A Folia de Reis é uma festa religiosa de origem portuguesa, que chegou ao Brasil no século XVIII. Em Portugal, em meados do século XVII, tinha a principal finalidade de divertir o povo, enquanto aqui no Brasil passou a ter um caráter mais religioso do que de diversão. No período de 24 de dezembro, véspera de Natal, a 6 de janeiro, Dia de Reis, um grupo de cantadores e instrumentistas percorrem a cidade entoando versos relativos à visita dos reis magos ao Menino Jesus.
As festas religiosas no período da Colonização do Brasil traziam na sua constituição o teatro, a dança e os cortejos que vieram com os jesuítas e colonizadores e fizeram parte do imaginário popular rural e urbano. Assim, transformaram-se em eventos esperados e reguladores das comunidades. Além desse caráter religioso as festas, como a Folia de Reis, serviam para catequizar e educar a população. Segundo Câmara Cascudo (2001) a folia de reis era uma dança rápida que se originou em Portugal e na Espanha, e que se dançava ao som do pandeiro e acompanhada de cantos. Fixou-se posteriormente, tomando características e modos típicos diferenciadores no Brasil ligados a religião como a Folia do Divino Espírito Santo e a Folia de Santos Reis. Hoje pode-se dizer que a folia de reis é brasileira pois recebeu influências da cultura indígena e afro-brasileira tornando-se parte da cultura caipira.
Neste contexto é que vamos contar a história de Ataíde Batista Rodrigues ( em memória) que cresceu participando dessa tradição e quando jovem entrou para uma Companhia. Sua missão de vida era preservar a cultura da Folia de Reis passando para os mais jovens.
Ataíde Batista Rodrigues aprendeu com o Pai Orlando Batista Rodrigues os princípios da Folia de Reis ao acompanhá-lo nas peregrinações em busca de donativos para a organização das festas de Folia na década de 1960 pelas fazendas das regiões rurais de S. José do Rio Preto, Ipiguá, Onda Verde e Nova Granada. Aos 14...
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A Folia de Reis é uma festa religiosa de origem portuguesa, que chegou ao Brasil no século XVIII. Em Portugal, em meados do século XVII, tinha a principal finalidade de divertir o povo, enquanto aqui no Brasil passou a ter um caráter mais religioso do que de diversão. No período de 24 de dezembro, véspera de Natal, a 6 de janeiro, Dia de Reis, um grupo de cantadores e instrumentistas percorrem a cidade entoando versos relativos à visita dos reis magos ao Menino Jesus.
As festas religiosas no período da Colonização do Brasil traziam na sua constituição o teatro, a dança e os cortejos que vieram com os jesuítas e colonizadores e fizeram parte do imaginário popular rural e urbano. Assim, transformaram-se em eventos esperados e reguladores das comunidades. Além desse caráter religioso as festas, como a Folia de Reis, serviam para catequizar e educar a população. Segundo Câmara Cascudo (2001) a folia de reis era uma dança rápida que se originou em Portugal e na Espanha, e que se dançava ao som do pandeiro e acompanhada de cantos. Fixou-se posteriormente, tomando características e modos típicos diferenciadores no Brasil ligados a religião como a Folia do Divino Espírito Santo e a Folia de Santos Reis. Hoje pode-se dizer que a folia de reis é brasileira pois recebeu influências da cultura indígena e afro-brasileira tornando-se parte da cultura caipira.
Neste contexto é que vamos contar a história de Ataíde Batista Rodrigues ( em memória) que cresceu participando dessa tradição e quando jovem entrou para uma Companhia. Sua missão de vida era preservar a cultura da Folia de Reis passando para os mais jovens.
Ataíde Batista Rodrigues aprendeu com o Pai Orlando Batista Rodrigues os princípios da Folia de Reis ao acompanhá-lo nas peregrinações em busca de donativos para a organização das festas de Folia na década de 1960 pelas fazendas das regiões rurais de S. José do Rio Preto, Ipiguá, Onda Verde e Nova Granada. Aos 14 anos iniciou-se em Nova Granada na Companhia Arca Divina como palhaço e posteriormente passou ao posto de instrumentista tocando Bandolim e nos anos de 1990 assumiu como embaixador ou gerente da Companhia. Fundador do Encontro das Bandeiras de Ipiguá que reúne companhias de Folias de Reis de toda a região de S. J do Rio Preto. Em 2013 Ataide faleceu, mas seu legado é preservado pela família e amigos e pela própria companhia que entoa cantos em sua homenagem em cada evento que participa.
Para Ataíde era na fé do povo que se encontrava a demonstração mais genuína da Folia.
A tradição é passada de geração para geração. Na família Rodrigues os irmãos ajudam com doações de donativos. Para José Luiz, ajudar com doações é preservar a tradição da família e da cultura de reis. O filho de Ataide, Melchior e sua família e filhos também estão envolvidos nos preparativos da festa e contribuem para manter viva a memória de seu pai. O outro filho de Ataíde Ailton participa tanto da organização da festa e também das atividades da Companhia. Ailton é um dos palhaços da companhia. Para Ailton preservar a história da Folia de Reis é um grande legado deixado pelo seu pai e para a história da cidade. Por isso, para ele é muito importante que essa tradição também continue sendo passada para as próximas gerações. Miguel, filho de Dara, sobrinho de Ailton, continua a tradição, iniciando-se como palhaço, assim como seu avô.
A folia de reis está ligada a devoção e fé do povo brasileiro, sua essência está no catolicismo popular, aquele que se estrutura e se preserva pelo povo. Por isso sua importância como patrimônio histórico e cultural.
A folia como patrimônio imaterial é viva e se refaz e se transforma através da oralidade das pessoas que transmitem essa tradição. Desse modo, para sua preservação é importante que a reconheçam como bem cultural dinâmico e que dá sentido as comunidades onde elas acontecem. Nelas as memórias do povo do campo, de homens e mulheres, que através da folia de reis reativam suas memórias individuais e coletivas representando a crença de um povo, uma comunidade, representando o que há de genuíno na brasilidade.
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