P/1 – Bom dia, Walter.
R – Bom dia.
P/1 – Obrigado por você ter vindo fazer o depoimento.
R – Eu é que agradeço.
P/1 – Gostaria que você começasse falando o seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Meu nome é Walter Kosimenko. Eu nasci no dia 1 de novembro de 1965 em São Paulo.
P/1 – E Walter, e seus pais, assim, o nome de seus pais, onde eles nasceram?
R – Meu pai é Jano Kosimenko. Ele nasceu na Ucrânia em 1934. Ele nasceu no dia 18 de outubro de 1934, pra ser mais preciso, e veio para o Brasil na época da guerra, né? Ele, a família toda, eles fugiram da guerra, então eles passaram pela Áustria, fugindo da invasão russa na Ucrânia, e da Áustria eles vieram pra o Brasil. Uma parte da família foi pra os Estados Unidos e uma parte foi pra o Brasil. Quer dizer, não tinha... eles não conheciam, né, não dá pra escolher: um, "Vou pra os Estados Unidos", "Eu vou pro Brasil." Então entraram em um navio, um navio foi para os EUA e o outro navio veio pro Brasil, e uma parte da família se concentrou aqui no Brasil.
P/1 – Foi em São Paulo?
R/1 – Foi. É, foi no interior de São Paulo, em Barretos, que eles arrumaram... a imigração arrumou pra eles trabalharem em fazendas; então, a princípio, eles vieram pra fazendas e cada um tomou o seu rumo na vida, né? Alguns foram pra um lado, outros foram pra o outro, e o meu pai acabou vindo pra São Paulo. Trabalhou em uma empresa de caminhões, a Mercedes, e trabalhou também praticamente a vida inteira. Depois que ele veio para o Brasil, que ele saiu da fazenda, aquela época de fazenda, né, de... fazendeiro não, de – como se diz? – não é fazendeiro... lavrador, sei lá.
P/1 – Lavrador, agricultor...
R – Agricultor, agricultor. E aí ele veio pra São Paulo, trabalhou a vida inteira dele, hoje ele é aposentado, mas trabalhou a vida inteira na Mercedes, né? E...
Continuar leituraP/1 – Bom dia, Walter.
R – Bom dia.
P/1 – Obrigado por você ter vindo fazer o depoimento.
R – Eu é que agradeço.
P/1 – Gostaria que você começasse falando o seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Meu nome é Walter Kosimenko. Eu nasci no dia 1 de novembro de 1965 em São Paulo.
P/1 – E Walter, e seus pais, assim, o nome de seus pais, onde eles nasceram?
R – Meu pai é Jano Kosimenko. Ele nasceu na Ucrânia em 1934. Ele nasceu no dia 18 de outubro de 1934, pra ser mais preciso, e veio para o Brasil na época da guerra, né? Ele, a família toda, eles fugiram da guerra, então eles passaram pela Áustria, fugindo da invasão russa na Ucrânia, e da Áustria eles vieram pra o Brasil. Uma parte da família foi pra os Estados Unidos e uma parte foi pra o Brasil. Quer dizer, não tinha... eles não conheciam, né, não dá pra escolher: um, "Vou pra os Estados Unidos", "Eu vou pro Brasil." Então entraram em um navio, um navio foi para os EUA e o outro navio veio pro Brasil, e uma parte da família se concentrou aqui no Brasil.
P/1 – Foi em São Paulo?
R/1 – Foi. É, foi no interior de São Paulo, em Barretos, que eles arrumaram... a imigração arrumou pra eles trabalharem em fazendas; então, a princípio, eles vieram pra fazendas e cada um tomou o seu rumo na vida, né? Alguns foram pra um lado, outros foram pra o outro, e o meu pai acabou vindo pra São Paulo. Trabalhou em uma empresa de caminhões, a Mercedes, e trabalhou também praticamente a vida inteira. Depois que ele veio para o Brasil, que ele saiu da fazenda, aquela época de fazenda, né, de... fazendeiro não, de – como se diz? – não é fazendeiro... lavrador, sei lá.
P/1 – Lavrador, agricultor...
R – Agricultor, agricultor. E aí ele veio pra São Paulo, trabalhou a vida inteira dele, hoje ele é aposentado, mas trabalhou a vida inteira na Mercedes, né? E minha mãe, ela nasceu em março, dia 1º de março de 1934, e ela é do lar, ela nunca trabalhou e também é de uma família de romenos. Ela é a última filha de uma família de sete irmãos. Ela foi a última, ela é a caçula da família, nasceu no Brasil. Todos os irmãos, meus tios todos são da Romênia, também fugiram da guerra e acabaram aí, se encontrando aí, as famílias em São Paulo.
P/1 – E eles se conheceram aqui em São Paulo.
R – Se conheceram em São Paulo.
P/1 – E você tem irmãos?
R – Tenho duas irmãs. Uma mais velha e uma mais nova. Eu sou o do meio.
P/1 – E vocês moravam onde na infância?
R – Na Vila Alpina. É que São Paulo é, assim, é pertinho de onde eu moro hoje, né? Eu moro na Mooca, perto de onde era a Antarctica, hoje é o CDD [Centro de Distribuição] e a Vila Alpina é bem próxima. Eles moram lá até hoje ainda, minha família.
P/1 – Na Vila Alpina.
R – Na Vila Alpina.
P/1 – Sempre moraram lá.
R – Sempre na Vila Alpina. Eu casei e morei na Vila Alpina, e depois tinha um sonho de morar na Mooca. Como eu sempre trabalhei na Mooca, na Antarctica, tinha o sonho de morar na Mooca e consegui realizar o sonho aí no ano passado. Hoje eu moro na Mooca, bem pertinho da CDD.
P/1 – E como que você chegou na Antarctica, o seu primeiro emprego?
R – O meu primeiro emprego. Então, assim, moleque, né? Não tinha ainda definido o que eu queria da vida, e tinha primos mais velhos que estudaram no Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial]. Torneiro mecânico - que naquela época era coqueluche. Torneiro mecânico, vai trabalhar na Volks, vai trabalhar na Mercedes, e três ou quatro primos meus fizeram Senai. Eu ainda não sabia, não tinha definido o que que eu queria fazer, e fiquei sabendo que tinha aberto inscrições no Senai. E acabei indo fazer inscrição no Senai do Ipiranga, que é ali pertinho também de onde eu moro. E nesse Senai não tinha tornearia. Tinha outros cursos: tinha refrigeração, tinha modelação e tinha serralheria. Dos três, me atraiu mais refrigeração. Não sabia nem se era aquilo que eu queria, né, mas acabei fazendo o teste lá pra entrar, e acabei entrando no Senai pra estudar refrigeração. E na época, assim, a maioria dos alunos do Senai, eles eram mantidos por uma empresa, quer dizer, a empresa mantinha o aluno, pagava lá um salariozinho e nas férias do Senai, que tinha férias em julho e em janeiro, você ia pra empresa pra começar a se familiarizar com uma empresa. Você entra no Senai com 14 anos, 15 anos, então você não sabe ainda o que é uma empresa. Então, você estuda durante um semestre e, entre um semestre e outro, são três semestres, você faz um estágio na empresa pra começar a conviver. Eu entrei no Senai e, eu não tinha uma empresa pra me manter, né? Eu só fazia o curso. Tanto que nas primeiras férias eu fiquei em casa, não tinha uma empresa pra me manter. Já no segundo semestre, eu fiquei sabendo que a Antarctica, ela tinha uma vaga de estagiário do Senai. E eu fui. Fui com a minha mãe, tinha que ter um acompanhante, um representante legal, e eu fui com minha mãe lá na Antarctica. Fiz lá a minha... fiz a fichinha pra estágio, e aí eles me chamaram. Eu passei do segundo semestre até o final, a ser mantido pela Antarctica. E aí terminei o curso do Senai e, quando você termina o curso do Senai, você vai pra empresa. Você fica mais um ano e meio na empresa. É um contrato, né? Você faz um ano e meio de Senai e um ano e meio de empresa. E aconteceu isso. Eu fui pra empresa, pra Antarctica, ficar lá esse um ano e meio, fazendo... trabalhando em refrigeração. E assim, funciona assim, você termina o estágio, é um estágio de aprendizado; e terminando este aprendizado, você tanto pode ser efetivado e permanecer na empresa como você pode ser desligado, porque é um contrato de trabalho. E aí foi. Eu fui, fiquei lá um ano e meio, eu terminei esse um ano e meio, e eu ainda, eu tinha 16 pra 17 anos. E a empresa, ela não tinha funcionário... Ela não tinha nenhum funcionário que era menor, né? Os únicos funcionários menores de idade, eles eram os que estavam fazendo o estágio do Senai. Tinha eu e mais dois amigos que estavam fazendo estágio pelo Senai, só que eles eram mais velhos do que eu. Terminou o estágio deles, eles foram efetivados. E eu terminei o meu estágio, eu corria um sério risco de ser desligado, né, porque, apesar de ter vaga, eu era menor. Mas, o meu chefe na época, na Antarctica, assim... tinham muitos alemães e meu chefe era um alemão. Ele gostava muito de mim, me ajudou bastante, me incentivou. E ele conseguiu lá com o pessoal de... na época chamava RH [Recursos Humanos], ele conseguiu lá com o pessoal de RH pra, tipo, estender o meu estágio. Então, de aprendiz de Senai, eu passei pra estagiário técnico. Eles arrumaram uma nomenclatura, que não existia na época, para eu poder ficar na Antarctica, pelo menos até completar 18 anos, que aí teria mais uma possibilidade de eu ficar. E aí eu fiquei mais um ano, um ano e pouco, nesse... como estagiário técnico até eu completar a maioridade. E aí quando eu completei a maioridade, ele conseguiu me efetivar. E aí você vai... você entra como meio oficial, que são as nomenclaturas que usavam na época: era meio oficial e oficial mecânico na época.
P/1 – Só voltando um pouquinho, quando você estava fazendo esse estágio no Senai, era período integral, era meio período...
R – Não. Era período integral. Eu cumpria o mesmo período dos funcionários da Antarctica. Quer dizer, no Senai, eu entrava às sete e saía às cinco. Era o dia inteiro. Tinha meio período de matérias didáticas: português, matemática, desenho técnico; e o segundo período você fazia teoria e prática em refrigeração. E na Antarctica a mesma coisa. Eu entrava no mesmo horário que os funcionários entravam e saía no mesmo horário.
P/1 – E como que era isso? Porque foi a sua adolescência, você era um adolescente. E como é que era o resto da vida, porque você ficava o tempo todo estudando e trabalhando...
R – Estudando e trabalhando. E tanto na época de Senai quanto na época de estágio na Antarctica, eu saía quatro ou cinco horas, não lembro, não me recordo, teve uma época que eu saía às quatro, teve uma época que eu saía às cinco, mas eu, às sete horas, já entrava na escola porque fazia, eu fazia à noite o segundo grau, né? Então eu saía do Senai, ia pra casa, a escola era lá perto de casa também, eu ia pra casa, e às sete horas eu ia pra aula, segundo grau, eu saía às 23 horas. Então, quer dizer, praticamente o período de adolescência, fazia as coisas de adolescente no final de semana. Não tinha muito tempo pra fazer isso na semana.
P/1 – Você sentia falta?
R – Não, não, porque assim... no Senai, a gente tinha lá, a gente tinha uns horários de atividade, a gente tinha educação física, jogava bola, tinha um salão de jogos. Então, na hora do almoço, a gente jogava pebolim, jogava pingue-pongue. A gente só não ficava na rua lá, jogando bola na rua e empinando papagaio, né? Mas, assim, das outras coisas, a gente estava lá no meio de outros adolescentes também, fazendo as brincadeiras todas. Não sentia muita falta não.
P/1 – E quando você começou fazendo estágio na Antarctica, no Senai, o que que você sentiu, como que foi isso assim? Era coisa que você imaginava que você continuaria ou...
R – Então, legal esta pergunta, porque este meu chefe alemão, ele, um dia ele me chamou na sala dele e falou assim: "É isso que você quer? Você quer trabalhar com refrigeração?" E na época fui sincero com ele, eu falei: "Não, não é isso que eu quero." Eu entrei no Senai porque o meu pai e minha mãe mandaram entrar no Senai. Eu tinha que entrar, porque a família toda, meus primos tinham feito Senai, e todos eles estavam trabalhando em alguma empresa e estavam ajudando no orçamento de casa. Então eu não podia ser diferente. Eu tinha que fazer Senai e ajudar. Tanto que, tudo o que eu recebia na Antarctica, chegava em casa e entregava pra minha mãe. Não ficava nada comigo do meu dinheiro. E era engraçado porque era pouco o salário, era muito baixo o salário de aprendiz do Senai, e a gente recebia dia 10 e dia 30, ou dia 15 e dia 30. E era tão pouquinho que no dia 15 eu não ia lá na pagadoria receber o dinheiro, eu deixava pra o dia 30 pra pegar tudo de uma vez, que era um pouco mais de dinheiro. E assim, deixava tudo em casa pra acabar ajudando. Eu... não era isso que eu tinha... muitas crianças, assim, vislumbra: "Ah, eu vou ser um piloto de avião" – na época isso era muito comum, né? – "Vou ser piloto, vou ser isso, vou ser aquilo..." E jamais eu ia pensar que eu ia ficar trabalhando em refrigeração. E acabei ficando na área de refrigeração, esse meu chefe me apoiou muito, me deu muitos conselhos, ele acabou me dando muitos conselhos. Eu acabei ficando na Antarctica quando acabou o meu estágio, acabei sendo meio oficial, depois eu fui oficial. Em pouco tempo de meio oficial, eu passei pra oficial e acabei até ficando no lugar dele. Ele acabou adoecendo, pegou uma doença que, infelizmente, em seis meses ele acabou falecendo. Assim, em pouquíssimo tempo eu passei de oficial, acabei passando pra mestre, na época era mestre de oficina, né?
P/1 – E, assim, nesse período que acabou o estágio, que você ficou até completar os 18 pra ser efetivado, você não pensou em procurar outra coisa? Aí você já falou...
R – Não, porque assim, como eu ainda não tinha formação, aquilo ali estava me mantendo, né? Eu trabalhava, depois quando acabou o meu estágio de aprendiz, de estagiário técnico, que eu passei para meio oficial, a diferença de salário já era grande. Assim já ganhava... na época era um bom salário. Então isso acaba te incentivando e você acaba gostando do ambiente, você acaba aprendendo outras coisas, né, atividades, e aquilo acaba te prendendo. E como era uma área de mecânica, depois que eu terminei o segundo grau entrei na faculdade, na Faculdade de Tecnologia de São Paulo, e na área de mecânica, então uma coisa tinha a ver com a outra, né? Então você está estudando mecânica, você está numa área de mecânica, de refrigeração, que tem a ver com aquilo que eu estava estudando. E aí, as oportunidades foram aparecendo, de crescimento dentro da Antarctica, aí eu acabei ficando. Porque eu fui chegando em um estágio avançado, que de mestre eu acabei passando pra encarregado; então eu acabei ficando encarregado de um setor que tinha quase 50 funcionários, de assistência técnica, funcionários que trabalhavam internamente, funcionários que trabalhavam externamente com carro, né. Isso foi bom pra mim porque eu ainda era novo e eu já tinha, eu já era responsável por uma área, uma área que era importante pra a companhia, né, porque dessa área dependia o bom funcionamento das geladeiras pra gelar a nossa cerveja, do chope. E na época, nossa, era uma competitividade grande com a Brahma. Porque era a Brahma e Antarctica ali brigando pela liderança de mercado. E a gente tinha que estar ali, pronto pra dar um bom atendimento, porque aquilo ali era um cartão, um cartão de visita dos nossos gerentes que iam fazer uma negociação de um ponto de venda, sabe? O cara está indeciso: "Ah, bom, trabalhar com a Antarctica, vou trabalhar com a Brahma..." E a gente tinha que dar um bom atendimento pra isso ser um diferencial, porque ali, em termos de produto, Antarctica e Brahma, elas estavam ali, né, em termos de qualidade de produto, elas estavam sempre ali, no topo. Então alguma coisa tinha que diferenciar uma da outra e a gente tentava diferenciar isso no bom atendimento.
P/1 – Voltar só um pouquinho ali. Uma coisa que eu fiquei curiosa, que eu gostaria que você falasse. Qual era o nome desse seu chefe?
R – Herbert. Herbert João (Tonobom?), o sobrenome dele, um sobrenome... ele era um alemaozão alto, sabe, forte. Eu me lembro que ele me ajudou muito, acho que se não fosse por ele, eu não sei... com certeza na Ambev eu não estaria, porque talvez eu não tivesse ficado na Antarctica e hoje, com certeza, talvez eu não estaria.
P/1 – E você entrou... que ano você entrou na Antarctica?
R – 1º de outubro de 1980. 1º de outubro de 1980... então em outubro, agora, de 2005, eu completei 25 anos. De 1980 até 2000, só com a Antarctica. Aí em 2000, teve a fusão com a Brahma e, de 2000 até agora, estou na Ambev.
P/1 – E, assim, agora voltando para o que você estava falando, quando você foi pra Antarctica, nessa área que foi de refrigeração, como que era a companhia nessa época aí na Mooca?
R – Ali funcionava a fábrica, ali tinha fabricação de cerveja, tinha a fabricação de refrigerantes. Era uma empresa muito grande, tinha quase 2500 funcionários, então ali funcionava a todo vapor, produção, tinha turnos, a noite virava e caminhões... Era uma empresa como é hoje quando você vai pra Jaguariúna, vai pra Guarulhos nas fábricas da Ambev, era ali, a fábrica de cerveja, no coração da Mooca. E o pessoal que trabalhava ali, na hora do almoço você passava na rua, tinha... parecia uma feira, né? Tinha muita gente ali naquele horário e, não tinha os mesmos sistemas que a gente tem hoje na Ambev, né, de gerenciamento, de controles, tudo, mas era uma produção grande, fortíssima e dali distribuía pra todo lugar.
P/1 – Você ficava do lado que está desativado hoje ou onde está o CDD agora?
R – Não, eu trabalhava já no lado onde eu estou hoje, onde é o CDD, do lado direito pra quem vai pra cidade, onde era a fábrica de cerveja, que hoje está desativado, né? E hoje a nossa área de manutenção, ela está instalada onde era a fábrica de refrigerantes, quer dizer, todo aquele equipamento foi retirado e o nosso pessoal de assistência técnica das geladeiras, eles ficam ali. E tem o pessoal que trabalha na rua, na época a gente também tinha uma equipe que trabalhava externo, fazendo atividade de manutenção, de preventiva nos nossos equipamentos. Hoje... só que hoje está muito mais, hoje a gente está muito mais preparado, os equipamentos são bem mais modernos...
P/1 – Só, Walter, te perguntar pra eu poder entender: essa parte da refrigeração que, quando você ___ era pra conservar a cerveja, o refrigerante, o que quer que seja, gelar... eram as geladeiras...
R – Isso. É.
P/1 – E isso eram geladeiras que iam...
R – Pros pontos de venda...
P/1 – Pro mercado...
R – Pros mercados...
P/1 – Pros pontos de venda, e que vocês que mandavam pra lá e a assistência era de vocês?
R – Era nossa. Então assim, quando fui efetivado, tinha o setor de manutenção de geladeiras e, separado, tinha o setor de manutenção de chopeiras e outro setor, separado também, de manutenção de post-mix, que são aquelas maquininhas de refrigerante de copo, né? Então eram três setores dentro da Antarctica independentes. Como eu tinha feito refrigeração, eu a princípio fiquei na manutenção de geladeiras. Naquela época não se trabalhava com essas geladeiras verticais que nem tem hoje. Porta de vidro ou porta cega, eram todas geladeiras horizontais. Então a gente fazia a manutenção de tudo que ia pro mercado, a gente tinha que fazer a manutenção; quando retirava de um mercado, voltava, a gente fazia a manutenção, tivesse que fazer e já disponibilizava pra voltar de novo pro mercado. Não éramos nós que fazíamos o transporte, tinha outro departamento, que era o transporte, eles é que levavam e traziam, a gente só fazia a manutenção interna. E se esses equipamentos dessem algum problema no mercado, tinha uma equipe que saía pra campo, pra fazer essa manutenção em campo. E aí, depois de algum tempo, acho que mais ou menos em 1984, 1985, eles viram que não tinha o porquê ter três departamentos trabalhando praticamente na mesma função, apesar de serem equipamentos diferentes, chopeira, post-mix e geladeira. Mas assim, o princípio de funcionamento não era muito diferente, então eles juntaram os três, as três áreas, e foi bem nessa época que eu acabei assumindo a área. Eu acabei ficando como encarregado da área, justamente porque esse meu chefe acabou adoecendo, acabou falecendo e aí eu acabei ficando... sendo indicado pra ser o responsável por essas três áreas.
P/1 – E essas geladeiras, tinha uma empresa que fabricava?
R – Tinha uma empresa que fabricava.
P/1 – Logo no início, a Antarctica tinha uma coisa de geladeiras. Depois com o tempo...
R – Sim. Esses equipamentos, eles eram comprados de fornecedores, na época tinha Metalfrio, que hoje continua sendo fornecedor da Ambev, Metalfrio; tinha mais uns outros dois fornecedores, Cônsul fornecia geladeiras para a gente também, e a gente só fazia a manutenção.
P/1 – E assim, não tinha uma coisa de falar, mais ou menos, dar uma dica de melhora daquelas geladeiras, que ela podia ser feita de outro jeito? Existia um modelo que a empresa...
R – Existia. Existia um modelo, mas existia também o departamento de engenharia na Antarctica, que era composto por pessoas que trabalhavam pra melhorar, melhorar os equipamentos, pra você estar sempre se modernizando. Então eles mantinham um contato com a gente, que nós éramos do campo, né, pra tirar informações, o que está acontecendo, o que que quebra muito, o que que a gente precisa melhorar. Então eles pegavam essas informações da gente e lá nas negociações deles com os fornecedores, eles passavam essas informações para melhorar a performance do equipamento, e acompanhar até a modernidade. Pra você ter uma ideia, naquela época as chopeiras não eram elétricas como são hoje, que você liga ela na tomada e o chope sai gelado. Não tinha, não era elétrica. Você tinha que colocar gelo dentro da chopeira, e aí a coisa foi se modernizando e hoje você tem aí uma infinidade de chopeiras com diferentes tipos de funcionamento; chopeiras que simplesmente gelam o produto e você tem chopeiras hoje que, além de gelar o produto, ela faz gelo por fora, todo um auêzinho. Então você vê como a coisa foi evoluindo. Então a gente acompanhou toda esta evolução das chopeiras, dos barris de chope... Pra você ter uma ideia, os barris de chope, eles eram de madeira. Hoje você tem barril de inox, que você coloca na câmara frigorífica. Naquela época, eram barris de madeira, quando você ia engatar o barril, você tinha que tomar cuidado, porque ele tinha um lacrezinho de plástico e você tinha que bater a válvula nele e já rosquear, porque quando você batia, espirrava chope pra todo lado, se você não fosse rápido. Você tinha que bater e já virar pra não perder chope. Então hoje você vê, os barris já são de inox, você tem válvula de segurança, então hoje a coisa evoluiu, gente...
P/1 – E isso tudo vocês foram acompanhando...
R – Toda essa evolução a gente foi acompanhando, o desenvolvimento de equipamentos, teste com barris de chope, então a gente acompanhou toda essa evolução.
P/1 – Você... pegando essa sua fala, dá pra você contar um pouquinho pra nós tanto do chope, do barril, quanto das geladeiras? As etapas que foram evoluindo, né? Como é que isso foi, que nem, hoje saiu agora essa lata da Skol que já... assim, que é...
R – Já é uma evolução na lata, né?
P/1 – Dá pra você falar um pouquinho, assim, essa coisa do chope, da geladeira, como foi...
R – Então, das geladeiras, na época nós tínhamos geladeiras que também... nós tínhamos geladeiras elétricas. Mas nós tínhamos ainda algumas geladeiras que funcionavam só como conservador. Você tinha... era uma estrutura de uma geladeira super pesada, uma isolação muito forte e ela não gelava. Você tinha que colocar o produto lá dentro e você colocava pedras de gelo, é como se fosse uma caixa térmica, né? Então você colocava lá bebidas ali dentro, colocava gelo pra você ter a bebida gelada. Então a gente partiu daquilo para hoje ter uma geladeira vertical, que tem um controlador eletrônico de temperatura, que funciona... que mantém o ambiente interno a menos sete graus, a menos seis graus, pra você ter a cerveja gelada. Então daí você vê... por aí você vê a evolução, né? Você sai de uma caixa térmica, você colocava a sua cerveja ali, e hoje você tem um equipamento que te dá a cerveja lá na temperatura...
P/1 – Mas assim, na década de 1980, no começo já, não tinha elétrica?
R – Tinha, tinha elétrica. Tinham muito dessas geladeiras que eram congeladores e a gente estava começando com os equipamentos elétricos. Que geladeira, sempre horizontal, né? sempre geladeira horizontal. E aí, quer dizer, a refrigeração em si, ela não muda muito, o princípio da refrigeração é o mesmo. O que você tinha lá em 1980 em uma geladeira elétrica, você tem hoje. Só que hoje você tem equipamentos, itens na geladeira que te garantem a temperatura ideal de consumo, a cerveja no ponto certo pra você estar degustando, né? Naquela época você tinha lá uma geladeira, ela te gelava o produto, não gelava da maneira adequada porque você tem uma geladeira, você tem uma geladeira horizontal, você coloca lá as garrafas todas deitadas e você não tem lá uma circulação de ar ali dentro, você não garante que a cerveja que está ali embaixo esteja na mesma temperatura que a cerveja que está aqui em cima; ou, conforme você vai tirando cerveja, vai colocando outras em cima e as de baixo acabam ficando lá embaixo, e você está pegando as de cima, e as de cima, talvez, não estejam na temperatura adequada. Então você vê que hoje você tem uma geladeira vertical, com prateleiras e você sabe: "Ah, essa aqui eu vou tirar primeiro, essa aqui eu vou tirar primeiro, a prateleira de baixo, depois a de baixo...", e você tem todas as cervejas na temperatura ideal que hoje é um diferencial de mercado, né? Quer dizer, as nossas concorrentes hoje, elas estão indo tudo atrás do que a Ambev está fazendo, elas estão indo atrás porque, realmente, este é um diferencial. Você tem uma geladeira lá que te gela a cerveja em uma temperatura ideal e você tem uma outra geladeira lá do concorrente, que você vai lá, uma hora está quente, uma outra hora está gelada e na nossa você garante que ela está sempre gelada, está sempre legal. Então isso é um diferencial, né? A gente saiu na frente, a gente sempre está na frente das outras e, às vezes, as outras sempre estão indo atrás. Então, essa foi sendo a evolução em geladeiras, né?
P/1 – E do chope?
R – Então, do chope a gente começou com as... a gente chama de serpentina só, né? Você tem uma... É como se imitasse um barril de madeira com serpentina ali dentro, que você tinha que colocar gelo, e ali o chope passava por aquela serpentina, e aí você tirava ele na torneira que também, na época, na época era o que você tinha de melhor mas não é o que você tem hoje, né, que você tinha o chope gelado, mas não era tão gelado não, como a gente tem hoje. E hoje o consumidor brasileiro, ele é muito exigente, né, em termos de temperatura de produto. Se o chope não estiver extremamente gelado, ele já reclama. E às vezes você vai atender uma reclamação hoje: "Ah, meu chope está quente". E você vai, você tira temperatura, e o chope está a dois graus. Poxa, o chope está gelado, mas ele está tão acostumado a tomar o chope lá perto de zero grau, que uma diferençazinha de um, dois graus, ele já reclama. Então você tem que estar sempre ali, garantindo que o seu equipamento estará sempre funcionando bem pra atingir a temperatura. E aí tem aqueles macetes: tem que manter o copo gelado que, às vezes, o copo em cima da mesa, ele fica quente; você tira o chope gelado em um copo quente ele perde a temperatura e aí você tem que dar todas essas dicas pro ponto de venda. E é legal porque você acaba vendo que aquele seu trabalho está se transformando em uma boa venda para aquele ponto de venda, né? Então você evoluiu. Você saiu de uma chopeira que você tinha que colocar gelo, te dava um chope, sei lá, o chope saía a cinco, seis graus, e naquela época estava bom pra caramba. Você tinha o chope nessa temperatura, estava muito bom. E aí com o tempo que foi passando, os equipamentos foram se modernizando, os clientes começaram a ser mais exigentes e hoje nós temos, aí, equipamentos top que garantem aí chope até menos um grau, está abaixo de zero, né? Então a evolução em chopeiras também foi muito grande, muito grande. Hoje nós temos equipamentos aí muito bons.
P/1 – E você chega a ir no ponto de venda, assim, dar uma olhada de reclamação?
R – Vou, vou nos pontos de vendas. Quer dizer que eu tive um estágio muito bom, né? Não só... quando eu falo estágio, não é na época que eu era estagiário, é de trabalhar em campo. Quer dizer, hoje eu sou supervisor, eu fico encarregado, mas eu passei pela área de manutenção. Eu fiz muita manutenção no mercado, né? E também eu conheço bem, eu posso dizer que eu conheço bem a área de chope. E também, hoje eu visito, hoje eu visito pontos de venda antes da inauguração, a gente visita, eu participo de muitas reuniões com os arquitetos porque... pra gente prever a melhor instalação de chope, o que não acontecia muito no passado, né? No passado você montava uma casa, deixava a casa prontinha, entregava lá a chave lá pra o dono do ponto de vendas, a casa pronta, aí o cara fala assim: "Agora vou colocar chope." Aí ele chamava a Antarctica, chamava alguém da Brahma: "Ó, eu quero colocar chope aqui." Aí eles negociavam se ia trabalhar com chope Brahma ou se ia trabalhar com chope Antarctica. Aí negociada a marca do chope, aí ia a área técnica lá pra ver onde ia colocar a chopeira. E muitas vezes você chegava lá e não tinha lugar pra pôr chopeira. Não tinha lugar pra colocar o barril de chope e acabava que você acabava dando um jeito de colocar. Às vezes não no melhor local, você acabava armazenando chope e não na temperatura adequada, às vezes você tinha que colocar ele perto de um fogão, às vezes ficava na cozinha, que não é o local adequado. Hoje não, né? Hoje os pontos de venda, eles têm uma preocupação muito grande de, antes de montar a casa, quando está ainda com os arquitetos elaborando a casa, a gente já está lá participando com eles, dando as opiniões, indicando onde é o melhor lugar pra colocar a chopeira, onde é o melhor lugar pra colocar o barril, pra armazenar o barril. Então visito, eu visito bastante esses pontos de venda.
P/1 – Como que acontece isso, Walter? Vamos supor assim, eu vou abrir um bar. Eu resolvi, não consultei nada, já viu o meu espaço, já estou montando a casa. Sou eu que vou atrás de vocês ou vocês, quando sabem que uma casa vai abrir, vocês já... eu digo, vocês, é a Ambev que vai lá...
R – Muitas vezes, que se sabe que esse pessoal de ponto de venda, eles se conhecem... acabam se conhecendo, um dono de ponto de vendas com outro, né? E eles acabam indicando a pessoa de contato. Às vezes você vai abrir um ponto de vendas, você ainda não é do ramo, mas você conhece alguém que é e você acaba perguntando: "Como funciona? Com quem eu falo?" E a pessoa sempre indica: "Fala com fulano..." Às vezes começa assim: "Fala com o meu vendedor. Vou te dar o telefone do meu vendedor, fala com o meu vendedor." Aí o vendedor vai falar com o supervisor dele, o supervisor dele vai passar pro GV [Gerente de Vendas], o GV acaba passando pra o GVM [Gerente de Vendas e Marketing], o GVM passa pra área técnica e assim vai, né? Negocia-se a parte comercial e depois entra a parte técnica. Normalmente é assim que funciona, alguém sempre indica. Quando não indica, às vezes até acaba vendo lá um técnico, um técnico da assistência técnica: "Olha, queria por uma chopeira na minha casa. Como que faz" "Ah, liga lá pro CAT [Central de Assistência Técnica]’’. Eles ligam pra gente lá e a gente indica qual que é o caminho, até depois pra voltar pra gente, porque acaba voltando. Primeiro você tem que fazer toda uma negociação comercial, pra depois voltar pra área técnica, pra gente entrar com a parte técnica, pra fazer toda a instalação.
P/1 – Eu queria que você falasse o que significa a sigla CAT.
R – Centro de Assistência Técnica.
P/1 – Uma coisa que eu estava aqui pensando. Não deve ser uma relação muito fácil, porque você tem que se relacionar com o dono do ponto de vendas, com arquiteto que está fazendo planta do estabelecimento e chega você lá dando uns palpites. Como que é esta relação?
R – Olha, já foi ruim, já foi pior. Hoje não, hoje já está tranquilo, porque eles sabem da importância de se ter uma instalação adequada, você ter um produto adequado, você estar servindo um produto adequado. Então, hoje, muitas vezes você... muitas vezes você consegue evitar. Mas às vezes você chega, por exemplo, o piso da casa já está todo pronto e aí você quer colocar a chopeira aqui, não tem lugar pra colocar o barril aqui, você tem que colocar o barril de chope lá há cinco metros de distância. Aí, infelizmente, o cara tem que quebrar o piso pra gente passar toda a tubulação. Hoje a relação é mais tranquila. Já foi ruim. Já foi, no ano passado, já foi ruim. Mas hoje é mais tranquila, eles entendem, até por causa da exigência, que a gente falou, né? Consumidor está exigente, né? Então se o cara não estiver disposto a fazer uma coisa certa, adequada, ele sabe que lá na frente ele vai ter problema, e problema na frente pra ele é prejuízo, que ele vai acabar perdendo venda. Então hoje ele está mais consciente disso, de que precisa e, às vezes, ele acaba abrindo mão de outra coisa pra se adequar ao que a gente precisa. Hoje está muito mais fácil de se lidar com os donos de ponto de venda. É assim, tem muita... as empresas de arquitetura, tem muitas que já conhecem a gente, que já ligam pra pedir alguma orientação antes de fazer o projeto. Então, às vezes, você chega lá, já está mais ou menos... a coisa já está mais ou menos do jeito que a gente precisa, não está muito... não dificulta muito não.
P/1 – Você estava falando, eu estava pensando, né? Assim, teve uma época que... eu vou dar o exemplo de carros: que as grandes empresas, as grandes montadoras, elas tinham tudo. Elas faziam o banco, parafuso, câmbio, tudo era feito com elas e depois, isso com o tempo, com o desenvolvimento, a coisa foi se terceirizando.
R – É, elas viraram só montadoras, né?
P/1 – Só montadoras.
R – Elas recebem as peças e acabam montando, né?
P/1 – E como que isso acontece? Eu fiquei pensando com as geladeiras e as chopeiras. O fornecedor, que é o da chopeira, que é o da geladeira, ele também acaba fornecendo pra outras companhias, como a Schincariol, a Itaipava, estou lembrando de algumas. E como que é esta relação? Porque existe a concorrência...
R – Existe a concorrência. Até pouco tempo atrás você tinha... a Ambev, a Antarctica tinha... você comprava uma chopeira e você encontrava uma chopeira exatamente igual à da Antarctica com a própria Brahma, com a Kaiser, com a Schincariol. Hoje a companhia desenvolveu, ela tem uma agência que desenvolveu um projeto de chopeiras. Então você tem todo um layout, layout não... um design das chopeiras, ele é exclusivo nosso. Então nós temos um modelo exclusivo de chopeiras que só nós temos. Então o fornecedor, ele pode continuar fornecendo pra os nossos concorrentes, só que ele pode fornecer um modelo diferente de equipamento, né? O equipamento desenvolvido por essa agência, ele só pode produzir pra a Ambev. Então são equipamentos com designs modernos. Hoje quando você pega lá o equipamento da concorrente, é igual ao que você falou de carro, né? Você tinha uma época que as linhas eram quadradas, depois começaram a dar uma arredondada e dar uma modernizada. As chopeiras, a mesma coisa. A gente já saiu na frente também com chopeiras. Então foi feito todo um trabalho de desenvolvimento de novos designs de chopeiras, designs modernos, são chopeiras que você... hoje você não encontra no mercado do concorrente chopeiras iguais às nossas. O fornecedor tudo bem, ele pode continuar fornecendo pros concorrentes, mesmo porque ele não pode viver só de vender pra Ambev. Então ele continua lá, vendendo lá pros concorrentes, mas os outros modelos, modelos que, pra gente, já são equipamentos ultrapassados e os modernos já estão na nossa mão.
P/2 – E antes de você trabalhar na Antarctica, qual era o contato que você tinha com a companhia?
R – Antes de trabalhar na Antarctica?
P/2 – Como você sempre...
R – Era só o Guaraná. Era só o Guaraná Antarctica. Sim, porque a Antarctica era na Mooca, né, eu morava na Vila Alpina, mas eu nem sabia que tinha uma fábrica da Antarctica na Mooca. Não tinha conhecimento, que eu era moleque, não ia muito para aqueles... pros lados da Mooca. Meu mundo era ali na Vila Alpina, né? Estudava ali, e o que eu conhecia da Antarctica era só o refrigerante, o Guaraná Antarctica. Tanto que o tempo que eu trabalhei na Antarctica, de 15 até 18 anos, eu era menor, não podia nem tomar cerveja, né? Conhecia lá a fabricação toda, mas na época ainda era menor de idade. Tomava em casa, um copinho lá pra experimentar com o meu pai, mas...
P/2 – E da sua família ninguém também trabalhou na Antarctica...
R – Então, a minha irmã, a minha irmã mais velha, ela estudou, ela fez secretariado lá na escola da... tem uma escola da Fundação, né, que é Walter Belian, existe até hoje. E nessa escola Walter Belian, muitos alunos da Walter Belian trabalharam na Antarctica ou na própria fundação, que é Fundação Antônio Helena Zerrenner, que hoje ela controla toda a área de benefícios da companhia, é controlada pela Fundação. E a minha irmã, ela fez secretariado, e ela, eles selecionavam lá os melhores alunos da fundação, eles acabavam indo trabalhar ou na Antarctica ou na Fundação. E a minha irmã acabou sendo chamada pra trabalhar na Fundação. Então ela trabalhou, ela trabalhou, ela entrou na Fundação um mês antes de eu entrar na Antarctica.
P/2 – Foi no mesmo período.
R – Foi no mesmo período. Ela entrou em setembro de 1980. Não tinha muito a ver, porque eu entrei no Senai quase um ano antes, só que eu não tinha, como eu falei, eu não tinha lá uma empresa pra me manter. Então foi, mais ou menos, coincidência de em setembro de 80 eles chamarem ela pra trabalhar na Fundação, ela já tinha se formado já, que ela tinha terminado o secretariado e ela foi chamada pra trabalhar pra ser funcionária mesmo da Fundação. E aí, um mês depois, coincidentemente abriu lá a vaga de estagiário, de aprendiz de Senai, e eu acabei fazendo lá a inscrição, e acabaram me chamando. Mas foi coincidência a gente ter entrado quase no mesmo período. E ela trabalhou na Fundação até 2002, mais ou menos. Que aí ela teve... pra mulher é um pouco diferente, né? Quando você tem filhos é diferente da gente, né? Normalmente você arruma um jeito, você tem que continuar trabalhando. Ela preferiu cuidar mais das crianças, dar uma atenção maior para as crianças, aí ela acabou saindo da Fundação. Mas ela trabalhou aí até... de 80 até 2002.
P/2 – E quando você entrou na Antarctica, quem é que estava na direção da companhia?
R – Então, a companhia, ela não tinha, ela nunca teve um presidente, né? Ela tinha os diretores, que eles acabavam fazendo lá um revezamento de quem ficava. É tipo um diretor-presidente, né? Então tinha lá um revezamento entre os diretores. Na época eu não vou me lembrar quem que estava na direção, dos diretores, né?
P/2 – É como se fosse um rodízio, né?
R – Agora que, no final, eu acabei conhecendo mais a parte da diretoria. Doutor Victório [Victório Carlos Marchi], Celso Neves, que eram diretores que gente tinha algum contato, alguma atividade que a gente fazia, que eles acabavam acompanhando.
P/2 – E você falou da questão do chope e da cerveja. Qual era o grande forte, era mais o chope ou mais a cerveja na...
R – A cerveja, a cerveja sempre foi, sempre foi o forte da companhia, né?. E o chope era, assim, mais um negócio mais VIP, né? Onde você tinha chope, não era em todo lugar que você tinha chope. Então era um negócio mais... como se diz...
P/2 – Mais exclusivo.
R – Mais exclusivo, vamos dizer assim. Não era todo lugar que você colocava chope.
P/2 – E você cuidava da parte dos pontos de venda de São Paulo, da cidade de São Paulo...
R – De São Paulo.
P/2 – ... ou era regionalizado?
R – Não. Na Antarctica funcionava diferente do que funciona hoje. Eu tomava conta... tinha essa fábrica da Mooca e tinha uma fábrica de refrigerantes na Baixada Santista. Toda a manutenção daqui de São Paulo era a gente que fazia. Pela Santos tinha uma outra fábrica, com outros técnicos, que faziam lá. Um bom tempo depois, eu não me recordo agora em qual ano, que aí nasceu a fábrica lá de Jaguariúna. Quando nasceu a fábrica em Jaguariúna, aí tinha... se montou uma estrutura lá em Jaguariúna pra fazer este atendimento, que a gente fazia em São Paulo, pra fazer o atendimento lá na área de Jaguariúna. Antes disso, a gente fazia por aqui também. Da Mooca, nós tínhamos dois funcionários que faziam. Eles viviam viajando, porque toda a cerveja, todo o chope, todo o post-mix saía da Mooca. Então você tinha áreas lá em Caraguatatuba, Barretos, Presidente Prudente... eram áreas longe, distantes, a gente também tinha... que nós também tínhamos equipamentos nessas áreas distantes. Então se tivesse um problema lá em uma máquina de refrigerante, alguma chopeira, saía um técnico da Mooca pra fazer este atendimento. Então eles viviam... quando ele saíam, às vezes você ficava uma, duas semanas sem encontrar com eles, eles já faziam toda aquela área, né? Ficavam em hotéis. "Vou fazer essa região", aí eles iam lá e visitavam todos os pontos de venda, se tivesse algum problema já resolvia, depois eles iam pra outra região. Fazia lá todos os pontos de venda, aí, às vezes, voltavam para a companhia, pra Antarctica, pra acertar conta, pegar dinheiro, trocar as peças que eles trocaram, pegar as pessoas novas, pra continuar seguindo nessas outras áreas. Aí depois que montou a fábrica de Jaguariúna, aí facilitou, né? Aí já... aquelas áreas mais distantes do interior, já saía de Jaguariúna pra fazer este atendimento. Mas até então era tudo centralizado na Mooca. Todo o atendimento de São Paulo, com exceção de Santos, que tinha uma outra fábrica lá, o resto de São Paulo, do estado de São Paulo, era tudo atendido pela Mooca.
P/2 – E como que foi, quando teve esta mudança pra Jaguariúna? Qual foi o impacto na Antarctica, a partir desse desmembramento?
R – Não, foi positivo, porque você tinha uma fábrica, a fábrica de Jaguariúna é uma fábrica moderna, com equipamentos modernos. A produção do Jaguariúna, ela... Tanto que, acho que em 1996, 1996... ou 1997, três, quase três anos antes da fusão com a Brahma, já não se fabricava mais cerveja na Mooca. A fabricação foi toda pra Jaguariúna, porque é uma fábrica moderna que supria a demanda de São Paulo, de tão grande era a capacidade produtiva de Jaguariúna. Quer dizer, o impacto pra companhia foi muito bom, né, porque você tinha... a demanda de produção era muito grande. Negativo porque muita gente que trabalhava na Mooca acabou, encerrou a produção, poucas pessoas foram pra Jaguariúna, né, algumas pessoas acabaram saindo da companhia, né? Acabaram porque encerrou a produção. Aí você começou a ver aquele movimento que eu falei que tinha lá, na hora do almoço, que parecia uma feira, aquele mundo de gente lá, começou a diminuir, porque você acabou com a fabricação de cerveja. E acho que em 2002, mais ou menos, aí acabou a fabricação de refrigerantes. Então praticamente aquilo na Mooca parou, né? Não se produzia mais nada na Mooca. Foi tudo pra Jaguariúna, aí tinha a fábrica de Jundiaí, que era a fábrica da Pepsi que fabricava o post-mix, aí tem a fábrica de Guarulhos... Aí, o que que aconteceu? Deixou de ser Antarctica pra ser Ambev, né? Aí você tem fábricas... você tinha as fábricas que eram da Antarctica e as fábricas que eram da Brahma, que acabaram suprindo toda a demanda da área, e aí você acaba sendo obrigado a fechar alguma fábrica, porque você tem fábricas que atendem à demanda. Então não tem porque você manter uma fábrica na Mooca, onde o imposto, a água, tudo é mais caro, se você tem outras fábricas que suprem. Então a Mooca acabou... acabou, né? A produção na Mooca acabou. E aí hoje a Mooca virou um grande centro de distribuição, um dos maiores do Brasil, que é o CDD Mooca. Hoje você tem um movimento lá de caminhões também, de gente, tão grande quanto era na época... não chega a ter o mesmo número de pessoas, mas o movimento na Mooca, ele voltou com a criação do CDD Mooca, que é um movimento grande de pessoas e caminhões.
P/1 – Só te perguntar uma coisa: quando desativou a fábrica aqui da Mooca, que foi pra Jaguariúna, um grande número de pessoas não foram porque foi pra uma outra cidade ou porque ela foi construída, pensada de uma forma que ela foi muito mais automatizada e não precisava de tanta gente?
R – Sim. Por ser uma fábrica nova, ela era totalmente moderna, os equipamentos modernos. A capacidade produtiva de Jaguariúna, ela supria tanto a demanda do interior quanto a demanda daqui, a demanda da capital. Então não tinha porque você manter uma fábrica em São Paulo se você tinha uma fábrica em Jaguariúna, que ela atendia...
P/1 – Que era tão moderna que não precisava de tanta gente também...
R – Que não precisava de tanta gente também.
P/1 – Mas essa opção foi dada. Quem quisesse, assim, as pessoas que precisassem...
R – Eu não tinha muito contato com o pessoal da área de produção, né? Mas eu sei que tem muita gente que era da... trabalhava na Mooca, que acabou indo pra Jaguariúna. Então eu acredito que algumas pessoas devem ter sido ou convidadas ou eles abriram que, quem quisesse ir pra lá, que na época, era acessível até você comprar alguma coisa, alguma casa, um terreno lá em Jaguariúna. Depois que a fábrica se instalou, tudo acabou ficando mais caro. Mas eu conheço pessoas que hoje moram em Jaguariúna e trabalhavam lá na Ambev, que trabalhavam na Antarctica na Mooca, né? Então esta oportunidade deve ter sido dada, sim. Essas pessoas...
P/2 – E você disse que a sua irmã trabalhava na Fundação. Qual era a relação dos funcionários com a Fundação ainda neste período Antarctica?
R – Como a Fundação, como ela é responsável por todos os benefícios da companhia, então tudo o que a gente tinha na Antarctica, o convênio médico, o convênio odontológico, os remédios, tudo relacionado a benefícios, isso era administrado pela Fundação. A gente tinha lá um departamento na companhia que fazia toda a... que mantinha o contato com a Fundação, então não era a gente que ia direto. A gente não tinha o contato direto com a Fundação. A gente tinha uma área na companhia que era o RH [Recursos Humanos], a gente tratava com o RH. O RH é que tratava com a Fundação. A gente não tinha um contato direto com a Fundação, era através de um outro departamento.
P/2 – Então a Fundação era responsável por toda essa parte de benefícios dos funcionários...
R – Toda a parte de benefício, isso. Que continua até hoje, né? A Fundação, ela continua com a responsabilidade de todos os benefícios da Ambev, são de responsabilidade da Fundação.
P/2 – E, por exemplo, nesse período ainda, Antarctica, antes da fusão. Qual era o produto símbolo da companhia? Você já disse que cerveja era mais que chope. Mas qual era o produto símbolo da companhia no mercado mesmo, na sua opinião?
R – A cerveja Antarctica, né, a Pilsen, e o Guaraná Antarctica, né, sempre foram muito fortes o mercado. A cerveja Antarctica, ela sempre batalhou aí, ela sempre competiu com a Brahma, né, pra liderar o mercado. E o Guaraná Antarctica, indiscutível, sempre foi um carro chefe aí...
P/2 – Na área de refrigerantes sempre foi o Guaraná Antarctica...
R – Sempre foi o Guaraná Antarctica. Tanto que hoje ele permanece na Ambev.
P/1 – Queria que você falasse um pouquinho, assim, da Antarctica mesmo, na coisa da relação com os funcionários, com os empregados, como que era essa relação? Existia um cuidado, um acompanhamento? Você falou do seu chefe, que quando você entrou, perdeu uma grande oportunidade, né, ele conseguiu. Era meio uma família? Você acha que tinha essa característica?
R – A Antarctica é uma empresa... ela era uma empresa muito paternalista, né? Então ela mantinha, procurava, assim, sempre manter o empregado. Não que a Ambev não faça isso hoje... coisas, elas são automáticas. Mas assim, a gente pode ver como cuidados distintos. Hoje, hoje na Ambev tem uma área de gente que ela cuida muito, muito bem dos funcionários. Na Antarctica também tinha um cuidado. Não como tem hoje, não com as mesmas preocupações que existem hoje na Ambev. Era uma empresa paternalista que lhe dava muitos benefícios, né? Então assim, o funcionário que entrava na Antarctica, dificilmente ele queria sair, que tinha... é aquele negócio de família que você falou, né? O pessoal gostava de estar ali trabalhando, como se estivesse trabalhando na sua casa. Que não é muito diferente da Ambev; é lógico, deixou de ser uma empresa paternalista, tem uma área de gente que se preocupa muito com o funcionário, com a segurança, com o bem-estar. Você tem que estar bem não só no seu ambiente de trabalho, com equipamentos adequados, mas ele se preocupam muito com o seu lado família, né? Então tem muita atividade que na Antarctica nós não tínhamos, atividade com as crianças. No dia das crianças você tem uma atividade na Antarctica que antes você não tinha, brinquedo no dia das crianças, brinquedo no Natal, isso não tinha na Antarctica. Quer dizer, tem coisas que tinham na Antarctica que hoje não tem na Ambev, assim como tem muitas coisas que tem na Ambev hoje que não tinham na Antarctica. Então, quer dizer, uma coisa acaba compensando a outra.
P/1 – Voltando um pouquinho pra transferência em Jaguariúna, eu estava pensando agora... como que foi isso? A gente sabe que era importante, que foi necessário, que supria, que era o ideal. Mas quando mudou mesmo, quando parou a produção na Mooca, houve uma reação, um sentimento de que... como que foi isso?
R – É, você sempre acaba perdendo amigos, né? Porque você tem, em alguns horários, você tem um certo convívio com algumas pessoas que trabalhavam na produção. Tanto ali na hora que você está almoçando quanto no intervalo de almoço que você vai lá bater um papo, falar sobre futebol, você vai ali no barzinho da esquina jogar um pebolim, jogar um bilhar, você tinha contato com essas pessoas, tinha uma certa amizade. E aí, de repente, essas pessoas acabaram deixando de estar ali, de ter um emprego, né? Quer dizer, então a gente fica, pro lado pessoal, sentimental, você acaba ficando triste. Você sabe que é uma pessoa que está ali perdendo o emprego, né? Mas, pelo lado companhia, ela... foi um crescimento, né?
P/1 – E a sua esposa trabalhou na Antarctica?
R – Não, não. Nunca trabalhou.
P/1 – Não é de lá.
R – Até uma época, até tentei arrumar alguma coisa. Como ela se formou em biologia e existia lá um laboratório biológico na companhia, em uma determinada época eu até tinha... até pensei em colocar, falei com algumas pessoas, mas acabei não conseguindo. E ela acabou fazendo lá os cursos, outros cursos dela, passou em concursos também da prefeitura, hoje ela é professora, está bem lá...
P/1 – Antes da fusão, como é que essa coisa dos produtos da Antarctica e Brahma na sua casa?
R – Na minha casa só tinha Antarctica [risos]. Só tinha Antarctica, guaraná e cerveja sempre foi Antarctica. Não tinha outro produto.
P/1 – E por você trabalhar na Antarctica tantos anos, agora na Ambev, as pessoas que não faziam parte, que não trabalhavam com você, amigos, familiares, essas coisas. Tinha aquilo, assim, você era um grande entendedor de cerveja e de... existe... existia isso?
R – Assim, o pessoal, meus amigos sempre souberam que eu trabalhava na Antarctica, né? Então, toda festinha que a gente se reunia, quando não tinha Antarctica, tinha outro produto, tinha aquela brincadeira: "Pô, a gente tem que tomar isso aqui..." Sempre tem aquela, aquele fundinho de... assim, normal, não pode obrigar as pessoas a... Mas eu sempre acabava dando umas cutucadas, né? Então quando a gente ia, às vezes a gente saía pra viajar, que ia pra praia, ia alguma coisa, a gente só levava produto Ambev. Desculpa, Antarctica. E depois da fusão, eles falaram assim: "E agora? E agora vamos tomar o que?" Eu falo: "Agora vocês podem tomar o que quiserem: Brahma, Antarctica, Skol... pode tomar o que vocês quiserem."
P/1 – Está liberado.
R – Está liberado pra tomar o que quiser.
P/1 – E assim, antes de a gente entrar na parte da fusão, este período anterior, tem algum fato que tenha te marcado muito? Assim, que você lembre, é uma coisa...
R – Tem. É uma coisa engraçada, superstição, né? Mas assim, antes da fusão com a Brahma, a minha área específica, nós tínhamos lá quase 50 funcionários. E foi uma época, eu acho que em 1998, 1997 ou 1998, que as empresas, elas estavam terceirizando os serviços. Tudo o que era serviço você terceirizava. E a minha área, ela acabou sendo terceirizada. Então, daqueles 50 funcionários que eu tinha diretamente ligados a mim, eu acabei ficando com dois. Só que assim, não foi ruim para os funcionários porque todos eles, todos, 100% dos funcionários, eles acabaram sendo absorvidos por esta empresa terceirizada, que ia prestar... toda a atividade, todo o trabalho que nós fazíamos com funcionários próprios, esse trabalho acabou sendo terceirizado. E aí eu fiquei e mais dois, porque a gente tinha que supervisionar o trabalho desta empresa terceirizada, até pra validar tudo o que eles faziam, pra fazer o pagamento pra eles. Então, de repente, aquela responsabilidade, aquela carga de trabalho que a gente tinha, que eu tinha, tiraram assim de mim. De uma hora pra outra, pum: "Você não vai fazer mais isso. Agora você só vai controlar o serviço terceirizado." E aí, a coisa ficou assim, eu falo: "Puxa vida. Eu fazia tanta coisa. Agora não está mais, né, nas minhas mãos. A gente continua controlando, mas os funcionários não são mais... eu não tenho mais funcionários, a atividade não é minha, só tenho que responder e cobrar do terceirizado." E assim, é engraçado, hoje eu lembro muito disso. Às vezes quando eu saía do serviço, já no finalzinho da tarde, é até engraçado, né? Mas assim, não sei se você... é uma superstição, né, mas quando você vê a primeira estrela lá no céu: "Bom, vou fazer um pedido pra essa estrela", que é a primeira estrela. E aí, um dia, eu estava saindo do serviço, eu vi aquela primeira estrela, eu falei assim: "Putz, vou fazer um pedido pra essa estrela: alguma coisa tem que mudar aqui porque isso aqui está muito maçante, isso, né? muito monótono." Aquela atividade que eu tinha antes, que era agitada demais, não, se tornou um negócio mais monótono. Eu falei: "Não, alguma coisa tem de acontecer. Porque eu não vou a aguentar ficar essa monotonia. Ou muda ou eu vou ter que procurar outra coisa". Eu lembro que aconteceu a fusão, nossa, foi assim, né, depois da fusão, desterceirizou, os funcionários voltaram e eu acabei conseguindo trazer de volta muitos daqueles funcionários que já eram da Antarctica, eles foram desligados da Antarctica, eles foram admitidos por uma outra empresa pra fazer o serviço terceirizado, aí em 2000 aconteceu a fusão. Na Ambev a gente entendeu que esse serviço não deveria ser terceirizado, esse serviço tinha que estar na nossa mão, afinal de contas é a qualidade do nosso produto, dos nossos equipamentos, tem que estar na nossa mão. Não pode ficar na mão de terceiro. E aí a gente acabou montando de novo a estrutura e eu acabei conseguindo trazer de volta pra Ambev alguns funcionários que já eram de Antarctica, da minha época de Antarctica, e eu acabei conseguindo trazer de volta. Então, é engraçado, né? Porque eu lembro que falei: "Puxa vida, eu fiz um pedido pra uma estrela, se não acontecer alguma coisa nisso aqui, não vai dar pra continuar." É, e isso aconteceu, deu uma... eu não sei se não tivesse acontecido a fusão, eu fico pensando hoje, né? Será que, se não tivesse tido a fusão, se a Brahma continuasse Brahma e a Antarctica continuasse Antarctica, puxa vida, será que eu... eu não sei se eu teria aguentado ficar naquela monotonia que virou a minha área. O meu departamento virou uma monotonia. E aí deu aquela... virou 360 graus. Então, esse eu acho que é um fato engraçado, um negócio que eu sempre... interessante, que eu...
P/1 – Mas foi bom, né?
R – Foi bom. Foi muito bom.
P/1 – Mas Walter, agora falando dessa coisa da fusão. Como que você recebeu a notícia, como que foi isso quando...
R – Então, foi engraçado porque eu tinha... eu tenho um primo que ele tinha um restaurante no Ipiranga. O Ipiranga é do lado da Mooca, né? E a gente tinha restaurante dentro da Antarctica, mas a nossa área, como era uma área de manutenção, que a gente trabalhava interno e externo, a gente às vezes fazia atividade externa, a gente recebia tíquete. Então a gente não almoçava no restaurante da Antarctica, e aí às vezes eu ia almoçar no restaurante do meu primo. E justamente naquele dia eu saí na hora do almoço, fui até o restaurante dele pra almoçar com ele, tinha televisão, e ele falou: "Ó, teve uma chamada aí, do jornal..." – acho que é do Jornal Hoje, não me lembro – que a Antarctica e a Brahma estão se juntando." Eu falei: "Você está brincando. Eu saí de lá agora e ninguém falou nada." Falou: "Então, vamos esperar." Então eu estava ali almoçando, daí começou o jornal e aí, no jornal, eles deram a notícia da fusão das duas grandes cervejarias, que estavam se juntando. Foi assim que eu fiquei sabendo. No jornal, na hora do almoço. Aí quando eu voltei do almoço, nossa, já era o maior comentário geral da companhia, é que tinha acontecido a fusão.
P/1 – E teve assim uma coisa de insegurança...
R – Com certeza.
P/1 – De todo mundo, né?
R – Todo mundo, todo mundo. Era uma insegurança muito grande. Você não sabe... você sabe, quando existe uma fusão, você não consegue manter todas as pessoas, porque tem as mesmas áreas, você acaba juntando e é uma seleção natural, né? As coisas... algumas pessoas ficam, algumas pessoas vão. E assim, eu perdi muitos, muitos amigos da Antarctica acabaram saindo. Daqui da Mooca, eu acho que dá pra contar nos dedos o pessoal da Antarctica que era da minha época que acabou ficando.
P/1 – E assim, por outro lado, que essa coisa, arqui-inimiga, né? Mas como que agora...
R – Então, quer dizer, por um lado, assim, você fala assim: "Poxa vida, até ontem era o nosso maior inimigo, principalmente na nossa área de chopeira", vai, vamos dizer assim. Poxa, era a maior alegria, assim, quando você tinha um ponto de vendas que trabalhava com a marca Brahma e aí o pessoal da área comercial ia lá e negociava com o ponto de vendas e o cara falava assim: "Tudo bem, vou passar a trabalhar com Antarctica." Então a gente, nós recebíamos a solicitação de instalação de chopeiras naquele bar, tal, que era Brahma, e vai tirar a Brahma pra colocar a Antarctica. "Pô, ganhamos mais uma, né?" Então, de uma hora pra outra a gente estava na mesma empresa, você deixa de ser concorrente, você tem que agora passar a trabalhar forte pra manter aquela marca em evidência, né?
P/1 – Aconteceu alguma vez, assim, de alguém que trabalhou, que você conheceu, que com essa fusão falou: "Ufa, agora não preciso mais tomar neste ponto de venda. De vez em quando tomava a concorrente, ia a algum lugar que..."
R – Não, eu mesmo, quantas vezes você vai em um... você está em um restaurante, você está em um bar e você, poxa, você quer tomar uma Brahma, você quer tomar uma Skol. Porque assim, a Skol sempre foi uma marca líder, né? Uma cerveja muito boa, né? Então você tem vontade de tomar e, às vezes, você era obrigado, no supermercado, quando você queria comprar uma latinha de cerveja Skol ou uma cerveja Brahma, você tentar esconder lá no meio das outras coisas. Ou se você está em um restaurante, você fala: "Será que eu tomo, será que não tomo, será que não tem alguém aqui que está me vendo?" Porque assim, você sempre tinha vontade de estar provando, aí você fala: "putz, legal. Agora tranquilo, eu posso tomar tranquilo." Tem isso, sim.
P/1 – E com a fusão, teve algum choque de cultura? Porque a cultura Antarctica e a cultura Brahma, elas eram distintas, né? Com a fusão, teve choque destas culturas?
R – Sim, teve. Teve um choque sim. É aquilo que a gente falou, né? A Antarctica é uma empresa mais paternalista; a Brahma é uma empresa mais dinâmica. Então você percebe as mudanças. Só que assim, você tem que se adequar à mudança, né? Então você acaba, você acaba se adequando. Que é assim, ou você se adequa à sua nova cultura ou você sai. Que foi o que aconteceu com muitas pessoas que trabalhavam comigo lá, que eu conhecia. Elas não se adequaram a uma nova cultura e acabaram saindo.
P/2 – E quais foram os principais pontos que você acha que mudou nessa parte de cultura?
R – Olha, eu acho que, pra ser sincero, eu particularmente não senti muita mudança. É lógico, aquelas coisas que eu falei, do benefício. A gente tinha alguns benefícios que hoje a gente não tem na Ambev. Então você sente algum... assim, diretamente, você sente, eu senti por ali, um impacto maior foi ali. Porque eu tive... é aí que está, eu não posso falar pelas outras áreas, mas a área que era a minha área, a área da Brahma, eu encontrei pessoas que me apoiaram, a gente trocou muita informação, muito conhecimento. Eu fui assim, vamos dizer que eu fui muito bem recebido nessa fusão. Então pra mim, o impacto maior foi perder alguns benefícios que a gente tinha na Antarctica. Mas em contrapartida, é aquilo que eu falei, balanceou, porque a Ambev tem uns outros tantos benefícios que acabaram contrabalanceando, pra mim a transição foi tranquila. Mas assim, eu sei que outras áreas, outros departamentos, o pessoal acabou saindo, não sei te dizer ao certo o porquê, mas com certeza foi alguma coisa relacionada a... As pessoas tinham um método de trabalho e encontraram um outro método um pouco mais dinâmico, porque a Ambev é uma empresa muito dinâmica, então você tem que... Hoje a gente fala, a gente sempre fala pra o nosso pessoal, você está sempre tendo que usar lá o tanque reserva, gastar sola de sapato e a Antarctica era mais, um pouco mais, mais tranquila, né? Não era aquela coisa mais, tão dinâmica quanto é hoje a Ambev. Provavelmente, pra estas pessoas, sei lá, acho que pra engrenar com o sistema que já existia, a Brahma já vinha de um tempo, de uns anos antes, que ela já vinha crescendo, tomando o mercado, já tinha um sistema de um pouco de trabalho diferente, acho que o impacto foi maior. Não sei te dizer ao certo, porque é aquilo que te falei, a minha área que eu trabalhei, a coisa foi tranquila, engrenei muito tranquilamente no sistema que...
P/2 – E agora, com esta outra fusão que aconteceu agora, há algum tempo atrás, com a Interbrew, como foi que chegou esta notícia de novo?
R – Eu acho assim, que cada vez que a companhia, ela... que acontece alguma coisa desse tipo pra companhia, né, aconteceu aqui na América do Sul com a Kilmes, cada vez que isso acontece, você fala assim: "Pô, trabalho em uma puta de uma empresa, né? Caramba, ela está crescendo cada vez mais e daqui a pouco a gente vai tomar conta do mundo, né?" A gente só tem que sentir orgulho, porque é a conquista do mundo, né? Hoje você tem Brahma lá na Rússia então, puta... assim, cada vez que isso acontece, parece que dá uma injeção, uma injeção de ânimo pra você continuar cada vez mais se esforçando, batalhando, pra estar fazendo parte do time, que é um puta time campeão. Então, esse da Inbev foi uma surpresa muito boa, né? Quando a gente estava só, a princípio, assim: "Vamos dominar a América", a gente se preparou, acabei fazendo um curso de espanhol, achei que seria importante fazer um curso de espanhol, tive oportunidade de ficar aí quase 30 dias na República Dominicana, né? Quer dizer, olha só quanta coisa, aquela virada pela virada que eu falei: "Puta, alguma coisa tem que acontecer na minha vida porque senão..." Olha só. Mudou, eu acabei fazendo o curso, graças a isso eu tive a oportunidade de ficar quase um mês lá na República Dominicana, eu vi a... eles estavam montando uma fábrica da Brahma, eu não fiquei tempo suficiente pra ver o lançamento da cerveja Brahma. Um mês depois que eu voltei, lançaram a cerveja Brahma na República Dominicana, daí eu tive a oportunidade de ficar, passar. Fui um dia pro Peru, pra estar tirando algumas dúvidas do pessoal lá com o nosso programa de excelência. Então, você vê que, uma coisa, né... agora eu estou vendo que já está na hora de eu fazer, urgentemente, um curso de inglês. Porque daqui a pouco já aparece alguma coisa aí, como muitos amigos nossos já estão indo pra Bélgica, pro Canadá, o meu gerente mesmo foi agora pro Canadá, conheço pessoas que foram pra Bélgica. Então você vê, a coisa já está... toda a fusão, tudo o que acontece na companhia é uma oportunidade pra todo mundo estar crescendo, né? Então as oportunidades vão surgindo, então cada vez que acontece uma coisa dessas, você fala: "Pô, alguma coisa pode acontecer, mais uma virada na vida da gente, mais alguma coisa que pode mudar pra melhor."
P/1 – E só uma pergunta. Walter, nessas viagens: Peru, a República ou, se você for depois, que eu espero que você vá, pra mais longe, você vai e faz especificamente o quê? Qual é esse apoio, qual essa...
R – Então, como a gente tem, assim, o conhecimento nessa parte de assistência técnica, nessa refrigeração, quando a gente vai é voltado pra essa área. Por exemplo, na República Dominicana, eles têm lá também as geladeiras, só que lá eles não tinham cerveja. Lá tem uma fábrica da Pepsi e a gente tem os equipamentos exclusivos pra refrigerante Pepsi. Tem as máquinas de refrigerante também pros produtos da Pepsi e eles não têm cerveja lá, não tinham cerveja. Eles ainda não têm chope, né, quer dizer, hoje tem cerveja, de cerveja pra você ter chope é dois palitos ali, né? Então, sempre vale você levar alguma informação, algum conhecimento pra as pessoas de lá...
[Fim do CD 1]
R – ... os controles que a gente tem aqui da nossa manutenção, tudo o que a gente faz aqui pra você ter um resultado positivo na manutenção, você que você tem que estar multiplicando, estar passando pras nossas fábricas fora do Brasil, né?
P/1 – E esse padrão de temperatura é igualzinho?
R – Exatamente.
P/1 – Tem que ser a mesma coisa.
R – A mesma coisa. A mesma coisa. Levando-se em consideração, por exemplo, na República Dominicana, lá é muito calor, se bebe muita cerveja, então você tem que garantir mesmo que o equipamento que... você tem que desenvolver. A Metalfrio desenvolveu um equipamento específico pra atender o mercado de lá. É uma geladeira igual a nossa, que chega na mesma temperatura, mas com algumas particularidades. Lá você tem problemas de energia elétrica, então você não tem fornecimento de energia elétrica 24 horas por dia, às vezes você tem 12 horas de fornecimento, as outras 12 horas você depende de gerador, de baterias, né? E você vai, você tem pontos de venda de chope, chope não, de cerveja. Que às vezes o cara, ele não tem uma instalação elétrica adequada, ele rouba lá, ele coloca o fio no poste e puxa, é uma instalação inadequada, e você tem que ter um equipamento que, você tem que garantir que aquele equipamento vai funcionar. Tem todo um processo aí de desenvolver o equipamento, de capacitar os técnicos a estar conhecendo o equipamento pra poder fazer a manutenção.
P/1 – Esse equipamento, ele é comprado aqui no Brasil....
R – Ele é comprado aqui no Brasil.
P/1 – Tanto pra a República Dominicana quanto para o Peru...
R – Sim.
P/1 – E aí exporta.
R – Exporta. Esses equipamentos foram desenvolvidos aqui. Nós temos dois fornecedores de equipamento hoje, né? Um deles já saiu na frente e desenvolveu um equipamento que atende essas particularidades do país, e aí você compra aqui e manda, despacha para lá.
P/1 – E isso é feito pra outros países também?
R – Também. Por exemplo, os equipamentos da Pepsi que tem hoje na República Dominicana, eles são equipamentos de lá mesmo. Mas os equipamentos novos de cerveja, a gente tem o desenvolvimento deles aqui, tem uma pessoa aqui na administração central que toca todo esse desenvolvimento junto com o fornecedor pra gente ter o melhor equipamento do mercado. Nosso grande diferencial. Tem sempre que ter o melhor equipamento do mercado. Tem que estar sempre na frente dos nossos concorrentes. Então a gente faz um desenvolvimento com o fornecedor e você tem que estar passando esses equipamentos pros outros países.
P/2 – E nesses 25 anos que você tem de Antarctica e agora Ambev, qual seria o momento mais marcante de toda a sua trajetória dentro da empresa?
R – Olha, eu acho que o momento mais marcante foi, assim, aquele momento de ascensão, né, que eu não sabia nem se eu ia ficar ou não na Antarctica, de repente eu fiquei e cheguei a ter um cargo de encarregado de uma área. Uma área grande, eu era... pode-se dizer que eu era, pra lidar com pessoas, uma quantidade grande de pessoas, até que eu era inexperiente. Então foi marcante porque eu acabei assumindo e acabei dando conta do recado. Então ali foi marcante. E depois, em 2000, quando teve a fusão... 2000 e 2001 foi a fusão, e a transição também foi um período marcante, né, porque é um período de definição: algumas pessoas ficam e algumas pessoas vão embora. Então ali eu acho que também foi um momento marcante porque, além de... eu fiquei e fui reconhecido pela companhia e hoje eu estou, estou até hoje na área de manutenção, e a gente está sempre aqui na CIDA (?), no suporte pro pessoal da Sede e nesse mesmo desenvolvimento de equipamentos, então eu acho que foram dois períodos que marcaram bastante. Foi essa permanência e ascensão na Antarctica que me fez ficar até hoje na Ambev.
P/2 – Teve alguma propaganda, alguma campanha nesse tempo aí, de algum produto que tenha também te chamado a atenção em específico?
R – Que ficou na memória? Eu acho que... um que eu acho, uma propaganda que eu achei legal, que eu não esqueço é do Guaraná, da pizza com Guaraná, eu acho aquele comercial muito legal, muito legal; e aquele comercial da Brahma, das tartarugas. Esses dois, eu acho que foram, assim, da Antarctica eu nunca gostei muito das propagandas da Antarctica, eu não sei se na época a agência que fazia os comerciais, eu nunca gostei muito dos comerciais da Antarctica. Agora, o do Guaraná foi muito legal. O do Guaraná, pizza com Guaraná, muito legal, marcante, e o da Brahma agora, daquelas tartarugas. Agora esse comercial da Antarctica, da boa, esse é legal também. Mas, assim, marcante mesmo é o da cerveja das tartaruguinhas e o da Antarctica, da pizza com Guaraná.
P/1 – Walter, nós estamos caminhando pra o final. Tem alguma coisa, assim, que você acha que é importante, que a gente não te perguntou, que gostaria de falar?
R – Eu acho que a gente falou um pouquinho de cada etapa, da minha vida na companhia, que é uma vida, né, eu nunca trabalhei em outro lugar, eu saí, eu saía lá, estava empinando papagaio e de repente eu estava no Senai, de repente estava na Antarctica e, com 14 anos, eu estou até hoje, fiz 25 anos em 2005. Quer dizer, é o meu primeiro emprego, pretendo que seja o único, espero que seja o único, que eu não pretendo sair da companhia. Gosto muito de trabalhar na companhia, faço o que eu gosto de fazer, tenho muitos amigos aqui, amigos que... a gente acaba fazendo amigos até nos pontos de venda que a gente acaba atendendo, a gente acaba fazendo amizade. Eu gosto de trabalhar, eu gosto do que eu faço, é gostoso você fazer aquilo quando você domina aquilo que você faz. Então eu acho que eu estou feliz hoje na companhia, sinto muito orgulho de trabalhar nessa empresa, uma puta de uma empresa, hoje mundial, e é mais ou menos isso.
P/1 – E como que você vê essa iniciativa da Ambev de estar resgatando a história dela, de estar montando um acervo, de estar fazendo esses depoimentos? Como que você vê isso? Qual que é a importância que tem?
R – Eu acho legal, porque a gente percebe que a gente é reconhecido, a gente não é só um funcionário, a gente é um pouco especial, né? A gente faz parte da história, a gente cresceu assim como eu cresci dentro da empresa, a gente viu a empresa crescer, se modernizar, os equipamentos, as pessoas. Eu acho uma iniciativa legal fazer isso. Eles fazem alguma coisa semelhante na Ambev. Até no ano passado, a gente participou de uma, foi uma... um final de tarde, tipo um happy hour, lá dentro do CDD mesmo, onde eles fizeram um reconhecimento das pessoas que tinham sete anos de companhia, 15 anos de companhia, 20, 25, 30 anos de companhia, eles distribuíram um brochezinho, até tenho o meu aqui de 24 – na época, eu recebi esse com 24 anos. E eu levei, podia levar alguém da família, eu levei... a minha esposa não pôde me acompanhar, criança pequena, mas meu pai foi comigo, então é um negócio muito legal porque você vai, você está sendo reconhecido, tem uma pessoa da sua família ali que está vendo que a empresa está te reconhecendo, então a Ambev tem muito disso. Eu falei, né, a nossa área de gente, eles têm uma preocupação muito grande com o funcionário, eles estão fazendo alguma coisa pra estar te reconhecendo, a gente tem programas de reconhecimento dentro da companhia. E assim, no ano passado, quando eles fizeram esse reconhecimento para as pessoas que tinham determinados períodos de companhia, achei que foi muito legal, que eu pude levar o meu pai, apresentei, falei que graças a ele estou aqui hoje porque, pô, foi ele que me encaminhou, ele era sempre rígido ali, faz o negócio certinho, trabalha direito. Foi uma pessoa que sempre trabalhou na Mercedes, na empresa, não teve outro emprego. Então, foi legal, né, esse reconhecimento. Então começou dali o reconhecimento, é isso que eles estão fazendo, da gente fazer parte da história desse acervo, quer dizer, já sei que o meu nome vai estar ali no acervo da Ambev.
P/1 – Você queria deixar um recado pra Ambev, falar alguma coisa...
R – Tenho que falar que eu agradeço à Ambev a oportunidade de estar falando aqui com vocês, contando um pouquinho da minha história, não sei quantas pessoas vão estar vendo, este filme, não sei como ele vai ser vinculado, de alguma forma, talvez pro pessoal da Ambev, tal, estar vendo, mas, assim, tem muita gente que me vê, que me conhece, que está ali, mas não... às vezes não sabe nem quanto tempo de empresa pra gente tem, qual foi a nossa trajetória, e aí eles vão ter a oportunidade de estar conhecendo um pouquinho mais da história da gente. Eu agradeço esta oportunidade e falar mais uma vez que eu tenho, estou, tenho orgulho de trabalhar na Ambev, que é a empresa campeã mesmo.
P/1 – Walter, eu queria te agradecer, nós agradecemos por você ter vindo...
R – Eu é que agradeço.
P/1 – Obrigado pelo seu depoimento.
R – Obrigado vocês.
[Fim do CD 2]
----------------FIM DA ENTREVISTA--------------
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