Julio Nazareth, sua mãe, duas irmãs, um irmão e um sobrinho vieram de Governador Valadares para Belo Horizonte em 1989, para a antiga favela Cabeça de Porco atual Vila Nossa Senhora da Conceição. Devido ao aluguel ser muito caro, eles procuravam uma casa para comprar. A antiga patroa de sua mãe teria tomado conhecimento da existência das casas da COHAB em Santa Luzia e comentou com ela, a partir daí em 1991 compraram uma casa no “Caldeirão”. A casa comprada havia sido ocupada por outra família, sendo necessário um acordo para a saída dessa família que após 6 meses desocupou a casa.
Em 1992 suas irmãs e seu sobrinho se mudaram para o Palmital. Julio, sua mãe e irmão, permaneceram trabalhando e morando em uma casa no bairro Mangabeiras. Sua mãe era empregada doméstica e as condições de trabalho eram questionáveis. Ela pegava serviço de 05:00 às 00:00 aproximadamente, recebia um salário mínimo e não tinha carteira assinada. Além disso, os seus filhos que estariam ali para que ela os cuidasse, também tinham de trabalhar sem que recebessem nada pela maioria dos serviços prestados. Essa família já submetia a família de Júlio a essas condições desde seu bisavô.
Após uma discussão diretamente com os patrões de sua mãe, devido Julio a ter comido alguns alimentos que segundo ele “ não eram a comida da criadagem”, acabou rompendo as relações com a família, tanto por não concordar com as condições de explorações a que estavam submetidos, quando pela confusão generalizada por tão pouco. Às 21:00 do mesmo dia saiu dali, vindo para o Palmital após algumas horas sua mãe e seu irmão também chegaram no bairro.Na ocasião Júlio tinha 11 anos.
Na manhã seguinte, os patrões de sua mãe foram até o bairro Palmital para os levar de volta, mas Julio se recusou a ir. A partir disso, passou a trabalhar vendendo balas, pipoca e picolé no centro de Belo Horizonte. Posteriormente seu irmão também rompeu com a...
Continuar leitura
Julio Nazareth, sua mãe, duas irmãs, um irmão e um sobrinho vieram de Governador Valadares para Belo Horizonte em 1989, para a antiga favela Cabeça de Porco atual Vila Nossa Senhora da Conceição. Devido ao aluguel ser muito caro, eles procuravam uma casa para comprar. A antiga patroa de sua mãe teria tomado conhecimento da existência das casas da COHAB em Santa Luzia e comentou com ela, a partir daí em 1991 compraram uma casa no “Caldeirão”. A casa comprada havia sido ocupada por outra família, sendo necessário um acordo para a saída dessa família que após 6 meses desocupou a casa.
Em 1992 suas irmãs e seu sobrinho se mudaram para o Palmital. Julio, sua mãe e irmão, permaneceram trabalhando e morando em uma casa no bairro Mangabeiras. Sua mãe era empregada doméstica e as condições de trabalho eram questionáveis. Ela pegava serviço de 05:00 às 00:00 aproximadamente, recebia um salário mínimo e não tinha carteira assinada. Além disso, os seus filhos que estariam ali para que ela os cuidasse, também tinham de trabalhar sem que recebessem nada pela maioria dos serviços prestados. Essa família já submetia a família de Júlio a essas condições desde seu bisavô.
Após uma discussão diretamente com os patrões de sua mãe, devido Julio a ter comido alguns alimentos que segundo ele “ não eram a comida da criadagem”, acabou rompendo as relações com a família, tanto por não concordar com as condições de explorações a que estavam submetidos, quando pela confusão generalizada por tão pouco. Às 21:00 do mesmo dia saiu dali, vindo para o Palmital após algumas horas sua mãe e seu irmão também chegaram no bairro.Na ocasião Júlio tinha 11 anos.
Na manhã seguinte, os patrões de sua mãe foram até o bairro Palmital para os levar de volta, mas Julio se recusou a ir. A partir disso, passou a trabalhar vendendo balas, pipoca e picolé no centro de Belo Horizonte. Posteriormente seu irmão também rompeu com a família e passaram a vender juntos para ajudar dentro de casa. Após um tempo, Júlio participou do projeto jovem jornaleiro, onde trabalhava, estudava e dormia, retornando para casa apenas aos fins de semana. Ele andava por todo o centro vendendo jornais, para vender mais ele entrava até em alguns lugares que eram proibidos como a rodoviária, vira e mexe tinha que correr dos seguranças que tentavam confiscar seus jornais.
Júlio conta que durante a adolescência toda passou muito tempo trabalhando, então acompanhava algumas coisas mais de longe. Relata a existência de alguns pontos de entretenimento no Distrito de São benedito nos anos 90, dentre eles o “Trailer” na praça da juventude onde os jovens se reuniam, às vezes aconteciam brigas por causa das desavenças entre jovens do Cristina e Palmital e alguns conflitos quando as gangues GDS e GDF se encontravam no local. Relata ainda que naquele tempo a juventude local escutava muito rap e funk, uma música que estava estourando era a Bomba de Efeito Moral do grupo Black Soul (BH).
Como chegava tarde, às vezes ia no “Mela Cueca” do pacote (dono do estabelecimento), um forró que tinha no antigo “Caldeirão” (hoje bairro Nova Esperança), um espaço mais frequentado por pessoas mais velhas; domésticas e trabalhadores da construção civil, eram grandes frequentadores do espaço. Julio gostava de frequentar o espaço pois gostava de ver as pessoas dançando.
Recolher