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Personagem: Vanda Alves Rocha
Por: Museu da Pessoa, 1 de novembro de 2013

Atleta depois dos 40

Esta história contém:

Atleta depois dos 40

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Meu pai foi preso político. Preso político porque ele não sei se foi os federal que madrugada carregaram ele, levaram ele, uns homens de preto, tudinho, por que ele não sei, porque ele era carpinteiro, ele falava com todo mundo. Aí tinha um líder sindical lá da Refesa, pediu pra ele fazer uns jazigos, umas coisas de madeira, aí ele teve que acertar, conversar com ele. Aí entregaram ele dizendo que ele estava conversando, era subversivo, estava conversando com um subversivo, naquela época da Revolução de 64. Aí foi preso, aí pra não passar fome, sabe como é casa de pobre? Não falta galinha no quintal, não falta farinha, carne de sol, carne pendurada. Aí a gente se virou com isso porque nem as mercearia, ninguém, papai era considerado como subversivo, ninguém ajudava. Os vizinhos, a gente era muito discriminado. Aí foi que minha mãe salvou a gente com cuscuz, milho, pisava o milho e fazia fubá. Mãe, tudo ela fazia coisa assim, que ela aprendeu mesmo no sertão. A gente não passou fome por causa dessa vivacidade da minha mãe.

Meu pai ficou preso pouco tempo, e eu não fui atrás desse negócio. Papai é anistiado, né? Porque o papai, mesmo que o papai era vivo, dizia assim: “Não vai atrás”. Papai sofreu tanto, sofreu tortura, que ele disse que eu não fosse atrás. Ele não queria se lembrar, não queria, “Não, não vai atrás”, e viu, tem até uma carta, você encontra uma carta, ele escrevendo pra ela pra procurar, se a gente passar fome, um determinado lugar, uma mercearia, pra gente pegar uns mantimentos, sabe? Mas aí eu não acho essa carta. Ele dizendo que estava preso, não sei o que. Ele foi preso assim, rapidamente, a gente não sabia nem por que ele foi preso. Foi preso inocentemente, torturaram inocentemente.

Eu sempre gostei de correr, ser uma atleta, viajar pelo mundo afora mostrando o que eu sei. Porque sempre no colégio eu participava de atletismo. Mas meu pai nunca deixava eu viajar, papai...

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Dados de acervo

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P/1 – Vanda, você pode começar falando o seu nome completo, local e data de nascimento?

R – Meu nome é Vanda Alves Rocha

P/1 – Você nasceu aonde e quando?

R – Eu nasci em Fortaleza no dia três de Novembro de 1953. Tô completando 60 anos.

P/1 – E seus pais, são da onde?

R – Meus pais, já falecidos, minha mãe é de Mulungu e meu pai é de Fortaleza.

P/1 – E você sabe o que seu pai fazia?

R – Meu pai ele era da Refesa. Ele trabalhava, era carpinteiro, ele trabalhava, era chefe de departamento de mecânica dos pessoal maquinista, tudinho, mas ele também trabalhava como carpinteiro.

P/1 – E sua mãe?

R – A minha mãe era dona de casa, batalhadora, lavando roupa, vivia lavando, mas era batalhadora, não era muito caseira, muito... não era muito... ficava só em casa mesmo, cuidando da casa.

P/1 – E você sabe como seu pai e sua mãe se conheceram?

R – Rapaz, isso foi meu engraçado. Minha mãe, ela morava, a mãe veio pra aqui pra Fortaleza como retirante. Minha mãe ela morava, tanto que não conseguiu nem um pedaço de terra, trabalhou como agricultora em Mulungu e não conseguiu. Aí veio embora com a família todinha, veio embora pra cá, foi que minha avó conseguiu arranjar uns padrinhos pra ela, pra cuidar dela, senão ia passar fome. Aí, como ela era muito querida, fazia tudo, aí lá papai ele morava em João cordeiro, os padrinhos dela, meu pai conheceu. Ia pra pracinha pra lá, conheceu ela na Aldeota, aí se casaram, casaram na Parangaba. Isso contando a história, né, ali naquela igreja, ele morava em Parangaba. Sei que eles se conheceram assim. Aí pronto, até hoje. Ela morreu agora esse ano, tá com, em Maio desse ano, morreu com 94 anos. Ele já morreu com 88.

P/1 – E eles casaram e vieram morar em Fortaleza? Como é que foi?

R – Eles casaram aqui em Fortaleza mesmo, ela veio embora de Mulungu porque pra não passar fome, da seca né, eles foram retirantes. A família todinha, as irmãs dela, a...

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