Estava em meio a Redenção. sábado de feira ou domingo de brique. via a todos os meus amigos próximos aos risos, de copos e cuias nas mãos. na cena, chegava estampando sorrisos e euforia ao estar encontrando a todos juntos em um lugar que gosto tanto. em meio a cumprimentos alegres, apertos de mão, abraços e beijos, surgem também breves chistes com um tal de corona por estarmos nos tocando de novo. porém, o sol nos semblantes dura pouco e noto que uma tensão se constrói junto do crepúsculo. percebo a todos afastados um par de metros entre si, com feições sérias e olhares desconfiados. há um segredo que circula. uma traição de algum dos casais. não sei do que se trata e me sinto de fora de todo o acontecimento. todos se olham, brigam, discutem e eu, apenas querendo entender, sou deixado de lado. cada um segue em direção às suas casas e eu permaneço parado, junto das bancas e estandes sendo desmontadas. ao lado da gótica igreja Santa Terezinha, mas que nomeio ""igreja das dores"" no sonho. Dali, me vejo transportado ao pátio de meu antigo colégio. mais uma vez, há um grupo de amigos reunido às risadas. todos com latas de cerveja nas mãos (acredito ser a appia, da colorado, uma lata amarela). vou a uma geladeira pegar uma para mim também. o vendedor está dentro da geladeira, não vejo seu rosto, mas lhe escuto. pergunto o que há. o homem gentilmente me lista todas as cervejas e destilados que possuí, mas eram todos nomes que nunca ouvi. pergunto pela appia e ele declara ter acabado. vejo um engradado de appia frente ao rosto, mas o homem me corrige ao dizer que se trata da einsenbahn (fora engano meu). me contento com ela mesmo, já que a embalagem era da mesma cor. retorno ao grupo, mas todos imediatamente reparam na imitação de minha bebida e decidem me deixar ali mesmo.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
ambos os sonhos envolvem amizades que convivo e encontro pessoalmente com mais...
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Estava em meio a Redenção. sábado de feira ou domingo de brique. via a todos os meus amigos próximos aos risos, de copos e cuias nas mãos. na cena, chegava estampando sorrisos e euforia ao estar encontrando a todos juntos em um lugar que gosto tanto. em meio a cumprimentos alegres, apertos de mão, abraços e beijos, surgem também breves chistes com um tal de corona por estarmos nos tocando de novo. porém, o sol nos semblantes dura pouco e noto que uma tensão se constrói junto do crepúsculo. percebo a todos afastados um par de metros entre si, com feições sérias e olhares desconfiados. há um segredo que circula. uma traição de algum dos casais. não sei do que se trata e me sinto de fora de todo o acontecimento. todos se olham, brigam, discutem e eu, apenas querendo entender, sou deixado de lado. cada um segue em direção às suas casas e eu permaneço parado, junto das bancas e estandes sendo desmontadas. ao lado da gótica igreja Santa Terezinha, mas que nomeio ""igreja das dores"" no sonho. Dali, me vejo transportado ao pátio de meu antigo colégio. mais uma vez, há um grupo de amigos reunido às risadas. todos com latas de cerveja nas mãos (acredito ser a appia, da colorado, uma lata amarela). vou a uma geladeira pegar uma para mim também. o vendedor está dentro da geladeira, não vejo seu rosto, mas lhe escuto. pergunto o que há. o homem gentilmente me lista todas as cervejas e destilados que possuí, mas eram todos nomes que nunca ouvi. pergunto pela appia e ele declara ter acabado. vejo um engradado de appia frente ao rosto, mas o homem me corrige ao dizer que se trata da einsenbahn (fora engano meu). me contento com ela mesmo, já que a embalagem era da mesma cor. retorno ao grupo, mas todos imediatamente reparam na imitação de minha bebida e decidem me deixar ali mesmo.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
ambos os sonhos envolvem amizades que convivo e encontro pessoalmente com mais frequência do que troco mensagens. apesar de jovem, não sou afeiçoado ao celular, sustentando minhas amizades por via do encontro pessoal. nunca vi isso como barreira, pois seguia sempre me encontrando com os diversos grupos de amizade em espaços curtos de tempo. porém, os tempos são outros, os encontros são outros. mesmo com as muitas possibilidades e plataformas existentes, elas não cumprem o mesmo que o encontro presencial. tampouco o acaso do encontro pelas ruas de um agora distante Bom Fim. as tentativas são meras lembranças do que não pode ser, mesmo que sejam potências. penso na impossibilidade de fazer especificamente algo que não é possível agora. não haverá equivalentes, mas outras versões, talvez essa seja a dificuldade. com quem temos relaçoes de fato e o que elas representam? meus dias eram eternos encontros de conhecidos, amigos e pacientes. penso em todos, em como fazer parte, em como ajudar, em como seguir uma escuta dos sofrimentos de quem acompanho há mais de ano. penso em como fazer parte de algo que está fora de meu alcance. compreendo a importância do isolamento, mas parece muito distante da participação de uma linha de frente, do auxílio, do cuidado, lugares em que venho/vinha ativamente há alguns anos todos os dias. e agora?
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