Projeto Memória Petrobras
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Abdo Gavinho
Entrevistado por Douglas Thomás e Cláudio Terra
Rio de Janeiro, 06 de Maio de 2009
Código: PETRO_HV136
Transcrito por Keila Barbosa
Revisado por Ana Luiza G. Ferreira
P/1 – Eu vou iniciar esta entrevista, pedindo que você fale seu nome completo, local e a data do seu nascimento.
R – É Abdo Gavinho, nasci no Rio de Janeiro, em 26 de março de 1954.
P/1 – E Gavinho, o que os seus pais faziam?
R – Minha mãe era funcionária do IAPC [Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários], depois se transformou em INSS [Instituto Nacional do Seguro Social]. Meu pai era comerciante, sírio, tinha comércio.
P/1 – Qual o nome deles?
R - Abdo Simão Dib, era o meu pai; e Heloísa Gavinho, a minha mãe.
P/1 – E o seu pai, quando veio para o Brasil? Conta e fale um pouco sobre o seu pai.
R – Foi na década de 1950, né, o meu pai veio para o Brasil e tinha comércio, começou namorar mamãe [risos], e tempos depois a minha mãe começou a trabalhar no IAPC. Logo depois, aos dois anos, ele faleceu, e aí tive uma infância com um certo sacrifício, com certas restrições por conta do falecimento do pai, e por conta das dificuldades de uma mulher sozinha, naquela época, e tal.
P/1 – Isso onde, em que lugar você cresceu?
R – No Rio de Janeiro, no Engenho de Dentro.
P/1 – Como é que era o Engenho de Dentro nessa época?
R – Eu morava em uma vila, tenho uma vaga lembrança, alguns poucos registros, né? Depois do falecimento do meu pai, eu fiquei mais dois anos lá, e depois eu fui para um Colégio interno, em Curitiba, no Paraná. Foi uma época de muita tristeza, pela pouca idade que eu tinha, saudade de família, aquelas coisas todas, mas por outro lado, foi uma infância muito rica, porque o colégio era dos Padres Salesianos, tinha toda uma questão de passeios por fazendas, passeios por museus, por fábricas; então foi um contato,...
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Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Abdo Gavinho
Entrevistado por Douglas Thomás e Cláudio Terra
Rio de Janeiro, 06 de Maio de 2009
Código: PETRO_HV136
Transcrito por Keila Barbosa
Revisado por Ana Luiza G. Ferreira
P/1 – Eu vou iniciar esta entrevista, pedindo que você fale seu nome completo, local e a data do seu nascimento.
R – É Abdo Gavinho, nasci no Rio de Janeiro, em 26 de março de 1954.
P/1 – E Gavinho, o que os seus pais faziam?
R – Minha mãe era funcionária do IAPC [Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários], depois se transformou em INSS [Instituto Nacional do Seguro Social]. Meu pai era comerciante, sírio, tinha comércio.
P/1 – Qual o nome deles?
R - Abdo Simão Dib, era o meu pai; e Heloísa Gavinho, a minha mãe.
P/1 – E o seu pai, quando veio para o Brasil? Conta e fale um pouco sobre o seu pai.
R – Foi na década de 1950, né, o meu pai veio para o Brasil e tinha comércio, começou namorar mamãe [risos], e tempos depois a minha mãe começou a trabalhar no IAPC. Logo depois, aos dois anos, ele faleceu, e aí tive uma infância com um certo sacrifício, com certas restrições por conta do falecimento do pai, e por conta das dificuldades de uma mulher sozinha, naquela época, e tal.
P/1 – Isso onde, em que lugar você cresceu?
R – No Rio de Janeiro, no Engenho de Dentro.
P/1 – Como é que era o Engenho de Dentro nessa época?
R – Eu morava em uma vila, tenho uma vaga lembrança, alguns poucos registros, né? Depois do falecimento do meu pai, eu fiquei mais dois anos lá, e depois eu fui para um Colégio interno, em Curitiba, no Paraná. Foi uma época de muita tristeza, pela pouca idade que eu tinha, saudade de família, aquelas coisas todas, mas por outro lado, foi uma infância muito rica, porque o colégio era dos Padres Salesianos, tinha toda uma questão de passeios por fazendas, passeios por museus, por fábricas; então foi um contato, assim, com o mundo muito rico, foi uma época de se encontrar com a religião também, e até hoje carrego um fervor religioso muito grande. Acho que foi... o que poderia parecer uma coisa ruim, para uma criança de quatro anos, eu hoje, aos 56 anos, vejo que foi muito importante na formação do meu caráter, na minha formação moral, religiosa, ter passado dos quatro aos nove anos num Colégio Salesiano .
P/1 – E por que você foi para lá?
R – Pela impossibilidade da minha mãe em ficar comigo, porque ela tinha que trabalhar, essas coisas. Eu tinha parentes no Sul e conseguiram uma bolsa de estudos nesse Colégio Salesiano, aí a oportunidade de eu ir lá para não ter custos adicionais, estas coisas todas assim.
P/1 – E sua mãe ficou aqui no Rio?
R – Ficou aqui no Rio de Janeiro, me visitava nas férias, finais de semanas, quinzenais, tinham visitas dos meus tios e minhas tias que moravam no Sul, me visitavam, às vezes passavam os finais de semana com eles, e tal. Foi uma experiência muito rica, embora tinham aqueles momentinhos de tristeza.
P/1 – E você tem irmãos, Gavinho?
R – Hoje eu tenho irmãos de criação. Minha mãe, no ocaso da vida dela, e na minha ausência... aos 18 anos eu vim para o Rio, justamente para procurar emprego e acabei sendo contratado numa empresa para prestar serviço para a Petrobras. Na minha ausência, filho único, então a minha mãe acabou pegando três crianças para criar e foram belas filhas, no momento mais difícil da vida dela, que foi da doença, e são minhas irmãs, que muito me orgulho.
P/1 – E, nós vamos voltar um pouco atrás: depois que você saiu do Colégio....
R – Vocês estão querendo me fazer chorar, hein? À toa, estão aí mexendo com as reminiscências do passado...
P/1 – Não, eu comecei muito [tosse]... mas depois quando você saiu do Colégio interno, aos nove anos, aí você veio...
R – Vim para o Rio, para estudar na Associação Cristã de Moços, na Lapa, que também foi uma bela experiência, era um colégio muito bom: piscina, atividades esportivas... Também foi uma experiência muito rica.
P/1 – E aí você veio, e voltou a morar com a sua mãe?
R – Voltei a morar com a minha mãe.
P/1 – Vocês moravam onde?
R – Na Tijuca.
P/1 – E como é que era o Bairro Tijuca?
R – No tempo em que se podia morar [tosse], era na Rua São Miguel, perto do Morro do Borel. Mas era no tempo em que se podia morar perto de Morro, né? A convivência era muito mais pacífica, né, entre essas diferenças de classes sociais. Também foi muito rica, a questão da pipa, do cerol, da bola de gude, e tal...
P/1 – O que você mais gostava de fazer, qual era a brincadeira...
R – Eu gostava de vir para o colégio: eu fazia natação na Associação Cristã de Moços. Então, tinha uma coisa assim que, de manhã você estudava e à tarde, você praticava esportes. Então, eu me dediquei ao vôlei, ping pong e tal.... mas gostava muito de natação. E era um clube, né, uma coisa assim agradabilíssima: piscina, no quarto andar do prédio, tudo moderno, muito moderno para a época.
P/1 – E era colégio particular?
R – Eu acho que a minha mãe tinha ... eu tinha bolsa.
P/1 – Por intermédio de?
R – [Silêncio].
P/1 – E aí você ficou lá por quanto tempo? Com que idade?
R – É... 12 ou 13 anos, e depois minha mãe foi para Campos. Ela se aposentou e foi morar em Campos, numa casa que a família tinha e tal. Então, aí eu fiquei uns meses morando com uma tia minha e depois fui para Campos. Passei três anos em Campos, dos meus 15 aos 18 anos, eu morei em Campos. Aos 18 anos, eu me casei e aí vim para o Rio, procurar emprego. Eu já trabalhava em Campos, num Cartório. Vim com as cartas de apresentação de juiz, de tabelião, e tal.... e procurando emprego, só encontrava aqueles empregos de vendedor de enciclopédia, aquelas coisas assim que era por comissão... e nada daquilo me dava estabilidade para eu levar uma família, né, para constituir família. Eu fui procurando, procurando... uma vez me mandaram num Cartório, na Senador Dantas, ali na galeria, através dessa Organização de Serviços Brasília, indicaram e eu fui lá, apresentei a carta do juiz e do tabelião, me mandaram para esse Cartório, para fazer teste. Eu não consegui bater duas linhas de máquina, porque eu só batia com os dois dedos e a moça falou que eu não servia. Eu, no desespero, voltei na Organização de Serviços Brasília e tive assim uma descarga emocional, junto com a moça, por sinal era uma moça muito bonita, muito atraente, muito vistosa e eu desabei, literalmente na frente dela e falei assim: “Olha, eu estou casado, eu estou a mais de meses no Rio procurando emprego, a única coisa que eu tenho são essas referências do juiz e do tabelião! Você precisa, tem que me ajudar...” tal, tal... ela falou assim: “Você quer trabalhar na Petrobras?”. Então eu costumo dizer que eu nunca vi tanto “r” vazar pela boca, quando ela falou: “Petrobras.”; aquela porção de “r”! Então, e aí… me fez um teste, e tal... e no dia seguinte me apresentou no Bancid, que era ali na Presidente Vargas, 319, que era o Departamento Comercial da Petrobras. E lá fui apresentado à pessoa dos Encargos Gerais, Benedita, que era Gerente Chefe dos Encargos Gerais, que me levou ao lugar em que eu ia trabalhar. E para minha surpresa - e eu sempre digo que na minha vida tem a mão de Deus - a primeira frase que o meu chefe, futuro chefe, falou foi: “Olha, não sei se você vai querer, porque o serviço que tem aqui não é datilografia.” Eu falei: “E era tudo o que eu queria” [risos]. Era Divisão de Controle das Movimentações: apurava as perdas que tinham nos transportes de navio do Petróleo, dos derivados, na cabotagem pelos portos; quer dizer, se sai dentro de um navio 100 e chega 92, 98, essa perda é aceitável ou não é aceitável? Está havendo desvio ou não está havendo desvio? É tolerável? Qual é a explicação científica, técnica para essas perdas? Então, eu ajudava a fazer... as máquinas eram... não existia computador de bolso... de PC, né? Eram tudo máquinas de manivelinha. Nós estamos falando de 1972, 1973... isso de 1973, ou final de 1972. E aí era uma trabalheira danada, muitos números e tal, mas eu estava feliz, porque não tinha datilografia, e o trabalho era muito técnico, quer dizer, era uma coisa que me enriquecia, e cada dia eu tinha que aprender coisas novas, lidava com as propriedades físico-químicas dos produtos; densidade, converter para temperatura padrão para calcular o volume para depois calcular a perda, quer dizer, esse petróleo, esse derivado saiu daqui, nessa quantidade, mas é a determinada temperatura e a determinada densidade. Quando ele chegou aqui ele está em outra temperatura, em outra densidade. Qual é o volume que saiu e qual é o volume que chegou, nas mesmas temperaturas, nas mesmas referências, para saber o volume exato. Então, era uma coisa muito nova, muito rica, muito atraente para mim.
P/1 – E você gostava, você se interessava, já na escola por essa parte...
R – Muito, muito...
P/1 - ... de cálculos...
R – Não, eu sempre fui muito curioso pelas coisas físicas, químicas, sempre fui muito aguçado, é... sempre gostei muito de História, Geografia, essas coisas sempre me fascinaram muito. Português, eu tive um professor muito duro, eu não gostava, mas pela dureza, pela forma segura com que ele conduzia a turma. Eu escrevo muito bem, eu redijo muito bem, e tal... e agradeço a ele, que era uma matéria que eu não gostava mas que incorporei pela disciplina que ele impunha.
P/1 – Qual era a matéria preferida?
R – Física, Química, Ciências, Geografia, História, gostava dessas coisas assim...
P/1 – E tinha um professor, além deste de Português, que tenha marcado?
R – Sempre tem, né? Tive um professor de matemática, também, lá em Campos, que foi muito enriquecedor pela forma informal com que ele conduzia a aula, pela maneira, pela dinâmica que ele dava pras aulas, tornando atraente o ensino da matemática.
P/1 – E Gavinho, qual era a imagem da Petrobras? O que as pessoas pensavam da Petrobras nessa época, quando você entrou?
R – Eu... quer dizer, ela era muito pequena, né? Eu me lembro que a gente conhecia todo mundo pelo nome, eram dois ou três prédios ali perto da Candelária, a Presidência ficava na Candelária, tínhamos nós, do Departamento Comercial, no 319; tinha na Rio Branco, 10, o Centro de Processamento de Dados; tinha o Forte Apache, que a gente chamava, na Presidente Vargas, onde ficavam os carros para a gente se deslocar e a garagem na Cidade de Lima, onde era a Oficina, os depósitos, os Motoristas eram da Petrobras, os Vigilantes eram da Petrobras; mas era uma empresa pequena que a gente conhecia os outros pelo nome, né? Já era grande perante o país, pelas suas propostas [tosse], e isso dava muito orgulho, quer dizer, eu acho que nunca eu perdi o orgulho de trabalhar na Petrobras. Eu carrego isso até hoje. E o Comperj [Complexo Petroquímico do Rio De Janeiro] também veio em um momento muito lindo da minha carreira, poder participar do Comperj então...
P/1 – E nesse setor que você entrou, em 1972, você ficou até quando?
R – Eu era contratado, e aí, eu me lembro que teve um Presidente da Petrobras, quer dizer, não foi nem... ele tinha sido Presidente da Petrobras, e se tornou Presidente do Brasil, o Ernesto Geisel, e baixou uma Lei, alguma coisa na época, que não poderia ter contratados em serviços administrativos, quer dizer, poderia ter contratados, sub-contratados e contratados para Limpeza, para Café, mas na atividade Administrativa não poderia ter contratados. E a Petrobras já estava com um número significativo de contratados na parte Administrativa. Porque naquela época, secretárias, as datilógrafas eram [tosse]... já tinham muitas contratadas. Secretárias não, mas as datilógrafas, já se terceirizavam datilografia. E aí, com isso apareceram concursos na Reduc [Refinaria Duque de Caxias), concursos na BR, concursos na Petrobras, e eu me inscrevi em todos, porque era para suprir os contratados, porque o Presidente da República tinha baixado, por Lei, que nas empresas do Governo não podia ter Serviço Administrativo. E aí, fiz os três concursos, passei nos três, a da BR já me chamava para fazer exame médico, e aqui não saía o resultado da sede da Holding [tosse], a da Reduc já me chamava [tosse], e aí, eu tive que pedir ao meu chefe para ligar para a BR, que eu estava com medo pelo seguinte: vai que eu não passo no psicotécnico da Petrobras Holding. Então eu pedi que se podiam me esperar lá, tal, e explicar: “Olha, ele fez para a Petrobras também, para a Holding, e tal.”. E no final, acabei passando aqui e escolhi, entre Reduc e a Holding da Petrobras sede, fica na sede.
P/1 – Por que você escolheu ficar aqui?
R – Porque era sede [risos]. Era a mais importante, era mais seguro em termos de carreira, porque não era um segmento, né? Quer dizer, BR era só distribuição, todos os desafios [tosse], então, achei por bem, que eu já trabalhava como contratado na sede, né? Então, condição natural. Aí fui me aprimorando, como Auxiliar de Escritório, fiquei no mesmo lugar, fazendo a mesma coisa, só que não era mais contratado, era Auxiliar de Escritório. Mas aí eu passei a poder fazer cursos, e aí foi muito legal porque comecei a fazer cursos, cursos específicos, dessa função que eu exercia e passei a ter representatividade, para falar, para discutir números, os cursos iam me enriquecendo mais, eram me dados novos desafios, os pareceres... quer dizer, eu só fazia as contas. Quem fazia o parecer e a análise, eram outros profissionais da Petrobras, técnicos, tal... Com esses cursos e com essas coisas, eu comecei a fazer minutas de pareceres e dava para os profissionais da Petrobras [tosse] e fui apanhando a manhã, fazendo cursos, até que dois ou três anos depois, abriu função para Inspetor de Medição e Perdas. Abriu concurso e tal, concurso interno para suprir vagas de pessoas. E a Petrobras já vinha crescendo naquela época, aí também passei nesse concurso, só para se ter uma noção: eu ganhava 600 cruzeiros e passei a ganhar 3.000 cruzeiros. Então era assim: no primeiro mês de salário, comprei televisão colorida, ar refrigerado. Foi uma dinâmica assim, uma mudança de vida muito grande. Eu já tinha uma filhinha, minha primeira filhinha, já estava com um ou dois anos; e aí também, os horizontes se abriram mais ainda, como Inspetor, eu passei a acompanhar descargas de navios, a fazer visitas à unidades da empresa para apurar perdas, coisas que havia dúvidas se estavam ocorrendo problemas de natureza operacional, ou de desvios de produtos, tal…[tosse]. Aí ficou plenamente uma carreira. E nessa época, quer dizer, ainda era a época do cartão perfurado, dos grandes computadores, tal... e eu comecei também a identificar que aquilo que eu fazia a mão, que eu passei anos fazendo a mão, naqueles grandes mapas, aquilo era passível de ser mecanizado e dentro da minha agucividade, da minha curiosidade, eu também comecei a me envolver com computação. Só que a computação era de cartão e ...
[barulho de música no fundo]
P/1 – Estava falando de seu interesse pela computação...
R – Isso, e aí na época era cartão perfurado, e tal... e nós já tínhamos mudado, isso já tinha inaugurado o Edise [Edifício Sede da Petrobras], 1977, 1979, alguma coisa assim. Participei da Comissão, aquilo também para mim foi um motivo de muito orgulho, a Petrobras toda, ir para o Edise, visitamos o prédio todo vazio, eram grandes salões, sem divisórias, cada andar todo aberto; jogamos bola dentro do Edise [risos], visitamos o heliporto, o prédio totalmente vazio, e participei da Comissão de mudança, lá, a mudança para trazer para o edifício certo. Bom, e no décimo... eu trabalhava no 19º andar, e no 18º andar ficava o (Cemsur?) de Rio, que era o Centro de Treinamento da Petrobras, e tinham os Professores que davam aulas para os Analistas de Sistemas [tosse], para os concursados, e passei a ter relacionamento com eles, e eles me davam... tinha um Professor, Francisco Sá, que estava escrevendo um livro sobre uma linguagem que era muito moderna, que não era nem a científica, que era o Fortran, e nem a comercial que era o Cobol [Linguagem Comum Orientada para os Negócios], na realidade era uma mistura das duas que se chamava PL1. “E já que você quer aprender uma linguagem, aprende logo a minha, que eu estou escrevendo este livro.” - a linguagem que ele estava escrevendo um livro - “E é a linguagem do futuro, porque Fortran é muito científico, Cobol é muito comercial, “pararã”, “pararã”...”. E me deu a brochura do livro, que nem publicado estava, era acho que alguma versão de rabiscos, de rascunhos, feito à máquina, computador, ou alguma coisa assim, mas com rasuras, com coisas e tal. E eu fui aprendendo ali e fiquei encantado com aquele mundo e aí resolvi aplicar no meu trabalho, só que naquela época eram cartões perfurados, você tinha que mandar para a digitação, depois passar na leitora de cartões, e ele ficou sendo o meu orientador. “Não, isso aqui você pode fazer assim, estuda mais isso, estuda mais aquilo...”. E aquilo acabou virando um Workshop do Canal do curso de Analistas. Então, o que era uma brincadeira de aprendizado meu, virou um projeto, que foi um Workshop do curso de Canal e tal. E no outro ano eu passei a assistir algumas cadeiras do curso de Canal, como ouvinte, e aí me tomou conta, me fascinou a parte de tecnologias da informação, e isso estava explodindo no mundo e no Brasil, e na Petrobras, a informática. O Departamento Comercial da Petrobras criou um setor para cuidar também de informática, e aí eu saí dessa área e fui trabalhar com Informática. E aí, fiz toda uma carreira na Petrobras, cheguei a Gerente de Tecnologias da Informação do Departamento Comercial. Sempre tive uma característica de andar com os faróis altos, sempre fui um sonhador, sempre gostei de desafios, então, o feijão com arroz só não me satisfazia, eu tinha que estar inventando algo novo. Ahhh sim... fiquei conhecido na Petrobras por quebrar alguns paradigmas, como essas Redes Locais que a gente vê hoje de microcomputadores, o Departamento Comercial foi o primeiro órgão da Petrobras a ter uma rede de microcomputadores; a introdução de monitor colorido, a impressora colorida, tinha que escrever cinco folhas para justificar compra de uma impressora colorida, e o Departamento Comercial, pela sua própria natureza, a cor era um recurso legal para você fazer gráficos, você demonstrar resultados de um Departamento Comercial. Não foi difícil convencer os nossos superiores, e aí introduzimos equipamentos coloridos no Departamento Comercial, junto com o Ceninf, que era o órgão Central de Informática. Juntos, fizemos também o meu primeiro banco de dados integrado da Petrobras. Eu participei do primeiro Sistema Clientes Servidor da Petrobras, eu participei, e quebramos bons paradigmas na empresa, algumas normas tiveram que ser trocadas pela nossa atuação, pela atuação de um conjunto de pessoas que eram comprometidas com os avanços tecnológicos; e de certa forma, hoje, o que eu faço, também tem muita tecnologia envolvida e também estou de farol alto, utilizando coisas inovadoras na Companhia e tal, tal, tal... Então, é muito gratificante.
P/1 – E Gavinho, dessa época, dessa implantação, de todo essa mudança de paradigmas, você lembra de alguma história interessante, que você poderia nos contar?
R – Há pouco tempo, a TIC, que é o Órgão Central de Informática da Petrobras, fez um livro, contando a história da Informática na Petrobras, e me convidou, a dar mais ou menos, à semelhança do que está ocorrendo hoje aqui, para dar o meu depoimento, e tal, e a gente estava lembrando de algumas coisas interessantes, quer dizer... porque a tecnologia, por si só, ela não consegue transformar uma organização, você precisa, junto com a introdução de tecnologias, você tem que ter mudanças de cultura e de comportamento. Então, um exemplo clássico que ficou para a minha vida foi o Sistema de Faturamento e Cobrança da Petrobras. Quer dizer, a Petrobras, vende para a Shell, para a Esso, para as Companhias distribuidoras de gasolina, derivados de óleos, lubrificantes, e tal. Essas empresas, na época da inflação alta, elas, às vezes, preferiam receber um dinheiro e entregar na frente para a Petrobras, comprar à vista da Petrobras, porque sabia que ia ter um aumento de preços, porque os aumentos eram de três em três meses, de quatro em quatro meses, então, às vezes, era economicamente interessante para eles comprarem à vista. A Petrobras precisava de oito dias para entregar o produto, entre ele entregar o dinheiro e receber o produto, a Petrobras precisava de oito dias, e a gente, no nosso inconformismo, a gente via que a tecnologia podia ajudar essa empresa a imediatamente, em segundos depois que entregar o dinheiro no banco, o banco avisar a Petrobras, eletronicamente, e a Petrobras, eletronicamente acionar os pontos que ele quer retirar o produto, para que ele receba o seu produto. Mas, a cultura era muito difícil, porque quem faturava não era o mesmo órgão que cobrava. Então tinha um Faturamento e uma Cobrança: Faturamento era do Departamento Comercial, a Cobrança era do Serviço Financeiro, e tinham os “Feudos”, os instrumentos de poder que aquilo dava para os seus representantes e tal, e para você fazer, você que é de tecnologia, simplesmente propor: “Olha, vocês vão ter que se integrar.” Então foi muito difícil, precisou de envolvimento gerencial dos nossos superiores, entendimento em nível de diretoria e tal, mas tudo a partir de uma necessidade que a gente já identificava, que o gerente via que era importante para a atividade da Petrobras, para a atividade dele, o uso destas tecnologias, tal, tal, tal... Demorou? Demorou. Foi difícil? Foi difícil, mas também, quando ficou pronto, e quando a gente viu esse sistema rodando, as tabelas de preços... preços aumentavam de três em três meses, de quatro em quatro meses... as coisas eram feitas em Telex, então havia erros de transcrição, você mandava Telex para Piauí, Telex para Rio Grande do Sul, Telex para não sei o quê... aquelas coisas, na hora que iam ser alimentadas nos computadores, às vezes havia erros de transcrição, e o cara ficava três ou quatro dias faturando com um preço errado, até o sistema aqui glosar, porque quando vinha em disquetes, em coisas, o sistema glosava; aí tinha que devolver para ele corrigir, que tinha uma cultura: “Faz o cara consertar porque aí ele não erra mais.” Então, o cara nem podia consertar aqui no Rio, e a gente obrigava o cara a consertar lá para não errar mais, da próxima vez ele alimenta a tabela de preço e tal. E isso tudo, a gente junto com o Ceninf da época, o órgão Central de Informática, junto com o Gerente, Superintendente, Diretores... a gente era cobrado, mas tudo nasceu a partir de uma visão tecnológica de que era possível proporcionar para a Petrobras, a capacidade de vender à vista.
P/1 – Isso foi quando?
R – Foi em 1974, 1974 não... 1990... 1994 [tosse e espirro].
P/1 – Mas na época da criação do Setor de Informática... do Departamento Comercial, é bem antes?
R – Ah, foi bem antes, bem antes...
P/1 – E dessa época, você destacaria algum projeto, que vocês tenham desenvolvido?
R – É, teve coisas curiosas, por exemplo, é... a informação, quer dizer, hoje a gente vê também essas coisas, quer dizer, hoje é o excesso de informação, né? A gente é bombardeado pela internet, pelo celular, pela televisão... a gente tem um excesso de informação; e selecionar essas coisas, talvez seja hoje, uma habilidade para você não sofrer os danos do excesso de informação, ter habilidade para selecionar, para filtrar o que você quer ler, o que você quer armazenar, o que você quer reter. Na época, nós tínhamos um problema inverso, existiam publicações especializadas em petróleo, gás, eram poucas. O Brasil comprava 80% do seu petróleo do mundo, então havia uma necessidade de acompanhar geopolítica nacional a par e passo, como tivemos crises do petróleo, e ter que dormir dentro da Companhia para programar coisas, para suprir o país de coisas que estavam acontecendo, então... bom, mas na época, a informação que tinha era pouca, pulverizada, nós tínhamos estas revistas especializadas, tinha repórter, Telex, que eram Telex mesmo de fitinha, que vinham das embaixadas do Brasil no exterior... bom, e a gente resolveu, a gente que eu digo, são meus superiores, que o mundo estava ficando muito conturbado, e a gente tinha que reunir, num banco de dados todas as informações indexadas, por país, por tipo de petróleo, por pessoas, quer dizer, os indexadores daquela notícia. E a gente desenvolveu de método arcaico, rudimentar, utilizando o computador, utilizando um produto que o Ceninf usava para armazenar os programas fontes do sistema, armazenar texto lá, e que a gente indexava essas notícias pelo país, e tal. Então, quando alguém ia visitar... o Diretor ia visitar o Irã para negociar um contrato, então a gente tirava uma pesquisa, sobre o Irã e entregava para o Diretor, e o Diretor ia no avião, lendo tudo o que saiu recentemente. Aquilo foi muito bom para o Diretor e para o Superintendente, mas para os profissionais virou um... todo mundo passou a odiar o sistema. Por quê? Porque você tinha que ficar preenchendo papéis quadriculados, para serem digitados e colocados neste sistema. Então você lia a revista, mas tinha que selecionar da revista, aquilo que era importante, significativo, preencher um formulário para mandar para a digitação, para ir para o sistema. Então os profissionais, os técnicos do comércio de suprimento de petróleo passaram a odiar o sistema, e o Diretor e o Superintendente passou a amar o sistema. Por quê? Porque: “Vou para o Irã.”; e vinha lá uma listagenzinha: o Irã fechou anteontem um contrato, na base de tantos dólares, por barril, por tantos anos; o Irã fechou um contrato com fulano de tal, na base de tantos... então o Diretor ia no avião, lendo aquilo, e sabia: “Opa, se ele fechou aqui, por isso, a minha quantidade é o dobro, eu posso pedir menos.”, quer dizer, se balizavam [tosse]... foi um uso da tecnologia, de uma maneira artesanal, porque o programa que a gente usava, as coisas que a gente usava não eram próprias para aquilo, foi um desconforto em nível do corpo profissional de preencher aquilo, e tal, mas o resultado era bom para a Companhia. E todos conseguiam perceber isso, então todos, que ao mesmo tempo tinham o desconforto de preencher, mas também tinha... porque ele dizia, quem que “botou” aquela notícia. Então era uma forma também de todo mundo querer mostrar que estava selecionando as melhores notícias, que estava assessorando bem o Diretor... então era uma relação de amor e ódio. Eu era o odiado, porque: “Gavinho, você fica inventando essas coisas!”, mas para a Companhia foi uma coisa boa, sobreviveu, foi muito badalado, tal, tal, tal... e depois, vieram novas tecnologias, os sistemas eletrônicos, as próprias revistas passaram a ter boletins eletrônicos, começou a ter as conexões internacionais, as telecomunicações, a própria internet, começou de maneira bastante incipiente, de maneira para uso científico, e depois só as grandes empresas estavam utilizando, nós começamos a utilizar, e aí as coisas... chegamos no mundo em que estamos hoje, que é: você contrata serviços eletrônicos de informações, a informação flui com uma velocidade, como a natureza. E o bacana é que a gente estava tentando esse mundo bem lá atrás, preenchendo quadrinhos e tal, mas o objetivo é o mesmo: é a busca da informação para te assessorar, para tomar decisões, os sistemas de apoio à decisão gerencial, então... é muito gratificante ter participado desta história, muito gratificante ter participado do livro que conta a história da tecnologia da informação da Petrobras, como é gratificante estar hoje aqui dando o depoimento sobre a minha trajetória na Companhia, sobre esse empreendimento que é o Comperj.
(troca de fita)
P/2 – Gavinho, quando é que você começou a fazer seu curso superior?
R – Eu comecei em 1970 [pausa], em 1970 não, em 1990, 1992, por aí.
P/2 – O que você fez?
R – Análise de Sistemas, na Estácio.
P/2 – Como foram esses anos de faculdade.
R – Foi meio complicado. Na realidade foi, abre e fecha, abre e fecha e eu não concluí, é não concluído. Eu primeiro fui tentar fazer em Vaz Lobo, na Nuno Lisboa. Aí virou um problema sério a volta de Vaz Lobo para... morava em Copacabana; aí parei, aí depois fui para Estácio, fiquei fazendo Tecnólogo de Processamento de Dados, e era um curso de três anos. Era um negócio assim, acho que não era regularizado no MEC na época e tal, aí parei... aquele negócio, já com filho, saía da Petrobras, ia, para sair às 11 horas, e tal. Aí depois fechei, voltei, mas aí depois para fazer Administração de Empresas, e aí depois você fazia um complemento para Análise de Sistemas. Eu sempre tive uma característica: eu nunca fui muito disciplinado para educação formal, as coisas me impacientavam. Eu fazia cursos objetivos, dentro da própria empresa e achava o máximo, porque era bem aderente à realidade, a objetividade do fazer, e tal. Os cursos acadêmicos, aquelas coisas de fazer o básico, a aula de Contabilidade, aquelas coisas realmente me... já joguei muito ping pong durante a aula de Contabilidade [risos], saía da aula para...
P/2 – E você estava trabalhando em que área?
R – Eu trabalhava no Decon [Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor].
P/2 – Decon.
R – No Decon. Uma área já de informática.
P/2 – E aí você ficou no Decon até quando?
R – Ahhh, fiquei... fiquei no Decon... 1997, 1998, depois fui trabalhar na Área de Finanças. Tinha uma conjuntura econômica desfavorável para a Petrobras fazer investimentos, limitações governamentais, limitações de endividamento da Petrobras, e tal... e a única maneira da Petrobras continuar crescendo era através de Project Finance: você securitizava a receita futura. Quer dizer, era mais ou menos o seguinte: vou fazer um projeto para extrair petróleo do Campo de Marlim, mas eu não tenho o dinheiro para fazer esse projeto para explorar o petróleo, para extrair o petróleo do Campo de Marlim. Então eu chego para um banco, e digo: “Olha, esse Campo de Marlim está aqui provado, eu vou tirar tantos mil barris por dia e isso numa média de cotação dá tanto, e eu preciso de tanto.”; e aí o banco te dava esse dinheiro para você conseguir produzir o petróleo de Marlim, e quando você tivesse produzindo, você passava pagar a ele tantos mil dólares, milhões de dólares por mês. Então foi a única forma naquele período, que a Petrobras tinha de manter seu crescimento, sua pujança de investimentos. E aí, me convidaram, era um grupo pequeno de pessoas, que a gente chamava de Equipe de Alto Desempenho, que era para fazer Project Finance na Petrobras. E eu os apoiava com a infra-estrutura tecnológica, de banco de dados, Lotus Notes, bancos de dados semelhantes, mais ou menos parecidos com aqueles lá, mas já usando tecnologia bastante moderna, de que é registrar as notícias dos empreendimentos, das coisas que estavam sendo feitas com Project Finance, em que bases estavam sendo fechados, tal, tal, tal. Também foi uma experiência rica e também tinha um grande desafio pela frente que era passar aqueles anos que a Petrobras estava limitada por seus investimentos.
P/2 – E depois?
R – Depois, vim para a Área Petroquímica, eu voltei para o Abastecimento, que era a Área em que eu sempre estive, né, mas vim para a Área Petroquímica, e aí [pausa] fiquei apoiando a parte de infra-estrutura, tecnologias, mas as coisas eram muito devagar, muito incipiente, a atividade em si da Petroquímica, a Petrobras estava bastante devagar, nesta Área de Petroquímica, tinha saído dessa área, e tal, e havia os estudos para alguns projetos, tal, tal, tal. E nessa coisa, eu já estava.... vinha fazendo um tempo para eu me aposentar, 32, 33 anos, comecei já em pensar em me aposentar, e procurar casa por Itaipu, na região oceânica de Niterói, ia final de semana para procurar, porque tem Colégio, dá para as crianças estudarem, eu vou pescar, vou tomar a cervejinha, não sei o quê... e aí um amigo falou: “Pô Gavinho, enquanto você está aí, e não se aposenta, você vem ajudar a gente. A gente tem um projeto muito legal, que é um projeto de fazer produtos petroquímicos a partir do petróleo pesado, e tal, uma coisa pioneira, revolucionária, e tal... pá pá pá...”, e aí foi. E o projeto era um bolinho de papel.
P/2 – Eu acho que agora o senhor vai, por parte da Comperj.
R – É o cigarro e a cerveja, se botar a gente fica até amanhã de manhã aqui [risos]!
P/2 – Nova técnica aí, hein pessoal [risos]?! Pode aqui, pode aqui Uísque? Uísque pode, cigarro que é difícil. Então a gente vai falar do Comperj agora. O contexto agora, na verdade, enfim, embora o senhor tenha sido selecionado por ser um ator importante aí nesse projeto, o foco é um pouco da sua trajetória, mas a tua visão geral do Comperj sobre os aspectos dos quais você consegue emitir uma opinião. Talvez nem todos, mas porque a gente... o objetivo é escrever um estudo de caso sobre o Comperj, né, contando a evolução dele, alguns desafios, alguns aprendizados gerenciais, né? Então, enfim, para esquentar, seguindo a mesma linha que a gente estava agora, contando assim a tua entrada no Comperj, qual foi a missão que foi te dada, quais são os desafios que você está enfrentando e como é que você está vendo o projeto, de uma maneira geral.
R – Então, o Comperj, no início, ele era um bolinho de papel, não tinha equipe, éramos quatro pessoas, e a única maneira de tocar... bom, e a gente tinha que passar por diversas fases de um projeto na Petrobras, que é o Fel 1, Fel 2, Fel 3 e Fel 4. A gente estava no Fel 1, e a gente precisava contar, então, com uma equipe matricial, que eram pessoas do Cenpes [Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello], pessoas da Área Industrial, pessoas da Área de Meio Ambiente, e tal... e éramos um grupo de pessoas de quase 90 pessoas, mas que cada uma ficava nos seus locais de trabalho, nas suas atividades, e tínhamos as reuniões mensais, quinzenais, de acordo com a dinâmica do projeto. Bom, e, por essa característica da equipe matricial, o pessoal sentia que faltava algum instrumento tecnológico que permitisse compensar a dispersão geográfica, o comprometimento com o projeto para manter as pessoas atualizadas, e tal. Eu falei: “Eu acho que posso colaborar com vocês, nesse aspecto, porque eu utilizando tecnologias da informação, tal, tal, tal.” E aí, tem um programa, um produto da Lotus, chamado QuickPlace, que você faz essas dinâmicas, mantém todo mundo atualizado, envia mensagens, recebe, faz arquivos, bibliotecas virtuais, tal, tal, tal. E na época, foi muito bem aceito, foi muito útil.
P/2 – Você falou em quatro pessoas, né? Quem eram?
R – Éramos quatro: era o Vitor, Vitor Paz, que era o responsável pelo projeto, era o gerente. Era a Luiza, Luiza da Encarnação França e era o Balerole, que era o...
P/2 – Ótimo, nós vamos conversar com os quatro mosqueteiros aí... [risos]
R – Era isso.
P/2 – E o resto da matricial estava nas suas unidades?
R – Isso.
P/2 – Está bom, obrigado. Isso foi em que ano, exatamente?
R – Isso foi em 2004.
P/2 – 2004, faz cinco anos, tá bom.
R – E...
P/2 – Então foi o Vitor que te convidou?
R – Foi o Vitor. E passamos pelo Fel 1, pelo Fel 2 e crescendo, tomando volume, e aí já não era um bolinho, eram livros e mais livros, o projeto, para submeter a apreciação; e chegou a grande época que era de fazer o anuncio, Presidente Gabrielli, fazer o anúncio, isso em 2006, em março de 2006, em 28 de março de 2006, e aquilo era um frenesi, que era o culminar de um trabalho e de saber que aquilo era, e se tornaria... e tinham as ameaças que as empresas petroquímicas, preferiam que a Petrobras aportasse recursos nelas, do que a Petrobras partisse e significava a volta da Petrobras na Indústria Petroquímica, uma volta pujante, desafiadora, com um projeto inovador. Então tinha aquelas ameaças, que já vinham numa tentativa do Pólo Petroquímico do Rio de Janeiro, que era lá em Itaguaí, e que também, parecia que ia decolar e não decolou...
P/2 – Por que ameaças? Poderia... eu não consigo...
R – Ameaças, porque... econômicas e políticas de interesses comerciais mesmo. É um projeto... o próprio Comperj hoje, ele tem suas ameaças, quer dizer, na medida que o mundo está ofertado de matéria prima petroquímica, como é que você vai fazer um mega empreendimento, para inundar mais ainda esse mercado. E hoje ele está ofertado por gigantes, como China, como Índia, que tem competitividade em preços [tosse]. Bom, e quando veio o anúncio, então foi todo um frenesi, e uma gratificação muito grande, eu que organizei junto com o pessoal da Presidência, que ficava responsável por recepcionar as pessoas, autorizar a recepção da Petrobras, a adentrar ou não as pessoas, quem eram ou quem não eram, e tal. Então, foi um frenesi muito bonito.
P/2 – Isso foi por ocasião lá da Pedra... aí começou mais para frente...
R – Aí depois, depois foi... isso foi em março, 28 de março. Aí começamos a adentrar aqui em Itaboraí, em Itaboraí. Eu fui uma das primeiras pessoas que entrou, onde vai ser o Comperj hoje. Comecei a ficar, a organizar a vinda do Presidente Lula pra lançar a Pedra Fundamental. Fiquei morando em um hotel, durante alguns meses, organizando com a Prefeitura, organizando com a Polícia Rodoviária Federal, organizando a vinda do escalão avançado da Presidência da República, fiz uma reunião com todo o escalão avançado para apresentar o projeto, alguém tinha que falar alguma coisa do projeto, aí me salta uma Jornalista: “Você está pronto?”; “Está pronto para quê?”; “Para dar entrevistas, porque com a vinda do Lula, alguém tem que dar entrevistas sobre o empreendimento.” “Eu não posso, porque só meu Presidente ou meu Diretor que está autorizado a falar sobre o Comperj.”. E era um trato que a gente já tinha sido orientado, que só quem falava sobre o Comperj era o Presidente ou o Diretor. “Não, mas isso é muito [tosse] pulverizado e tem coisas locais, não sei o quê.... ah não, vou falar agora com a Miriam (Seabra?), que é a Assessora do Presidente Gabrielli, Assessora de Imprensa, sobre você”, falei: “Tá bom.”. Aí daqui a pouquinho, liga a Miriam: “Ahhh, a menina da Assessoria de Imprensa da Presidência da República falou que você está pronto, não sei o quê, não gostou muito do que você falou”; “Tudo bem, mas tem o Presidente que é o Diretor que...”; “Ah, vou ligar para o Presidente ou para o Diretor para te autorizar, ok?”; “Ok, ok, ok.”; “Tá tudo bem para você?”; “Tudo bem.”. Tantos minutos depois me liga e: “Não consegui falar com o Presidente, falei com o Diretor, o Diretor autorizou você a dar entrevista.” Comecei a dar umas entrevistas, ela me encaminhava as pessoas, tal, tal, tal... teve um desafio muito grande para levar a mil ou duas mil pessoas ao Comperj no meio do mato, uma fazenda, sem infraestrutura nenhuma, tivemos que pedir ao Exército para ir junto com a Segurança Empresarial, e tal; acionaram o Exército para construir aquelas pontes de ferro, para poder trafegar com ônibus, com carros e foi um grande sucesso, tudo correu muito bem.
P/2 – Qual a importância de um evento desse tipo, num projeto, dessa magnitude? É importante, ou é um lado só político, é o quê? O que ele faz, qual a contribuição...
R – Acho que você... a gente tem que ver alguns aspectos assim: há 25 anos a Petrobras não construía uma Refinaria. Eu acho que tem todo um simbolismo, de um marco, de você estar retomando 25 anos depois um projeto, desenvolvimentista, estruturante para uma região que vem declinando a sua atividade econômica, e tal. Tem um outro simbolismo que eu acho que é perante a sociedade que você está se inserindo, você está chegando num lugar novo, que essas pessoas tem boas e más lembranças do nome da Petrobras, aquela região ali, nós tivemos problemas, na Baía de Guanabara, com os vazamentos, temos notícias ruins que circulam sobre Caxias, sobre Macaé, que são péssimos exemplos, de como é que um projeto pode enriquecer uma economia, mas pode não trazer desenvolvimento social. Bom, então... e o nosso Presidente sempre nos disse que esse projeto, 25 anos depois da Petrobras fazer uma Refinaria, nós poderíamos mostrar ao mundo que nós somos capazes de fazer um projeto com desenvolvimento econômico, mas também com desenvolvimento social. Então, 25 anos depois, depois das duras lições aprendidas como Bacia de Campos, Baía de Guanabara, coisas que nos machucaram muito e profundamente, mas que acho que essa empresa aprendeu uma lição de que comprometimento com SMS, e comprometimento com a sociedade, comprometimento com o desenvolvimento sustentável é como o nosso Presidente diz: “É parte intrínseca do nosso negócio.”.
P/2 – Isso estava mesmo presente? Quando os quatro mosqueteiros ali no início... fazia parte da conversa de vocês? Ou quando começou a surgir esse assunto de atuar em todas essas áreas?
R – Bom, eu acho que veio do Presidente, veio do Diretor.
P/2 – Veio do Presidente...
R – É, porque a gente tinha a visão do projeto.
P/2 – Certo.
R – Esse projeto não tinha ainda nem lugar. Ia ser em Itaguaí, depois ia para o Norte Fluminense, depois acabou vindo para Itaboraí. Então, a gente não tinha ainda essa dimensão social, a dimensão era técnica, econômica, e tal...
P/2 – Certo. A partir de quando virou essa dimensão social?
R – Com o anúncio, em 28 de março de 2006, quando o Presidente diz que nós vamos fazer a “Jóia da Coroa”, porque 25 anos depois, sem construir uma Refinaria, fazer com inovação tecnológica a única Refinaria do mundo que vai apanhar petróleo pesado, processar para produzir petroquímicos básicos, isso é pioneiro! Só é possível porque a Petrobras detém o ciclo que vai do catalisador, que vai da tecnologia, do craqueamento catalítico, e o que nos torna os únicos no mundo capazes, porque detém esse ciclo. Então, nós estávamos com esse desafio, né, que eram as questões tecnológicas e econômicas da viabilidade desse projeto. Com o chamamento do Presidente, ele começa a nos dizer [tosse], e do Diretor, Paulo Roberto, começam a nos dizer outras coisas, como por exemplo: “Este é um projeto estruturante que vai transformar essa região.” E a gente começa a ter dimensão que são 11 municípios no entorno, e que o PIB [Produto Interno Bruto] e que o salário médio, que as condições sociais, urbanas são precaríssimas dessa região. Que o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] dessas regiões são vergonhosos em sua trajetória, que já apresentam melhorias. Só o anúncio desse projeto já começa a expectativa das pessoas, é... tal. Obviamente que tudo tem o seu momento de euforia, né, então, quer dizer, não é no estalar dos dedos que se faz um projeto desses. Então, acho que a população tem aquele momento de euforia, que parece que todos os problemas da vida deles estão resolvidos. Um aspecto muito curioso, e muito marcante nessa minha trajetória, nesse projeto, é um depoimento que eu ouvi e que retrata muito bem aquelas cidades são conhecidas como “cidades dormitório”. É muito comum os filhos terminarem o Científico - porque não tem Faculdade, não tem nada - e eles se mudarem da cidade. O pássaro alçou vôo, e muitos deles vêm de seis em seis meses, de ano em ano, que retornam a casa. Eu ouvi o depoimento de uma senhora, que dizia o seguinte: “Eu sei que na minha velhice meu filho vai estar comigo, eu não vou passar necessidade na minha velhice, porque ele vai estar com o dinheirinho dele aqui me ajudando.”.
P/2 – Que bom, né? Coisa boa.
R – Que mudança, que mudança social ocorrerão nas famílias ali. Então, tem coisas assim...
P/2 – E você começou assim, como Técnico de Informática, desculpe, Análise de Informática, aí depois você começou a se envolver com temas nobres no projeto, né?
R – Não...
P/2 – Quer tomar uma água aí, fazer um break?
R – Não, eu sempre... posso fazer um break.
[pausa]
R – Umas lagriminhas... é um chorão do “.....”
P/2 – Mas esse projeto...é realmente...
R - Meu filho se formou e foi trabalhar em São Paulo. Há cinco anos que eu não o vejo, né, e tem outro aspecto escondido atrás dessa história, que é o seguinte: foi embora e não manda mais dinheiro, passo aqui, estou vivendo de um salário mínimo, estou vivendo de uma Bolsa Família, não sei o quê, porque ele foi e leva a vida dele, casou por lá... e o que aquela mulher estava dizendo é o seguinte: aquele projeto, estava mudando o fim de vida dela. É muito bonito.
P/2 – Mas então, nessa tua... a gente sabe que você...
R – E o futuro da região é uma coisa interessantíssima, também, que eu ouvi, é... quer dizer, o Diretor sempre falou o seguinte: “Este é um projeto estruturante para esta região, que nós não temos condições de imaginar o quanto vai mudar. A gente sabe que vai mudar muito e pra melhor. Mas hoje não temos condições de saber o impacto econômico e social desse projeto na região, mas que vai melhorar, e muito, vai.”. E aí, a primeira vez que o Diretor foi visitar a Fazenda Macacu, eu estava lá para recepcioná-lo, para organizar a visita dele e nós chegamos em frente às ruínas do Convento São Boaventura, e ele ficou encantado com aquilo, dizendo: “Só podia cair no colo da Petrobras um presente desse.”. Um Convento de 1670, em ruínas, que nunca nenhum proprietário, nenhum órgão público “botou” uma vara de bambu para escorar nada lá, está definhando imponente, majestoso, lindo, cheio de cicatrizes, de rachas, e tal... mas imponente e majestoso.”. E o Diretor fez um poema ali, dizendo: “Nós vamos cuidar disso, nós vamos transformar essa região, nós vamos...”; “Vitor, nós precisamos registrar todas estas transformações, precisamos registrar essa obra aqui, que é o maior empreendimento privado, ou melhor, o maior empreendimento individual da história da Petrobras.”. Nunca a Petrobras, em um único projeto gastou, vai investir tanto... agora com a Refinaria Premium e tal, talvez não seja mais verdadeiro, mas, não seja mais... tal. Mas ele, emocionado, fez um chamamento para que se registrasse o empreendimento que era a retomada da Petrobras na petroquímica, a retomada 25 anos depois da primeira Refinaria, a retomada da indústria petroquímica, e das transformações sócio-econômicas e ambientais que ocorreriam naquele entorno. E o Vitor, vira para mim e fala assim: “Pois a partir de agora, você cuida desse projeto do Diretor.”. E ali nascia o Centro de Informações do Comperj, com a missão de registrar o empreendimento Comperj e registrar as transformações sócio econômicas e ambientais da região do entorno, que compõem 11 municípios. Bom, e aí tivemos que formatar esse projeto, sem perder a missão, a visão e tal... O primeiro exercício que a gente fez foi: qual é a missão e qual é a visão desse projeto? Quais são os objetivos dele? E aí, fizemos alguns exercícios, mas ficava uma coisa muito vaga: como é que você registra o impacto de um empreendimento desse, social e economicamente? E ali a gente patinou. Caí em algumas armadilhas, que a gente sempre achava o seguinte: a gente vai cair em discussões metodológicas de indicadores, aparece um medalhão da outra universidade questiona a metodologia adotada dessa... quer dizer, era uma coisa que a Petrobras ia fazer, mas quando fosse cacarejar, alguém podia: “Não... mas isso aí foi, não sei o quê... e tal.” Bom, até um dia que eu conheci um pessoal da Organização das Nações Unidas, que estava trabalhando em Niterói, junto com a Prefeitura de Niterói, num projeto de planejamento da cidade, de um planejamento... e tinha uma questão de indicadores para auferir qualidade. Niterói, teve uns anos, que eu acho que foi a melhor qualidade de vida e tal, e aí conhecendo eles, comentaram sobre 54 Indicadores, que são os Objetivos do Milênio, que é um comprometimento com 54, no mínimo com 54 Indicadores que eles têm, que permite se comparar cidades diferentes no mundo. Então eu: “É por aqui que a gente sai desta discussão metodológica, porque é uma metodologia consagrada internacionalmente, acima de qualquer suspeita, por um organismo, acima de qualquer clubismo…”, e evoluímos. Levamos mais de anos para conseguir, porque a ONU não pode ser contratada, e depois, era o que o Vitor falava: “Me vender a metodologia, me dar um calhamaço deste tamanho para eu seguir [tosse], eu tenho gente para fazer o projeto, não tenho gente para adotar a metodologia. Ele tem que entregar o produto pronto, senão fica uma responsabilidade nossa defender uma metodologia que não é minha, que eu não... pararã... pararã...”. E aí levamos mais de anos para costurar junto com a UFF [Universidade Federal Fluminense], porque quem é que tem o maior know how, a maior inteligência do Leste Fluminense? A UFF, que tem Professores, Doutores, que ficam estudando o Leste Fluminense, conhecem aquela história, aquela geografia, aquelas bacias hidrográficas, a economia [tosse], e tal; e assim costuramos esse acordo com a ONU [Organização das Nações Unidas] e com a UFF. Então resolvemos uma grande coisa… Depois temos, em via de contratar [tosse] - que também por estas dificuldades ocasionais aí de restrição da Petrobras, de investimento, a gente está postergando - que é a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro], as questões de imagens de satélites, salas de visualização, núcleo avançado de visualização, umas técnicas de filmagens de 360 graus, tal tal, tal. Tudo voltado para o registro do empreendimento, e um satélite que tira uma foto anual dos 11 municípios, para ver o crescimento de mancha urbana, crescimento de sub moradias e tal, que serve de insumo para o projeto da UFF. Temos a PUC [Pontifícia Universidade Católica] e aí, formatamos um projeto dessa maneira, com três universidades. A PUC que nos apóia com a computação gráfica, com filmes e realidade virtual, que são notórios no país, nosso portal que a gente armazena o nosso banco de dados, e o Geografic Information Systems, que são mapas georreferenciados, das coisas do empreendimento [tosse]. E assim montamos uma coisa, e sempre batendo: “Será que aquelas coisas que o Diretor...”, quer dizer, a nossa inspiração foi aquele chamamento do Diretor para registrar o empreendimento, registrar as transformações sócio-econômicas, e tinha uma coisa de valorizar o patrimônio, o Convento. Nós batizamos o projeto, (_____?) o Comperj, nessa inspiração do Diretor, e envolvemos: missão, visão. Queremos alcançar reconhecimento internacional deste projeto, como uma contribuição do desenvolvimento sustentável do homem. Estamos alinhados com a estratégia da comunicação institucional de responsabilidade social, de Objetivos de Milênio, nosso Presidente faz parte do fórum global, tem assento no Comitê, e acho e espero que nós daremos muito orgulho pelo que a gente está fazendo, para nossa empresa, para a nossa Diretoria e para o nosso Presidente.
P/2 – Vamos explorar um pouco esta história assim, desta alma do projeto? Porque o projeto tem uma técnica econômica, um modo social, e acho que você mesmo falou, né? Bom, no início você chega e estavam os técnicos ali, planejando: “Bom... essa deve ser assim, essa deve ser assado, carga assim, carga assado, e logística dessa maneira, dessa outra maneira…”, aí de repente, enfim, um... tivemos uma inspiração da liderança da empresa, e liderança sem citar nomes: o Presidente, Diretor e outros, né? De repente o projeto ganha uma outra dimensão, e eu estou sintetizando um pouco o breve entendimento de que você fala. É, mas ao longo desse tempo, começaram em quatro e hoje já tem umas centenas de pessoas dedicadas ao projeto. Vocês têm, na gestão geral do projeto alguma prática, para fazer com que essa coisa de fazer um projeto além do aspecto técnico, permeie todo mundo que ingressa no projeto? Enfim, tem algumas pessoas... podem: “Ah, estava trabalhando lá no Rio Grande do Norte, e fui chamado para o projeto, e... bom, eu tenho que fazer esta tarefa aqui.”. Como é que vocês mantêm essa chama? Assim, como se tivesse esse reflexo... eu não sei se estou conseguindo me expressar bem, mas...
R – Eu acho que você se expressou muito bem... Eu tenho duas observações que eu acho que responde bem a essa pergunta. Uma agora, o nosso Gerente Geral, pediu para ser formatada uma visita guiada pelo site. Então, que todo empregado, todo membro da força de trabalho do Comperj, possa se inscrever, para que quinzenalmente tenha uma visita guiada, e ele possa passar meio dia olhando o empreendimento, e aí nos visita no nosso container... a gente tem um container, uma parafernália tecnológica lá, e a gente faz uma imersão com ele nos aspectos do projeto e tal, e depois faz uma visita a campo. Então, isso é uma coisa muito interessante, porque as pessoas passam a ter a dimensão do todo. Porque, às vezes, você vem para trabalhar, e está num segmento: “Ah, você vai ser Engenheiro Elétrico.” Mas você não sabe sobre o resgate da fauna. Então tem uma equipe de uma universidade, que se um trator estiver passando aqui e tiver um gambá ali, um rato... eu já vi pararem os tratores! “Parem os tratores!”, para vir um membro do resgate da fauna, para tirar um ratinho. “Bota” num tupperware, um negocinho lá furadinho e depois eles levam para um local seguro para soltar esse animal. Então, eu acho que engrandece aquele Engenheiro Elétrico, quando ele vai lá, e vê: “Pôxa, que dimensão desse projeto que eu não tinha.” Uma outra coisa... então esse é um aspecto. Eu acho que a visão da visita guiada permite que as pessoas conheçam as várias dimensões desse projeto: dimensão social, dimensão... o compromisso com o meio ambiente, as medidas de segurança, os operários, e tal, tal, tal. Uma outra coisa que eu acho muito legal, eu comentei hoje com alguém, foi o seguinte: todo o evento, a gente travou um bom relacionamento com o pessoal da região, lá do site da obra. Então hoje a gente é identificado, porque diariamente nós fazemos uma ronda, para identificar o que está rolando, que máquina está chegando, o que vai acontecer; temos os nossos contatos chaves, que a gente passa, toma um cafezinho, aperta a mão: “E aí, vai acontecer alguma coisa? O que tem para acontecer na semana que vem?” E tal... Então hoje a gente já consegue ser acionado: “Olha, pegamos uma jibóia de dois metros aqui. Vocês não querem vir filmar, não?” Aí vamos lá, e filmamos. Quer dizer, eles já nos acionam, e tal... E uma coisa que passou a ocorrer agora assim, que está indo nas montagens da torre de comunicação, a montagem da subestação, e que eu percebi, é o seguinte: as pessoas estão tendo um orgulho, que a gente pede aos técnicos, independente de ser Petrobras, se é de contratada, da empresa que veio do Sul para montar... a gente pede para alguém ir explicando para a gente o que vai fazer, tal, tal, tal. E toma o depoimento deles e fica o material bruto, para depois a gente usar nos filmes, aquelas coisas. Fazemos um filme sobre aquele evento específico, vamos lá e entregamos para ele, aí para o outro, e tal; e o que a gente tem percebido hoje em dia, eu estava comentando isso, a satisfação e o orgulho que as pessoas estão tendo em trabalhar neste projeto e de registrar o que eu faço, né, quer dizer, o orgulho com que eles explicam o que estão fazendo, as medidas de segurança que tomaram para descarregar uma peça que tem 30 toneladas, que vai ser responsável por fornecer energia para o Comperj, durante as obras, mas que depois, não sei o quê...mostra para gente o seguinte: a nossa atividade do Centro de Informações, eu acho que está indo além da sua missão. Ela está conseguindo ser um estimulador de equipes, de integração...
P/2 – De criatividade, de inovação...
R – ...de equipe, da pessoa entender que a sua participação dentro de um todo é significativa, porque eles falam com tanto orgulho: “Eu vou fornecer energia para a construção do empreendimento.” Então, são sub produtos que estão acontecendo no Centro de Informações, e que deixam a gente encantados. Eu digo o seguinte: “Não tem coisa que me orgulhe mais, que no atual momento da minha vida, aos 56 anos, com 36 anos de Petrobras, eu estava querendo me aposentar, poder trabalhar num projeto, que tem na sua missão contribuir para o desenvolvimento humano sustentável.”. Quer dizer, eu não estou indo para o trabalho, eu estou indo para a Disney World. Eu todo o dia acordo e: “Que bênção, que maravilha, poder ter uma atividade que é poder contribuir para o desenvolvimento humano sustentável, e ir lá filmar um cara que se enche de orgulho do que está fazendo, e que aperta a minha mão, que foi lá e “botou” uma bandeira do Brasil, para descarregar duas peças de 30 toneladas, e pegou uma bandeira desbotada “botou” num mastro lá.”, “Vocês não vão filmar a bandeira, né?”; quer dizer, que motivação você está irradiando ali.
P/2 – Impressionante, né, o ser humano motivado, ele trabalha de outra maneira, né? Agora...
R – No 14 de junho, no 28 de março, e no 14 de junho, falando sobre esse projeto, aí arrepia.
P/2 – E vocês têm o depoimento certinho, detalhado...
R – Pegar um papelzinho aqui para você ver.
P/2 – Deixa eu fazer um contraponto desse, digamos, dessa abordagem ou desse espírito estruturante que tem o projeto, um posicionamento que a gente também ouviu aqui dentro, que é o seguinte: “Bom, a Petrobras está imbuída de tudo isso, mas ela não pode ser vista como a “Salva Pátria”, a “Assistencialista”, enfim... como é que vocês, quais são os cuidados que você e outras pessoas tem que ter, para não dizer o seguinte: “Chegou a Petrobras, agora é a Disneylândia.”. Porque a gente sabe, enfim, que tem limitação da ação da Petrobras, versos limites da ação do Estado, enfim...Tem alguns cuidados que vocês tomam, ou que é uma política ou enfim, alguma coisa que...
R – Esta área não afeta a mim, que é a parte de relacionamento externo; é a parte de inserção regional, e tal. Mas eu sinto que existe a preocupação, quer dizer, eu acho que o nosso Diretor, quando chamou os 11 Prefeitos, que começou, depois do dia 28 de março, começou pedir ponte, pedir Colégio, pedir asfalto [risos]. Então o Diretor, Paulo Roberto, chamou os 11 Prefeitos e fez um chamamento a eles, para que trouxessem visões regionais. Porque se cada um pedisse um hospital, cada um pedisse um Colégio, cada um pedisse uma ponte, então, a Petrobras não estaria exercendo a sua função, que não é essa, a de suprir a deficiência do Estado... pararã... pararã… Mas que sim, fizessem um esforço de fazer um olhar da região. Quer dizer, não precisa, todo o Município tem um hospital, um hospital secundário, terciário, basta ter um na região. Ah, o primário, os postos de saúde, isso já tem, então... Mas aquelas coisas de média complexidade, alta complexidade, que hoje só tem o Antônio Pedro, que é o Hospital Universitário, que fica em Niterói. Qualquer caso grave dessa região toda é transferido para o Antônio Pedro. Então essas coisas, sim, que tivesse um olhar regional, de infra-estrutura, e tal, tal, tal. E uma coisa também que muito me orgulha é que nessas andanças, no tempo em que eu me relacionava com a sociedade da região, é... eu fui, a partir dessa orientação do Diretor, e junto com a ONU, nós semeamos o Conleste, Consórcio dos Municípios. Fomos aos Prefeitos explicar, que eles, juntos, num olhar regional, que eles se tornavam mais fortes para a obtenção de recursos, que a região se tornava mais próspera do que cada um gastar com um hospital, e tal, tal, tal... O Presidente, o primeiro Presidente do Conleste, que era Prefeito de Itaboraí não queria saber disso, pararã... (_____?), daí, um belo dia eu lá tomando um wiskinho com ele, falei: “Ou você assume ou o Godofredo [risos], que é o de Niterói vai tomar a sua frente e vai ficar feio pra você.” Aí ele, chamou no orgulho dele, quer dizer, o Prefeito de Niterói vai ser o Prefeito, ser o Presidente do Conleste. Aí ele assumiu que o Conleste tinha que ser o... o primeiro Presidente do Conleste tinha que ser o Prefeito da cidade, e tal. Hoje é uma realidade, o Conleste, tudo, a dinâmica do mundo político é uma dinâmica muito mais devagar do que o mundo empresarial, e tal... então, talvez eles não avancem com tanta velocidade, com tanta celeridade, mas tem a sua dinâmica própria e eu acredito que tenha a sua importância neste contexto, que é o único em consórcio dessa natureza, que existem consórcios no Brasil, de Municípios, mas para propor para projetos específicos: consórcio para o lixo, consórcio para isso, consórcio para aquilo, esse não. É um consórcio de 11 Municípios, mas que trata de Educação, de Saúde, de Água, e de infra-estrutura.
P/2 – Voltando um pouquinho, especificamente para o Centro de Informação, ele... acho que a gente está coletando um volume gigantesco de terabytes, ou megabytes ou gigabytes...
R – Terabytes..
P/2 – Terabytes provavelmente, né? E que medida você acha que esse acúmulo, digamos, inicialmente de informação, além de registrar memória do projeto, ele pode ajudar a Petrobras em futuros projetos, na tomada de decisão em outras circunstâncias parecidas? Que medida que isso, por exemplo, para o projeto que a gente está tocando aqui, ele já é uma fonte riquíssima, então... Mas você antevê outros usos para o Centro de Informação neste contexto de transferência de conhecimento, de know how?
R – Eu... por exemplo, fomos procurados pela Refinaria do Nordeste. Queriam conhecer, não sei se foi o Diretor, que comentou: “Faz um filme, igual ao do Comperj.” Aí vieram, e tal, o nome do filme... “Ah, mas o filme faz parte de uma atividade de um Centro, e o que faz este centro.” Aí foram lá e visitar, e tã tã tã, e viram o container: “Ah, mas então é bom ter um container.” Viram essa relação que a gente tem com as Universidades, e tal, e parece que eles estão caminhando para alguma coisa dessa natureza lá. Então, quer dizer, eu acho que Centro de Informações não é uma novidade, eu acho que dentro da Petrobras, quer dizer... vale dizer também, que na realidade o Centro de Informações nasceu porque a gente, em frente ao Convento, quer dizer, tem um monumento ali, que tem que ser usado, administrado, cuidado. O fato de ser, depois de 25 anos, a primeira Refinaria, de ser a retomada da Indústria Petroquímica, quer dizer, tem algumas circunstâncias bastante particulares que levou a isso. Então, não quer dizer que se o vídeo é uma prática: “Ah, então vou fazer um gasoduto de Macaé. Ah, o Rio de Janeiro? Ah, temos que ter um Centro de Informações.” Não, mas talvez, ter alguma referência, que poderia ser mais além, a sociedade poder enxergar que naquele lugar eu vou ter referências que precisa, e eu vou ter o encaminhamento que eu preciso. Eu vou pedir para dar uma palestra no meu Colégio, eu vou... quer dizer, ter um canal que...
P/2 – Tem alguns pilares, assim, do tipo, o Centro de Informação tem o objetivo de registrar a memória, registrar fatos marcantes, ou registrar avanço tecnológico, tipo, enfim, tem alguns pilares que vocês se colocam lá dentro do Centro de Informação?
R – Tem, tem, mas não está assim oficialmente, mas na prática está.
P/2 – E quais seriam?
R – É o comprometimento tecnológico, quer dizer, hoje uma característica do Centro de Informações, a gente utiliza tecnologias de vanguarda. Tem uma tecnologia chamada Time-Lapse, que a gente pulverizou câmeras que, de quinze em quinze minutos ficam disparando; o ambiente é hostil, não tem energia elétrica, temos que “botar” painel solar, é uma coisa pioneira, imagens de satélites para você acompanhar a evolução do território dos 11 Municípios. Mostra o comprometimento social, de acompanhamento, para poder sinalizar: “Olha, está crescendo, apareceu sub-moradias em tal lugar.” Vou dar um exemplo para vocês, que mostra como que naturalmente a sua missão vai sendo cumprida: a Prefeitura de Itaboraí nos procurou, porque está fazendo, vai fazer o seu Plano de Desenvolvimento Social, e quer utilizar os dados dos Indicadores Sócio-Econômicos da UFF e ONU Habitat, para embasar o seu Plano de Desenvolvimento Social, para o seu, para os próximos quatro anos de Governo, e por quê? Por que nós produzimos um produto com qualidade, com confiabilidade, com isenção, com comprometimento metodológico, acima de qualquer suspeita. Então, São Gonçalo, querem… na realidade no dia 21 de maio, nós vamos entregar para a sociedade o 2007. O que a gente fez? A gente apanhou 2000 a 2006 - que é antes do Comperj - apanhamos esses Indicadores dos 11 Municípios, e agora apanhamos 2007 e comparamos: como é que está 2007 comparado a 2000 a 2006, e vamos fazer, 2008, 2009, 2011, 2012, 2015, 2020... E segundo, metodologia, com critério técnico, isento, com profissionalismo. Amanhã, nós estamos fazendo uma reunião fechada, com especialistas em Educação da UFRJ, da Unesco e outros organismos, para validar, se os nossos Indicadores, se as nossas metas, se os nossos objetivos estão corretos ou se carecem de aperfeiçoamento. Então essas reuniões fechadas, a gente não participa com... não participa a imprensa... são reuniões de especialistas, pessoas especialistas neste assunto e a gente valida. Já fizemos sobre Saúde, fizemos sobre Economia, e agora amanhã, estaremos fazendo sobre Educação.
P/2 – Uma pergunta aqui da Cláudia: a respeito do Centro de Integração de São Gonçalo, vocês têm uma ligação direta, ou não? Enfim, como é que está o relacionamento?
R - A gente tem... fazemos parte de um mesmo projeto, e tal, e a gente tem algumas iniciativas assim: nós queremos fazer um acompanhamento de 100 alunos, de 10, 20 desta quantitativa, a gente está nas turmas, vai filmando, pega endereço, telefone e a gente quer ver se ao longo do projeto, a gente vai acompanhando e registra a melhorias da vida dele. “Pôxa, mas da última vez que a gente te visitou, arrumou sua casinha. Agora você já fez aqui um segundo andar, e tal, está de carro novo, e tal... pararã... o que mudou na sua vida? O que você... e tal...”
P/2 – Interessante....
R – Acho que vai ser...
P/2 – De uma certa maneira, vocês estão desenvolvendo também um know how, específico para a Petrobras, que os usos ainda vão ser, me parece, ainda talvez vocês ainda não consigam imaginar todos os usos que, essa tecnologia, ou essa integração de várias tecnologias e metodologias, vão ter ainda para o futuro. É lícito falar isto?
R – É lícito, é lícito. E eu te diria o seguinte: é primeira vez, no mundo, e isso é uma coisa que a gente vai, no devido momento; faz parte da visão da gente obter o reconhecimento internacional desse projeto. É o único projeto, no mundo, que você tem um empreendimento econômico, sendo monitorado por Indicadores do pacto global da ONU. Porque normalmente, os Indicadores são para monitorar cidades. Nós apanhamos um empreendimento, objetivo, que tem impactos em 11, 15 Municípios e resolvemos medir o que esse empreendimento vai ocasionar nessa região. E como nós temos certeza, que esse impacto é positivo, inclusive ambiental, nós temos a convicção de até os Indicadores ambientais daquela região vão melhorar, e não tem muita mágica, nem muito romantismo no que eu vou falar, é bastante objetivo: aquela região era uma fazenda, ela tinha pastagem. Nós vamos montar um empreendimento fabril ali, nós vamos plantar mais de 4 milhões de árvores, ao seu redor, e no seu caminho e espalhar no corredor ecológico, que é um projeto muito interessante que o Comperj traz consigo. E é como se diz, vamos monitorar, vamos registrar estas transformações que a gente tem certeza que são para melhor. O desenvolvimento econômico traz algumas coisas que a gente sabe que não são boas, que é o crescimento desordenado de cidades, mas eu acho que tem uma estrutura de Conleste, Fórum Comperj, que é um organismo também que existe junto com o Governo do Estado, no sentido de medicarem, de organizarem as atividades ali. A questão da violência é alguma coisa que a gente vê, que pode haver um crescimento, que é uma região que pode sentir que houve um grande aumento da violência, por causa do crescimento, por causa dessas coisas, mas que também esses Indicadores, podem permitir você verificar o quanto é e aonde é que é... essas coisas, e poder instigar ou os Prefeitos ou a sociedade, poder instigar os organismos competentes, a oferecer soluções, baseados em Indicadores isentos de um organismo internacional. E como a gente tem a condição de que a maioria desses Indicadores será para melhor, aí sim, nós vamos poder cacarejar para o mundo que a Petrobras é capaz de construir um grande empreendimento, numa região ambientalmente delicada, e com responsabilidade social.
P/2 – Esses Indicadores são compartilhados com a equipe da Petrobras, do projeto? Como é o compartilhamento...
R – Dia 21 de maio nós vamos oferecer para toda a sociedade, para todas as Prefeituras, para todas as organizações sociais, para organismos estaduais, o 2007 comparado ao 2000 a 2006. E vamos disponibilizar para o nosso empreendimento também, né? Eles já têm acesso, hoje a gente já troca, tem membros que participam, a própria confecção teve a participação de outras pessoas da área de Relacionamento Externo, área de Responsabilidade Social.
P/2 – E o pessoal da área, digamos, mais técnica do projeto, eles têm uma noção forte destes Indicadores, ou: “Não, isso daqui é com o Centro de Informação...”; e como é que é?
R – Não, acham bom. A Engenharia recebe também.
P/2 – É importante esta comunicação interna também, né?
R – E acho interessante, porque, embora seja extremamente técnico, mas é uma forma que eles têm de dar uma olhada no contexto, ao redor, né? E aquilo, é bem ao estilo deles, dos Engenheiros, né, quer dizer, as coisas quantificadas, indexadas, e tal. Eu vejo que tem receptividade. Eu acho que isso também está cada vez mais intrínseco, quer dizer, se você vê, são 1500 operários por turno lá no empreendimento, e você vê as campanhas que eles fazem no Carnaval, sobre o uso da camisinha; com o problema de álcool, não dirija; é programa de vacinação. Quer dizer, responsabilidade social. É o que falou o nosso Presidente: “Faz parte do nosso negócio.” Uma empresa de Petróleo, que não tiver compromisso com responsabilidade social e ambiental, ela vai ter problemas sérios na sua imagem. Faz parte do negócio, mas o valor de nossa ação na Bolsa de Nova York, da Argentina ou de São Paulo, está diretamente relacionada às nossas ações de responsabilidade social e ambiental. Taí a Bacia de Campos, taí a Baía de Guanabara, taí as coisas com a internet para pulverizar rapidamente para o mundo e isso afeta o nosso resultado econômico. Então eu acho que foi muito feliz o nosso Presidente, quando deu este chamamento para a sua empresa, para sua equipe, de dizer: “Isto faz parte do nosso negócio.”
P/2 – Bacana. Para finalizar, assim a gente já, senão, o senhor vai ficar totalmente abstêmio aqui… [risos]. A Petrobras tem um Programa de Formação de Líderes, relacionado à sustentabilidade e responsabilidade social. Vocês estão envolvidos, de alguma maneira, direta ou indiretamente com essa formação das pessoas ou não?
R – Eu não sei, eu tenho conhecimento.
P/2 – Tá bom, enfim, isso aí era só um detalhe para a gente fazer um outro programa.
R – Isso aí é uma boa pergunta para saber da Cláudia.
P/2 – Mais alguma coisa, gente?
R – Agora é para chorar, né... agora você vai fazer eu chorar.
P/2 – Como diria um cara da minha empresa: “Agora dou o braço coletivo.” [risos]. Fantástica a história, né?
P/1 – Gavinho, a gente só para fechar agora mesmo, o senhor me disse que é casado, né, e qual o nome da sua esposa?
R – É Jaqueline Venturoti, é minha ex-esposa. Eu sou separado, tenho um filho de 12 e um filho de 6 anos, mas tenho uma boa relação, é uma amiga.
P/1 – E quais são os nomes dos seus filhos?
R – Felipe Venturoti Gavinho e Rodrigo Venturoti Gavinho.
P/1 – E você tem netos?
R – Tenho do meu primeiro casamento, tem Ana Luiza Kowalski Gavinho, que é uma francesinha, uma neta francesa, e tenho o Diogo Gavinho, que é o meu neto, do meu filho.
P/21 – Como é que você está... como você lida com o ser avô. Você gosta?
R – Eu gosto, e ainda curto ser pai [risos]; eu gosto, gosto.
P/1 – Nas horas de lazer, você tem algum hobby?
R – Ficar com a família, filhos, netos... é um churrasquinho, é a cervejinha, nada de esportes e tal, que já aos 56… sedentarismo e fumante [risos].
P/1 – E Gavinho, há algo que você queira deixar registrado que eu não tenha perguntado?
R – Não, não, eu acho que foi muito proveitoso, e vocês me instigaram bastante, me fizeram trilhar um caminho bastante construtivo, assim... encadeado. Parabéns, por este projeto! Acho que a gente tem também muita afinidade entre nossos projetos. Eu acho que eu sou um zoom... eu já comentei aqui que eu acho que eu sou um zoom no Comperj, num projeto chamado Memória Petrobras. Só que, por mais Terabytes, porque fico sempre batendo fotos e registrando o mesmo empreendimento. E vocês, na realidade, estão fazendo parte de um projeto que registra todos os empreendimentos, mas talvez não com a lupa tão lá embaixo, né, mas é uma iniciativa linda, e muito me orgulha está participando também dessa empresa. Que, diga-se de passagem, só tive alegrias, né? São 36 anos de alegria, 36 anos vindo para a Disney World [risos].
P/1 – Acho que é só. Eu ia te perguntar o que você achou de ter dado o depoimento, né, mas...
R – Embora que já passei algumas noites, alguns desafios, quer dizer, o fato de ser Disney World, não quer dizer que eu não tenho momentos difíceis. A época do Project Finance era um momento difícil, teve alguns momentos de algumas questões com o Governo, que precisava apresentar até o dia seguinte algumas coisas, e a gente teve que varar a noite. Então teve muitos momentos duros, mas gratificantes, e aí eu falo jocosamente, né, que eu vindo para uma Disney World, e tal, mas não necessariamente só diversão.
P/1 – Mas não é fácil, né.
R – Não é fácil.
P/2 – Acho que é só.
R – Tenho os leões para serem matados todos os dias [risos].
P/1 – É só, obrigado, está ótimo.
R – Obrigado a vocês.
--- FIM DA ENTREVISTA ---
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