P/1 – Bom, primeiro Marcelo gostaria de agradecer a tua vinda, a tua disponibilidade. R- De nada. Sem problema. P/1- Então a gente vai começar a história de vida e pra isso eu gostaria que você falasse nome completo, local e data de nascimento. R – Meu nome é Marcelo Rodrigues, nasci em setembro de 1965 aqui no Rio de Janeiro. Minha origem é do Rio de Janeiro. P/1 – E o nome dos seus pais? R – Meu pai é João Antônio Rodrigues e minha mãe Iracema Jesus Rodrigues. P/1 – Você sabe o nome dos seus avós? R – Manuel e Inês. Os avós do meu pai não porque eram portugueses. Meus pais são portugueses. P/1 – Isso que eu ia perguntar. É, sabe um pouquinho, ouviu um pouquinho do seus pais, como eles vieram pro Brasil? Como foi... R – Eles vieram em 1945 quando eram jovens. O interesse no país, vieram pra cá os dois e logo que vieram se casaram aqui. P/1 – Mas eles já se conheciam antes? R – Se conheciam vagamente lá em Portugal e quando vieram pra cá, vieram juntos, mas não ainda, aí ficaram juntos e casaram aqui. P/1 – E o que eles faziam? Qual que era a atividade deles? R – Minha mãe, basicamente não tinha atividade veio com os pais dela também e meu pai começou a ingressar na atividade de alfaiate, trabalhar com, fazendo roupas e aí foi indo, foi indo. P/1 – Mas ele já era alfaiate lá em Portugal? R – Não, começou, quer dizer se interessou lá, mas ingressou aqui. P/1 – De que parte lá em Portugal? Você sabe? R - Meu pai é do norte de Portugal, uma cidade chamada Caminha e minha mãe é do centro de Portugal de Viseu. P/1 – E na tua casa tinha assim algumas tradições portuguesas, pratos portugueses? R – Não. Pratos com certeza minha mãe sempre cozinhou muito bem e tinha pratos portugueses. Tradições não, acho que não. P/1 – E você tem irmãos? R – Tenho três irmãos. Duas irmãs e um irmão, todos...
Continuar leituraP/1 – Bom, primeiro Marcelo gostaria de agradecer a tua vinda, a tua disponibilidade. R- De nada. Sem problema. P/1- Então a gente vai começar a história de vida e pra isso eu gostaria que você falasse nome completo, local e data de nascimento. R – Meu nome é Marcelo Rodrigues, nasci em setembro de 1965 aqui no Rio de Janeiro. Minha origem é do Rio de Janeiro. P/1 – E o nome dos seus pais? R – Meu pai é João Antônio Rodrigues e minha mãe Iracema Jesus Rodrigues. P/1 – Você sabe o nome dos seus avós? R – Manuel e Inês. Os avós do meu pai não porque eram portugueses. Meus pais são portugueses. P/1 – Isso que eu ia perguntar. É, sabe um pouquinho, ouviu um pouquinho do seus pais, como eles vieram pro Brasil? Como foi... R – Eles vieram em 1945 quando eram jovens. O interesse no país, vieram pra cá os dois e logo que vieram se casaram aqui. P/1 – Mas eles já se conheciam antes? R – Se conheciam vagamente lá em Portugal e quando vieram pra cá, vieram juntos, mas não ainda, aí ficaram juntos e casaram aqui. P/1 – E o que eles faziam? Qual que era a atividade deles? R – Minha mãe, basicamente não tinha atividade veio com os pais dela também e meu pai começou a ingressar na atividade de alfaiate, trabalhar com, fazendo roupas e aí foi indo, foi indo. P/1 – Mas ele já era alfaiate lá em Portugal? R – Não, começou, quer dizer se interessou lá, mas ingressou aqui. P/1 – De que parte lá em Portugal? Você sabe? R - Meu pai é do norte de Portugal, uma cidade chamada Caminha e minha mãe é do centro de Portugal de Viseu. P/1 – E na tua casa tinha assim algumas tradições portuguesas, pratos portugueses? R – Não. Pratos com certeza minha mãe sempre cozinhou muito bem e tinha pratos portugueses. Tradições não, acho que não. P/1 – E você tem irmãos? R – Tenho três irmãos. Duas irmãs e um irmão, todos mais velhos. Eu sou o temporão. P/1 – Você é o caçula.(Risos) E como era assim a tua infância sendo caçula? Que brincadeiras? R – Ah, as minhas irmãs cuidavam de mim como se eu fosse um filho delas, então, e a minha distância eu nasci onze anos depois do meu irmão então é caçula mesmo né, por um descuido qualquer eu nasci. E as minhas irmãs cuidavam de mim como se fosse filho, né? Então foi muito legal, foi muito bom. P/1 – Não teve aqueles problemas de caçula? R – Não, não tive nenhum problema de caçula não. Era muito paparicado. P/1 – Melhor, né? (Risos) E onde vocês moravam? R – A gente morava, bom, quando eu nasci morava na Tijuca, num bairro daqui da zona norte do Rio . P/1 – E como você lembra da Tijuca da tua infância? Como era a Tijuca da infância? R – Legal. Sempre foi muito, sempre brinquei muito, tinha muitos amigos na rua, jogava muita bola, bola de gude, soltava muita pipa, gostava muito de pipa. Fazia de tudo, brincava muito, muitos amigos na rua. P/1 – E na tua casa, tinha espaço pra brincar? Tinha quintal? R – Tinha, não, morava em apartamento. Mas basicamente a gente brincava na rua, do lado do apartamento tinha um terreno grande e a gente jogava bola ali. Aí, eu lembro que uma época minha rua ficou até fechada porque foram construir o metrô, passava embaixo da rua então fecharam a rua e aí ficou melhor pra brincar. Aí ficou muito legal e era uma rua muito movimentada porque tinha algumas churrascarias nessa rua, então tinha muito movimento. Foi muito legal, brinquei muito. P/1 – Qual era tua brincadeira predileta? R – Bola, jogar bola e soltar pipa, direto, todo dia. Estudava, é lógico, muito, mas sempre de tarde sobrava um tempinho pra jogar bola e soltar pipa. P/1 – Praia? Não ia muito? R – Não, um pouco mais adolescente sim. Pegava um ônibus, vinha aqui na Barra ou então ia no Arpoador de ônibus também. E uma irmã minha gostava muito de praia, então sempre ia com ela quando pequeno, depois mais adolescente não, já ia sozinho. P/1 – E da escola? Você falou que estudava na parte da manhã? R – Estudava, eu sempre estudei de manhã. Numa escola tradicional, no Colégio Batista, também na Tijuca e estudei minha vida inteira lá. De lá pra faculdade. P/1 – E era perto da tua casa. Como você ia pra aula? R – Era perto, ia a pé ou então pegava o ônibus. Era perto, não era tão longe não. Mas era fácil, não tinha muita dificuldade. P/1 – E quais são as suas lembranças da escola? Que matérias você gostava mais? R – Matemática, gostava muito. Ciências gostava muito. Basicamente essas duas. História e Geografia achava meio chato, né? Mas essas duas gostava muito. Português normal. A escola também era muito boa, tinha também muita diversão, futebol, muitos amigos. Foi muito legal. P/1 – Você jogava futebol também na escola? R – Jogava. Educação física era só futebol. Toda... Eram duas vezes por semana, jogava lá. P/1 – Era um colégio batista, né? Era religioso. Você lembra de alguma festa, alguma cerimônia que o colégio... R – Sempre tinha essas festas grandes assim, Feira de Ciências. Sempre tinha essas festas, então era muito movimentado. Tinha festa junina enorme, tinha um campo de futebol, gramado grande, a gente fazia tudo lá, então... Curtia muito a escola. P/2 –O senhor lembra de algum trabalho que o senhor apresentou na feira de ciências? Algum projeto? R – Vagamente, não lembro, não lembro. Mas sempre tinha isso, né? Tinha que fazer aquelas apresentações... Fazia o trabalho, maquetes e uma série de coisas que tinha que fazer, mas não lembro assim nenhum específico não. P/1 – Algum professor, algum inspetor que tenha te marcado? R – Ih, direto, sempre fazia algumas besteiras. Não besteira séria, óbvio, besteira normal, né? Então... Mas nunca fui assim suspenso nada, sempre coisa simples. Mas não tive nenhum problema assim de marcar, chamarem os pais na escola, nunca tive problema disso não. P/1 – Seu pai era bravo assim com as tuas... R – Meu pai era na dele, ele trabalhava muito, ele chegava todo dia sete horas da noite em casa, então a gente basicamente só jantava. De manhã cedo ele me acordava, mas não era tão bravo não, ele queria que eu fizesse o meu papel direitinho. Não cobrava muito não. Minha mãe e minhas irmãs ficavam muito em cima. P/2 – Qual a profissão do teu pai? R – Alfaiate. P/1 – Você acha que essas feiras ou como você tinha falado a Matemática influenciou na sua escolha profissional? R – Influenciou um pouco, né? Porque a gente sempre gostava muito de entender, eu sempre gostava muito de entender as coisas, da forma como fazer, direcionar como fazer, e também me espelhei um pouco no meu irmão, porque meu irmão também é administrador de empresas. Então quando ele começou a trabalhar e se formou e foi pra uma empresa, isso aí me agradou também e decidi fazer a mesma coisa que ele fazia. P/1 – Você pode ir vendo em casa, né? R – É, eu pude ir vendo, ele foi trabalhando com vendas também e aí fui me interessando e foi mais ou menos esse caminho assim. P/1 – Você chegou assim a sair com seu irmão? Era uma diferença grande de onze anos... R – Era uma diferença grande, não saí. Saí, já depois de vinte anos, eu com vinte anos, ele com trinta a gente saía, mas muito pouco. Não cheguei a sair com ele porque a diferença, onze anos é muita diferença. P/1 – Mas como você se divertia com seus amigos ainda na adolescência? R – Naquela época tinha muita festinha na rua assim, cada um dava festa um dia em casa. Chamava rasta, né? Acho que chamava rasta. Porque você arrastava os móveis, botava a música e fazia o arrasta. P/1 – Rolava um bailinho? R – É um bailinho, então uma vila grande assim e eu tinha muitos amigos nessa vila. Então todo final de semana tinha alguma coisa pra fazer ali na rua mesmo. Ou então festas próximas, né? Onde eu morava tinha uns clubes, tinha uns clubes portugueses, inclusive meu pai freqüentava um clube, minha irmã dançava música típica portuguesa, dançava o bira. A gente chamava de bira, uns chamam de vira, mas a gente chamava de bira porque português chama de bira e aí a gente ia pro clube nos finais de semana ver minha irmã dançar, jogava futebol de salão no clube também ou tinha festas no clube, a gente ia pra festa, tentava entrar na festa. Então era festa, era só festa, a infância foi muita festa. Muita brincadeira. P/1 – Delícia, né? R – Muita pipa, muito futebol, foi isso. P/2 – Essa coisa de tentar entrar nas festas, tem alguma história? R – Não, as vezes dá pra entrar, as vezes não dava e tinha que voltar pra casa frustrado, sem festa. P/1 – Então fazia o rasta daí? (Risos) R – Ou fazia a festa em casa. Foi muito legal. P/1 – Você falou essa idéia, essa coisa do clube português, de dançar as danças portuguesas. Lembra alguma roupa típica da tua irmã ou de vocês mesmo? R – Minha irmã só dançava... Eu não, eu não vestia não. A minha dançava com aquelas roupas de portuguesa mesmo, de portuguesa. Sandália alta, tinha um negócio, um lenço grande assim colorido que ela utilizava. Ela se produzia sempre, todo final de semana tinha. P/1- E vocês iam assistir? R- E a gente ia assistir. Ia no clube. No clube também tinha carnaval, no baile de carnaval a gente ia e tal. Foi muito legal, família muito unida, né? Até hoje. P/1 – Seus pais influenciaram seu gosto musical, por exemplo pro fado? R – Não, não influenciaram. Eu não gosto mas também... Gosto, mas também não gosto, sei lá. Pra mim é neutro. P/1 – Só lá no clube né? (Risos) R – Só lá no clube, eu não ouço essas músicas não. P/1 – Você acha que essa infância, todas essas festas influenciaram a tua profissão, a tua idéia, um sonho pro futuro? R – Não, não. Foi por acaso, né? A White Martins é meu único emprego. Então eu era muito focado em estudar e quando eu entrei na faculdade de ir pra uma empresa. Eu tive uma oportunidade de estagiar no Banco Real, aí não fui, por problema de horário e o meu pai tinha alfaiataria no Centro. No Centro da cidade do Rio de Janeiro, no Largo da Carioca e tinha muitos clientes de empresas e empresas, e através de uma pessoa da White Martins, meu pai falou com essa pessoa, que eu já tava chegando naquela fase assim, metade do curso da faculdade, então tinha que ... Estágio era importante. E aí meu pai falou com esse gerente da White na época e eu fui lá fazer uma entrevista na White. Aí fiz uma entrevista, duas. Aí consegui um estágio. P/1 – Mas vamos voltar um pouquinho antes, na época da faculdade ainda, depois a gente entra no estágio. O que te fez escolher administração, você fez científico? R – Não. Administração foi mais influência do meu irmão. Meu irmão fez administração e eu gostava do que ele fazia, ele foi logo trabalhar numa empresa, trabalhava com vendas, conversava comigo e eu me identifiquei por administração. P/1 – E onde você fez? R – Fiz aqui no Rio, na Federação da Faculdades Celso Lisboa. P/1 – Tá, que era perto da Tijuca? R – Mais ou menos, era na zona norte também, mas não perto da Tijuca. P/1 – E aí como é que foi sair lá da Tijuca, sair daquele ambiente conhecido da escola pra uma faculdade? Como você lembra da tua vida universitária? R – Eu acho que é legal, né? Porque é uma conquista. Você faz uma prova de faculdade, passa e aí você vai gostando do que quer fazer e aí eu acho que foi muito bom. Eu lembro assim com prazer de ir pra faculdade. É uma etapa que você vence. P/1 – E tinha festas na faculdade? R – Tinha. Toda quinta e sexta-feira a gente saia, ia pro barzinho ou então saia sexta-feira pra algum lugar. P/1 – Nessa época você já namorava? R – Não, uma parte da faculdade não, depois, não namorava firme assim. Ficava com uma menina ou outra, mas depois numa outra parte da faculdade aí eu comecei a namorar sério, até com a minha esposa que eu tô casado com ela até hoje. P/1 – Vocês casaram depois da faculdade? R – Eu casei depois da faculdade, exatamente, me formei. Aí antes de me formar fui efetivado na White como empregado, terminei a faculdade, um ano depois, um ano e meio eu casei. P/1 – Então, você se formou, já estava na White? R – Já, já estava na White como empregado. P/1 – E aí como foi essa transição? Da faculdade pro trabalho? No estágio? R – Não, então, eu estudava na faculdade era de noite, né? E eu trabalhava na White como estagiário, primeiro. P/1 – Que era no Centro? R – No centro da cidade. E então estudava, eu fazia o estágio e estudava, estágio. Depois eu fui efetivado, fiquei como empregado mesmo, então tinha um determinado horário que eu tinha que sair. Até seis horas tinha que sair pra ir pra faculdade, senão perdia aula, né? Mas deu pra conciliar bem e aí foi normal. P/1 – E quando você fazia estágio na White você tinha alguma expectativa assim do seu futuro nela? Você imaginava que seria sua... R – Nossa! A White era uma empresa que sempre tinha um nome muito forte, então entrei na White e tal. Então procurei me dedicar ao máximo para ser efetivado. Porque lá tinha um grupo de estagiários chamava... Eu entrei na época que tinha um programa chamado “Prata da Casa”, que você... P/1- Como era? R- Era um programa de estágio da White, então contratou vários estagiários. Nós éramos uma turma de uns quinze estagiários, cada um num setor e tinha um pessoal de recursos humanos que faziam as dinâmicas com a gente. A gente ia de ônibus visitar umas unidades da White, fazia alguns encontros dos estagiários, então isso foi, movimentou isso. Minha época de estagiário foi uma época muito boa. Então com esse, isso foi criando uma motivação também e um desafio na gente, né? O meu objetivo foi me dedicar muito pra ter uma oportunidade de ser funcionário, entendeu? E aí graças a Deus, rapidamente assim em um ano eu consegui ser efetivado. Surgiu a oportunidade no próprio departamento que eu trabalhava e aí virei logo assistente. De estagiário pra assistente. P/1 – E aí quais eram as suas funções, atribuições como assistente? R – Inicialmente, como estagiário era uma função um pouco burocrática de controle, documentação e etc, né? E depois como assistente não. Aí já era uma função um pouco mais ampla e tinha que fazer relatórios e controlar determinadas coisas por causa da gerência que queria controlar determinadas coisas. Então tinha uma dinâmica normal no mês de preparar determinadas coisas pra análise do gerente,das outras, do supervisor, das pessoas que eu era ligado, entendeu? E foi muito legal e também tinha muita interação com as pessoas das unidades do Brasil todo. Porque a White é uma empresa que tá no Brasil todo então conversava muito, se as pessoas precisavam de alguma coisa me ligavam e eu corria atrás e arrumava e isso aí foi muito legal assim ajudar e resolver o problema das pessoas que tão lá na unidade, na frente do cliente, né? Tanto que a minha carreira acabou na White trilhando um pouco pra essa, voltado um pouco mais pro campo, pro cliente, pro mercado. P/1 – Você tem alguma influência do comércio, do teu pai, da questão de você gostar da questão mais do comércio? R – Essa influência é mais o meu irmão. Meu pai era uma coisa, eu ia lá na alfaiataria. Trabalhava ele, meu tio, mais dois empregados e ele atendia os clientes, provava roupa etc. A pessoa saía satisfeita. Logo que eu entrei de estagiário, ele fez algumas roupas pra mim e o pessoal ficava “estagiário sob medida” e tal. Ficavam enchendo meu saco os outros estagiários lá, não só os estagiários como meu chefe, que eu ia bem arrumado e tal. Essa influência de mercado assim é mais meu irmão. Meu irmão trabalhou com mercado, era vendedor, foi gerente e tal, eu gostava muito disso aí. P/1 – Você lembra de algum desafio? Logo que você entrou mais nessa parte de vendas, se comunicando com Brasil inteiro. Você lembra de alguma primeira dificuldade? Do primeiro obstáculo que você... R – A gente controlava a disponibilidade de um determinado equipamento, que dependendo da situação o mercado exigia mais e havia algumas sazonalidades assim como existe até hoje. Usina de açúcar quando pára pra fazer manutenção requer muito gás e você tem que mandar cilindros pra lá e eu era a pessoa que controlava toda a necessidade. Então o cara me ligava do Nordeste, queria lá cem cilindros, outro queria duzentos, outro quinhentos, era uma confusão e o meu objetivo era conseguir em outras unidades que não precisavam e tinham cilindro sobrando pra mandar. Então tinha que fechar um caminhão com a quantidade determinada, porque senão o frete era muito caro, não podia mandar meio caminhão e isso me motivava assim pra atender as pessoas e conseguir porque senão o cara ta lá perdendo venda, entendeu? Eu ficava doido com isso aí, não conseguia dormir direito sem o cara lá ter os equipamentos dele pra poder vender, né? Então teve uma vez que, na época lá em Porto Velho, lá longe naquelas minas de extração de ouro, precisava de uma quantidade absurda de cilindros aí eu fui catando ali, aqui, ali, aqui, fechei um caminhão, mandei outro, ali, ali mandei... Acabou que eu consegui atender tudo! Isso aí, pô, ótimo e tal... Ficou todo mundo muito satisfeito que eu consegui atender aquela demanda especifica lá que era muito grande na época. Então era sempre isso, cada hora uma região precisava de um, porque tinha uma obra, porque tinha uma parada de uma usina pra fazer manutenção ou porque tinha o consumo e eu que tinha que me virar e conseguir os cilindros pra mandar. P/1 - Como era o suporte técnico pra isso? Assim a gente ta falando aí o quê? Década de 80 mais ou menos? R – 90 P/1 – 90. Como que era a estrutura pra isso? O computador, a internet tava começando... R – Tava chegando, tinha uns computadores grandes uns, IBM’s grandões assim, não tinha nem e-mail naquela época. Naquela época era Telex, a gente passava Telex direto pra unidades quando precisava passar uma determinação, uma mudança de preço. Aí passava Telex, escrevia na máquina do Telex. Eu fiz datilografia, datilografava rápido, “Passa pro Marcelo que ele passa isso aí rápido”, e eu mandava bala. Então a comunicação era muito limitada, era mais telefone mesmo, não tinha nem fax, era Telex na época e aquelas máquinas de escrever obsoletas. Na época quando entrei de estagiário falei ainda vou ter que... aí sábado fazia curso de datilografia. Decorar a, b, f, d, aquilo ali era uma agonia mas me ajudou muito. P/1 – Nem vale a pena perguntar as diferenças de hoje? R – Hoje é tudo muito dinâmico, a gente mesmo na infância, com meus dois filhos é completamente diferente. Completamente diferente. Eles estão na era do Ipad, nós não tínhamos nada, nem telefone. P/1 – E você ta falando da questão de tentar levar alguns gases pras fabricas que estavam precisando, como é que você foi se inteirando dos negócios dos gases, entendendo? R – Como estagiário uma das coisas que a empresa fazia muito, como eu falei, era integração e levar a gente pra conhecer empresas, unidades próximas e os próprios chefes que eu tinha me orientavam muito, né? Os caras realmente dedicavam tempo e aí eu fui aprendendo, aprendendo, aprendendo. Eu diria que mais foi com esses programas de estágio e o suporte que eu tinha dos meus chefes na época. P/1 – O programa “Prata da Casa” dura o quê? Um ano mais ou menos... R – Não, isso aí durou muito tempo. Tinha um grupo de pessoas desde quando eu entrei, acho que levou mais uns cinco ou dez anos e continuou. Esse programa de estágio sempre tem. P/1 – Não, não. Mas eu digo enquanto você entrou como estagiário, você participou do programa por quanto tempo? R – Direto. Como estagiário a gente era ligado ao programa “Prata da Casa”. Então quarta-feira, oito horas vai sair o ônibus, nós vamos lá pra unidade da Avenida Brasil passar o dia lá para conhecer. Os estagiários todos iam lá pra Avenida Brasil de ônibus e voltava no fim da tarde. A gente trabalhava lá o dia inteiro, entendeu? Então era um programa de formação de estagiários na época. P/1 – Que você cursou enquanto você foi estagiário. R – Enquanto eu fui estagiário. P/1 – Que foi um ano e meio. R – É, depois que eu fui efetivado, aí saí do programa. Mas os outros estagiários lá... Tenho muitos amigos hoje ainda na White que entraram como estagiários como eu e que ainda tão aí. P/1 – Você lembra de algum projeto inicial logo que você efetivado? Você falou da questão dos desafios, mas você acompanhou o início de algum projeto, de alguma fábrica? Alguma coisa que tenha te marcado? R – Não, não tive assim uma ligação com projeto. Na realidade a gente fez lá na época, logo que eu entrei, trabalhava no departamento de distribuição de gases, controlava todos os cilindros da White Martins do Brasil. Aí logo depois que eu entrei, como eu era responsável da parte do controle de cilindros a gente chegou a conclusão que tinha que fazer um inventário físico, ou seja, contar todos os cilindros que tem no Brasil, eram mais de 700 mil cilindros. Mas não éramos nós que contávamos, aí a gente fez um programa manual e treinamos o Brasil inteiro, emitimos no computador umas fichas e os funcionários tiveram que ir em cada cliente,contar nas unidades. Porque tinha no sistema determinada quantidade, chegava lá no cliente tinha outra, tinha falha, então a gente fez o inventário físico. Depois implantou o sistema de controle com nota fiscal, envio e recolhimento dos cilindros. Eu participei desse projeto, mas foram seis meses assim de um trabalho intenso, visitando as regiões, fazendo treinamento das pessoas, implantando o sistema novo para poder controlar os cilindros. Então foi muito bom, na época. P/1 – E dele, e esse projeto se iniciava na Cilbrás? R – Não. Esse projeto, na realidade, ele... A Cilbras só fabricava o cilindro. P/1 – Dali não tinha nenhum controle? R – Dali não tinha nenhum controle, mandava pra gente, a gente mandava o cilindro lá pra unidade, a unidade dava entrada e ia entregando aos clientes e controlando e registrando no sistema. Só que chegou um momento que a gente viu que tinha muita coisa errada. Aí tivemos que fazer um inventário físico, contar tudo, você contava, chegava lá, “Tá correto?”, “Correto”. Aí colocava no sistema que tava correto. Tá errado aí tinha que fazer o ajuste. P/1 – Então nunca teve assim uma parceria direta entre a área de negócios e a Cilbras? Nesse sentido de... R – Não, nesse sentido não, a Cilbras só fabricava, disponibilizava, a gente virava, “Quero dez mil cilindro esse ano”. Fazia a programação de fabricação e entrega. Quando entregava eu direcionava, “Manda pra aqui, pra ali, pra lá. Pra São Paulo.” Aí da Cilbras, os cilindros iam pras unidades. P/2 – Eu queria fazer uma pergunta. Durante a década de 90, com todas as modificações no Brasil, a questão da economia, as privatizações, as licitações. Na época de o senhor mexer com a distribuição de gases, como que foi a demanda? Aumentou muito? O senhor acompanhou este processo? Conta um pouquinho pra gente. R – Não. Aumentou bastante a demanda e a gente teve que investir muito pra ir atendendo as unidades. Eu diria que Era Collor pra frente a coisa começou a ficar muito mais dinâmica. Mas aí eu já entrei numa outra fase profissional na White porque e depois quando eu entrei nos 90 eu fui transferido, eu entrei aqui no Rio de Janeiro, trabalhei o que? Quatro anos e meio e fui transferido e fiquei nove anos no Brasil todo. Morei em Minas, Ribeirão Preto, em São Paulo, em Pernambuco, Recife, morei na Bahia, em Feira de Santana, então fiquei nove anos no campo. Aí eu passei a ser o cara que ligava pro outro que ficou no meu lugar pedindo cilindro. Então foi muito bom, foi uma escola, uma experiência muito importante. Ter iniciado aqui e ido pro campo e agora já tem dez anos que eu voltei, eu tô aqui numa outra função mais ampla. Então quando eu fui essa época pro campo que a gente sentiu que realmente houve um aumento de demanda, quer dizer o término da inflação foi um marco muito grande, que lançou na época o Plano Collor, a URV, a implantação da URV, depois veio o Plano Real. E isso era muito dinâmico, a gente tinha que trabalhar muito focado porque houveram mudanças de política econômica que a gente teve também, mudar também a forma de comercializar os nossos produtos, então isso mudou bastante. Naquela época de inflação, você tinha 40% ao mês de inflação, praticamente nada e com mudança de moeda e isso precisou ser muito bem trabalhado e a empresa trabalhou muito bem e foi muito bem sucedido nessa época também. P/1 - Mas devia ser uma loucura calcular o URV de todo dia? Pra calcular venda? R – Nossa, foi uma loucura, foi uma loucura. E você passou a ter uma dinâmica mais dia a dia com o cliente também, exatamente por causa disso. E aí muitas adaptações que a gente fez. A empresa sempre foi muito dinâmica, a White Martins é muito, tem um poder... A White tem um poder de adaptação muito grande, qualquer coisa assim que ocorre, que a gente precisa, a gente graças a Deus consegue fazer com muito êxito e muito rápido. Então a empresa sempre foi muito focada, as decisões que ela tomou sempre foram corretas e muito efetivas e muito rápidas. O poder de adaptação da companhia é muito grande, me lembro desde final... Eu entrei em 86 até meados de 90 a empresa passou por muitas mudanças estruturais, a gente tinha quatro regiões, depois virou sete regiões, viraram nove regiões, viraram onze regiões, depois virou sete regiões, depois virou quatro regiões de novo, assim no período de dez anos. Uma loucura, uma sanfona estrutural assim, porque a empresa ia crescendo muito e ia se adaptando. E então eu participei um pouco dessas mudanças porque, por exemplo, eu tava lá em Campinas, era gerente de operações lá e acabou a região, e agora pra onde nós vamos? “Ah você vai pra Recife trabalhar lá na região”, “Tudo bem, vamos embora”, pegava as malas e ia com a minha família. Aí tô lá em Recife e acabou a região, vai todo mundo pra São Paulo. Falei, “Pô, e agora?”, “Você tem duas opções”, meu chefe virou pra mim e falou, “Tenho duas opções pra você: ou você vai pra São Luís do Maranhão gerenciar a filial de lá de São Luís ou pra Feira de Santana, na Bahia”. Falei “Tudo bem, me dá aí um dia pra eu pensar, peguei o mapa, fiquei olhando o mapa assim. O Rio é aqui, São Luís é aqui, Bahia é aqui”. Aí fui pra casa, cheguei lá, virei pra minha esposa, “Ó, nós temos duas alternativas, o que você acha? Aqui o mapa”, “Ah, vamos pra cá que é mais perto do Rio”. E fomos pra Bahia, ia pra lá, São Luiz do Maranhão? Então foram muitas mudanças, mas mudanças pra melhor. Não foram assim mudanças que a empresa deu um passo atrás, que não deu certo, que não ia, não foi nada disso, entendeu? E eu fui participando dessas mudanças. P/2 – Você explica um pouco pra gente como que é essa coisa de acabar a região? É um projeto? R – Não, era o seguinte, você tinha lá, por exemplo em Campinas, você tinha uma sede de uma região e várias filiais. Filial em Limeira, Piracicaba, Jundiaí, Campinas, tinham várias, então essa região controlava todas essas unidades ali no entorno e tinha uma outra em São Paulo que controlava as unidades de Osasco, Guarulhos, na grande São Paulo e tinha uma outra lá em Ribeirão Preto que controlava São José do Rio Preto... Então tinham três regiões com vários gerentes só pra controlar as unidades. Então o que acontecia? “Não, acaba com Ribeirão Preto”. Eu tava lá na época, acabaram com Ribeirão Preto (risos). “Junta com Campinas”, daí passava a fazer o que o outro faz, entendeu? Aí a gente de Campinas tinha que viajar até lá... Viajava muito de carro o interior de São Paulo inteiro. Muito tempo fiquei fazendo isso. Aí chegava outra hora acabou Campinas, só tem agora São Paulo, Rio... São Paulo, Centro. Chamava São Paulo... Era Sul, São Paulo, Centro, Norte e Nordeste. P/1 – São as quatro regiões que tem hoje? R – Não, hoje não são mais regiões, agora tá dividido por negócios. Você tem uma pessoa cuidando do mercado de líquido, tem uma pessoa cuidando do mercado de gases, uma pessoa cuidando das grandes contas, tenho eu cuidando de outro segmento de mercado. Então tá dividido por segmentos, vamos dizer assim, de produto e de mercado. P/1 – Mas dentro desses segmentos não tem uma subdivisão? R – Não tem subdivisões, são as unidades direto e a gente tem funcionários de cada um nessas unidades. Hoje tá tudo centralizado, não tem mais região, mas a gente chegou a ter onze regiões. Os mais antigos aí que vocês ainda vão conversar, vão contar a mesma história, se vocês instigarem eles vão contar. Principalmente os dois de São Paulo que vocês vão encontrar. P/1 – Ainda falando de mudanças, transição, talvez você não tivesse mais no Rio, mas você lembra o que você escutava sobre a saída da sede da Rua Mayrink Veiga, você lembra de alguma coisa relacionada a isso? R – Lembro, porque eu já estava aqui de volta. Foi em 2006 agora, então a gente trabalhava lá, eu já tinha voltado, eu tava lá já, eu entrei lá, aí fui trabalhar em Benfica, depois voltei pra lá e de lá fui pro campo e em 2004 voltei pra cá. Então tipo assim 94 fui pro campo e 2004 voltei. Quase dez anos, e 2004 eu voltei. A gente trabalhava num prédio enorme vertical, 28 andares era muito complicado, não é complicado, muita gente centralizado e ainda tinha ... Em 2006 não tinha mais as regiões, mas era controlando as unidades, e a produtividade desse prédio era baixa, um prédio antigo, e aí surgiu essa ideia de separar a parte estratégica da empresa da parte operacional da empresa. E é uma idéia que eu repito bem sucedida, que a gente fez recentemente e tá dando certo, e aí o prédio era muito custoso também pra manutenção etc. e nós tomamos a decisão de pegar o prédio e separar o que é operacional e o que é estratégico. O que é estratégico, que é a presidência, as diretorias veio pra Barra e o que é operacional concentrou ali no Shopping Nova América aqui. E também uma grande parte de atividades foi descentralizada para as filiais, para as unidades e esse é o modelo que tá hoje, eu acho que é um modelo bem sucedido, que a gente conseguiu otimizar bastante e trabalhar numa velocidade muito grande também com as unidades. Foi importante e aí você fica com instalações mais modernas, combina tudo, acho que foi muito bom, essa mudança da companhia foi muito boa também. P/1 – E ao longo da sua carreira você tá acostumado com essa coisa distribuída? R – Não tenho dificuldade com isso não. O que mais eu fiz foi mudar na vida, mas graças a Deus sempre pra melhor. Então você se adapta bem, se adapta rápido, e eu acho que isso também trouxe uma possibilidade dos empregados estarem mais focados no que tem que fazer. Hoje a parte operacional tá toda junta, quer dizer dá uma velocidade muito grande na companhia, e as decisões também, das pessoas que tomam decisões também tão juntas, quer dizer, você consegue compartilhar mais, você fica mais focado no que você tem que fazer. Adaptação é fácil também é simples. P/2– Eu só queria perguntar. O senhor acabou de falar que está acostumado em mudar, passou pelo Brasil inteiro, como que foi morar nesses lugares? Feira de Santana? Recife? Houve muitas experiências? R – Olha, não, assim. É, eu me formei, casei, depois fui transferido, acho que no primeiro momento, no primeiro não, foi sempre bom, eu nunca tive nenhuma dificuldade. Mas você casado novo, você muda pra uma cidade com a tua esposa é muito legal, eu gostei muito. Ribeirão Preto era maravilhoso, aí tanto que depois eu fiquei lá em Ribeirão Preto e tal e mais uma mudança, aí eu fui chamado, fui promovido pra uma vaga aqui, voltei pro Rio de Ribeirão, promovido! Tava lá em Ribeirão com minha esposa, me trouxeram de novo pra cá, fiquei super infeliz na época, promovido. Falei, “Não quero voltar pro campo, não quero trabalhar aqui, isso aqui é uma jaula e eu preciso sair”, aí tudo bem, fiz meu trabalho aqui. Aí surgiu uma oportunidade em Campinas, mesmo nível, peguei fui, fui pro campo de novo e aí foi legal. Foi legal, aí casado de novo, tava morando onde? Em Campinas, aí minha esposa ficou grávida. Aí grávida assim, neném pra nascer: uma mudança! Aí nasceu meu primeiro filho, depois fui pra Recife, foi ótimo, foi muito bom também. Recife é uma cidade muito boa e tinha, fiz muitos amigos. Aí de Recife que veio a parte triste, vamos pra Feira de Santana. Feira de Santana chegamos lá, olhamos a cidade, tinham sete prédios e a gente com filho novo, meu filho Felipe tinha um ano, aí fui lá procurei um apartamento, aluguei um apartamento, trouxe minha esposa, mas a gente ficava ali na cidade, quer dizer, ia pra Salvador de carro e a gente ficou lá quase dois anos, foi bom também, não tenho nenhum problema. Era uma cidade um pouco perigosa, tinha que tomar um pouco de cuidado e aí de lá eu fui transferido pra São Paulo, aí São Paulo foi outra coisa porque nunca havia morado na capital, aquela loucura, trânsito, levava um tempão pra chegar, pra voltar pra casa, e depois de São Paulo fui pra Campinas. Campinas é outra cidade, foi o maior tempo que eu passei, eu morei duas etapas em Campinas e era a maior filial da companhia, era uma responsabilidade muito grande e eu era o responsável da filial e ainda tivemos que fazer um projeto na filial de remodelização, reengenharia organizacional. Era um projeto de reengenharia da época, eu trabalhei nesse projeto e depois fui implantar esse projeto. “Então você agora vai lá na filial e implanta tudo”, e eu implantei tudo lá e muita gente e foi um super desafio. Porque eu me formei em inglês na época que eu tava no Colégio Batista, fazia o Ibeu também. De tarde ia pro Ibeu , não sei se vocês conhecem o Ibeu, é uma escola de inglês aqui no Rio , aí me formei em inglês, faculdade e eu falava inglês, porque naquela época não se falava muito inglês e eu era formado em inglês. Aí beleza, pra cá, pra cá. A Praxair, a empresa foi ganhando uma dinâmica global, porque veio a era global, globalização. A Praxair comprou a White Martins 100%, tirou do mercado, começou a chegar gringo aqui, e eu não falava mais nada, não conseguia falar mais nada. Aí fui pra Campinas implantar esse projeto, o que baixava de gringo lá era uma loucura, tive que voltar a estudar inglês, me matriculei num curso de inglês, fiz outro curso de inglês, graças a Deus, hoje é normal, natural, mas tudo é adaptação, você tem que trabalhar nesse sentido. P/1 – Sobre a compra da Praxair, comprando a White Martins, além dessa presença assim maior de estrangeiros o que você mais lembra? Foi a época também da reengenharia então? Desse projeto, esse projeto aconteceu junto com a aquisição? R – Não, não aconteceu não. O projeto de reengenharia foi mais ou menos assim em 96, 1997, mais ou menos assim, depois que veio a compra da Liquid Carbonic, e aí a Praxair comprou toda a White Martins. Mas eu diria que não mudou muito, o que há mais hoje é o dia a dia com o controlador, com a Praxair, eles tão muito presentes com a gente. A gente conversa muito com os americanos, eles tão sempre aqui e a gente também vai sempre pra lá, então a empresa ficou mais global mesmo entendeu. P/1 – Mas aqui no Brasil aumentou muito as unidades quando vocês adquiriram a Liquid? R – Não, num primeiro momento aumentou e depois a gente reorganizou, fechou algumas, juntou com outras. Aí foi basicamente isso que fez, mas sem perder nenhum espaço no mercado, nenhuma descontinuidade, sim pra agrupar e melhorar a operação. P/1 – Ainda falando sobre unidades específicas, você lembra da primeira fábrica de GNL construída em Paulínia? R – Eu sou responsável por essa fábrica. P/1- Ah é? Então conta um pouquinho pra gente. R - Então quando eu voltei pra cá em 2004, (pausa) a gente tinha esse projeto já andando. Tô tentando lembrar as datas, não era eu o responsável, aí depois de uma etapa aqui, foi até coincidente com a vinda do nosso presidente pra cá, do Domingos, que ele tava na Ásia, veio pra cá e ele assumiu e pegou e me responsabilizou sobre esse projeto. Mas o contrato ainda não estava assinado, mas o projeto tava todo feito. Aí eu peguei esse contrato, peguei esse negócio, a gente, junto com o Domingos, ele finalizou, assinou o contrato com a Petrobras em 2004 e aí em 2006 a gente iniciou a operação do GNL. E até hoje eu sou responsável por esse negócio. Mas foi muito interessante porque é um produto novo. Teve um envolvimento de muitas pessoas, fruto de uma sociedade com a Petrobras, que é uma empresa muito grande, que tem uma característica diferente da nossa. No início a gente até teve algumas dificuldades, mas logo depois a gente ajustou, hoje corre muito bem. A planta tá completamente vendida, então foi um baita desafio, baita desafio colocar esse projeto, o treinamento das pessoas. Primeiro que era um produto novo, a gente pegou as melhores pessoas pra participar da construção da fábrica, depois pro treinamento pra que nada acontecesse. Até hoje nenhum acidente. É muito gratificante quando você pega um projeto assim do zero e consegue... P/1 – E foi bem no boom do gás natural, né? R – É, no boom do gás natural. E a gente teve uma presença muito, a gente tem uma presença ainda relevante no gás natural. Mas a gente já teve uma presença maior, mas era muito atrelado com o gás natural veicular e o gás natural veicular deu uma esfriada e hoje a gente tem essa planta de GNL e tem também outras cinco plantinhas de GNC, não sei se você já ouviu falar nisso (Gás Natural Comprimido). P/1 – É o que eu ia te perguntar. R – Também é sobre a minha responsabilidade. P/1 – Você pode explicar um pouquinho pra gente da diferença entre o GNC e do GNL, as aplicações são... R – As aplicações nos clientes são as mesmas. O que diferencia um gás do outro é a metodologia de produção e distribuição do gás, o GNL a gente transforma no gás, torna ele liquido, o GNC não, ele continua na forma gasosa. Então você tem um na forma liquida e outro na forma gasosa. Qual a vantagem que você tem entre um e outro? Na forma liquida, você consegue transportar muito mais produto que na forma gasosa, em carretas. Porque o nosso papel, a White Martins tem uma vocação logística pelo modal rodoviário, nosso negócio é transportar gás através de caminhão, né? A gente tem alguns gasodutos e etc., mas são poucos. Então pra você economizar, você tem que transportar o máximo de gás pro cliente em uma carreta. O GNL você consegue transportar muito mais gás que no GNC. No GNC é como se fosse o gás que a gente recebe no fogão e a gente só comprime ele dentro do cilindro. O GNL não, você liquefaz e enche a carreta sem pressão nenhuma, com pressão mínima e transporta. É, uma carreta de GNL a gente transporta 28 mil metros cúbicos de gás, numa carreta de GNC a gente 6 mil só. Então você consegue com GNL levar gás pra Brasília, como a gente leva, pra Goiânia, com as distâncias muito maiores e isso interfere no raio de distribuição do gás. O GNC você vai até 200 quilômetros, o GNL você vai a mil quilômetros de distância. P/1 – Qual seria a vantagem do GNC? Já que em termos logísticos e de venda o GNL ... R – Não aí é o seguinte, a história da aplicação. A aplicação é a mesma, só que o gás natural é o combustível diferente dos outros combustíveis que o cliente utiliza. Ele é um gás, vamos dizer assim, mais eficiente em comparação com os outros combustíveis que é o GLP, o óleo combustível, além de ser mais eficiente, ele é mais, vamos dizer assim, ecologicamente correto. Os rejeitos são menores do que o GLP e em termos de competitividade ele muito mais competitivo, não muito mais, mas ele é mais competitivo com relação a esse dois produtos. Então por isso que a gente tem o êxito, então a gente chega lá numa indústria e ele tá consumindo o GLP, e aí o cliente tem algum tipo de dificuldade de limpeza de bico, gera uma borra, a gente vai com o GNC, com uma condição comercial um pouquinho melhor e uma eficiência maior de queima, de combustão e consegue convencer o cliente a passar a usar o GNC. Sempre aonde não tem o gasoduto, no caso desses dois gases, a gente vai atender cliente onde ainda não chegou o gasoduto, porque senão o gasoduto é mais eficiente, é mais econômico pro cliente. Aí não é o nosso cliente. P/1 – Só uma pergunta, o que é o GLP? R – Gás Liquefeito de Petróleo. P/1 – Tá, que é diferente do... R – Do gás natural. P/1 – E o GLP, ele também tem outras aplicações? R – Aplicações são as mesmas. P/1 – Mas é com GLP que vocês fazem mais acordo com a Petrobras , no caso? R – Não, é, a gente tem da Petrobras o gás natural e a Petrobras vende GLP para as distribuidoras de GLP. Nós não comercializamos GLP, então a gente é competidor das distribuidoras de GLP, entende? P/1 – E como fica essa relação com a Petro, de parceira também concorrente? R – Não, a Petrobras vende GLP a granel nas refinarias dela para as distribuidoras e ela tem uma empresa, ela comprou a Agip Liquid Gas, que vende GLP, mas isso é a BR distribuidora, não é a Petrobras em si. Então a Petrobras vende pras distribuidoras o GLP que bota lá em botijões de gás pras residências. A gente não faz isso, isso não é nosso cliente. Nosso cliente é indústria, a gente atende indústria, então a gente não compete com a Petrobras, a gente compete com as distribuidoras, entendeu? Então não tem conflito nenhum nesse ponto, é mais um dia a dia de mercado, provar quem é melhor seja no atendimento ao cliente, seja no preço, na logística etc. P/1 – Em termos ainda de parceria, vocês também tem parceria com a GásLocal, né? R – Não, a Gas Local é a empresa de GNL que a gente é sócio da Petrobras. P/1 – Aí são várias... R – Não, então a gente tem a planta de Paulínia que a GásLocal pega gás e leva gás para os clientes. A GásLocal é a sociedade com a Petrobras que a gente tem. E eu sou o responsável. P/1 – E a relação entre o Brasil e a Bolívia? Daí que também tem esse transporte de gás. Aí já é feito com uma outra parceria, como é que é feito? R – Aí a Petrobras lá compra o gás da Bolívia, ela investiu no gasoduto e ela atende as distribuidoras ao longo, desde da Bolívia até São Paulo. E pro gás natural, quer dizer, aí é um contrato da Petrobras com a Bolívia comprando gás, nada mais. P/1 – E a White entra? R – Não, não entra em lugar nenhum, não temos nenhum envolvimento com relação a isso. P/1 – Só atua mesmo em Paulínia? R – Só atua em Paulínia em sociedade com a Petrobras . P/1 – É, porque é bom, porque são vários mercados pra gente entender mais claro assim. Você tinha falado um pouquinho do mercado do GNV, hoje tá mais em decadência, mas a White Martins chegou a atuar? R – Muito, a gente produziu muito gás natural, muito cilindro de GNV e vendeu. Nós éramos lideres de mercado, na época em que o governo incentivava o uso de GNV, agora ele não incentiva mais, então as vendas caíram muito. A White ainda atua mas numa proporção de representatividade agora muito menor. P/1 – E como que foi essa estruturação pra criar os kit’s de conversão. Esses vocês compravam, vocês produziam? R – Não, a gente também fez uma sociedade na época com uma empresa italiana que eu também cuidei e montamos uma fábrica em Manaus, importávamos peças da Itália, produzíamos kit’s e distribuíamos no Brasil inteiro. P/1 – Mas saía de Manaus? R – Saía de Manaus. P/1 – Nossa, a logística... R – Era complicado a beça, mas em Manaus que é uma área incentivada. Você tem muito incentivo fiscal, então a gente decidiu por fazer a fábrica lá. Era uma fábrica pequena, um negócio muito dinâmico, evolui tecnologicamente muito rápido, então você tinha que mudar toda hora, era um negócio muito trabalhoso, muito trabalhoso. Naquela época a gente vendia muito, era bom, era um bom negócio, mas depois o mercado caiu muito e a gente saiu e vendeu pro nosso sócio italiano a nossa parte. Hoje a gente não tem mais essa fábrica. Porque o mercado caiu demais, caiu muito. P/1 - E quais as vantagens, você estava falando das desvantagens, mas do GNV em relação ao álcool, na época da... hoje o álcool é muito mais forte. R – A única desvantagem era preço, quando o preço do álcool caía muito. Em termo de eficiência o GNV para economizar era muito vantajoso, mas quando o preço do álcool caía sempre interferia na venda de GNV, na venda de cilindro. Hoje o preço do álcool tá alto e nem assim o GNV voltou a ficar desenvolvido porque o governo tirou o incentivo do GNV entendeu? Ele não incentiva mais as pessoas a converterem o carro pra GNV. P/1 – Era isso que eu queria chegar, como que dá essa relação vocês ali sempre na organização, nos negócios, compra, venda? Qual essa relação com a economia? Com as medidas políticas? R – Você tem que primeiro entender do que você faz e tomar uma decisão rápida e foi o que a gente fez quando o governo tirou o incentivo do GNV, a gente falou “não tem mais jeito”. A gente tinha três fábricas, uma estrutura enorme e a gente teve que se adequar a essa nova realidade. Hoje é um negócio bom, mas numa proporção muito menor e não tem jeito, você fica suscetível a essas mudanças de mercado. Aí vai mais naquilo que eu te comentei anteriormente, da capacidade de adaptação da empresa a um novo cenário. Isso é que a gente tem que trabalhar bem. (Pausa longa) P/1 – Ainda falando um pouquinho de gás, falando de energia. Conta um pouco pra gente dos usos do hidrogênio? R – Os usos, você tem vários usos, você tem o hidrogênio da indústria alimentícia basicamente pra hidrogenação que faz a textura da manteiga, que torna ela mais cremosa. E você tem pra analises e combinação desse produto com outro produto para análises químicas. E você tem o grande uso, você tem muito pouco pra carros a hidrogênio, você ouve muito pouco. Isso aí lá fora tá sendo, mas nada muito grande. Você tem usos na indústria química também numa escala um pouquinho maior, basicamente em pólos petroquímicos e o grande uso são nas refinarias de petróleo pra redução do teor de enxofre dos combustíveis, óleo diesel, da gasolina, então você usa muito hidrogênio, isso pra exatamente baixar o enxofre e poluir menos o ambiente. P/1 – Aumenta também a potencialidade energética? R – Não, basicamente ele é um produto reagente de remoção do enxofre apenas. P/1 – E quais os motivos pro empenho mundial no crescimento da produção do hidrogênio? Que hoje se fala muito. R – Motivos? O principal motivo é ambiental, redução do teor de enxofre nos combustíveis. Então, por exemplo, lá fora os combustíveis na Europa já são do padrão mundial de meio ambiente muito rigorosos: 5 per partes por milhão de enxofre no máximo. Aqui a gente tem cinco mil, é uma diferença muito grande. Agora é que a gente tá... Por exemplo, São Paulo já tá com o diesel 50 partes por milhão, porque a Cetesb, os órgãos de meio ambiente tão batendo mais forte pra poder melhorar a qualidade dos combustíveis. A Petrobras hoje não pode exportar produtos dela pra países que requerem um teor de enxofre muito baixo, porque ela não tem esse produto qualificado, o que ela tem aqui hoje é pra atender o mercado interno em cidades que já exigem um teor de enxofre baixo, porque tem outras cidades que não exigem, então o combustível é impuro, com muito teor de enxofre. P/1 – Isso que eu ia perguntar, no Brasil como tá essa questão de sustentabilidade? Que é ligado à política, queria que você comentasse um pouquinho o quadro pra gente. R – Olha, eu acho que vem, nessa parte de sustentabilidade e meio ambiente, eu acho que vem havendo uma evolução no Brasil, mas é muito incipiente ainda. Uma coisa é uma evolução aqui no Rio de Janeiro, nos grandes centros, nas grandes cidades. Em São Paulo é muito mais evoluída até, a Cetesb é muito mais atuante, ela controla mais etc. Agora você olha no Brasil inteiro ainda tem muito a se fazer, semana passada mesmo, eu viajei pro interior de Pernambuco e fui até Caruaru, que a gente implantou lá uma unidade de GNC, um dos clientes potenciais são aqueles clientes que tem forno mas ao invés de usar o GLP ou o óleo, usam lenha. Os caras desmatam, Minas Gerais ocorre muito isso, interior de Pernambuco ocorre muito isso. Quer dizer, tudo bem tem a lenha certificada pelo Ibama, mas tem muita lenha que não é certificada, que é fruto de desmatamento mesmo. Então tem muita indústria usando lenha e por incrível que pareça no Brasil ainda. Então tem muito a evoluir, acho que é uma evolução, tá melhorando, as exigências tendem a aumentar muito, mas ainda é muito incipiente, essa é a minha visão. A gente pratica no dia a dia da White, sustentabilidade é uma das... é um dos pilares nossos, a gente pratica, tenta fazer a nossa parte, mas diversas indústrias ainda usam muita lenha, e aí é o problema da fiscalização. Aí tem uma série de coisas que precisam melhorar muito ainda. P/1 – Mas quais setores que você acredita que o Brasil poderia aproveitar mais os gases? Gases hidrogênio... R – Quanto ao hidrogênio basicamente é o setor de petróleo, é a Petrobras. Ela tá construindo refinarias novas com grandes plantas de hidrogênio pra exatamente tornar o produto dela num nível de qualificação mundial com baixo teor de enxofre. Ela tá fazendo isso e a gente vem tentando de alguma forma se introduzir nessa possibilidade como sendo um fornecedor de hidrogênio, mas a Petrobras, ela tem a visão dela de ela mesma querer fazer tudo, então a gente vem trabalhando a Petrobras pra tentar terceirizar o hidrogênio. A gente fornecer o hidrogênio, como é no mundo hoje. A gente tem muitos clientes de hidrogênio e refinarias, o grande consumo de hidrogênio hoje é em refinarias de petróleo. P/1 – E o gás natural? R – Bom o gás natural, são nos outros processos da indústria, basicamente vou te dizer aqui quem: indústria alimentícia, toda indústria alimentícia fabricante de biscoito tem um forno grande que ele processa massa de biscoito, esse forno é a gás natural. Então, por exemplo, a Bauduco é um cliente nosso de GNL, um grande fabricante de biscoito, porque ela tem uma fábrica no interior de Minas que não tem gasoduto, aí a gente leva, entende? Então é diferente do hidrogênio, o hidrogênio não tem nada a ver com isso. O hidrogênio também é um combustível, mas é além de combustível, ele é um gás que pode reagir com algumas composições químicas que faz com que como reagente deixe o gás, deixe o produto mais limpo que é o caso do petróleo. Agora o gás natural ele é no fogão, é no aquecedor de gás, no forno de biscoito, no forno pra fazer piso cerâmico, ele se adapta muito bem a qualquer tipo de... Ele é um combustível muito eficiente, toda indústria queima alguma coisa, ou pra gerar vapor, ou pro forno, pra fazer roda. P/1 – Certo, ainda falando sobre os usos dos gases, eu queria sair um pouquinho da parte energética e entrar na parte industrial, principalmente a questão de segurança. A gente sabe do processo de inertização usado com, acho que é com zinco não, nitrogênio desculpa. Isso nitrogênio, quais outros gases que podem cumprir essa função de segurança? R – Basicamente é o nitrogênio, por que ele é um gás inerte e tem uma área que eu cuido, que é essa área, por exemplo, você tem lá um gasoduto de petróleo, a Petrobras tem um gasoduto de petróleo, tem que fazer uma manutenção nesse gasoduto e precisa limpar ele. Aí você usa o nitrogênio pra limpar o gasoduto, deixar ele inerte pra você poder fazer uma intervenção de manutenção no gasoduto. Então o nitrogênio é um gás inerte que ele deixa a possibilidade de você executar alguns serviços no equipamento sem o risco de explosão, uma série de exigências. P/1 – Mas seria basicamente o nitrogênio? R – O nitrogênio, basicamente. P/1 – Teria algum outro processo além da inertização, não? R – Tem vários outros processos. P/1 – Conta um pouquinho pra gente alguns que você acha mais importante assim. R - O básico do nitrogênio é a inertização, ele tem uma outra possibilidade também de resfriamento, porque quando você liquefaz, coloca ele numa temperatura muito baixa, dependendo da situação. A gente até investiu muito uma determinada época no congelamento de alimentos com nitrogênio, mas também tem um problema de competitividade de custo comparado com os congelamentos convencionais. Então ele é um gás que a gente comercializa ele, basicamente pra inertização, pra sistemas de controle, sistemas de segurança, os grandes volumes de nitrogênio nosso são pra inertização ou voltada pra parte de segurança do sistema. P/1 – Mas ele é um gás de custo caro então? R – Para o congelamento de alimentos, você tem congelamentos convencionais, ele é um pouco mais caro. A gente tem alguns clientes, mas não é o nosso foco hoje. P/1 – Foco tá mais na parte energética mesmo? R – É no meu caso a inertização de gasodutos, no caso dos outros diretores que também usam nitrogênio é mais inertização de sistemas, de equipamentos que você tem que manter o controle da atmosfera adequado pra não ter um problema de explosão, entendeu? P/1 – E o nitrogênio se extrai da liquefação mesmo, e como é esse transporte? Ele tá todo num site, numa planta on site? R – Não, você tem ele em planta on site ou você torna ele liquido e transporta que nem um GNL de carreta. Que nem um oxigênio líquido de um hospital, você não vê uns hospitais que tem uns tanques? Você leva de carreta, enche lá o tanque, ele tá liquido e aí você usa da mesma forma. Transporte não muda, tanto nitrogênio, argônio, oxigênio, CO2, GNL, liquefeito ou gasoso, depende do volume que o cliente consome e da distância. Basicamente é isso. P/1 – De uma forma geral, de todos esses usos que a gente tá falando dos gases, comenta um pouco com a gente dessa relação, embora a gente já tenha falado, da economia, mas a demanda por gases de uma forma geral no mercado brasileiro. R - Olha os grandes... Onde tem indústria tem gases, seja industria metalúrgica, seja uma siderúrgica, seja uma petroquímica, seja um hospital, não é nem indústria, seja um pequeno cliente. Todo o processo ele sempre tem alguma coisa de gases lá. Os grandes consumos de gases vêm de grandes projetos, principalmente siderúrgicos aqui na América do Sul. Toda siderúrgica grande tem uma planta de gás, eu não sou o responsável por essa área, mas todo o nosso desenvolvimento tá atrelado, grande parte, não todo, grande parte tá atrelado ao mercado siderúrgico onde tem uma fábrica nova, uma siderúrgica nova, a gente ta lá, porque uma siderúrgica demanda muito oxigênio pros fornos e tem que ter uma fábrica. Toda siderúrgica, CSN, Usiminas, a gente tá bem presente e a gente tem plantas grandes lá dentro. P/1 – Esse são os casos das plantas on site? R – Exatamente. E aí você vai falar com outro Marcelo. (Risos) P/1 – (Risos). Vamos ficar nessa. A gente comentou muito aqui das parcerias. Que outras parcerias você considera interessante pra White Martins hoje no campo de gás natural e de hidrogênio? R – O que a gente vem fazendo, no GNL a gente tem lá a empresa com a Petrobras, no GNC a gente vem abrindo unidades novas ou fazendo algumas aquisições de empresas pequenas. Isso é muito importante porque você consegue dar agilidade de entrada no mercado, então a gente já comprou três empresas pequenas e a gente compra e consolida e atua no mercado. Além dessas aquisições acho que parceiria com fabricante de equipamentos, que a gente não faz tudo, a gente precisa às vezes de alguns equipamentos então a gente faz parcerias com fabricantes de equipamentos pra melhorar ainda o sistema nosso. Acho que isso que é a dinâmica, quer dizer, você tem a tecnologia de produção do gás ou de compressão do gás e entra no mercado através de aquisições e faz parcerias com empresas que conseguem te desenvolver equipamentos mais eficientes. Acho que é isso aí, o mercado tem que desenvolver dessa forma e tá presente. A White, outra grande virtude é a presença no mercado, mercado pra gente é prioridade. No Brasil inteiro, na América do Sul inteira exceto alguns países, mas tem que tá muito próximo do cliente o dia a dia. O nosso diferencial é a confiabilidade, ou seja, garantir a entrega e que não vai faltar gás na casa do cliente, na grande siderúrgica, no hospital, nosso diferencial é a confiabilidade. P/1 – Comenta um pouquinho pra gente agora falando dos valores, você citou a confiabilidade, a gente sabe também da segurança. Comenta um pouco também a interação entre elas, o compromisso de entregar no prazo, mais a segurança. R – A segurança pra nós eu diria que é o mais importante, é o ponto mais importante, sem uma empresa segura, sem uma operação segura, isso não tem relação com ser bem sucedido. A gente quer ser bem sucedido sendo seguro, no dia a dia a gente aprende como ser seguro internamente e tenta passar pra fora, até na sua forma de lidar em casa. Eu, por exemplo, tô sempre chamando atenção, “isso não pode fazer assim”, “isso não pode fazer assado”, porque você corre o risco de se acidentar ou de cortar o dedo, não sei o quê. E você aprende lá no dia a dia, nos treinamentos que você tem. Então pra nós segurança é vital, é questão de empregabilidade até. Se você não pratica segurança ou não é seguro, você não pode trabalhar na White. E isso tem uma relação com a confiabilidade porque a gente que é seguro, quer ser seguro no fornecimento de gás, nas nossas operações, isso automaticamente tem uma relação com a confiabilidade porque senão tomba uma carreta ou vira uma carreta. Então os investimentos que a gente faz em segurança hoje são muito grandes, muito grandes, internamente para sustentar toda a operação e a gente controla isso mensalmente com indicadores muito rigorosos e também é exigido muito fortemente do controlador, da Praxair. Então pra nós segurança é condição de empregabilidade, é ter uma relação direta e ser bem sucedido, entendeu? E obviamente que tem uma conseqüência em atender bem o cliente e entregar o produto com confiabilidade na hora certa, não deixar o cliente sem gás. E os investimentos em segurança são muito grandes, são muito grandes. A gente tem um programa hoje de controle de transporte, uma outra pessoa vai falar também, mas que eu acho que é um marco aí na indústria de gases sob ponto de vista de controle do motorista que tá lá dirigindo o caminhão, que não pode tombar, isso é nosso dia a dia entendeu, quer dizer isso é fundamental. P/1 – Queria que você falasse um pouquinho das suas atividades hoje, você falou toda a tua trajetória, depois que você voltou pro Rio em 2004. E como foi? Conta um pouco pra gente das suas atribuições a partir de 2004? Você já assumiu na direção de negócios, quando assumiu, como foi? R – Não então, quando eu voltei pra cá eu assumi a Cilbrás, assumi esse projeto de GNL e GNC e a gente veio desenvolvendo o negócio, a gente tá trabalhando agora também nessa parte de hidrogênio, sejam plantas pequenas ou plantas grandes e vem desenvolvendo o mercado. Quer dizer, esse era um negócio muito pequenininho lá em 2004 e que já tem uma representatividade muito boa esse ano, e ano que vem também. Negócio aqui, no espaço de cinco anos a gente conseguiu tornar sustentável e com resultado muito bom pra companhia, que agrega valor à companhia, meu papel é de crescimento, de desenvolvimento de negócios, meu papel não é na manutenção daquele cliente que a gente tem no dia a dia. Lógico, que agora a gente tem clientes de GNC e GNL que a gente tem que mantê-los também, tem uma estrutura lá que visita, que entrega, tem gerente. Mas o meu papel é mais de desenvolvimento, de entregar um crescimento superior ao crescimento tradicional na companhia. E eu acho que a gente vem conseguindo, todo início é muito difícil, mas eu acho que a gente vem conseguindo agora um crescimento sustentável, uma taxa de crescimento muito superior da tradicional e com resultado interessante pra empresa e esse é meu objetivo. P/1 – Nesse sentido de crescimento, mas conservando os clientes já. Quais principais medidas você apontaria, de concreto, que foi feito? R – São os investimentos que a gente fez nesse segmento. P/1 – De construção de plantas? R – Construção de plantas, construção de unidades que a gente tem que tornar eles utilizáveis, vender, você investe e vende, né? Então acho que a gente, o grupo que trabalha com a gente tá sendo muito bem sucedido em conquistar novos clientes, desenvolver uma aquisição de uma empresa pequenininha, de tornar o negócio cada vez maior, entendeu? Então a empresa, a gente traz oportunidade pra empresa, faz a proposição pra investir nesse determinado negócio, a empresa decide investir e a gente tem que fazer o nosso papel de fazer acontecer, de entregar o resultado. Esse que é o ponto, você pleiteia o investimento e tem que fazer com que ele aconteça no tempo correto e da forma correta. Muitas das vezes a gente tem alguns contratempos, mas na grande maioria das vezes a gente tá conseguindo, a gente consegue entregar no momento certo. P/1 – Como se dá um pouco essa construção das plantas? Só pelo... onde tenha essas reservas, como que funciona? R – Não, depende da planta. A planta de oxigênio não, você extrai o produto do ar, então... P/1 – E onde elas?Quais são os critérios para instalá-las? R – Onde você tem consumo significativo, que são basicamente as siderúrgicas. P/1 – Mas ainda há espaço? R – Há espaço, há espaço.... O mercado tá crescendo muito, o país tá crescendo muito, a América do Sul tá crescendo muito então tem muitos projetos em andamento. E aí a partir de uma planta você atende não só aquele cliente que você botou a planta como outros clientes que tão no entorno. Atende de forma mais eficiente, porque as plantas também tecnologicamente elas vão evoluindo e a gente tá constantemente também trabalhando a questão de produtividade, pra ter sempre custos melhores. Esse é um outro fundamento importante também, porque senão os equipamentos vão ficando obsoletos e você vai ficando com um custo maior e aí vai perdendo a competitividade de atender o cliente. Então a empresa também tem um foco muito grande em produtividade. P/1 – Que aí entra diretamente com a inovação. R – Exatamente. P/1 – Bom, a gente também ainda, já vimos em outras entrevistas à idéia de inovação, de ser uma coisa não só tecnológica mas também... Comenta um pouco pra gente como a inovação, não no sentido tecnológico, mas como inovar nos gases naturais, no hidrogênio, na parte energética? R – Você tem um foco tecnológico e um foco de inovação amplo, que você tem que buscar o que tem de melhor em todas as atividades que você faz, pra você se demonstrar pro seu cliente inovador, entendeu? Então a gente, eu, por exemplo, tenho um grupo pequeno que fica sempre, que tem o papel de trazer o que tem de melhor, de mais novo pra gente disponibilizar pro nosso cliente. Uma coisa é você inovar com uma determinada tecnologia, outra coisa é você inovar através do equipamento, através da forma de atender o seu cliente, uma empresa, vamos dizer assim, voltada pra buscar coisas diferentes, formas diferentes de trabalhar e a gente tem um foco especifico nisso também. Ou seja, sempre procurando melhorar, você não consegue manter, fazer aquele feijão com arroz sempre, vai chegar uma hora que não vai... que você tem essa necessidade natural de buscar alguma coisa diferente entendeu? Então hoje tem uma área específica que visa inovação e a gente já até fez um treinamento de inovação, já surgiram diversas idéias e que esse grupo tá trabalhando. P/1 – Você pode contar alguma idéia que já esteja na prática? (Risos) R – Não sou eu que vou te contar não, é outro. (Risos) P/1 – Mas podemos perguntar então? R – Pode. P/1 – Acho que a gente pode sair, você tem mais alguma pergunta Isla? Então vamos sair um pouquinho dessa parte de gases e conta um pouquinho como é seu dia a dia fora da empresa. O que você faz de lazer? A gente falou um pouquinho da família que foi indo de várias cidades e agora vocês já tão aqui um tempo, no Rio de novo. R – Então, eu tenho dois filhos homens que gostam muito de jogar bola, jogar videogame, jogar botão, joguei muito botão, sabe botão? Então chega sexta-feira uma alegria, a gente vai pra casa, fica com eles, vai fazer alguma coisa, sai pra jantar, no sábado, final de semana vem à praia ou vai pro clube. Sai com os amigos de noite, é isso que a gente faz, a gente procura tá junto da família e educando os filhos no dia a dia convivendo com eles. No Rio aqui é muito agradável, você tem muita coisa pra fazer, aqui a Barra, nem precisa sair muito da Barra não, tem muita coisa aqui. Pratica um esporte, tá com a família, curte o final de semana. Dia de semana é complicado, você vai trabalhar cedo e volta até um pouco mais tarde, só de noite a gente encontra, mas a vida é assim. A vida basicamente é isso. P/1 – De todo esse tempo, foram 24 anos de White? R – É, eu faço 25 anos ano que vem. P/1 – Quais seus maiores aprendizados, que você tirou durante a sua carreira na White Martins? R – Eu diria o seguinte, você quando, você tem que ter persistência em querer o que você acha certo que deve ser feito e você tem que ter foco naquilo que você quer fazer bem. Então eu sempre procurei primeiro me motivar, me manter motivado pra executar da melhor forma possível tudo que me foi colocado pra ser feito, entende? Então, o compromisso que você tem que ter com a companhia, ele é fundamental pra você crescer na companhia, se você não tiver um compromisso, seja qual for com a companhia que você trabalha você não vai galgar e não vai chegar em situações que você acha que são as melhores pra você. Então eu sempre procurei incansavelmente executar bem o que eu tinha, o que era me dado pra ser feito. Quando fui estagiário, quando fui assistente, quando fui supervisor, quando fui gerente, e agora como diretor. E sempre mantendo a motivação alta, o que não é fácil. Cada hora você lida com uma situação diferente, mas esse dinamismo da White, a White é muito dinâmica e essa capacidade de adaptação dela vai te contagiando e você vai sempre se mantendo motivado e querendo fazer melhor, isso que é interessante. Então, esse aprendizado todo que eu tive, principalmente quando eu fui pro campo, quando eu fui ver a realidade lá, ver o caminhão entregando, ver o cliente comprando, ver o cliente reclamando, chega a hora que o cliente reclama, tem hora que reclama que você erra, todo mundo erra. Então com compromisso, com humildade também, humildade é fundamental, você não consegue nada se você não for humilde. Humilde no sentido de tratar bem todo mundo, de ser bem tratado, de não ser arrogante. Tem horas que você tem que falar um pouco mais forte numa situação ou outra, mas é natural, não habitual. Então pra mim é o compromisso. É o compromisso, se auto motivar e tá sempre fazendo o melhor, senão você fica estagnado e não consegue avançar. Esse é meu principal aprendizado, quer dizer, ter o compromisso e ter o foco no que tem que ser feito. Eu falo muito isso com meus filhos, “ah, vai viajar, não sei o quê”, já tá planejando uma viagem no futuro, assim pra fazer alguma coisa, mantém o foco no que você tá fazendo agora, porque senão você não vai chegar lá. Você vai perder o foco aqui na escola, vai pior, não vai bem nas matérias etc., e vai prejudicar o seu planejamento futuro, entendeu? Então dedicação e compromisso e humildade, pra mim isso é fundamental, aprendi isso muito na White, muito. Primeiro com dedicar, sempre cheguei cedo e sempre saí na hora que for necessário sair, compromisso total com a empresa, podia pedir quem pedir, seja o que pedir, a gente tem que executar e executar bem e essa capacidade de adaptação te automotiva, entendeu? Você tem uma dificuldade aqui, você acha uma solução, você tem outra e você vai indo, vai indo, então é muito legal. A White é uma empresa muito legal. P/1 – E dentro dessas dificuldades, você lembra de alguma assim que mais te marcou? Que esses valores foram mais... R – Não, não lembro. Não lembro porque as dificuldades que eu digo são dificuldades do dia a dia, do negócio, que sempre acontece, é um concorrente que vai lá, faz um preço menor, você tem que combater, ou o concorrente tá planejando entrar numa área que você tá entrando. Então essas dificuldades de dia a dia, você sempre vai ter. Isso aí você tem que saber lidar, então eu nunca guardei dificuldade, você sempre tem um aprendizado em relação a ela, agora guardar ela, como uma dificuldade assim, eu sinceramente... tem que superar as dificuldades, esse é o que acho, entendeu? P/1 – Você estava falando muito desse perfil da White Martins. Qual que você acha que é o maior legado da White no processo de desenvolvimento industrial do Brasil? R – Olha, a White, primeiro, seguinte ela investe no país há muito tempo, ela confia no país, ela acredita no Brasil, nas empresas que tão aqui e o legado dela é o seguinte. Eu nunca vi a White entrar num negócio ou desenvolver uma oportunidade pra não ganhar o negócio. Então o seguinte, tem uma oportunidade, a gente tem a obrigação, não a obrigação, o compromisso de ganhar essa oportunidade e a gente vai até o fim, até o fim. Então se você for observar a nossa taxa de sucesso, de conquista de novos negócios, de cliente novo, é muito alta, e a gente tem obsessão por ganhar o negócio. Obsessão por desenvolver o Brasil, obsessão por desenvolver a nossa empresa, a White. Então o legado dela é acreditar no Brasil e ser obstinada por conquistar todas as oportunidades que tiverem no Brasil pra gente crescer, pra empresa crescer. Então são ciclos e ciclos, pólos petroquímicos, indústrias siderúrgicas, e aí a gente vai crescendo. A gente vai crescendo, a gente vai conquistando as oportunidades e vai expandindo a empresa, a empresa é cada vez maior, quando você olha pro passado e vê ela agora. É uma empresa grande, uma empresa com atividade industrial grande, é típico da empresa que acredita que foi fundada aqui, que foi comprada hoje é uma multinacional, mas ela permanece o foco dela no Brasil. Na América do Sul também, em outros países aí importantes a gente vem investindo muito, então é acreditar no que faz e ter o compromisso e a obstinação de ganhar os negócios. P/1 – Nesse sentido qual que é o significado dela tá completando cem anos no Brasil? R – Eu acho que é exatamente confiar no país, confiar no país e, quer dizer, eu acho que é uma demonstração de que a empresa cresceu e vai continuar crescendo com o país, entende? É uma maturidade que a gente tem nesse país, a gente faz parte só de um pedaço dessa maturidade, mas que nos credenciam para continuar executando muito bem o que a gente executa. Quando a gente fala assim, a White tá a noventa e nove anos no Brasil, o cliente gosta de ouvir isso, ele se sente seguro, de trabalhar com uma empresa que tá a muito tempo no país. Semana passada estive lá em Pernambuco, falei pra uma pessoa: “a White Martins tá aqui desde de 1952 aqui em Pernambuco” aí o cara: “é muito tempo”, e nós vamos continuar investindo porque Pernambuco é um estado que tá crescendo muito. Tem muitas oportunidades e a gente tá participando de algumas oportunidades lá. A gente que confia no Estado, confia no Brasil. Então é isso, é continuar trabalhando nesse ritmo. É não deixar essa, esse rótulo de cem anos parecer que é uma empresa arcaica, que não evolui, a gente quer continuar muito eficiente, mais eficiente ainda e atendendo da melhor forma possível o nosso mercado, os nossos clientes. P/1 – Falando nisso de futuro, como você vê o futuro tanto da White quanto o seu? R – Olha o futuro da White eu acho brilhante, por tudo que ela vem fazendo, por tudo que ela conquistou e que vai consolidar cada vez mais ela. Então a White é uma empresa que vai continuar nesse ritmo, que vai continuar, ela vai crescer muito ainda, ela vai se tornar uma grande empresa. O meu futuro, eu acho que eu ainda tenho tempo grande pela frente na companhia que eu vou continuar me dedicando da mesma forma que eu me dedico hoje. Sempre buscando fazer o melhor e trazer o melhor resultado pra companhia, então ainda tem um tempo bom na companhia pela frente e vou continuar lutando com todas as forças pra manter o melhor possível pra mim e pra companhia. É isso. P/1 – Tem mais alguma pergunta Isla? Tem mais alguma coisa que você queria contar, alguma lembrança de quando você se tornou diretor executivo, responsabilidade maior? R – Não toda evolução sempre traz uma insegurança e uma ansiedade, mas a insegurança é por pouco tempo, quando você chega nesse nível, que você se reporta direto ao presidente, você fica meio... Mas isso acontece desde de quando você é estagiário e vira assistente, toda mudança de cargo ou evolução que você tem, você sempre gera uma insegurançazinha mas depois uma ansiedade e você se adapta rapidamente. Realmente é uma conquista importante, você tá numa posição dessa numa empresa grande. A gente tem que se manter da melhor forma possível se dedicando, então é isso aí que eu procuro manter no meu pensamento. P/1 – Adaptação sempre, né? Da empresa e do funcionário (Risos) R – Toda hora. P/1 – Me diz uma coisa, o que você achou de contar a história do desenvolvimento industrial, da White Martins? R – Eu acho legal, eu acho que não só como eu conto essas histórias aqui pra vocês, mas eu acho que todos que vão vir aqui, vão se sentir até prestigiados por tá aqui contando isso. Não só eu como outras pessoas que estão no primeiro nível da companhia também começaram como estagiários, então é... O próprio presidente, tem outros pares meus que começaram como estagiários e tão onde tão e isso é gratificante pra gente e acho que pra empresa também que investiu em algumas pessoas que deram certo. As vezes a gente investe em outras pessoas que pensam diferente e não chegam onde chegam. Eu achei o seguinte: eu acho isso aqui muito legal, eu acho que você tá num momento importante da companhia. Cem anos não são cem dias, e foi dada a oportunidade pra você falar o que você acha da companhia e de você. Eu me sinto privilegiado, achei legal, essa iniciativa é muito legal. P/1 – A gente gostaria de te agradecer por ter disponibilizado a falar. R – Eu que agradeço o que precisar, pode perguntar. P/1 – Obrigada. R – Valeu. Marcelo começa contando sobre sua família, contando sobre como os pais vieram de Portugal para o Brasil. Relata sobre a infância que teve na Tijuca, contando um pouco das brincadeiras e do bairro. Conta sobre o período da escola e sobre as influências que o trabalho do pai teve na escolha de sua profissão. Marcelo conta sobre o período da adolescência e sobre as festas e bailes que frequentava com os amigos. Conta sobre outra influência para escolher o curso de Administração, vinda do seu irmão. Ele conta sobre a Federação da Faculdade Celso Lisboa e sobre como conheceu sua esposa durante esse período. Descreve o momento em que entrou na White Martins como estagiário e sobre o programa ''Prata da Casa'' no qual participou. Ele relata sobre as funções que tinha no estágio e também sobre os desafios que enfrentou. Ele conta sobre as funções que desempenhou durante seu início na empresa.
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