Sempre tive vontade de escrever sobre minha vida. Minha infânica, o convívio com meus irmãos, as brincadeiras, o colégio, o sobrado em que morávamos, a Maria que começou a trabalhar em casa quando eu tinha apenas três anos e só nos deixou para casar, quando eu já tinha meu primeiro filho... Minha adolescência, os erros e acertos (muito mais erros que acertos...), o trabalho que dei à meus pais, a separação de meus pais, a dissolução da família, minha gestação precoce (aos catorze anos apenas), tantos conflitos, dúvidas, sonhos e ideais na cabeça de uma adolescente com personalidade forte, teimosa e com muito para viver. O convívio diário apenas com meu pai, depois que minha mãe saiu de casa, deixando a mim com catorze anos (e meu bebezinho com apenas seis meses) e meus irmãos. O caçula tinha apenas cinco anos na época. Quero escrever bem devagar, recordar-me de detalhes, ir expondo meus pensamentos e sentimentos aos poucos... Falar sobre a difícil tarefa de irmã mais velha, que não era um bom exemplo, em conquistar o respeito dos irmãos e assim obter disciplina e êxito naquele período em que precisaram de apoio, conforto e acompanhamento escolar e pessoal. Falar sobre o amor incondicional que sempre tive por meu pai, mesmo com nossas desavenças constantes... De nossa briga mais séria, aos meus dezoito anos, quando saí de casa com a roupa do corpo... Desse breve momento em que senti uma liberdade enorme mas que em pouco tempo me fez sentir só e procurar traçar metas e objetivos em minha vida. Pouco depois, um casamento, outro bebê... Mais seis anos se passaram... Tanta coisa para falar A separação, a dor, a tristeza... A recuperação, a alegria, a felicidade... Mudança de Estado, de vida, férias por um ano Diversão. Despreocupação. Sol. Saúde. Corpo bonito, mas também cansei. Não era aquela a minha vida. Novo relacionamento, que já passa dos seis anos... Mais tantas coisas para contar... Estou aqui hoje, com trinta...
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Sempre tive vontade de escrever sobre minha vida. Minha infânica, o convívio com meus irmãos, as brincadeiras, o colégio, o sobrado em que morávamos, a Maria que começou a trabalhar em casa quando eu tinha apenas três anos e só nos deixou para casar, quando eu já tinha meu primeiro filho... Minha adolescência, os erros e acertos (muito mais erros que acertos...), o trabalho que dei à meus pais, a separação de meus pais, a dissolução da família, minha gestação precoce (aos catorze anos apenas), tantos conflitos, dúvidas, sonhos e ideais na cabeça de uma adolescente com personalidade forte, teimosa e com muito para viver. O convívio diário apenas com meu pai, depois que minha mãe saiu de casa, deixando a mim com catorze anos (e meu bebezinho com apenas seis meses) e meus irmãos. O caçula tinha apenas cinco anos na época. Quero escrever bem devagar, recordar-me de detalhes, ir expondo meus pensamentos e sentimentos aos poucos... Falar sobre a difícil tarefa de irmã mais velha, que não era um bom exemplo, em conquistar o respeito dos irmãos e assim obter disciplina e êxito naquele período em que precisaram de apoio, conforto e acompanhamento escolar e pessoal. Falar sobre o amor incondicional que sempre tive por meu pai, mesmo com nossas desavenças constantes... De nossa briga mais séria, aos meus dezoito anos, quando saí de casa com a roupa do corpo... Desse breve momento em que senti uma liberdade enorme mas que em pouco tempo me fez sentir só e procurar traçar metas e objetivos em minha vida. Pouco depois, um casamento, outro bebê... Mais seis anos se passaram... Tanta coisa para falar A separação, a dor, a tristeza... A recuperação, a alegria, a felicidade... Mudança de Estado, de vida, férias por um ano Diversão. Despreocupação. Sol. Saúde. Corpo bonito, mas também cansei. Não era aquela a minha vida. Novo relacionamento, que já passa dos seis anos... Mais tantas coisas para contar... Estou aqui hoje, com trinta anos e mais tranquila, com dúvidas ainda e sempre procurando algo que não sei ao certo o que é... Talvez seja o signo, gêmeos, embora não acredite tanto nestas coisas. Inconstante, batalhadora, esperançosa, personalidade forte, inteligente, criativa, aparentemente forte mas muito frágil na verdade, boa mãe, estudiosa, trabalhadora, ponto de equlíbrio entre meus pais e irmãos... Essa sou eu... Ou pelo menos, um pouquinho de mim...
Meu nascimento foi em Itú, em 04 de junho de 1973. Meus pais moravam em São Paulo, mas tinham ido para o interior pois exatamente neste dia, meu pai comemorava seus trinta e poucos anos. Eu devo ter sido um grande presente de aniversário para ele Há trinta anos atrás, interior de São Paulo, as coisas eram bem diferentes, principalmente a área médica. Embora tenhamos muito o que criticar hoje também, após meu nascimento fui vítima de um erro médico e uma dessas injeções que se aplicam em recém nascidos me foi aplicada em local errado. O que meus pais contam é que fiquei muito tempo no hospital, pois um músculo na curva das nádegas estavam em processo de gangrena e não havia nada que os médicos fizessem que conseguisse reverter esta situação. Chegaram a sugerir a amputação de minha perna esquerda. Na época, meu pai trabalhava na extinta "Light" em SP, e acabou ficando comigo no hospital por uns quinze dias, sem tomar banho, sem sair do meu lado, até que voltassemos à São Paulo. Ele conta que, ao voltar, precisou passar no trabalho para dar explicações e pedir mais dias de afastamento para cuidar de mim. Andando por um corredor, um tanto quanto desolado com todo este problema da sua primogênita, deparou-se com um papel dobrado no chão: era uma receita médica, perdida por alguém e prescrita por um pediatra. Meu pai encontrou o dono da receita, devia ser um dos diretores da empresa. Meu pai entregou-lhe a receita mas não sem antes anotar os dados do pediatra. Imaginou que por tratar-se de um pediatra que cuidava dos filhos de um executivo da empresa, devria ser competente. Pois é. E isso foi a minha salvação. Grande Dr. João Carlos. não sei seu sobrenome, mas este homem conseguiu reverter meu quadro, o que levou muito tempo. Meus pais contam que eu chorava dia e noite. A cada molhada de fralda, era necessário a troca imediata, pois eu sentia muita dor. O padrinho de casamento deles, "tio" Candinho carinhosamente chamado por todos até hoje, era quem me fazia dormir, dando voltas no quarteirão de carro e permitindo assim que meus pais descansassem um pouco também. Imagino que deva ter sido um período muito difícil para meus pais, logo com a primeira filha. O Dr. João Carlos tornou-se médico da família para todas as horas e demonstrou-se um ótimo conselheiro também. Até meu filho, em seus primeiros anos de vida, foi seu paciente também. Profissional incrível, abençoado por Deus, profundo conhecedor de sua área e com uma paciência sem limites com as crianças. Seu consultório ficava em um prédio grande e redondo, na Av. Faria Lima. As vezes, no mês de dezembro, eu e meu pai vamos à Itú, passamos em frente ao hospital que nasci (que continua lá, funcionando e com aparência de quem parou no tempo), em frente ao "Grupo Escolar" em que ele estudou e tantas outras coisas que reavivam nossa memória.
Lembro-me do sobrado em que morávamos, no bairro de Santo Amaro, em uma área onde só existiam casas e todas as ruas terminavam em uma pracinha. Eu devia ter uns tres anos de idade. Passei minha infância lá e tenho boas recordações. Lembro-me quando meu irmão, Ricardo, nasceu. Grande e vermelho. Muito vermelho... Lorinho... Lindo Depois veio a Fabiana, prematura de oito meses, cujo parto deu muito trabalho ao Dr. Laércio, que chegou ao ponto de indagar meu pai sobre qual das duas sobreviveria. Graças a Deus, tudo deu certo e as duas conseguiram vencer a batalha. Eu escolhi o nome de minha irmã. Na época, minha melhor amiga chamava-se Fabiana e ao ouvir minha mãe dizer que eu escolheria o nome de minha nova irmãzinha, não pensei duas vezes... O Serginho veio bem depois, a "raspa do tacho", como brincava minha mãe. Grande, com mais de cinco quilos, fechou realmente com chave de ouro Minha mãe, desde adolescente, tinha um sério problema de coluna: escoliose. Na gestação de minha irmã e também por causa das complicações no parto, a situação agravou-se terrivelmente. Minha mãe realizou três cirurgias na coluna, colocando platina e usando gesso por mais de um ano, do pescoço até a bacia.
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