A mania de fazer café nessa caneca, me faz recitar mentalmente Fernando Pessoa,
Porque as pessoas não me devolvem os livros? Estou sempre a ter que puxar pela lembrança.
atualmente ela me falha. tenho que buscá-la de outra maneira.deixo de arrumar às malas.
Poderia lê-lo enquanto não ferve a água, adoro ver as bolhas da ebulição, é uma
explosão de emoções e pensamentos viajadores;
Me vem a culpa, como Steinbeck
escreveu..."somos todos filhos de Caim, possuímos um sinal na testa", não podemos
pagar pelos erros dos outros e por conta disso sentirmo-nos culpados. Que estigma é esse
a gente aprende tanto com a filosofia e a psicologia que
da porta do quintal, não da janela do quarto, a Tabacaria não ocupa
o descampado da minha memória, mas essa sim ..."Brilha por que alta vive", tenho que procurá-la
na poesia para redimir a minha culpa, enquanto todos dormem.
Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
que alívio.
me faz tão bem
ter uma poesia para ler.
Sulreal, irreal.
faz bem.
agora é dia
esse é o meu remédio para as minhas crises de ausência ou tempestade de idéias.