vargas! E outra coisa, tem uma música que marcou muito, a música do Martinho da Vila naquela época nós cantávamos muito: (entrevistada canta) “Felicidade, passei no vestibular, mas a faculdade é particular”. Que no meu caso não era, passei logo, passei de primeira vez no vestibular da Universidade Federal do Pará, foi um orgulho muito grande para os meus pais. Nossa! Você está buscando assim [risos]...
P- E os primeiros tempos de estudante, como é que foram, mudou muito a rotina?
R- Eu vivia pra estudar, eu nunca me diverti na minha mocidade, eu nunca me diverti. Eu também não sei se posso interromper.
P- Pode.
R- Ainda tem uma história aqui, é a história da minha vida mas eu tenho que ver na minha mente, eu conto. Eu contei para você que eu estudava no colégio Obra da Providência, que era das irmãs. Este colégio Obra da Providência, ele passou por dificuldades muito grandes até pouco tempo e fechou, não existe mais o colégio Obra da Providência ele acabou. O que se tem de recordação é, que no caso eu tenho, o jornal, a foto, os emblemas do colégio. O colégio fechou, hoje funciona o colégio estadual lá em Belém, certo? E como eu queria fazer medicina o colégio Obra da Providência não tinha o curso científico, só tinha o pedagógico para quem quisesse fazer a carreira de...
P- Professor.
R- Magistério, e então o que eu fiz, eu saí do Obra da Providência com muita pena e fui para o colégio Gentil Bittencourt, mas era caro meu pai não podia. Então, isso aí me veio agora essa recordação, não sei se é importante, mas para mim isso tem um valor imenso só eu sei. Eu fui falar, eu adolescente velha [risos], tive a ousadia de marcar uma entrevista, uma hora para falar com o Governador do Estado, na época, para pedir ajuda financeira, eu fui sozinha da minha cabeça, fui falar com o Governador que eu me lembro, Aurélio do Carmo.
P- Lembra quantos anos tinha?
R- Só fazendo as contas no lápis, porque eu entrei para a faculdade em 1967, né? 1967, 1968, 1969, 1970, 1971... 1967 eu entrei para a faculdade, fiz o primeiro ano de medicina. 1966, 1965, 1964, foi no final de 1963. 1963 eu terminei o meu curso ginasial, que hoje a gente chama de 1º grau e fui para o 2º grau, mas como eu ia fazer o curso científico para enfrentar uma faculdade de medicina num colégio onde não tinha uma base boa? Então, foi com pesar que eu saí para o colégio Gentil Bittencourt, que hoje ainda existe, um colégio famoso pertence a congregação Freiras de Santana e para eu estudar eu fui pedir auxílio ao Governador do Estado. Então, eu marquei uma entrevista, uma hora e agendou, não sei por quanto tempo depois [risos], mais eu fui, batalhei e fui. Aí, falei com o Governador, ele me recebeu bem e me disse: “O que era que a senhora queria?” Eu digo: “Olha, eu não tenho nada, eu preciso de qualquer coisa que o senhor me dê, é importante”. Porque, eu expliquei para ele porque eu estava mudando de colégio, aí ele me disse: “Pois passa aqui tal dia” e marcou um determinado tempo. Ele me deu tudo, uniforme, me deu autorização para eu buscar: Uniforme, sapato, livro, tudo. E a bolsa de estudo para eu estudar no colégio. Aí eu estudei no colégio Gentil Bittencourt graças ao Governador do Estado do Pará na época, eu acho que já é falecido Aurélio do Carmo. Eu acho que ele nem sabe, ele morreu sem saber que ele foi tão útil e eu gostaria também de dizer isto para vocês, por mais que não passe para a reportagem, mas faz parte da minha vida.
P- Com certeza é importante.
R- Aí eu fiquei muito feliz, meu pai ficou orgulhoso na época, nossa!
P- E você tinha boas notas que proporcionaram passar no vestibular com uma certa facilidade?
R- É, passei com certa facilidade. E outra coisa: o que eu poderia me destacar da minha vida seria estudando, como eu digo até para os meus filhos, eu passei esse ensinamento para eles, não vamos esperar ficar ricos, ganhar na Tele Sena e tal, vamos estudar, estudar, estudar, estudar e fazer sempre bem ao próximo, se você faz bem ao próximo você tem como receber. O mundo é muito justo, você não recebe daquela mesma pessoa mas recebe de uma outra.
P- E na faculdade como que era o dia a dia?
R- Só muito estudo. Como eu lhe disse antes, eu estudava de manhã e de tarde, à noite nós tínhamos um grupo de estudos e nós nos reuníamos para estudar, passávamos na base do cafezinho, né? Tem outra história para contar. Hoje tem até uma xará minha, que faz parte da minha vida, que é Célia, e que mora em Macapá agora. Está em Macapá e provavelmente nós vamos nos reunir nos nossos trinta anos de formados agora em dezembro, eu estive com ela nos mesmos vinte e cinco.
P- Que lindo!
R- Tem em Belém um colega que é oftalmologista, tem uma clínica grande em Belém que é o Berbare, Carlos Berbare e a Célia Treizel que está em Macapá.
P- E a universidade ficava perto de casa?
R- Não, eu andava de ônibus, não tinha carro, meu pai não tinha carro. Então, lá em Belém chove muito e nem por isso foi empecilho para mim, eu andava de ônibus, sempre andei de ônibus, pegava o ônibus a quatro quarteirões e ia para a faculdade todos os dias, voltava pegava ônibus, a rotina de uma pessoa comum.
P- E ainda quando estudante tem contato com a indústria farmacêutica de certa forma?
R- É. Os propagandistas, dependendo do laboratório, já começam a visitar o acadêmico, aquele acadêmico que frequenta o hospital. Então, ele começa a divulgar os produtos mais ou menos a partir do quarto, quinto ano ele já começa a propagar os seus produtos.
P- A senhora já se lembra dos propagandistas nesse tempo de estudante?
R- Eu lembro que recebia visitas, né, dos propagandistas, mas agora eu não lembro o nome, não lembro, isso faz muito tempo.
P- Não, sem problema.
R- Lembro-me que já me visitavam como acadêmica.
P- E começa a trabalhar ainda como estudante, Doutora?
R- Querida, eu comecei a trabalhar no sexto ano, já comecei a tirar plantões, tive até plantões em pediatria na Santa Casa do Pará.
P- Sempre atendendo as pessoas pobres?
R- É, Santa Casa sempre são pessoas carentes, sempre SUS. Eu acho que até hoje é assim, funciona mais ou menos desse jeito. Feriados, dias santos, os colegas que têm mais tempo de trabalho, de formados, eles pagam para o calouro, vamos dizer assim, para que ele tire o plantão. E também me lembro de uma passagem interessante, eu tirei uma passagem de ano que eu estava de plantão, era sextanista de medicina e o colega dono do plantão foi me levar uma garrafa de champagne meia noite, eu não podia beber [risos], logicamente que eu estava de plantão, mas recebi com muito carinho aquela garrafa de champagne pelo fato dele ter lembrado de mim. Quer dizer, ele não estava bebendo com a família e simplesmente esqueceu de mim, não, ele veio até mim no plantão e me trouxe uma garrafa de champagne e isso eu gravei muito na minha memória.
P- E aí termina o sexto ano e tem a formatura?
R-Tem a formatura.
P- A senhora participou?
R- Participei da formatura e participei com uma roupa emprestada.
P- Dá para contar um pouquinho como é que foi?
R- E tenho orgulho disso. Não lembro o colega, me lembro da fisionomia dele, era um colega que tinha condições financeiras bem melhor do que meu pai. Hoje a gente já empresta, já aluga roupa até para bater foto já aluga, nessa época não tinha isso. Então o colega... uma roupa que por sinal muito bonita, a roupa que eu estou na foto só comprei o chapéu, só deu para comprar o chapeuzinho que eu ainda tenho.
P- E teve baile também?
R- Teve baile, participei do baile, dancei, meu pai ainda era vivo, foi um orgulho muito grande, dancei com meu pai. Foi muito bom.
P- E depois de formada começa a trabalhar em Belém?
R- Comecei a trabalhar em Belém.
P- Em que lugares, Doutora Célia?
R- Bom, antes de eu me formar, ainda no sexto ano, eu fui convidada por uma pessoa do interior do Estado, na cidade Moju. Aí eu fazia viagens para atender o povo carente do Pará. Nesta época nem o Projeto Rondon passava lá, eu andava de barco e ia e o que eu recebia em troca: laranja, abacaxi, uma galinha, ovos de galinha caipira, mas era muito gratificante, se eu tivesse de recomeçar recomeçaria tudo, foi muito bom.
P- Além desse trabalho, depois...
R- No sexto ano eu já comecei a entrar em contato com essas pessoas carentes, pela afinidade que eu tenho com as pessoas, me dou muito com as pessoas, me relaciono bem com as pessoas, graças a Deus. Aí, eles me convidaram e eu comecei a fazer essas viagens e houve até um episódio, numa dessas viagens uma senhora chegou e queria me pegar porque ela nunca tinha visto um médico na vida, ela queria saber como era um médico, “querida, é igual de carne e osso como todos nós, como a senhora”. Que ela nunca tinha se consultado, teve esse episódio. Aí, quando me formei, comecei a trabalhar. Fui trabalhar na Secretaria da Saúde, também teve uma outra coisa interessante… realmente é um museu que nós vamos fazer [risos]. Fui trabalhar primeiro com tuberculosos, meu primeiro emprego na Secretaria de Saúde do Estado do Pará foi com tuberculoso. Mas, como eu iria trabalhar com tuberculosos se eu não era especialista em tuberculose? Então, o Doutor Carneiro que foi um professor meu, da cadeira de dermatologia, depois ele foi até Secretário de Saúde do Estado do Pará, Doutor Carneiro. Eu me dava muito bem com ele, meu professor, e eu sabia que ele era do hospital de tuberculosos e era da secretaria de saúde, ainda não era o secretário na época mas tinha influência, ai eu disse: “Doutor Carneiro, quando eu me formar, arranja um emprego para mim, na secretaria? Qualquer posto de saúde”. Aí quando eu me formei eu cobrei isso dele, “Doutor Carneiro, olha o meu emprego, preciso trabalhar, preciso ganhar dinheiro”. Aí, ele olhou assim para mim e disse: “Quer trabalhar com tuberculoso?” Eu disse: “Eu quero”. Nem pensei duas vezes. “Tem uma coisa, tem que trabalhar de graça, para poder adquirir experiência”. Aí, chega assim, doida para ganhar dinheiro, mas também não tive nenhuma reação negativa. Disse: “Quero, aonde é?” “Bem pertinho da sua casa”. Eu morava na Rua dos Mundurucus, nasci e me criei nessa rua, que hoje a minha irmã mora nessa mesma rua, na Rua dos Mundurucus, 3947, nasci nessa rua.
P- Na mesma casa?
R- Na mesma casa, que é próximo ao hospital, hoje é um hospital de referência de doenças infecciosas em Belém, Hospital Barros Barreto, certo? Aí ele disse: “Você não vai pagar ônibus que é perto. Agora você tem que trabalhar três meses de graça”. Já era médica, com este anel que meu pai me deu, comprou a prestação com muita dificuldade e eu exibo com muito orgulho meu anel e eu fui trabalhar no hospital Barros Barreto, ia caminhando que era um “perto longe”, não tinha ônibus para me levar até lá. Aí, eu ia e trabalhei três meses de graça para eu adquirir experiência nas drogas de primeira escolha para tuberculose e com 90 dias ele me deu o emprego, foi minha primeira carteira assinada na Secretaria de Saúde, foi no Hospital Barros Barreto e quem me conseguiu foi o Doutor Carneiro.
P- E aí começou a conciliar esse trabalho com outros?
R- Conciliar, exatamente. E apareceu o concurso para professora da Universidade Federal do Pará, na cadeira de doenças infecto-contagiosas, então eu achei que tinha tudo a haver eu já trabalhava com tuberculose, que é uma doença infecto-contagiosa, e eu quis fazer e passei no concurso e fui admitida como auxiliar de ensino. Ai eu fiz auxiliar de ensino, se eu não me engano durante quatro anos, Depois os meus professores disseram que eu tinha que fazer, eu e os outros colegas que entraram comigo, porque eu não entrei sozinha entraram outros colegas, que eu tinha que fazer um curso de pós-graduação em doenças infecciosas. Foi quando eu saí de Belém e fui para Recife fazer o mestrado em doenças infecciosas pela Universidade Federal de Pernambuco.
P- Quer dizer, esse primeiro trabalho acabou determinando um pouco na escolha.
R- Isso, determinando um pouco, exato.
P- E durante esse tempo a senhora começa a trabalhar seja no hospital ou lá na secretaria de saúde ou na faculdade, e o contato com os propagandistas, aí passa a ser mais intenso?
R- É, mais intenso. Quando a gente se forma o contato fica mais intenso, porque a gente já pode prescrever sem autorização de outro colega, de um médico, a gente já tem autonomia, já tem o CRM [Conselho Regional de Medicina]. Aí, já tem uma história mais bonita ainda que é a história, foi assim...
P- Eu ia pergunta como o Aché chegou na vida da senhora.
R- É porque eu trabalhava na Secretaria de Saúde do Estado, na parte de tuberculose, era professora da Universidade como auxiliar de ensino e eu resolvi abrir um consultório que depois eu vim saber que ficava no mesmo prédio onde funcionava o escritório do Aché. Então montei meu consultório junto até com uma pediatra, fui trabalhar neste consultório que ficava no Edifício Costa e Silva, na avenida, se não me falha a memória, na Avenida Nazaré, próximo à Brás de Aguiar, ainda existe o prédio tudo lá, então eu montei o meu consultório, comecei a atender.
P- Lembra os dias que atendia?
R- Não, não lembro [risos]. Era sempre combinando com os horários hospitalares e tudo. Então eu comecei a atender e como o Aché ficava no mesmo prédio e andares diferentes, eu comecei a receber também visitas do Aché, eu já recebia antes, ficou mais próximo para eles. Num determinado dia, até hoje ainda se usa isso, o propagandista, ele vai fazer a propaganda para o médico e ele vai com o supervisor, pra ver se ele está fazendo a propaganda correta e nesse dia eu recebi mais uma visita de um propagandista, no caso foi do Aché, acompanhado de seu supervisor, hoje em dia, pelo que eu sei, não existe mais esse cargo de supervisor, que seria os gerentes do Aché, foi acompanhando o propagandista e quando eu vi o supervisor eu me apaixonei pelo supervisor do Aché [risos].
P- E como é que chama esse chama... ou chamava...?
R- Ainda chama.
P- Exatamente.
R- José Almir Pontes Albuquerque, é cearense, foi para o Pará tentar a vida num emprego melhor, tinha saído de um banco, do Banco Itaú e foi convidado pelo Senhor Adalmiro, que eu cheguei a conhecer com muita honra, conheci o Senhor Adalmiro que é um dos donos do Aché, então, o Almir foi convidado pelo Senhor Adalmiro para ser propagandista do Aché e com pouco tempo ele foi supervisor, foi quando eu conheci e com menos de dois meses, nós nos casamos.
P- E como é que começou esse namoro?
R- Nós estamos com 29 anos de casamento.
P- Como é que foi esse namoro? Rápido? [risos].
R- Amor a gente não explica, eu tenho essa história de amor com o Aché, mais não tenho como explicar, eu olhei para ele jovem e eu também muito jovem, ele muito batalhador, muito bem vestido. Na época, o Aché, pedia que os propagandistas andassem de terno, paletó, gravata e meu marido se destacava no meio dos outros por que ele usava um colete, todo mundo conhecia na época, os médico o identificaram. Ah! É aquele que usa um colete! Então ele usava um coletezinho por baixo do paletó e era bem magrinho na época, então ele se destacava [risos], na maneira de falar, sempre teve uma boa conversa. Aí, eu olhei para ele e me apaixonei, também tem uma história de uma carteira de motorista, não tinha carro na época, já era formada mas não tinha carro, conforme eu disse eu vim com muita dificuldade e eu alcancei o meu terceiro grau. Então eu não tinha carro, o supervisor do Aché então disse que ia me levar até o Detran do Pará para facilitar a retirada da carteira e tudo, ia me levar de carro, aí começou aquela paquera.
P- Uma certa intenção.
R- É, uma certa intenção, não sei, ele que pode dizer para você isso, mas eu sei que eu gostei muito da maneira dele falar comigo, a maneira muito gentil que ele me tratou e tudo. Houve uma outra história também, vai se cruzando nesse relato que eu estou fazendo, porque meu pai faleceu subitamente e no dia que nós marcamos para ir ao Detran, quando ele chegou para me apanhar, meu pai estava morto, ele faleceu subitamente, meu pai. Então, eu acho que até isso criou um clima, eu fiquei muito carente, eu estava precisando de uma pessoa que me desse um apoio naquele exato momento, ele foi a pessoa mandada por Deus que chegou no exato momento que eu mais precisava. Então é recíproco, foi verdadeiro porque ele também apaixonou-se por mim e nós casamos do dia 17 de novembro de 1973.
P- Teve um casamento no Civil?
R- É eu casei no Civil. Também tem outra história... Nossa, tem tanta história Jesus! Então eu casei no Civil com ele, como eu disse para você agora pouco, nós temos um tio que é Bispo aqui no Ceará, nossa família é toda religiosa, católica, religiosa de mais, até de rezar terço todo dia. Então, casamento para nós na família se não for no católico não está casado [risos]. Então eu casei no Civil em Belém, certo? Logo em seguida eu engravidei e vim grávida para o Ceará, para casar no religioso, se não, eu não estaria casada.
P- E aí, quem fez a coisa certa?
R- O que aconteceu quando eu cheguei no Ceará, esse é um fato também interessante. Quando eu cheguei no Ceará, cheguei na casa dos meus sogros e eles disseram assim: “Olha, você neste quarto e você dorme neste outro quarto”. Eu acho que foi a noite que eu mais chorei na minha vida porque eu já era casada no Civil, eu já estava grávida do meu primeiro filho e o meu sogro mandou fazer isso, um no quarto e o outro no outro porque não era casado no católico [risos]. Você vê como era a tradição da família e tudo, eu obedeci, mais chorei, quase me acabo de chorar. Aí, depois no dia 31 de dezembro de 1973, eu casei no religioso.
P- Você lembra como é que foi?
R- Foi muito simples, foi na Igreja da Paz, Paróquia da Paz aqui em Fortaleza, celebrada por Dom Benedito de Albuquerque, que na época não era Dom Benedito, era Padre Benedito Albuquerque, ele inclusive é nosso tio, tio legítimo do meu marido e meu tio já por afinidade, ele era padre e era diretor da UECE, Universidade Estadual do Ceará, e foi ele quem nos casou numa cerimônia muito simples, a família patrocinou, no caso, sempre quem patrocina o casamento é a família da noiva, a noiva muito humilde, muito pobre, não pode patrocinar e a família do noivo foi que patrocinou a cerimônia, achei muito simples.
P- Teve festa?
R- Não, não houve festa, houve só uma cerimônia entre os familiares e alguns amigos.
P- E depois do casamento, a senhora continuou a morar lá em Belém ou veio morar aqui no Ceará?
R- Continuei morando em Belém, depois eu fui morar em Recife justamente para fazer o meu curso de mestrado que a minha Universidade de origem me exigia fazer este curso, até para que eu pudesse fazer carreira dentro da Universidade e fiz carreira, eu fui assistente um, assistente dois da cadeira. Daí veio o meu primeiro filho, o José Almir Pontes Albuquerque Júnior, depois ainda em Belém veio a Ana Cristina Fiuza de Albuquerque que hoje está fazendo medicina na Bolívia, eu tenho muito orgulho dos meus filhos. E eu fui fazer então o mestrado em Recife, passei três anos em Recife. Então, quando eu terminei o mestrado, eu defendi minha tese de mestrado que foi sobre Diagnóstico da Filariose através da Imunofluorescência e lá eu fiquei grávida, em Recife, do meu terceiro e último filho.
P- Como é que ele chama?
R- Anderson José Fiuza de Albuquerque, é meu caçula que eu amo de paixão.
P- Como que era doutora, ter que conciliar marido que trabalhava no Aché, a família que estava aumentando? O trabalho de médico?
R- Era muito difícil, Senhor Adalmiro quando chegava em Belém pra mim era uma tristeza, embora eu gostasse muito do Senhor Adalmiro, mas era uma tristeza, porque ele tomava muito tempo e era o dever dele cobrar, tinha muita reunião, meu marido ficava comendo sanduíche, pizzas e tal e eu ficava no meu trabalho. Então ele exigia muito. Depois, meu marido tinha que viajar para Manaus, me lembro que ele viajava muito para Manaus, quando chegava, ele vinha me consolar, Zona Franca de Manaus... Aí ele me consolava com rádio portátil, com secador de cabelo, essas coisas assim, mas eu ficava muito feliz, um relógio, um estojo de maquiagem.
P- E tem uma historinha de um carro?
R- Tem a historinha de um carro, que tem uma foto dele que eu guardo até hoje, que o Aché dava o carro para facilitar o trabalho do profissional do Aché, então como o meu marido era supervisor do Aché, ele ganhou um carro, um fusquinha azul, que eu guardo na minha memória, fusquinha azul... E esse fusquinha azul facilitava a vida do meu marido e a minha vida também. Porque fora do expediente ele podia me apanhar no hospital e levar o nosso filho para o médico e etc.
P- E pelo fato também de ter casado com alguém do Aché, mudou a relação com os propagandistas?
R- Com certeza, tem uma história, toda às vezes que chega uma pessoa do Aché para falar comigo no meu consultório, aqueles que não sabem da minha vida, até poucos dias eu recebi um na Santa Casa, um novato do Aché, chegou e disse assim: “Doutora, a senhora já conhece o Aché?” Aí eu comecei a rir [risos], “Eu só conheço o Aché”, porque realmente o Aché faz parte da minha vida, eu casei muito nova, casei logo com o representante do Aché. Eu acompanhava a vida do meu marido, acompanhava em casa o estudo dele e até auxiliava em determinados momentos, ele fazia propaganda para mim em casa, além de receber a propaganda no hospital eu recebia a propaganda em casa. Por quê? Porque ele tinha um projetor de slides, ele tinha um retroprojetor, ele preparava as lâminas, porque eu não tive tempo de ver se ainda tenho alguma coisa dessa época, mas ele ia treinar comigo, aí eu dizia: “Não está bom, você está falando muito rápido, ou então, você está falando demais”, você vai cansar o médico e isso ai também faz parte da história.
P- É essa mudança para o Ceará, quando é que aconteceu?
R- Bom, ele sempre me cobrou isso, disse: “Olha, aqui a minha família no Pará é muito pequena, até hoje tenho uma irmã, uma tia e uma prima, no Pará não tenho mais parentes mais velhos, já são todos falecidos”. E a família cearense, como todo bom cearense, a família tem muitos filhos, então ele tem mais quatro irmãos, a mãe e o pai, tios, a família é muito grande, até hoje, apesar das mortes ocorridas na família ainda é muito grande a família do Almir e quer dizer, eu teria mais apoio no decorrer da vida e realmente foi uma verdade. Quando meus filhos tiveram que fazer faculdade fora, eu fiquei só, eu moro sozinha, certo, ainda estou morando sozinha.
P- Sozinha com o marido, né?
R- Não, sem o marido.
P- Sem o marido?
R- Sem o marido, é outra coisa que eu também não relatei até agora, eu moro absolutamente só, sem empregada, então moro só e depois que os filhos ingressaram pra universidade de medicina, para a faculdade de medicina, ele quis fazer alguma coisa na área de saúde e ele foi e está fazendo odontologia na Faculdade Tiradentes em Aracaju. Já termina para o ano, graças a Deus [risos], então eu sustento todos, meu marido e os meus três filhos.
P- E como é a rotina hoje, Doutora Célia?
R- É complicada, hoje tá uma pouco mais fácil, porque eu já deslumbro o futuro bem próximo, minha filha está terminando agora o 5º ano, já terminou o 5º ano, já está chegando, tá só resolvendo problemas burocráticos. A minha filha está terminando o 5º ano agora, está vindo fazer o internato na Santa Casa de Sobral, certo? Meu filho Anderson está fazendo 4º ano na Faculdade Federal de Aracajú, então daqui a dois anos é mais um filho médico [risos]. E meu marido para um ano estará se formando, se Deus quiser, odontólogo.
P- E o outro filho é casado?
R- O outro filho é casado, já tenho um netinho que é o Pedro Paulo Albuquerque.
P- Que a senhora também ama de paixão?
R- É, que amo de paixão. Tem três aninhos e que agora este ano, passou a morar perto de mim, porque eu cedi uma parte do meu terreno da minha casa para que ele construísse a casa dele, ele construiu a casa dele no que era a minha garagem, garagem da minha casa. E agora ele é meu vizinho [risos]. Mas, isso aconteceu este ano. Então hoje eu olho para trás, eu chorei demais, de 1997 pra cá eu tenho chorado, chorado, chorado... Eu acho que já emagreci de tanto chorar. Mas, este ano as coisas já começaram a melhorar, justamente porque meu filho é meu vizinho, um bom vizinho, aí eu tenho meu filho, minha nora e meu neto, não moro na mesma casa porque eu até fiz questão que eles tivessem a casa deles, né, “quem casa, faz casa”. Então cedi o terreno, ofereci condições para que ele pudesse construir. Então, hoje ele é meu vizinho. E quando eu conto para os propagandistas do Aché, que eu conheço o Senhor Adalmiro, a maioria se admira. Mas, como conhece o Senhor Adalmiro, que nós do Aché não conhecemos. Mais é porque nós nos conhecemos no início do Aché.
P- E ele frequentou a casa da senhora?
R- Frequentou, ele chegou não sei quantas vezes, mas ele chegou a jantar com a gente, almoçar com agente na nossa casa.
P- E a senhora está contando um pouco do futuro, que daqui a pouco está toda a família reunida, né, mas não falou muito da rotina de trabalho hoje, como é que é?
R- A rotina de trabalho é o seguinte: eu trabalho na Santa Casa, eu já trabalhei no ambulatório da Santa Casa aqui de Fortaleza, depois eu fui admitida na emergência, fui transferida para a emergência, aí eu já sou carteira assinada, eu tenho uns 15 anos de Santa Casa aqui em Fortaleza, foi justamente quando eu terminei o mestrado, acho que eu misturei um pouco as coisas, fiz o mestrado, como o mestrado foi pago pela Universidade Federal do Pará, eu tinha que voltar a Universidade do Pará para prestar serviços. Então eu passei um ano longe da minha família, só levei o meu filho pequeno, o Anderson que nunca me separei dele, a não ser agora depois de grande. Aí, eu levei o Anderson para lá e nós ficamos um ano e a Universidade do Pará não me liberou para eu morar no Ceará, eu tive que fazer um novo concurso na Faculdade Federal do Ceará, para que eu continuasse a minha carreira de magistério. Hoje eu já sou aposentada da Faculdade do Ceará.
P- E além disso tem consultório...
R- Eu tenho consultório, o meu consultório fica na periferia, fica num bairro da periferia de Fortaleza que é no Jardim das Oliveiras, também outro orgulho que eu tenho, tenho a 17 anos esse consultório no Jardim das Oliveiras, na Avenida Senador Carlos Jereissati, 834. Eu atendo convênios, atendo particular e atendo com muito amor o grupo Aché [risos], também continuo recebendo visitas.
P- Histórias marcantes desse tempo de consultas no atendimento com o povo?
R- Tem muita história, muitas histórias. Como eu posso precisar? São sempre histórias de muito sofrimento das pessoas, sempre eu trabalhei muito com pessoas carentes sim. Então eu já prestei serviço aqui no Hospital de Messejana, que é da Prefeitura de Fortaleza, fazia emergência, aí como eu já tenho 54 anos, já pesa um pouco devido não só pelo fato da idade, é toda uma vida de sofrimento que eu venho trazendo, né? Então eu deixei a emergência do Hospital de Messejana e vim para a emergência da Santa Casa, já era da Santa Casa, eu só fiz ficar mais dias na Santa Casa.
P- E prescreve Aché em todos os lugares?
R- Prescrevo, todos os lugares eu prescrevo Aché, na Santa Casa, no consultório, para os pacientes de convênio, tudo, e prescrevo também nos Postos dependendo da situação financeira do paciente, a gente prescreve alguns remédios e outros fica impossível para escrever, mas sempre prescrevendo Aché.
P- E aí olhando para trás, depois de ter narrado um pouco isso, acha que valeu a pena?
R- Valeu a pena, está valendo a pena, hoje eu me considero uma felizarda, me considero um felizarda por tudo, primeiro porque eu consegui fazer uma faculdade, se hoje já é um feito muito grande, na minha época, na época que eu entrei para a faculdade foi assim uma coisa grandiosa, então hoje nós sabemos que mais ou menos 10%, se não for menos, da população brasileira tem nível superior e principalmente médico. Então, eu me considero uma felizarda. Uma felizarda, tive os meus pais perto de mim. Sou uma felizarda porque me criei com religião, eu acho que Deus está acima de tudo, se você não tiver Deus na sua vida você não consegue nada. Então eu me criei dentro de uma família religiosa e tive a formação religiosa do Colégio Obra da Providência, que foram as irmãs do Coração de Maria. Então elas desde cedo quando eu sete anos que comecei a frequentar o primeiro ano, que na minha época não tinha esse negócio de jardim 1, jardim 2, eu já entrei alfabetizada, quem me alfabetizou foi meu pai, meu pai me alfabetizou em casa e quando eu fui fazer o teste para o Obra da Providência, para entrar no Colégio Obra da Providência eu já entrei no primeiro ano, certo? E fui uma boa aluna, diga-se de passagem, eu fui muito boa aluna, eu me lembro da minha primeira professora, primeiro ano.
P- O nome dela?
R- Carmélia, Carmélia Julaí Menezes, o nome da minha primeira professora, então eu já era alfabetizada e meu pai tinha uma didática, embora o meu pai só tivesse o curso primário, mas escrevia muito bem e era uma pessoa assim, inteligente, então ele me passou muito dos ensinamentos e as irmãs complementaram a parte religiosa. Devo muito às irmãs, porque a minha vida sempre foi pautada, eu não sou santa, tenho inúmeros defeitos, certo? Sou uma pecadora talvez até mais do que muita gente, né, mas eu quero dizer assim, sempre que eu erro na minha vida a minha consciência me desperta e diz: “Olha, você errou”. E eu procuro tentar não cometer mais aquele erro, então isso aí para mim sempre vem: família versus religião.
P- E a felicidade pela família.
R- Com certeza, felicidade pela minha família, felicidade por ter sido criada dentro da religião, que é o sustentáculo pra gente, para todos nós. Felicidade por eu ter um marido maravilhoso, meu marido tem uma paciência, tem uma fé, tem uma força de vontade, tanto que ele está com 50 anos, meu marido e ainda está fazendo uma faculdade, e uma faculdade, vamos dizer, puxada, uma faculdade que exige muito, odontologia, né? Então eu sou feliz por ele e se eu for falar dos filhos aqui... Pra mim são presentes de Deus, meus três filhos são presentes de Deus, porque eles são ótimos filhos, eles me tratam assim com carinho, que só vendo pra crer.
P- O fato deles terem escolhido medicina, foi por seu exemplo?
R- Ah! Com certeza já foi pelo exemplo da mãe, com certeza, porque eles achavam muito bonito a maneira e ainda acham muito bonita a maneira como eu trato o meu paciente, como eu me conduzo diante das pessoas e eu acho que isso com certeza influenciou, eu acredito que sim.
P- E pra terminar eu queria saber o que a senhora achou dessa experiência de ter contado um pouquinho da sua história?
R- Bom, eu não esperava, eu considero este fato de eu ter sido escolhida pelo grupo Aché para prestar esse depoimento, eu considero assim como uma presente que o Aché me proporcionou. Acho que nem sou merecedora desse presente, mas fico imensamente grata porque o Aché faz parte da minha vida, embora o meu marido não trabalhe mais no Aché mas tudo gira em torno do Aché. Quando se fala Aché em casa os meus filhos sabem toda a nossa história, então foi uma honra para mim, eu agradeço demais o Aché ter lembrado de mim e foi um presente dos meus trinta anos de formada que este ano eu completo, dia 7 de dezembro eu vou completar trinta anos de formada e eu estou encarando essa entrevista do Aché, esse meu depoimento para o Aché como um resgate da minha vida, entendeu? E como um presente dos meus trinta anos.
P- Parabéns.
R- Obrigada.
P- Muito bom, obrigadíssima, tá?
R- Não sei se você queria perguntar mais alguma coisa de mim pode perguntar.
P- Não, foi ótimo, foi ótimo.
R- Ai meu Deus, só emoção, viu.
- - - FIM DA ENTREVISTA - - -
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