Mudei para São Paulo num sábado. Cheguei à tardinha e na segunda-feira seguinte comecei no meu novo trabalho. Vou ficar um ano para ver se vai dar certo, pensei.
Passaram mais de vinte anos e continuo aqui. Trabalhei com um mineiro, o Edson, mais velho que eu que repetia a frase em São Paulo a gente leva o ouro, mas deixa o couro...
Trabalho nunca me intimidou e segui em frente. Começou a informatização das empresas e as rotinas no escritório foram sendo modificadas. Quando eu recebi um microcomputador para trabalhar me senti importante. Depois chegaram os telefones celulares e acabou a privacidade. A nossa vida nunca mais foi a mesma.
Em compensação depois de um ano e meio de trabalho, tirei as primeiras férias. Nesse período consegui economizar o suficiente para realizar o sonho de conhecer a Europa. Voltei e continuei trabalhando e viajando nas férias, realizando velhos sonhos.
No escritório havia horário para chegar, mas não para sair. Levava trabalho para casa nos finais de semana, mas comprei o primeiro carro com quatro portas e ar-condicionado. Conquistei o cargo de gerente e a sala individual com nome na porta. E começaram as viagens internacionais a trabalho.
Por causa das diferenças de fuso horário, chegava mais cedo no escritório para falar com clientes e fornecedores europeus e saía mais tarde para poder falar com os americanos no mesmo dia. Casei com uma colega de trabalho.
Em contrapartida meu cabelo que era farto começou a rarear, ficou grisalho. Meu peso aumentou e a pressão arterial também. A partir de um determinado momento entendi o significado da palavra stress.
Hoje, lembrando da época em que mudei para São Paulo para trabalhar, confesso que não demorou muito tempo para que numa outra tarde, parado no trânsito, eu enxergasse uma lua enorme, cor-de-rosa, sobre o Jockey Clube. O céu estava todo rosa. Naquele momento percebi que já estava completamente apaixonado por essa cidade extraordinária que tem um...
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Mudei para São Paulo num sábado. Cheguei à tardinha e na segunda-feira seguinte comecei no meu novo trabalho. Vou ficar um ano para ver se vai dar certo, pensei.
Passaram mais de vinte anos e continuo aqui. Trabalhei com um mineiro, o Edson, mais velho que eu que repetia a frase em São Paulo a gente leva o ouro, mas deixa o couro...
Trabalho nunca me intimidou e segui em frente. Começou a informatização das empresas e as rotinas no escritório foram sendo modificadas. Quando eu recebi um microcomputador para trabalhar me senti importante. Depois chegaram os telefones celulares e acabou a privacidade. A nossa vida nunca mais foi a mesma.
Em compensação depois de um ano e meio de trabalho, tirei as primeiras férias. Nesse período consegui economizar o suficiente para realizar o sonho de conhecer a Europa. Voltei e continuei trabalhando e viajando nas férias, realizando velhos sonhos.
No escritório havia horário para chegar, mas não para sair. Levava trabalho para casa nos finais de semana, mas comprei o primeiro carro com quatro portas e ar-condicionado. Conquistei o cargo de gerente e a sala individual com nome na porta. E começaram as viagens internacionais a trabalho.
Por causa das diferenças de fuso horário, chegava mais cedo no escritório para falar com clientes e fornecedores europeus e saía mais tarde para poder falar com os americanos no mesmo dia. Casei com uma colega de trabalho.
Em contrapartida meu cabelo que era farto começou a rarear, ficou grisalho. Meu peso aumentou e a pressão arterial também. A partir de um determinado momento entendi o significado da palavra stress.
Hoje, lembrando da época em que mudei para São Paulo para trabalhar, confesso que não demorou muito tempo para que numa outra tarde, parado no trânsito, eu enxergasse uma lua enorme, cor-de-rosa, sobre o Jockey Clube. O céu estava todo rosa. Naquele momento percebi que já estava completamente apaixonado por essa cidade extraordinária que tem um coração enorme: um coração do tamanho do Brasil!
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