Eu sonhei que estava iniciando um plantão médico em um hospital destinado ao atendimento de pacientes com COVID-19. Eu precisava me paramentar e a cada etapa da paramentação eu percebia que estava errando o procedimento e me contaminando. No sonho, eu não conseguia terminar a paramentação, colocava a touca, me contaminava, vestia as luvas, me contaminava, colocava a máscara e também me contaminava. A sensação de agonia ia crescendo porque eu não conseguia me paramentar para finalmente chegar até a ala onde estavam os pacientes. Acordei com essa sensação de que não foi possível, não consegui atender os pacientes porque não me paramentava de maneira adequada. Acho que esse sonho me fez lembrar da angústia de ser médica e se sentir amedrontada é impotente frente a essa nova doença. O medo do contágio, interpretado por mim pela dificuldade em me paramentar, impediu que eu avançasse no sentido de exercer plenamente minha profissão. Ao acordar, lembrei-me do livro “A guerra não tem rosto de mulher”, no qual são trazidos os depoimentos das mulheres soviéticas que participaram da segunda grande guerra. A metáfora da guerra, a incapacidade de me vestir adequadamente, o medo do contágio e da morte!
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Medo da contaminação - medo de morrer - medo de estar exposta