IMIGRAÇÃO ITALIANA - Para compreender a imigração dos italianos para o Brasil, é necessário analisar os aspectos do nosso país durante o século XIX.
A Grã-Bretanha - superpotência da época, pressionou fortemente o Brasil para acabar com o tráfico negreiro que supria as necessidades de mão-de-obra com a importação de escravos da África. A Lei Eusébio de Queirós proibiu o tráfico negreiro em 1850 e, a partir deste momento, começou a falta de mão-de-obra nas zonas rurais em que se expandia a cultura cafeeira. A fazenda Santa Eudóxia atravez da mão-de-obra de 248 escravos, conseguiu derrubar a floresta, destocar o mato e deixar a terra pronta para o plantio das primeiras lavouras de café. Visconde da Cunha Bueno era dono de grandes plantéis de escravos, mas não possuia mão de obra suficiente para cultivar 331 quilômetros quadrados de terra virgem. Na margem do Rio Quilombo, havia um Quilombo bem nas terras da Fazenda Santa Eudóxia, onde acontecia com freqüência a fuga dos escravos para o Quilombo. A nação brasileira passava por um período de fermentação das idéias abolicionistas. Novas leis, como a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885) anunciavam o fim próximo da escravidão.
É comum afirmar-se erroneamente que a libertação dos escravos em 1888 desencadeou a falta de mão-de-obra nas lavouras quando os escravos libertos saíram das fazendas para as grandes cidades. Isto aconteceu em pequena escala e a principio tudo seria limitadamente resolvido com a vinda dos imigrantes.
A Fazenda Santa Eudóxia precisava a produzir quase dois milhões de arrobas de café de qualidade, para honrar compromisso de vendas do Café “Santa Eudóxia”, para o governo imperial da Rainha Inglesa Alexandria Vitoria (1819-1901), que encomendara 1500 arrobas do “café Santa Eudóxia”. Por isso, o cultivo, a colheita e beneficio de um café de qualidade, necessitava cada vez mais de mão-de-obra em quantidade e qualidade...
Continuar leituraIMIGRAÇÃO ITALIANA - Para compreender a imigração dos italianos para o Brasil, é necessário analisar os aspectos do nosso país durante o século XIX.
A Grã-Bretanha - superpotência da época, pressionou fortemente o Brasil para acabar com o tráfico negreiro que supria as necessidades de mão-de-obra com a importação de escravos da África. A Lei Eusébio de Queirós proibiu o tráfico negreiro em 1850 e, a partir deste momento, começou a falta de mão-de-obra nas zonas rurais em que se expandia a cultura cafeeira. A fazenda Santa Eudóxia atravez da mão-de-obra de 248 escravos, conseguiu derrubar a floresta, destocar o mato e deixar a terra pronta para o plantio das primeiras lavouras de café. Visconde da Cunha Bueno era dono de grandes plantéis de escravos, mas não possuia mão de obra suficiente para cultivar 331 quilômetros quadrados de terra virgem. Na margem do Rio Quilombo, havia um Quilombo bem nas terras da Fazenda Santa Eudóxia, onde acontecia com freqüência a fuga dos escravos para o Quilombo. A nação brasileira passava por um período de fermentação das idéias abolicionistas. Novas leis, como a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885) anunciavam o fim próximo da escravidão.
É comum afirmar-se erroneamente que a libertação dos escravos em 1888 desencadeou a falta de mão-de-obra nas lavouras quando os escravos libertos saíram das fazendas para as grandes cidades. Isto aconteceu em pequena escala e a principio tudo seria limitadamente resolvido com a vinda dos imigrantes.
A Fazenda Santa Eudóxia precisava a produzir quase dois milhões de arrobas de café de qualidade, para honrar compromisso de vendas do Café “Santa Eudóxia”, para o governo imperial da Rainha Inglesa Alexandria Vitoria (1819-1901), que encomendara 1500 arrobas do “café Santa Eudóxia”. Por isso, o cultivo, a colheita e beneficio de um café de qualidade, necessitava cada vez mais de mão-de-obra em quantidade e qualidade muito superior à existente.
MISCIGENAÇÃO – (foto casa do imigrante) Enquanto isso, a Itália passava pelas guerras pela Unificação Italiana. Após o fim destas guerras, a economia italiana se encontrava debilitada, associada a problemas de alta taxa demográfica e desempregos. Os Estados Unidos (maior receptor de imigrantes) passaram a criar barreiras para a entrada de estrangeiros. Tais fatores levaram, a partir da década de 1870, ao início da maciça imigração de italianos para o Brasil.
Na época o Governo Imperial e o imaginário social e político brasileiro passou a considerar que os brasileiros eram incapazes de desenvolver o país por serem, em sua grande maioria, negros e mestiços. A política de imigração passou então a ser planejada não apenas com o propósito de suprir a mão-de-obra necessária ou de colonizar territórios pouco ocupados, mas também para "branquear" a população brasileira. Neste projeto social, negros e mestiços iriam paulatinamente desaparecer da população brasileira por meio da “miscigenação” com as populações de imigrantes europeus. - (miscigenação - relações inter-raciais, mistura de raças com povos de diferentes etnias),
Neste contexto, o imigrante italiano era considerado um dos melhores, pois além de ser branco, também era católico. Deste modo, sua assimilação seria fácil na sociedade brasileira e ele colaboraria para o "branqueamento" da população em geral.
Deve-se ressaltar que não foi apenas o Brasil que implantou políticas de imigração que privilegiavam os grupos de imigrantes conforme as características raciais ou religiosas desejadas. Vários países do mundo preferiam até mesmo o imigrante do norte da Europa em vez dos que vinham do sul.
BRASIL COMO DESTINO – O Governo Paulista passa a incentivar a imigração italiana com destino aos cafezais. A imigração subsidiada de italianos começou na década de 1880. Os próprios donos das fazendas de café tratavam de atrair imigrantes italianos para as suas propriedades. Os proprietários de terras pagavam a viagem e o imigrante tinha que se propor a trabalhar nas fazendas para devolver o valor da passagem paga.
Os imigrantes italianos, na maioria, imigravam para o Brasil em famílias e eram chamados de colonos. O governo brasileiro preferia atrair famílias inteiras para o Brasil. Nas plantações de café, todos trabalhavam: homens, mulheres e até crianças. Os fazendeiros, acostumados a trabalhar com escravos africanos, passaram a lidar com trabalhadores europeus livres e assalariados.
Todavia, muitos italianos nas fazendas de café foram submetidos a jornadas de trabalho maçantes como as enfrentadas pelos afro-brasileiros e muitos eram tratados de maneira semelhante a dos escravos. Essa situação gerou muitos conflitos entre os imigrantes italianos e os fazendeiros brasileiros, causando rebeliões e revoltas.
DECRETO PRINETTI - Por volta de 1900, aparecem na imprensa italiana notícias de péssimas condições de vida de emigrantes italianos no Brasil - que os italianos não podiam abandonar as fazendas de café onde trabalhavam, pois tinham dívidas principalmente relativas ao pagamento dos custos da passagem de suas viagens. Isto faz com que, em 1902, o governo da Itália emita o decreto “Prinetti”, proibindo a imigração subsidiada de cidadãos italianos para o Brasil. O fluxo de imigrantes diminui bruscamente já que, a partir de então, cada cidadão italiano que quisesse emigrar para o Brasil deveria ter dinheiro para pagar a própria passagem.
O DECRETO PRINETTI,- Portaria aprovada pelo comissário italiano da emigração, foi assinado em 26 de março de 1906 por Luigi Rodio, comissário-geral. Essa portaria suspendia a licença especial de quatro companhias de navegação que realizavam o transporte de emigrantes para o Brasil e proibia as atividades dos agentes que adentravam no território italiano para recrutar mão-de-obra. Isso ocorreu após a constatação das péssimas condições de vida às quais estavam submetidos muitos dos trabalhadores italianos imigrantes que não tinham acesso à moradia digna, higiene ou escola e estavam privados de uma vida em comunidade, pois permaneciam isolados nos núcleos coloniais e nas grandes lavouras de café.
A CAMINHO DA CIDADE - Embora a imigração italiana no Brasil fosse quase que exclusivamente rural, com o passar do tempo, muitos dos imigrantes começaram a sair da região rural, como aconteceu no distrito de Santa Eudóxia em 1918 quando a Fazenda Santa Eudóxia, deixou de produzir café e foi desmembrada. Muitos imigrantes voltaram para a Itália, enquanto outros se instalaram nos centros urbanos de cidades como São Carlos, Rio Claro, Campinas, Araraquara, Ribeirão Preto, na capital paulista e muitas outras cidades do interior .
O imigrante italiano no meio urbano foi de extrema importância, participando ativamente no desenvolvimento do comércio e de atividades urbanas. Depois do ano de 1900, mais de 90% dos operários fabris de São Paulo eram italianos.
Ao lado de brasileiros e de outros imigrantes, os italianos trabalharam ativamente nas fábricas que se multiplicavam pelo País. Os salários eram muito baixos, o que forçava os imigrantes a viverem amontoados em cortiços, podendo viver em uma única casa diversas famílias. Surgem, então, bairros como o Brás e o Bixiga, ainda hoje ligados ao passado operário italiano.
O trabalho não era exclusivo dos homens: crianças e mulheres italianas formavam parte significativa dos trabalhadores. Com o passar do tempo, o setor terciário das cidades brasileiras cresceu e muitos imigrantes italianos deixaram as indústrias para trabalhar como artesãos autônomos, pequenos comerciantes, motoristas de ônibus e táxi, vendedores de frutas e vegetais, sapateiros, garçons de restaurante.[3] Surgiram então pessoas que se destacaram. O exemplo mais notável é de Francesco Matarazzo, criador do maior complexo industrial da América Latina do início do século XX – (Industrias Matarazzo), tendo sido um dos marcos da modernização no Brasil. Desta forma, membros da comunidade italiana passaram a compor a elite paulista: a maioria dos primeiros grandes industriais de São Paulo vinham da colônia italiana. Em São Carlos, os imigrantes deram uma enorme contribuição para o surgimento e crescimento da cidade. Muitos chegaram a ser dono da maioria das casas comerciais da cidade, alem de diversas industrias, rede de hotéis, de bancos e etc.
BENITO MUSSOLINI - A imigração italiana no Brasil continuou grande até a década de 1920, quando o ditador Benito Mussolini, com seu governo nacionalista, passou a controlar a emigração italiana. Após a Segunda Guerra Mundial e a declaração de guerra do Brasil contra os países do eixo, a vinda de italianos para o Brasil entrou em decadência. Paralelamente, o Governo Italiano recebeu ajudas financeiras através do Plano Marshall, que obrigou a permanência de trabalhadores no pais, para reconstruir a Itália.
No Brasil, com o excesso de mão-de-obra, o então presidente Getúlio Vargas decreta, em 1934, a Lei de Cotas de Imigração, que dificultava a entrada de estrangeiros no País. Após a II Guerra Mundial entraram, ainda, 106.360 italianos no Brasil encerrando, assim, o grande fenômeno migratório para o País.
GETULIO VARGAS - Hoje em dia, quase todos os ítalo-brasileiros falam o português como língua materna. A língua italiana foi proibida no Brasil na década de 1930, pelo presidente Getúlio Vargas, após declarar guerra contra a Itália. Qualquer manifestação da cultura italiana no Brasil era crime. Isso contribuiu bastante para que o idioma italiano fosse pouco desenvolvido entre os descendentes de italianos.
Em Santa Eudóxia a diversidade dos falares dos imigrantes resultou numa maneira de falar bastante peculiar, que se difere substancialmente do falar caipira, que predominava na região antes da chegada dos italianos e é ainda generalizado no interior do estado paulista. O novo falar se forjou da mescla do calabrês, do napolitano, do vêneto, do português e ainda com o caipira. Atualmente, a influência italiana no português falado em nossa região não é tão grande quanto no passado, embora o sotaque paulistano continue marcado pelo dialeto ítalo-brasileiro que predominava na cidade no início do século XX. É de notar que a influência italiana no falar paulistano se generalizou bastante, a ponto de englobar os habitantes da cidade que nem ao menos possuem ascendência italiana.
PALESTRA ITALIA – A imigração italiana para o Brasil foi um dos maiores fenômenos imigratórios já ocorridos. A medida que o número de imigrantes e seus descendentes ia crescendo, o Brasil modificava os seus costumes, assim como os imigrantes modificam os seus.
Das inúmeras contribuições dos italianos para o Brasil e à sua cultura, destacam-se:
Introdução de elementos tipicamente italianos no catolicismo de algumas regiões do Brasil (festas, santos de devoção, práticas religiosas). Diversos pratos que foram incorporados à alimentação brasileira, como o hábito de comer panetone no Natal e comer pizza e espaguete freqüentemente (principalmente no Sudeste), além da popular polenta frita.
A introdução de novas técnicas agrícolas (Minas Gerais, São Paulo e no Sul).
A criação do time Palestra Itália em 1914, com o intuito de aproximar e unificar os imigrantes italianos que viviam na cidade de São Paulo. Mas por ocasião da segunda guerra mundial, o time foi forçado a mudar o seu nome para Sociedade Esportiva Palmeiras sob pena do clube perder todo o seu patrimônio físico. Isso por imposição da ditadura Vargas após declarar guerra contra a Itália, sendo criminalizado no Brasil qualquer manifestação cultural italiana.
A imigração italiana no Brasil também serviu de inspiração para o nosso Mural “RAINHA DO QUILOMBO DO IMIGRANTE e DO CAFÉ” e várias obras artísticas, televisivas e cinematográficas, como as telenovelas Terra Nostra e Esperança, e o filme O Quatrilho, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro
BAIRRO DO BIXIGA - A população de imigrantes italianos no Brasil está, atualmente, em franco decréscimo. A maior parte dos imigrantes são idosos, visto que as últimas grandes levas de imigrantes chegaram na década de 1950. O número de italianos residentes no Brasil ultrapassava meio milhão de pessoas em 1920, caindo para apenas pouco mais de 40 mil em 2000.
Porém, no ano de 2003, segundo a Aire (l’Anagrafe degli italiani residenti all’estero) havia no Brasil 162.225 cidadãos italianos e, segundo os Anagrafi consolari del Ministero degli Esteri, há 284.136 cidadãos italianos no País. A maioria destes são cidadãos ítalo-brasileiros, visto que a Itália garante a cidadania italiana para os descendentes,- salvo algumas exceções, e o Brasil permite a dupla-nacionalidade de seus cidadãos. De acordo com as leis italianas, não há diferença jurídica entre um italiano nascido na Itália ou no estrangeiro.
Em São Paulo estão inscritos no Consulado 154.546 cidadãos italianos, no Rio de Janeiro 38.736, em Porto Alegre 37.278, em Curitiba 30.987 e em Belo Horizonte 13.769. O Brasil possui, de acordo com diferentes fontes, a maior população de cidadãos italianos no mundo.
ITALIA BRASILEIRA - Quando se toma por base o número de brasileiros descendentes de italianos, o Brasil possui a maior população italiana fora da Itália. Não se sabe o número exato, visto que os censos nacionais não questionam a ancestralidade do povo brasileiro. Todavia, as estimativas oscilam entre 23 a 25 milhões os brasileiros com algum grau de ascendência italiana, representando cerca de 15% da população brasileira.
Os italianos e descendentes não formam um grupo étnico à parte da população brasileira, mas integrante e enraizado dentro da sociedade brasileira. Seus descendentes figuram nos mais diversos setores da sociedade do País.
Santa Eudóxia - São Carlos e outras localidades do Sudeste têm uma clara maioria de brasileiros de origem italiana. Mesmo nas grandes metrópoles a presença da coletividade italiana é enorme: São Paulo com seus 10 milhões de habitantes, - maior cidade do Brasil, possui 60% da população com ascendência italiana. Nas eleições italianas de 2006, os italianos residentes no estrangeiro puderam participar. No Brasil, 62.599 cidadãos italianos votaram.
População Italiana no Brasil -1920 - 2000
Ano e Número: 1920: 558.405 – 1940: 325.283 – 1950: 242.279 - 1970: 152.801 – 1990: 53.543 – 2000: 43.718
IMIGRAÇÃO ITALIANA PARA O BRASIL (1876-1920)
REGIÃO DE ORIGEM NÚMERO DE IMIGRANTES REGIÃO IMIGRANTES
Vêneto
365.710
Sicília
44.390
Campânia
166.080
Piemonte
40.336
Calábria
113.155
Puglia
34.833
Lombardia
105.973
Marche
25.074
Abruzzo-Molise
93.020
Lácio
15.982
Toscana
81.056
Úmbria
11.818
Emília-Romagna
59.877
Ligúria
9.328
Basilicata
52.888
Sardenha
6.113
Total : 1.243.633
TUTTI BUONA GENTE
(Do Mural Rainha do Quilombo, do Imigrante e do Café)
Florentinos, genoveses e venezianos.
Operários, mercadores, nobres emigrados.
Desloca-se de sua terra a procura de sonhos
Sonho de lidar com a terra, sem temer a morte.
Deixando família, lembranças e saudades.
Para em lugares distantes arriscarem a sorte
No mar foram capitães e marinheiros.
Em terra, na indústria ou na agricultura,
Foram operários gigantes da lavoura cafeeira.
Lavrou a terra, plantou café, cuidou e colheu.
Deu ao país e ao mundo o precioso fruto
Conhecido como o “ouro negro brasileiro”
Tutti buona gente de raras emoções
Que depois da lida no cair da tarde
Com os olhos molhados escreviam canções
Lembrando da pátria com dor de saudades
Mas, doy gracias a Dio – dando graças a Deus.
Por fazer crescer a terra das oportunidades
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