Museu da Pessoa – Conte sua história
Histórias de Esperança – 29 anos do Projeto Criança Esperança
Depoimento de Daniel Zampieri
Entrevistado por Tereza Ruiz
São Paulo 12/09/2014
Realização Museu da Pessoa
Entrevista HECE_HV_014
Transcrito por Ana Carolina Ruiz
P/1 – Então, Daniel, fala pra gente o seu nome completo, data e o local de nascimento.
R – O meu nome é Daniel Zampieri. Nasci em 1979, aqui na cidade de São Paulo. Hoje eu tenho 34 anos, mas sou natural mesmo daqui de São Paulo.
P/1 – Agora o nome completo do seu pai e da sua mãe e data e local de nascimento se você souber.
R – Então, meu pai chama Henrique Zampieri Filho e minha mãe Vilma Aparecida Zampieri.
P/1 – Onde eles nasceram, você sabe?
R – Aqui em São Paulo mesmo.
P/1 – Fala um pouquinho o que os seus pais faziam ou fazem profissionalmente.
R – Minha mãe é do lar, e o meu pai trabalha na parte financeira numa agência.
P/1 – E como pessoas assim, de temperamento, personalidade, descreve um pouco eles pra gente.
R – Minha mãe é um pouco meio severa, muitas das vezes. Meu pai já é mais calmo. Então sempre tem a intermediação, né? Eu puxei a parte da minha mãe de ser bem ativo, comunicativo e parte tranquila do meu pai na parte profissional.
P/1 – Você tem irmãos?
R – Tenho. Tenho duas irmãs. A minha irmã mais velha chama Daniela Zampieri e tem a minha irmã caçula que é a Priscila Zampieri.
P/1 – Com o que elas trabalham, se elas já trabalham?
R – A minha irmã trabalha comigo na empresa. Ela também é assistente de marketing. E a minha outra irmã mora no interior. No momento ela não está trabalhando.
P/1 – Você sabe qual que é a origem da sua família, Daniel?
R – O sobrenome Zampieri vem justamente da Itália. Então vem da parte do pai do meu avô que veio pro Brasil e também tem uma parte da mãe do meu pai que também veio da Espanha. E da parte da minha mãe é daqui do Brasil mesmo, o meu avô é da Bahia e minha avó era daqui do interior de São Paulo.
P/1 – E esses que vieram da Espanha e da Itália você sabe o porque eles vieram pro Brasil? Alguma vez alguém te contou a história?
R – Eu procurei ir um pouquinho atrás da história, só que eu não cheguei a me aprofundar muito. Então é mais por causa da época, o Brasil oferecia bastante a parte de emprego, um país novo, o pessoal tava saindo de lá da Itália e vindo e sempre o roteiro era no Brasil. Fui buscar na árvore genealógica veio no primeiro navio, bem antigo. No sobrenome nosso tinha Grimaldi, então no decorrer da história acabou desaparecendo daí ficou só o sobrenome Zampieri mesmo.
P/1 – E você sabe se quando eles vieram eles vieram pra São Paulo mesmo? Com o que eles foram trabalhar?
R – Isso. Vieram diretamente pra São Paulo.
P/1 – E com o que eles trabalhavam?
R – Se eu não me engano acho que era a parte de café na época, que era mais o que o pessoal vinha pro Brasil fazer, na colheita.
P/1 – Você sabe o que esses seus antepassados que vieram pro Brasil no que eles vieram trabalhar? Onde eles chegaram quando chegaram ao Brasil e com o que eles foram trabalhar?
R – Eles chegaram diretamente no Brasil aqui na cidade de São Paulo. Naquela época era bastante comum o pessoal vir da Itália pro café, da colheita, e tava se montando, a maioria das pessoas vinham através disso.
P/1 – Descreve um pouco pra gente como é que era a casa em que você passou a infância aqui em São Paulo. Onde era, como é que era o bairro, como é que era a casa.
R – Então, toda a minha infância eu passei na cidade de Osasco. Daí durante toda a minha infância sempre morei no mesmo lugar, a gente morava na casa dos fundos que na frente moravam os meus avós. A gente morava na casa dos fundos e minha tia na casa do lado. Tudo no mesmo quintal. Então fui convivendo com os meus primos, com as minhas primas diretamente com o meu avô e com a minha avó e assim foi durante até a idade adulta.
P/1 – Quais que eram as brincadeiras de infância? Com quem você brincava, do que você brincava?
R – Ah, com os meus primos, né? A gente ia de velotrol brincando de um lado pro outro, peão, bolinha de gude, pega-pega, coisas comuns da criança da nossa época.
P/1 – Você tinha uma brincadeira favorita?
R – Era mais... O que eu posso... Seria mais de esconde-esconde.
P/1 – Era a favorita?
R – De você pegar e ficar naquela ilusão de você pegar, será que eu vou encontrar a pessoa ou não, se eu vou ganhar ou não vou ganhar. Então era mais nessa dinâmica.
P/1 – E a alimentação na tua casa nessa época? Quem cozinhava, o que vocês comiam? Qual era a base?
R – Minha mãe que cozinhava. Então era o normal, o arroz, o feijão, daí tinha salada, tinha o tomate, e no terreno do lado minha vó criava galinha, criava pato, tinha pé de banana, tinha pé de batata doce. Então vira e mexe a gente ia lá, comia ovo, daí pegava o ovo de pato, batia com leite lá e tomava. Então era muito interessante essa época que era uma coisa sadia, não tinha tantas doenças como tem no dia de hoje. Aí você comia o pato, você comia a galinha. Então é uma coisa que hoje a gente perdeu na grande cidade. Naquela época que eu era criança então a gente ainda vivenciava bastante isso. No decorrer de todos esses longos 30 anos então vai se modificando a sociedade e a forma onde a gente mora, a cultura.
P/1 – O ovo com leite era tipo uma gemada, é isso?
R – Isso. Era tipo uma vitamina que fortalecia. Nossa, a gente adorava. Era muito legal. E você vê ali também a comida saudável, o pato ali criando, a galinha, tudo de forma saudável. Você indo alimentar todos os dias ali, indo lá pegar o ovo da galinha, do pato. Nossa, era o máximo fazer isso.
P/1 – Você descrevendo assim parece quase uma zona meio rural assim, em transição. Era muito diferente...
R – Não. E era dentro da cidade mesmo, dentro da área urbana mesmo. Só que era esse terreno do lado que a pessoa não construía, então deixava cuidar. Meus avós cuidavam lá e faziam toda a parte de plantar as coisas tudo e a gente teve uma boa convivência, uma boa infância.
P/1 – Qual que era o bairro?
R – Jardim Mutinga em Osasco, na Rua Rubi.
P/1 – E era muito diferente do que é hoje?
R – Mudou pouca coisa. A casa é a mesma, só foi reformada. Mudou pouca coisa, teve que levantar o muro um pouco mais alto devido as criminalidades e tudo. O bairro continuou o mesmo, as pessoas, os moradores, e o desenvolvimento normal mesmo da sociedade que vem sendo, mas continua sendo ainda, muitas pessoas ainda moram lá que eu me lembro da minha infância.
P/1 – Você falou um pouco assim o que vocês comiam, mas e o momento da refeição? Vocês comiam juntos? Como é que eram os hábitos do momento das refeições? Como é que eram as refeições?
R – A gente sentava a mesa com a minha mãe, com o meu pai, as minhas duas irmãs, às vezes na casa da minha vó também com o meu avô e a gente ali fazia a alimentação todo mundo junto.
P/1 – Quantos anos você tinha quando você começou a frequentar a escola?
R – Tinha seis anos. A pré-escola, né? O parquinho e aí fui caminhando. Depois entrei pra graduação, formando-me em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda. Depois fui fazer pós-graduação em Administração de Marketing. Dei um tempo na área profissional, entrei dentro do seminário pra ver se eu queria seguir a vida religiosa, fiquei um ano e dois meses, depois desisti porque o meu caminhar mesmo era da Pastoral da Criança que é o que eu trabalho até hoje. Durante esses 12 anos a Pastoral da Criança me conquistou mesmo, né? Esse convite eu tive em 2002 na Paróquia Nossa Senhora dos Remédios. Na hora que um colega meu chamado Amilcar que me convidou pra ir, daí eu achei interessante e tudo, aí comecei a fazer ali a capacitação, começaram a dar capacitação e eu fui me apaixonando cada vez mais. Então você ver ali que era uma coisa que eu tinha dentro de mim, que eu gostaria de ajudar outra criança, mas não saberia como. Eu assistia muito o programa Criança Esperança, falava: “Nossa, eu gostaria de estar participando disso, mas como poderia ser?”. Aí surgiu essa oportunidade dentro da Pastoral da Criança, fiz ali, fui formado. E outro sonho que eu tinha muito grande dentro de mim, porque a gente naquela época, 12 anos atrás, as áreas livres você queria ter certa distância, eu aprendi ali que realmente tem pessoas muito humanas, pessoas que realmente precisam da gente. Aí em 2002 eu entrei pela primeira vez dentro de uma favela. Achei um mundo totalmente fantástico, totalmente diferente. Você ver aquelas crianças, a história de cada um deles ali e ver que ali realmente pulsa um grande coração e através do amor.
P/1 – Eu vou voltar um pouquinho pra sua infância, mas depois a gente vai conversar com mais detalhes sobre o momento em que você entra na Pastoral.
R – Tranquilo.
P/1 – Queria saber ainda nessa fase de infância quais são as primeiras lembranças que você tem da escola, quando você começou a frequentar a escola.
R – Na escola mesmo foi a parte de desenho. Sempre gostei de desenho então me atraía muito as cores, tudo e aprender. Na hora que eu comecei a pintar todos aqueles personagens que os professores davam pra pintar, então vinha dali. Eu sempre quis criar as coisas. Conforme foi desenvolvendo tudo, depois na fase adulta eu peguei e cheguei a estudar desenho artístico, né? Eu realizei aquele sonho de infância que eu tinha e ali eu pude desenvolver através da parte técnica. Então me marcou muito a infância essa parte do desenho.
P/1 – E quando você era pequeno assim, você tinha algum sonho de ser alguma coisa quando crescesse? Falava: “Quero ser tal coisa quando crescer”. Tinha isso?
R – Sim. Quando eu era criança eu pensava muito em ser médico, agora eu não sabia qual a especialidade. Daí você vai crescendo com aquele sonho sempre, depois eu falei: “Ah, não. Eu vou ser pediatra. Não. Eu vou ser psicólogo”. Aí conforme eu fui crescendo vai mudando, escola, tudo. Tive algumas dificuldades na escola, repeti três anos porque eu não me adaptava muito na parte da manhã. Eu só comecei a me dar bem na escola mesmo quando eu fui pra parte da tarde, aí eu comecei a desenvolver bem. Aí eu notei que eu só melhoraria mesmo o meu estudo se eu tivesse na parte da tarde ou da noite. Depois chegou na adolescência eu comecei a trabalhar estudando à noite e assim foi uma vida corrida de estudo e trabalho, e sempre buscando terminar os estudos. Minha mãe sempre incentivando, depois que eu terminei o colegial minha mãe falou: “Você tem que fazer uma faculdade”. Sempre ali pegando no meu pé, você tem que fazer faculdade, você tem que fazer faculdade. Meu patrão também cobrando muito, né? Daí eu resolvi fazer o vestibular. Fiz aqueles testes pra ver o que dava, deu Educação Artística, deu outras coisas, aí apareceu o curso de Publicidade e Propaganda. No início eu peguei lá e escolhi e comecei a fazer o curso. Aí eu falei: “Eu acho que eu não tenho nada a ver com isso”. Depois conforme foi passando o tempo eu fui me adaptando mais e falando realmente eu escolhi a profissão certa que eu quero estudar e quero estar pra frente. Sempre trabalhei na área gráfica, então já era de propaganda, já estava dentro da área. Também sempre utilizar minha parte profissional em favor dos outros.
P/1 – E nessa fase de infância ainda pra gente fechar um pouco a infância, tem alguma história, um episódio que você tenha vivido que tenha te marcado?
R – Deixa-me ver se eu recordo.
P/1 – Uma situação mais significativa, uma coisa que tenha ficado na memória.
R – Foi mais a perda da minha avó mesmo. Eu tinha bastante convívio com ela, da forma que ela faleceu, porque ela fumava muito, aquilo me deixou muito triste por dentro. Porque a minha avó, eu tinha bastante convívio com ela, então foi assim uma coisa bem marcante na minha infância mesmo. A perda da minha avó e da minha tia também que morreu de câncer, naquela época não tinha todos os tratamentos, as possibilidades que tem hoje. Então eu acompanhei muito principalmente a fase da minha tia também terminal do câncer. Então isso marcou muito a infância, de duas grandes perdas. Isso marcou muito a minha infância.
P/1 – Quantos anos você tinha?
R – Quando a minha tia faleceu eu tinha sete anos e a minha avó com oito anos. Um ano seguido do outro.
P/1 – Bem novinho. E depois nessa mudança da infância pra adolescência, Daniel, que muda uma série de coisas normalmente na nossa vida em termos de amizade, de lazer. Queria saber o que mudou pra você, se mudou alguma coisa e o que mudou em termos de amizade mesmo, do que você fazia pra se divertir, se você saía.
R – Então, a minha adolescência foi um pouquinho conturbada. Como eu não tinha amigos então eu era uma pessoa meio isolada. Eu me dediquei muito aos estudos, mais a estudar, focar mais nessa parte, na parte profissional, trabalhava muito. Então a minha adolescência foi mais a parte profissional e a parte de estudos. Então procurando sempre almejar o que melhor eu podia ter no meu futuro lá na frente.
P/1 – Você falou de estudo, você teve algum professor marcante durante assim o ensino básico?
R – Tive a minha primeira professora do parquinho, chamada Denise. Então marcou porque ali eu tinha acabado de entrar na pré-escola, no parquinho. Então foi uma grande mestra, que ao mesmo tempo ela ensinava ali a gente com o convívio com as demais crianças, o que podia, o que não podia. Aí teve um evento no parque em que levaram a Emília, todo o pessoal do Sítio do Pica Pau Amarelo e naquela época passava na televisão. Aí você ver aqueles personagens ali diretamente com você ali, então pra toda criança você fica vislumbrado com tudo isso, com aquele mundo e tudo mais. Você quer entrar pra participar lá como se você tivesse fazendo parte daquelas pessoas que se encontravam ali.
P/1 – Então foi a professora que mais te marcou?
R – Isso.
P/1 – E você comentou que um pouco mais tarde você foi ser seminarista, eu queria saber se a sua relação com a religião vem desde novinho. Sua família sempre foi religiosa? Você sempre frequentou a igreja? Como é que foi isso?
R – Então, a parte já vinda dos meus avós. Então da parte da minha avó paterna, sempre a vendo ali rezando e tudo mais, aí a minha mãe pediu pra gente fazer a primeira comunhão. Então fui eu, a minha irmã mais velha, Daniela, e a minha prima Ana Cláudia e minha outra prima Regina. Então a gente começou a fazer ali a primeira eucaristia, eu me apaixonei mais ainda pela igreja católica. Porque eu fui batizado na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, então sempre tive muito forte essa parte do catolicismo através da minha avó, aí depois eu comecei a fazer a primeira comunhão, depois me afastei um pouco por causa dos estudos e tudo mais. Daí retornei com 20 anos pra igreja no grupo de oração Cristo Salvador no Jardim Marisa, impactou muito mais, eu podia estar ativamente ali dentro da igreja. Aí mais tarde eu comecei a frequentar a missa direto, ali eu fui desenvolvendo mais ainda a minha parte religiosa. Sempre tive de oração em casa, internamente mesmo, orando pelas pessoas o que poderia estar ali de melhor e o que eu poderia fazer pra melhorar mais pra frente.
P/1 – E você mencionou também que você começou a trabalhar cedo, né? Trabalhou ainda...
R – Isso. Comecei aos 16 anos na gráfica onde eu trabalho até hoje com o Yang e o Chung que são duas pessoas que me ajudaram muito durante a adolescência, quando eu entrei, a me formar um grande profissional, a parte justamente de estudos, sempre me incentivando.
P/1 – Quando você começou a trabalhar nessa gráfica qual era o seu trabalho?
R – Eu comecei na produção mesmo como ajudante de produção. Depois eu fui pro departamento de arte que era a parte de fazer os desenhos, tudo, pra parte gráfica pra depois transferir pra chapa e todo o processo gráfico, eu também ali me encantei muito. Antigamente não existia computador, essas coisas, a gente tinha que fazer todos os desenhos na mão e depois transferir pra um filme pra depois transferir pra uma chapa pra rodar no offset.
P/1 – E esse emprego na gráfica você conseguiu através de alguém? Como é que você foi procurar?
R – Através da minha irmã. Minha irmã que chamou, que eles estavam precisando, que a gráfica sempre tem sazonalidades, então tem tempos que tem bastante serviço, outros tem pouco ali ela me chamou, estavam precisando. Aí os dois donos da empresa viram que eu tinha capacidade e tudo, deram-me uma oportunidade e me registraram. Aí me transferiram pro departamento de arte onde eu trabalhei longos anos e agora eu trabalho mais na parte de produção. Então foi uma coisa bem marcante dentro da minha própria área profissional.
P/1 – E você lembra o que você fez com os primeiros salários que você recebeu, se você comprou alguma coisa que você queria muito? Como é que você usou esse dinheiro?
R – Comprei roupa, né? Dei uma parte pra minha mãe, comprei roupa. Aquele primeiro salário você não sabe o que você faz. Vai lá, sua mãe: “Vai lá. Compra o que você quer”. E aí você começa: “Nossa, eu estou ganhando dinheiro, agora eu posso ter as minhas coisas”. Você já livra os pais de todo aquele peso de estar pegando ali todo mês dando, às vezes não consegue comprar o que o filho quer, você ter o dinheiro pra você comprar aquilo que realmente você quer.
P/1 – Você mencionou que você não era muito de sair porque trabalhava e estudava, que eram os seus focos, e porque você era mais fechado, introspectivo, mas tinha alguma coisa de lazer que você fizesse mesmo que fosse por conta própria, como cinema, música?
R – Eu gostava muito de pedalar e de caminhar. Então andava muito por São Paulo pedalando, conhecendo os bairros tudo, Parque do Ibirapuera. E foi indo, você conhecendo toda a cidade, a cidade de Osasco inteirinha. Então eu me desligava do mundo e ia pedalando e conhecendo. Foi ótima essa fase.
P/1 – E nessa fase ainda na adolescência e juventude, num aspecto mais amoroso, você conheceu alguém, teve algum relacionamento que tenha te marcado ou um primeiro amor, uma paixão?
R – Não. Que me marcou não.
P/1 – Nada mais significativo nesse sentido.
R – Não.
P/1 – E que idade você tinha quando você começou a pensar em ser seminarista?
R – Eu estava com 29 anos. Aí vinha muito aquilo interno: “Será que minha vocação é ser padre? Será que eu consigo? Será que realmente é o chamado de Deus?”. Aí eu preferi terminar primeiro a minha pós-graduação pra se realmente fosse tudo aquilo eu me entregaria de corpo e alma. Se não fosse pelo menos eu tinha já a minha parte profissional toda certa e se eu me arrependesse lá pelo menos eu saberia que teria feito algo ali melhor. Eu entrei na congregação de Santa Cruz onde aprendi muitas coisas lá. Como viver em comunidade, como fazer os trabalhos, a história do próprio fundador, a caridade, conheci os projetos sociais que tinham lá dentro. Mas o que sempre me chamava mais era a Pastoral da Criança, que em 2002 eu me inseri na Pastoral da Criança. Então ali dentro de mim, depois que eu estava dentro do seminário, falava muito forte a Pastoral da Criança. Não de eu estar na parte fechada, mas sim estar no meio das pessoas e ajudar as pessoas com as gestantes, com as crianças que a gente acompanha mensalmente.
P/1 – Quanto tempo você ficou no seminário?
R – Fiquei um ano e dois meses. Foi uma coisa muito marcante. Eu saí também por alguns problemas de saúde que eu tive, mas foi uma fase que me marcou. Todo mundo que passou por um seminário sabe que marcou a sua vida através ali de você aprender muitas coisas que você muitas vezes tem dúvida, e você acaba tendo uma grande maturação, você se torna uma pessoa muito madura.
P/1 – Você consegue dar um exemplo pra gente assim de alguma coisa que você tenha vivido no seminário que tenha sido...
R – Dentro do seminário o que mais me marcou foi a missão que nós fizemos em 2009 na cidade de Mamonas em Minas Gerais, ali tinha mais ou menos umas 12 comunidades rurais. O padre pegou e fez toda aquela parte da gente sair em missão e nessa época de 2009, na época que eu fui fazer a missão eu estava muito debilitado, eu tive problema de colite, então eu tive diarreias durante seis meses, cheguei a 42 quilos, os médicos nunca descobriram o que estava. Aí tinha essa missão que todo seminário tinha que fazer, pra ir pra Mamonas, e eu dentro de mim: “Eu quero ir, quero ir, quero ir”. Aí conversei com a psicóloga que faz o acompanhamento interno, conversei com o meu médico, conversei com a nutricionista, prepararam tudo que eu deveria fazer ali, porque o sol era muito forte, é um lugar muito seco, eu fui preparado. Cheguei lá, achei que eu ia passar mal, tive alguma coisa, mas realmente não. Foi uma coisa maravilhosa, a recepção das pessoas lá, o calor humano de cada um. Eu pude falar com várias pessoas que estavam muito tempo sem se conversar, você falando ali sobre o amor de Deus e tudo mais, e aquilo me tocou muito forte, principalmente no dia da despedida que ninguém queria que nós viéssemos embora. Ali eu me senti totalmente realizado mesmo. Você estar numa comunidade ali bem distante e você ter a receptividade, as pessoas ali buscando sempre uma palavra amiga e você ter aquela palavra pra poder dar praquelas pessoas.
P/1 – Eu queria entender um pouco melhor o que vocês foram fazer nessa missão. Era uma missão de aconselhamento? Qual que era o trabalho?
R – Não. Essa missão é sempre feita nas comunidades pra você evangelizar mesmo as pessoas, se tiver algum problema alcoólico você estar ali dando a orientação, algum problema de família, dar a catequese necessária através da oração, do compartilhamento, levar a palavra. Isso marcou muito porque a espiritualidade ali daquelas pessoas da cidade de Mamonas era muito aflorada. Então a gente que vive uma cidade urbana, uma metrópole como São Paulo, é difícil você encontrar isso. Lá você encontra realmente como se você fosse beber ali diretamente da fonte do amor de Deus, você encontra nas pessoas.
P/1 – Nessa experiência você se lembra de alguém que tenha te marcado em especial? O contato com alguma pessoa?
R – A Fernanda que até hoje eu tenho contato com ela, que a gente ficou num salão da comunidade. Minha casa era a mais próxima, aí sempre ela e o marido dela que levavam a gente nas comunidades mais distantes, rurais ali, pra gente fazer a celebração da palavra. Recentemente ela teve um filho que nasceu há pouco tempo lá e eu fiquei superfeliz de manter ainda contato e o desejo que ela tinha, ela e o marido dela, de ter um filho e ter esse menino também que chama Daniel.
P/1 – Deram o seu nome pra ele?
R – Não. Não tem nada a ver com a minha parte. Foi mais pelo significado mesmo do nome.
P/1 – Qual que é o significado?
R – Deus conosco.
P/1 – Um pouquinho antes de você entrar no seminário, eu queria saber assim, você disse que sempre sentiu essa inquietação de que talvez tivesse uma vocação religiosa forte e tal, queria saber se antes da experiência do seminário teve algum momento que te deu um clique nesse sentido. Alguma experiência, alguma coisa que você viveu, a primeira vez que você considerou isso de uma maneira mais séria ou clara.
R – É que eu sempre via ali dentro da celebração da Santa Missa quando o padre ali fazia a consagração, tudo ali, vendo o trabalho que fazia em volta da comunidade, eu sempre olhava dentro de mim e falava: “Eu quero ser assim”. Eu gostaria de vivenciar mais o que vem ali dentro da palavra de Deus. Eu acho que a forma de pegar, expressar-me melhor seria se dedicar totalmente. Durante um bom tempo isso ficava dentro de mim. Aí um dia eu tava fazendo a leitura da palavra lá, senão me recordo era a primeira leitura, quando senti um calor bem forte. Comentei com uma amiga, que é a Luzia, ela falou: “Daniel, tenta, vai. Às vezes Deus está realmente te chamando e você tá pegando e jogando tudo isso pro alto e não quer ir. Vai, tenta, vê lá se realmente é isso”. Entrei no seminário, aí você vai lá, nossa, muito legal isso e aquilo, mas realmente depois da fase de toda parte de doença que eu tive, fiz a missão e tudo mais, mas sempre me chamando a Pastoral mesmo pra fazer trabalho externo.
P/1 – Você lembra qual era a leitura?
R – Não. Não me recordo.
P/1 – Vou voltar um pouco também, depois a gente volta pra Pastoral, como é que você conheceu e tal, mas um pouco antes, aí no final dessa fase do ensino básico. Você já mencionou rapidamente como é que você escolheu a profissão, eu queria que você dissesse quando é que você decidiu que ia fazer Publicidade e qual que foi a experiência dentro da faculdade. Como é que foi sua experiência com a faculdade?
R – Isso foi no ano de 2001 que eu entrei na faculdade. Meu chefe falava bastante pra mim pra fazer Engenharia, eu falei: “Não. Não tem nada a ver comigo”. Eu sempre pensava em fazer Ciências Políticas, porque eu sempre gostei de política, até hoje gosto bastante de política. Quando eu fui fazer ali o vestibular, tudo, acabei prestando pra Comunicação Social, falei: “Tem tudo a ver com o que eu trabalho” que eu já tava no ramo gráfico, tem tudo a ver comigo, então resolvi fazer ali e acabei me apaixonando cada vez mais porque tinha aula de TV, tinha aula de rádio. Então me apaixonava cada vez mais. As campanhas publicitárias, de como fazer, como elaborar, como fazer um texto muito bem feito, como trazer ali o consumidor. Então isso eu já vivia ali diretamente na minha área profissional.
P/1 – Você sentia essa aplicação do que você tava aprendendo dentro da gráfica? Como é que era isso?
R – Sim. Porque como eu já trabalhava com propaganda no departamento de arte, a comunicação, então muita coisa que eu aprendi dentro da faculdade eu já vivenciava na área profissional. Sempre fui uma pessoa muito comprometida, sempre profissional, um pouquinho estourada porque o ramo profissional é muita correria porque as coisas têm que rodar muito rápido. E fui me deslanchando na área da propaganda.
P/1 – E quando você terminou a graduação você foi pra pós direto? Como é que foi isso?
R – Não. Eu terminando a graduação, daí eu continuei somente trabalhando na mesma área. Aí depois eu saí do ramo gráfico, fui trabalhar no ramo bancário, não me adaptei, depois voltei pro ramo gráfico de novo, eu pude perceber que eu precisava de algo a mais. Eu sempre queria depois que estava ali fazendo a graduação terminando, queria fazer pós-graduação na área de marketing que eu queria ali quando eu tive o conflito no início de fazer. Depois em 2008 eu comecei a fazer a pós-graduação e encerrei no próprio ano de 2008.
P/1 – E aí como é que foi a pós-graduação? Conta um pouco da experiência.
R – Nossa, a pós-graduação foi a melhor fase porque você está se especializando. Então todos os conceitos que eu tinha dentro de mim, que eu tinha aprendido na graduação, ali tinha algo a mais. Por eu estar dentro da área mesmo então me ajudou mais ainda a me aprofundar dentro da minha própria área através das estratégias, o que é interessante, o que pode, o que não se pode fazer dentro da propaganda, quais as estratégias pra melhorar as vendas, qual estratégia pra atender melhor o consumidor.
P/1 – E aí logo depois que você terminou a sua pós você foi pro seminário, que há pouco você contou pra gente?
R – Isso. Em 2009.
P/1 – E aí nessa transição: saída do seminário, entrada na Pastoral, eu queria saber como é que você conheceu a Pastoral, quando você teve o primeiro contato com a Pastoral? Primeiro isso.
R – Então, a Pastoral eu comecei em 2002 na Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, ali com um grupo de mais ou menos umas 26 pessoas sendo formadas como líderes no meio de novembro de 2002. Quando a gente finalizou esse trabalho a gente saiu pra ir a comunidade visitar ali a favela, que a mais carente que tinha ali da época, a gente começou a encontrar a realidade daquelas crianças. As mães contando, a gente fazendo o cadastro da criança ali, toda a infraestrutura que precisava, eu me apaixonei. A gente teve a primeira celebração da vida que era a pesagem das crianças, a gente ali compartilhava conhecimento. Depois eu comecei a fazer as visitas junto com a Ana que era também líder, que nós íamos de dois em dois, e a gente visitava essas famílias acompanhando essas crianças e a realidade. Uma história que me marca muito forte hoje da Pastoral da Criança de quando eu iniciei foi a vida do Alan, que a gente acompanhou da Pastoral da Criança. A mãe por todo aquele problema que ela tinha de saúde, eles moravam em um único cômodo, ela tinha mais quatro filhos, marcava pela fé que ela tinha. A gente ia lá pra levar ali o nosso conhecimento, o pouco que a gente tinha, e ela através do testemunho de vida dela nos trazia um amor maior ainda incondicional. Um fato que me marcou bastante que ela falou que uma vez ela tinha recebido um donativo, ela tinha falado pros filhos irem lá pegar, pegou e depois se passaram algumas horas uma pessoa bateu na porta dela pedindo alimento que precisava, ela tinha acabado de ganhar aqueles alimentos. Então ela pegou e entregou tudo que ela tinha. Aquilo me marcou muito. Daí ela falou: “Mais tarde veio outra pessoa até a minha casa trazer alimento, o dobro daquilo que eu tinha dado, daquele início que eu tinha”. Nossa, eu fiquei vislumbrado com tudo aquilo. Vendo o acompanhamento dela, toda a dificuldade da doença dela, de acompanhar os filhos, a gente sempre ali dando as orientações, vendo o que era melhor ali, a criança crescendo e se desenvolvendo ali. É aquilo, quando você vê uma criança sair de qualquer situação de risco e ela abrir um sorriso, aquilo vale mais do que qualquer dinheiro, qualquer coisa no mundo. Isso que me apaixona muito quando a gente faz o trabalho da Pastoral da Criança, na gente ver uma criança ou que ela está desnutrida, ou que falta algum tipo de alimentação que ela deveria estar tomando, ou ela está com anemia, a gente dá a orientação pra mãe, dá orientação pro pai de como agir ali, quais os alimentos que são bons pra dar aquela criança e ela começa a ganhar peso, é uma grande vitória que a gente tem. Então isso é muito marcante. Eu sempre lembro do trabalho da doutora Zilda, ela pegando e falando que a pessoa mais importante do mundo é justamente aquelas crianças que nós acompanhamos. A Pastoral nasce ali da multiplicação dos pães e dos peixes, ela usa essa metodologia trazendo ali a multiplicação do conhecimento de cada um é formado o primeiro guia do líder. Hoje ele é reconhecido internacionalmente pela OMS. Um guia muito bem desenvolvido de todas as necessidades, o índice de mortalidade infantil no Brasil era muito grande há 30 anos, através do soro caseiro da multimistura conseguimos começar a mudar essa realidade no país. Hoje o Brasil diminuiu muito a mortalidade infantil através do soro caseiro, da alimentação saudável. Agora a Pastoral da Criança a gente está indo atrás das crianças obesas, que comem muitas coisas que não devem. Então a gente está agora com esse foco e também as crianças de zero até completar dois anos de idade, que são os mil dias, a importância ali dessa primeira infância, de fazer um bom pré-natal a gestante, um bom acompanhamento. Se está se desenvolvendo bem o feto dentro da barriga ali da gestante, aí a gente vai acompanhando mensalmente se ela está tomando as vacinações em dia, se ela está fazendo corretamente o pré-natal, se a curva uterina que é o diâmetro da barriga está sendo medido, se ela está tendo algum tipo de dificuldade no caminhar, se ela está tendo problema de pressão alta ou não. quando a gestante tem algum problema de risco então a gente tem um acompanhamento mais específico, mais de perto. E o que sempre me apaixona cada vez mais que eu vou fazer as visitas da Pastoral da Criança é você qualquer lugar que você passar aquela criança lembrar você. “Oh, tio”. O tio da Pastoral, a tia da Pastoral. Outro fato muito marcante mesmo nessa minha caminhada quando eu ainda morava na cidade de Osasco, foi conhecer uma líder cega. A primeira líder cega do Brasil. Ela contanto a história dela que ela queria ali trabalhar com a Pastoral da Criança, mas ela não teria como ali, e a mãe dela se oferece pra estar na capacitação junto com ela, formou-se líder junto com ela, fez as visitas junto com ela, ali dentro da Pastoral da Criança ela se sentiu inserida. Durante a pré-escola ela sempre tinha um sonho de estudar isso e aquilo e dentro da Pastoral ela encontrou ali um trabalho que ela poderia fazer, ela vendo ali o acompanhamento da gestante, vendo o acompanhamento daquelas crianças lá, o carinho que aquelas famílias ali traziam pra ela. Nossa, isso foi tão marcante, quando eu contava a história dela, que pediram pra eu contar a história dela, escrever pra mandar pro nacional da Pastoral da Criança, aquilo me impactou de tal forma tão forte que me fortaleceu mais ainda pra estar no caminhar da Pastoral da Criança.
P/1 – Qual que é o seu papel ou a sua função na Pastoral, Daniel?
R – Hoje na Pastoral da Criança eu sou líder na minha comunidade Nossa Senhora Aparecida da Paróquia Santa Luzia. Sou coordenador de área da região Pirituba e sou assessor de comunicação da Pastoral da Criança aqui na arquidiocese de São Paulo. Então eu escrevo alguns artigos, mando pro nacional sempre com a orientação da coordenadora que é a Aparecida, coordenadora da arquidiocese. Então sempre nessa parte de comunicação, eu sempre utilizei isso, né? Também quando eu era da cidade de Osasco eu fiz trabalho de rádio numa rádio comunitária falando da Pastoral da Criança sempre com um assunto sobre a saúde, dando a orientação através da rádio.
P/1 – Como é que era? Explica um pouco mais pra gente sobre esse trabalho com a rádio comunitária.
R – Então, essa rádio comunitária eu tinha sido convidado por um rapaz que ele já fazia um programa na rádio, ele tinha um programa dele específico. Na época a Pastoral da Criança tinha um projeto que é o programa Viva a Vida da Pastoral da Criança, que vem toda uma orientação, eu fiz a oficina de rádio na Pastoral da Criança e a gente divulgar esse trabalho. Então nessa rádio comunitária o dono lá cedeu um espaço dentro do programa do JB na época a gente falava de alguns assuntos da saúde, o que precisava ser melhorado. Depois eu tive um programa somente do Viva a Vida mesmo que eu apresentava ali e levando sempre as informações da Pastoral, que tinha grande abrangência na época.
P/1 – Qual que era a rádio?
R – Rádio Terra.
P/1 – Queria voltar um pouquinho quando você teve o primeiro contato com a Pastoral, você disse que foi em 2002, Nossa Senhora dos Remédios, foi isso?
R – Isso. Na paróquia Nossa Senhora dos Remédios.
P/1 – Era a paróquia que você frequentava na época, é isso?
R – É a paróquia onde meus pais se casaram e que minha avó frequenta. Fazia parte da comunidade que eu frequentava que era o Cristo Salvador do Jardim Marisa, e a paróquia era Nossa Senhora dos Remédios, ali eu encontrei o padre Moisés, uma pessoa muito importante. Na época ele era seminarista, hoje ele é padre e é pároco dessa paróquia, ali pela alegria de ele estar ali, de ajudar as pessoas, de orientar, todo o carinho que ele tinha ali, trouxe-me muito isso. O padre Robson também que na época era seminarista que fez a formação juntamente com a gente da Pastoral da Criança, a capacitação dos líderes, também teve um papel muito importante que ele já conhecia toda a área ali da paróquia onde a gente ia atuar.
P/1 – Queria que você falasse um pouquinho mais também, uma coisa que você já mencionou, da primeira visita que você fez a uma favela. Como é que foi a experiência pra você? O que foi de diferente daquilo que você esperava e se teve alguma situação também que tenha te marcado nessa primeira ou em alguma outra posterior.
R – Essa primeira vez que eu entrei lá dentro o choque é grande da realidade. Você vem ali de uma forma que você tem tudo e você encontra as pessoas que não têm. A gente começando a cadastrar lá, subindo toda aquela viela tudo lá e as pessoas indo, voltando. A gente não tinha o costume, muitos foram com medo, mas eu não cheguei a ter medo, eu tava ali realizando um sonho de entrar ali e ver a realidade como que as pessoas viviam. A gente fazendo o cadastramento, as pessoas dando a orientação e o muito interessante é que nessas áreas onde atuamos da Pastoral da Criança nós pudemos ver que as pessoas ali reconhecem o trabalho, principalmente aquelas pessoas que muitas das vezes dominam essas áreas, eles têm um respeito muito grande pela Pastoral da Criança, pelo trabalho que a gente faz. Muitas das vezes algumas pessoas não conseguem acessibilidade a essas pessoas, nós conseguimos abrir esses canais de visitar porque eles sabem da importância que tem esse trabalho de você orientar, de você ver o acompanhamento, vendo o bem estar daquela família. Então a gente é muito recepcionado em todos os lugares que a gente vai e isso foi uma coisa extraordinária. Você entrar numa área que você não conhece, que você sempre acha que só tinha pessoas ali que eram do mal e você descobre que não, tem muitas pessoas do bem ali e você pega e fica ali vislumbrado com tudo isso. Outro fato muito interessante também nesse meu caminhar dos 12 anos na Pastoral da Criança também como líder, uma líder chamada Sidnéia falou pra mim: “Daniel, tem uma mãe que está querendo abortar. Eu preciso que você vá lá e me ajude mudar isso na cabeça dela. Como que eu posso fazer isso?”. Nessa época eu trabalhava no banco e vinha muito dentro de mim ali a parte do perdão, eu peguei e comecei a falar praquela mulher ali sobre o perdão. Fiquei mais ou menos uma hora e meia falando e nem notei a hora passar e as pessoas passando de um lado pro outro, de um lado pro outro, ali eu pude ver que Deus realmente tocou nela. Eu me afastei por um tempo da Pastoral da Criança devido aos trabalhos pessoais, que eu tinha que reorganizar a minha vida, depois de um ano e meio mais ou menos eu voltei naquela comunidade, na casa que eu acompanhava aquela criança e encontrei essa mãe. Falei: “E aí? O que você fez? Eu fiquei tão preocupado, aquele dia que a gente conversou, o que aconteceu?”. Ela falou: “Daniel, aquele dia me tocou tão forte dentro do coração que eu desisti de fazer aquele aborto. E aquilo tocou tão forte na minha filha também que ela pegou e começou a sair pedindo perdão ali pra todas as pessoas”. Ela falou: “Aquele dia foi marcante na minha vida. Eu tava precisando ouvir muito algo de alguém, não sabia, eu estava com medo, querendo fazer aquilo e na hora que aparecem vocês da Pastoral da Criança, começam a falar sobre o perdão, sobre a vivência daquilo que teve, eu desisti de fazer esse aborto”. Eu falei: “E aí, como que está a criança?” “Ah, tá muito bem. Inclusive ela é acompanhada por uma pediatra lá no Hospital Regional”. Eu falei: “Qual o nome dessa pediatra?”. Ela falou: “Doutora Márcia.” “Ah, eu conheço a doutora Márcia. Ela era uma cliente minha quando eu trabalhava no banco. A criança está em boas mãos”. E essa doutora Márcia também já trabalhou na Pastoral da Criança. O carinho dela sempre pelas crianças tudo, todas as vezes que eu tenho algum problema, alguma dúvida ali eu ligo pra ela, ela sempre me atende de uma forma que eu posso contornar aquilo lá e dar uma orientação necessária praquela família que a gente acompanha.
P/1 – E esse dia da celebração da vida, é esse que é o nome correto?
R – Isso.
P/1 – Conta um pouco como é que é esse dia da celebração da vida.
R – Então, o dia da celebração da vida é o dia que a gente celebra a vida de todas as crianças, né? Aquelas crianças que nasceram, aquelas crianças que a gente acompanha, a gente brinca com aquelas crianças, a gente dá palestra com as mães. Recentemente a gente tava falando muito sobre a dengue, o que ela traz, como que tem que ser, preservar pra que isso não aconteça, porque na nossa cidade teve um surto muito grande de dengue e a gente dando essa orientação. Ali também a gente fala das alimentações necessárias, a gente fala sobre a pneumonia, brinca com aquelas crianças, a gente faz a pesagem, a gente vê se aquela criança está se desenvolvendo. É um momento que a gente tem ali de confraternizar a alegria daquelas crianças, a gente faz o peso, a gente conversa um pouco mais com a mãe. Porque a gente faz a visita domiciliar, mas ali no dia da celebração da vida tá todo mundo descontraído, as mães podem ali brincar com os seus filhos juntamente com os líderes. Na minha comunidade a gente serve alimentação, um almoço ali que vários colaboradores nos ajudam ali. Então também através dessa alimentação a gente ensina as crianças através da verdura, a comer verdura, o que é importante ali de comer. É um dia muito importante pra nós da Pastoral, assim como a visita domiciliar a celebração da vida, a gente está celebrando ali. Quando tem um aniversário de alguma criança a gente junta tudo ali e se canta o Parabéns, que muitas das vezes a criança ali não tem todo esse convívio, às vezes não tem essa realidade, né? O mês de agosto, o primeiro sábado de agosto a gente celebrou 12 anos na comunidade Nossa Senhora Aparecida, então a gente fez uma grande festa ali com as crianças, com bolo e tudo mais. A gente deu a comida, depois a gente foi cantar o Parabéns e todas as crianças ali ficaram felizes de poder ser parte daquilo e de celebrar a alegria, que muitas das vezes ela não tem na sua casa de poder celebrar o aniversário dela. No final do ano também quando a gente faz aquela festa grande, junta toda a comunidade ali que nos ajuda a fazer uma grande festa no final do ano pra celebrar o Natal, o nascimento de Jesus. A gente mostra a importância de Jesus, a importância de Maria, o papel fundamental que Maria tem dentro da Pastoral da Criança. Quando ela vai visitar a sua prima Isabel e no ventre ali da sua prima Isabel aquela criança mexe ali dentro. Então sempre a gente vê essa visita do que? De você ir levar a boa nova, mas você receber a boa nova.
P/1 – Tem alguma situação no dia da celebração da vida, uma experiência, uma situação que tenha te marcado nesses anos todos?
R – Um dia um fato de uma criança que a gente via essa criança que era uma criança que tinha um pouquinho de medo de estar ali no meio das outras crianças, e você pegar ali, ir até ela, conversar com ela, sentar, começar a brincar com ela, conversar com ela, chamar mais outra criança e ela começar a interagir. Você verifica que ela começa a ter um convívio com a outra. Muitas das vezes que marca uma gestante que a gente acompanhou, devido a realidade de onde ela morava, ela teve toxoplasmose durante a gestação, depois ela teve a criança e a criança nasceu com problema de um defeito no olho, porque sempre a toxoplasmose traz algum tipo de problema na criança. Aí a líder que acompanhava essa criança pediu minha ajuda, eu entrei em contato com as pessoas responsáveis da Pastoral, encaminhamos essa criança pra um especialista, esse especialista fez todo o diagnóstico da criança e ela foi encaminhada pra fazer a cirurgia de correção do olho. Então as duas vezes ali que ela precisou fazer cirurgia, não deu porque ela estava doente, agora ela só está esperando ganhar um pouco mais de idade pra ela poder fazer a cirurgia. Você poder ver que você pode ajudar aquela pessoa. Também através dos postos de saúde, quando a gente vai lá conversar com a administração do posto, vê a realidade que tem ali, a gente traz a realidade das famílias que não conseguem marcar a consulta, a gente vê os dois lados. Através daquele consenso você vê o que precisa, muitas vezes o posto de saúde... Uma vez eu me recordo de uma enfermeira que falou: “Eu gostaria de saber, depois que a gente acompanha essas gestantes, elas têm essas crianças, a gente queria saber o que aconteceu. Se nasceu bem, onde está”. Nós como Pastoral da Criança fomos lá, ela falou: “Eu gostaria muito de saber”. A gente falou: “E nós precisamos de gestantes. Por isso que a gente veio até aqui vocês pra saber se tem, a gente pode acompanhar, o que a gente precisa fazer”. Então sempre esse diálogo dentro da comunidade ali local, o que a gente pode fazer de melhor pra poder ajudar as nossas crianças acompanhadas e gestantes.
P/1 – Eu queria saber quantas mulheres e quantas crianças vocês têm cadastradas e qual que é a comunidade que vocês atendem.
R – Lá na paróquia Santa Luzia nós temos aproximadamente, mais ou menos, 145 crianças sendo acompanhadas e mais ou menos umas 10 gestantes, que são acompanhadas, isso dividido as duas comunidades.
P/1 – E queria falar um pouquinho agora dessa aproximação do Criança Esperança com a Pastoral. Desde quando, se você sabe me dizer desde quando que a Pastoral recebe os recursos do Criança Esperança, e como é que esses recursos são utilizados, no que ele são aplicados.
R – Esses recursos vêm há algumas décadas, não me recordo muito bem o tempo. Então esses recursos vêm do Criança Esperança, é repassado para a Pastoral nacional e é distribuído tudo isso não somente através do Criança Esperança, mas também de doações de outras pessoas voluntárias no Brasil inteiro, algumas outras empresas também apoiam, vem essa verba e chega até nós. Essa verba é pra gente celebrar, fazendo o dia da celebração da vida, esses recursos são diretamente aplicados naquela comunidade onde você faz o acompanhamento. Tudo isso é prestado conta, de tudo que é feito, tudo nós temos recibo de tudo que é feito, é uma coisa totalmente transparente. Esses recursos vêm também da Unesco, uma parceria grande que o Criança Esperança tem com a Unesco, a Pastoral da Criança, através da Unicef também, que são repassados esses recursos. Hoje o Brasil acompanha mais ou menos dois milhões e 500 mil crianças por todo o Brasil. Hoje a Pastoral da Criança está em 21 países além do Brasil. O último país a ser implantado foi onde a doutora Zilda Arns faleceu naquele grande terremoto que teve ali no Haiti, está sendo reconstruído todo aquele país. Ela morre em missão. Uma mulher que dedicou toda a sua vida em favor do próximo. Eu tava lendo a biografia dela de todos os cursos que ela fez, mas era uma pessoa tão grandiosa de espírito, que ela transmitia tanta paz, a linguagem que ela tinha pra uma pessoa letrada e uma pessoa semianalfabeta é a mesma. Ela conseguiu transmitir isso através de toda a nossa formação, através do guia, do caderno do líder, a gente tem uma linguagem totalmente simples, que desde uma pessoa letrada até uma pessoa semianalfabeta consegue ler e consegue transmitir isso. Cada líder ali que faz a visita ele se sente em casa. Então ele se sente uma pessoa importante dentro da Pastoral da Criança, aquele trabalho que ele faz, que ele está ali, quando a gente preenche o nosso caderno com os dados da criança, quando a gente faz a nossa reunião de avaliação e reflexão daquelas crianças que nós acompanhamos de cada líder ali, nós preenchemos a Fabs e mandamos pro nacional pra ser tudo isso computado com os dados da Pastoral da Criança e passado pro Ministério da Saúde pra ver a realidade de todas as comunidades que estão acompanhadas. Isso é muito gratificante porque não são apenas relatórios que você está preenchendo, isso são vidas que você está escrevendo a história de cada uma delas, você está contando a história de cada uma delas, desde quando ela nasce até ela completar os seis anos, que é a chamada primeira infância que é fundamental na fase de desenvolvimento da criança.
P/1 – Daniel, você mencionou que esses recursos do Criança Esperança são utilizados principalmente pro dia da celebração da vida, né?
R – Isso. Na formação também dos líderes, de compra de materiais que tem que ser utilizado na formação de cada líder. Então esses recursos vêm, é tudo distribuído devido às necessidades da Pastoral da Criança.
P/1 – Se você pudesse me explicar um pouco melhor, o que seriam esses recursos que vocês precisam pra poder fazer o dia da celebração da vida, por exemplo, ou a formação, você está mencionando o material. De forma mais concreta o que são esses recursos que são necessários e que são viabilizados também através dessa doação?
R – Justamente na formação e capacitação do líder. Você tem 15 etapas de duas horas cada, que você tem toda a formação, que ele vai ver desde o início da gestação, a importância do pré-natal, a importância de ter ali a carteira de vacinação em dia. Toda a parte de formação porque é uma constante formação que cada líder tem dentro da Pastoral da Criança. E esses recursos chegam a cada comunidade no dia da celebração da vida que é a pesagem. Então a gente recebe esses recursos por número de crianças pesadas. Nada mais é que uma ajuda de custo ali pra você comprar um alimento pra poder celebrar ali a celebração da vida, um alimento que é necessário, o suco que você vai dar ali. É mais pra esses recursos. Porque o fundamental mesmo é você pegar em torno a comunidade, a comunidade se interagir entre si e ajudar. A metodologia é isso, é você pegar aquela sociedade que está ali, local, e você mobilizá-la para ela ajudar o próximo, aquele que mais necessita ali pra fazer esse acompanhamento.
P/1 – E qual que você acha que é a importância, no caso específico desse recurso do Criança Esperança, pro trabalho da Pastoral? Se é importante e, se é, porque é importante, e pra comunidade que a pastoral atende.
R – É muito importante esse recurso que vem do Criança Esperança, muitas das vezes as pessoas não sabem, que estão fazendo as doações, como que serão utilizados. Porque o Criança Esperança tem vários projetos, né? Ele tem essa parceria também com a Pastoral da Criança. Então muitas das vezes a pessoa que doa não sabe o que está sendo feito, o que está sendo aplicado e quando ela vê realmente que aquilo que ela está doando sabe o destino que está tendo, que está indo pra uma comunidade carente, que está ajudando no desenvolvimento de uma criança, de uma comunidade de várias crianças, de uma gestante ali que está sendo acompanhada, o dinheiro dela não é perdido porque realmente vai pra uma coisa séria. Tanto o trabalho do Criança Esperança juntamente com a Pastoral da Criança. São recursos que realmente saem ali das pessoas que contribuem e é aplicado realmente naquelas comunidades mais carentes que tem.
P/1 – Tá certo. Eu vou encaminhar agora pras perguntas finais. Antes de fazer as perguntas finais eu queria saber se tem alguma coisa que a gente não tenha te perguntado que você gostaria de deixar registrado. Qualquer coisa.
R – Agora uma coisa muito importante pra todos os líderes da Pastoral da Criança que eu vejo é sempre a gente seguir o modelo da doutora Zilda. Que ela foi uma pessoa que transmitiu a paz, transmitiu ali alegria através daquele sorriso e sempre falando: “Nunca devemos nos desanimar”. O que nós plantamos hoje nós iremos colher amanhã. Então é fundamental toda a pessoa que entra na Pastoral da Criança saber o grande empenho que essa mulher teve em poder colocar na prática tudo aquilo que a gente só via nos textos bíblicos e ver ali implantando, ajudando o próximo. Ali quando o Dom Evaristo Arns apresenta o projeto que vinha do Unicef, que precisaria fazer alguma coisa aqui no Brasil, na América Latina, o que era necessário, quando ele apresenta esses desafios pra doutora Zilda ela já tinha um projeto dentro dela de querer ajudar essas pessoas, ali foi fundamental, quando se inicia ali o trabalho da Pastoral da Criança há 31 anos. O ano que vem em janeiro nós estaremos celebrando ali todos juntos o convívio de todos da Pastoral da Criança, e será entregue a moção de beatificação da doutora Zilda, no dia 10 de janeiro lá em Curitiba. Isso torna muito fundamental pra ver o trabalho. Você ver uma grande mulher que soube mostrar da forma mais simples como nós devemos respeitar o ser humano, independente de onde ele esteja. Pode ser uma pessoa letrada, uma pessoa simples, mas se passar 31 anos e continuar com esse mesmo vigor... Nós todos da Pastoral quando ela morreu ali, nós nos sentimos órfãos. Mas nós também sempre pensávamos assim, temos que caminhar em frente, não vamos deixar isso nos desanimar, vamos seguir aquilo que realmente ela nos deixou que é o amor, a alegria, a felicidade de ajudar o próximo. A gente fazendo isso, nós transformamos a sociedade, pelo menos aquelas pessoas que a gente acompanha. Um caso também muito interessante de um rapaz foi acompanhado que eu pude estar no dia da missa de 25 anos da comunidade, estava implantada a Pastoral da Criança, veio já um rapaz, ele pegar e falar: “Foi fundamental o trabalho de vocês, porque vocês iam lá, davam orientação, acompanhavam, conversavam com a gente, com a minha mãe ali e nunca se esqueceram da gente”. Então isso, você ver ali um adulto falando daquilo que marcou a infância dele com a Pastoral da Criança ali acompanhando, é um trabalho totalmente gratificante. Em Curitiba no dia dez nós estaremos lá todos os líderes do Brasil nessa entrega dessa moção pro processo ali de início de beatificação.
P/1 – Vou te fazer as duas perguntas finais então, antes só queria perguntar, você tem filhos?
R – Não.
P/1 – Não. Eu ia te perguntar lá fora, eu esqueci.
R – Tenho cinco sobrinhas.
P/1 – Tem cinco sobrinhas. Então a penúltima pergunta, quais são os seus sonhos hoje?
R – Os meus sonhos hoje, eu gostaria de poder um dia ir à África, visitar a realidade de lá. Inclusive eu tenho uma amiga que ela é religiosa, irmã Imaculate, e eu pude ter a alegria de estudar com ela na universidade, fazendo ciências da religião, e ver a cultura lindíssima que é a cultura dos africanos. Porque a alegria, a gente acha que na África só tem a pobreza. Não. Mas tem muita alegria, a forma como eles veem a comunidade, como eles trabalham com a comunidade, eu gostaria. No dia que eu tiver oportunidade de poder conhecer também o trabalho da Pastoral da Criança lá no Haiti e ver a realidade que os nossos líderes lá estão enfrentando, e poder conhecer aquela realidade. Você poder se despojar um pouco de si e poder ver aquela realidade da cultura africana, não somente dos problemas, mas também a alegria e da cultura. E essa minha amiga me convidou em 2016 pra ir nos votos perpétuos dela, eu falei: “Eu vou ver se eu consigo”. Eu quero conhecer muito a cultura da África ali, da Tanzânia, do Haiti, de toda aquela ali... Porque sempre eu tive isso dentro de mim, um dia sair pra fazer missão lá fora. Isso é muito interessante, você ver outra realidade. Você trabalha com uma carência aqui, mas como que é a carência de lá? O que nós conseguimos melhorar aqui, o que pode com o nosso conhecimento melhorar lá?
P/1 – E por fim como é que foi contar a sua história?
R – Foi um retrospecto de você ver todo um filme dentro da sua cabeça. Quando falaram pra eu vir até aqui eu vi algumas matérias que vocês publicaram na mídia, eu vi interessante um caso de uma doadora, que ela gostaria de saber como que era a realidade da outra pessoa que estava recebendo, onde estava indo o dinheiro, onde apareceu uma criança desnutrida ali. E ela conhece essa criança que estava desnutrida, que foi acompanhada, ganhou peso, começou a se desenvolver, ela vai visitar essa doadora. Torna aquilo ali uma coisa formidável, você ver os dois extremos da sociedade e passados alguns anos e você reencontrar aquela pessoa, saber que aquilo que você ajuda, esse caso dessa mulher que não me recordo o nome, ela falando da importância da doação do Criança Esperança. Aí passou dela, passou pro filho, pra filha e ela falou: “Isso vai continuar muito forte”. Uma coisa formidável! Eu falaria pra todas as pessoas que fazer o trabalho social quando você se entrega, todo aquele conhecimento que você tem, você se torna uma pessoa mais digna. Somos cheios de defeitos no nosso dia a dia, que é um dia a dia corrido na grande metrópole, mas a partir do momento que você para ali pra sentar e ver a realidade da outra pessoa, o que você puder ajudar, muitas vezes de você conversar, ter um ombro amigo, nossa sociedade seria uma sociedade melhor, uma sociedade sem violência, uma sociedade que realmente investe ali no necessário que é a pessoa humana. E as histórias, o Museu da Pessoa, ssas histórias que você vai vendo, é legal você ver isso. As histórias lá que a maioria das vezes você vê contar bem longe nos livros e tudo e você ver a imagem daquilo que está acontecendo, do que aquilo pode transformar na vida daquela pessoa.
P/1 – Tá bom. Muito obrigada viu, Daniel.
R – Obrigado.
FINAL DA ENTREVISTA
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