(...) Quando sai de Araci eu tinha 13 anos, eu ia estudar. O seminário dos capuchinos fica numa cidade chamada Esplanada (...) Com 13 anos. Mas de Araci pra Esplanada não tinha ônibus, nem carro. Não tinha estrada, era aquela estradinha antiga. Aí meu pai arranjou 5 ou mais cavalos. De Araci nós saímos em 3 cavalos, eu em um, meu pai em outro e o empregado em outro. Viajamos um dia de viagem, chegamos em Nova Açores, meu pai tem um tio lá, fazendeiro. Fomos pra casa deles. E eles também tinham um rapazinho que estava estudando e ia pro seminário. E viajamos. Quando nós chegamos em Esplanada, no outro dia, chegamos logo cedo e aí nós dormimos dentro do mato. (...) Nós saímos de Araci, fomos no rumo de Nova Açores. De Nova Açores nós saímos umas 3 horas da tarde, daí o meu pai chamou um senhor que chamava, só sei que é Preto, o nome que ele chamava era Preto, não sei se era Zé Preto, ou Francisco Preto, e ele conhecia o caminho. Aí ele pegou o burro, botamos as cargas, ai ele montou em cima e foi embora. Fomos dormir numa fazenda. Ele disse: “- Vamos entrar aqui que tem umas árvores bonita”. Entramos por um caminhozinho estreeeito. E disse: “- Aqui tá bom pra dormir”. Ele acendeu o fogo, as muriçocas estavam atacando demais, aí a fumaça ia levando. Botamos os animais comendo o capim. Antigamente tinha um costume de você ter um animal que ele era um parceiro, e ele não deixava de você, com medo de passar fome. Por isso o animal sempre vivia amarrado (...) Eles comiam, mas não corria (riso). É para ninguém pegar. Ai dormimos na mata, e quem disse que a gente dormia? Quando o dia começou veio o Francisco, estava lá embaixo. O cavalo dele era criado com um chocalho no pescoço para saber onde estava. Ai carregamos tudo, montamos e fomos embora. Quando foi às 16 horas da tarde chegamos em outro lugar. Hoje é uma cidade que chama Itajetiba. Naquele tempo era..., me esqueci o nome dela. O Francisco, o...
Continuar leitura
(...) Quando sai de Araci eu tinha 13 anos, eu ia estudar. O seminário dos capuchinos fica numa cidade chamada Esplanada (...) Com 13 anos. Mas de Araci pra Esplanada não tinha ônibus, nem carro. Não tinha estrada, era aquela estradinha antiga. Aí meu pai arranjou 5 ou mais cavalos. De Araci nós saímos em 3 cavalos, eu em um, meu pai em outro e o empregado em outro. Viajamos um dia de viagem, chegamos em Nova Açores, meu pai tem um tio lá, fazendeiro. Fomos pra casa deles. E eles também tinham um rapazinho que estava estudando e ia pro seminário. E viajamos. Quando nós chegamos em Esplanada, no outro dia, chegamos logo cedo e aí nós dormimos dentro do mato. (...) Nós saímos de Araci, fomos no rumo de Nova Açores. De Nova Açores nós saímos umas 3 horas da tarde, daí o meu pai chamou um senhor que chamava, só sei que é Preto, o nome que ele chamava era Preto, não sei se era Zé Preto, ou Francisco Preto, e ele conhecia o caminho. Aí ele pegou o burro, botamos as cargas, ai ele montou em cima e foi embora. Fomos dormir numa fazenda. Ele disse: “- Vamos entrar aqui que tem umas árvores bonita”. Entramos por um caminhozinho estreeeito. E disse: “- Aqui tá bom pra dormir”. Ele acendeu o fogo, as muriçocas estavam atacando demais, aí a fumaça ia levando. Botamos os animais comendo o capim. Antigamente tinha um costume de você ter um animal que ele era um parceiro, e ele não deixava de você, com medo de passar fome. Por isso o animal sempre vivia amarrado (...) Eles comiam, mas não corria (riso). É para ninguém pegar. Ai dormimos na mata, e quem disse que a gente dormia? Quando o dia começou veio o Francisco, estava lá embaixo. O cavalo dele era criado com um chocalho no pescoço para saber onde estava. Ai carregamos tudo, montamos e fomos embora. Quando foi às 16 horas da tarde chegamos em outro lugar. Hoje é uma cidade que chama Itajetiba. Naquele tempo era..., me esqueci o nome dela. O Francisco, o Chico Preto já era acostumado com essa terra, nos guiou pra essa cidadezinha. Era Vila Rica o nome do lugar. Ai ele já sabia que a gente ia, ele ficou muito feliz, nos recebeu, pegou os cavalos e botou num pastinho lá, nos deu comida, bebida, banho não dava. A gente viajava 3 dias sem tomar banho (risada), só bebia água. Ai chegamos nesse lugar, nos hospedamos. Me lembro bem que este homem tinha um canavialzinho. Ele cortou um bocado de cana para nós. Nós descascamos, tal. A noite nos deitamos, ele serviu comida a gente e nos deitamos. Quando o dia começa a raiar de novo, isso no terceiro dia, ai saímos de manhã cedinho, montado a cavalo e fomos chegar também umas 17 horas em Cajueiro. Aí não paramos mais. Mais dois dias chegamos lá e encostamos numa casa de fazenda, pedimos para fazer comida para gente levar, carne de sol. (...) Todo mundo comeu e tal. Daí o dono da fazenda ofereceu café, esse povo era muito bom desse lugar ai. Aí viajamos, quando foi 15 horas da tarde entramos num lugar chamado Timbó (inaudível), Timbó era um lugar histórico. (...) Mais ou menos 17h30 chegamos no Convento. Chegamos lá. Veio esse menino de lá que estava com o pai dele, João Pedro. Ele era até meu parente, ele era filho de um que trabalhou com meu pai. Aí nos recebeu e tal, foi aquela alegria e tal. Aí fomos tomar banho. Aí todo mundo trocou as roupinhas que a gente estava montado em cima (risada). A noite, eles prepararam uma saleta lá pro meu pai e outro dormir. Aí meu pai voltou para casa dele e nós seguimos com o Preto Velho e o outro parente dele. Meu pai (...) voltou, ai nós fomos procurar o Chico que era contador. Ai pelo caminho encontramos um seminarista (...) Ai ele que nos levou até a igreja, passamos 3 anos lá (...) Depois desses 3 anos que eu fiquei como seminarista, ai sai. Quando foi chegando... a saúde de meu pai não estava muito boa e ele resolveu, ele falou: “- É bom você voltar para junto de sua mãe, depois que eu melhorar você volta”. Ai eu não voltei mais.
Recolher