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Por: Museu da Pessoa, 16 de abril de 2018

Um cinema protagonista e autoral

Esta história contém:

Um cinema protagonista e autoral

Sou Viviane Ferreira, eu nasci na cidade de Lauro de Freitas no dia 15 de março de 1985, na real, no dia 16 de março de 1985. Minha mãe deu entrada na maternidade no dia 15 e demorou um tempo num processo de trabalho de parto e quando minha vó foi me registrar, saiu com a data do dia 15, mas eu nasci no raiar do sol do dia 16, então minha vó nunca deixou eu comemorar o aniversário no dia 15 como no documento, comemoro sempre no dia 16 que foi onde eu nasci e todas às vezes que eu assino uma ficha eu tenho que lembrar que é para colocar dia 15, senão, eu não existo.

Em 1940, a minha bisavó por parte de pai chega na comunidade, ela compra as terras do outro lado da estrada, que tinha ficado com a família do finado Ambrósio, mas assim, era uma faixa de terra e de mata atlântica muito fechada, não era produtiva pra além das árvores frutíferas, s mas então ela compra as terras em 1940 para fundar o terreiro, então o terreiro começa a fornecer água para a comunidade toda porque não tinha água encanada, os lugares de acesso pra pegar água era muito difícil, a fonte mais próxima era a do terreiro, tem muitas histórias do mutirão que foi pra abrir a fonte de Oxum. e era quitandeira também, então vendia frutas e muita gente ia na quitanda não para comprar as coisas, mas porque precisava que ela jogasse ou porque tinha alguma demanda espiritual. Isso até a irritava. Com a minha vó aprendi a fazer laço nos processos preparatórios para as festas, para Festa de Oxum, a gente ficava tirando no palitinho ou no zerinho ou um, quem era que ia fazer a talha de cada Orixá. E a gente ficava tentando fazer a talha de acordo com o Orixá da gente, só que a gente não sabia quais eram os nossos Orixás. Então a gente perguntava sempre pra minha vó que dizia: “Todo mundo é filho de Oxalá”, como é que pode Oxalá ter tanto filho? Com tanta gente aqui e tanto Orixá, todo mundo é filho de Oxalá? Mas só tinha uma talha de Oxalá, não...

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Projeto Pessoas

Depoimento de Viviane Ferreira da Cruz

Entrevistada por Karen Worcman e Rosana Miziara

São Paulo, 16/04/2018

Realização Museu da Pessoa

PCSH_HV585_Viviane Ferreira da Cruz

Transcrito por Mariana Wolff

MW Transcrições

VIVIANE_T01

P/1 – Eu vou fazer uma ficha, vamos lá. Viviane…

R – Ferreira da Cruz.

P/1 – Acho que CPF e telefone depois eu pego. Data de nascimento.

R – Aí já começa as histórias.

P/1 – Não, só me diz a data. Agora é só uma fichinha.

R – Mas precisa ser a que tá no documento?

P/1 – A que tá no documento.

R – 15 de março de 1985.

P/1 – Nossa! Cidade que você nasceu?

R – Lauro de Freitas.

P/1 – Bahia?

R – Bahia.

P/1 – Onde que você mora agora?

R – Brasília.

P/1 – Me diz aí o endereço. Rua…

R – SQN 410 Bloco N apto 210 – Asa Norte, não me pergunte o CEP.

P/1 – Isso é Brasília, né?

R – Brasília.

P/1 – Religião?

R – Candomblé.

P/1 – Raça?

R – Preta segundo o IBGE.

P/1 – Formação? Você fez universidade, mestrado, é isso?

R – Eu tô no mestrado em Comunicação, graduação em Direito e Cinema Digital.

P/1 – Profissão, como que você…

R – Cineasta. Advogada nas horas vagas.

P/1 – Então, isso aqui é só uma ficha de cadastro. Então, eu vou começar pedindo pra gente fazer um pequeno exercício de chegada, eu vou pedir pra você ficar sentada assim, bem confortável, fechar o olho e sente assim… agora vamos respirar. A medida que você for respirando, vai chegando no seu dia pra trás, hoje, almoço, de manhã, acordou, inspira e vai soprando esse dia, de noite, antes de dormir. E o dia de ontem, as conversas, os exercícios, lembra de algum momento, inspira.

[Silêncio]

P/1 – E anteontem.

[Silêncio]

P/1 – Inspira delicadamente. E expira.

[Silêncio]

P/1 – Inspira. Agora sente esse silêncio daqui.

[Silêncio]

P/1 – Os pequenos ruídos do silêncio.

[Silêncio]

P/1 – Os sons...

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