BNDES 50 Anos
Depoimento de Ilma Leda Pinheiro Machado
Entrevistada por Sofia Costa Pinto
Rio de Janeiro, 11/04/2002
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista nº BND_CB025
Revisado por Genivaldo Cavalcanti Filho
P/1 – Bom, primeiro eu queria que você fizesse sua identificação. Diga seu nome, o local e a data do seu nascimento.
R – Meu nome é Ilma Leda Pinheiro Machado. Eu nasci no Rio de Janeiro em dezoito de novembro de 58.
P/1 - Como você entrou no BNDES e quando?
R – Eu entrei no BNDES em 82. Eu fiz uma prova pra contratada; o Armando, rapaz que estava aí fora, foi ele que aplicou essa prova pra mim. Fiquei um ano como contratada.
No meio do ano eu soube que ia ter um concurso em 83, quem não passasse nesse concurso ia ser mandado embora. Eu tinha acabado de vir pra cá pra ganhar cinco vezes mais do que eu ganhava no outro emprego, então eu não podia perder essa oportunidade de trabalhar no BNDES.
Eu vim como contratada pra trabalhar no pool de datilografia da AP1 [Área de Projetos Industriais]. Era uma sala onde havia várias pessoas e aquelas máquinas Adler de escrever, com aqueles rolos enormes. E você ficava lá, “tec-tec-tec”, fazendo aquelas IPs e coisas que você não podia errar. Nós formamos um grupo de estudos porque justamente ali, no pool da AP1, a maioria eram pessoas contratadas. Elas não eram efetivadas no banco, não tinham prestado concurso, então a gente formou um grupo de estudos.
Teve um funcionário do banco, o nome dele é Dória, que hoje está aposentado, e ele se propôs a dar essa outra vez. Eu trabalhava na [Avenida] Rio Branco, 110 – nessa época o banco era todo desmembrado - e ele dava aula pra gente lá na [Avenida] Rio Branco, 53, de manhã cedo. A gente ia pra lá, estudava e voltava pra trabalhar. Estudamos assim o ano inteiro. Em 83 teve esse concurso, nós fizemos, e desse grupo que estudou praticamente todo mundo passou, então fui efetivada pelo banco. Tirei o primeiro lugar no concurso,...
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BNDES 50 Anos
Depoimento de Ilma Leda Pinheiro Machado
Entrevistada por Sofia Costa Pinto
Rio de Janeiro, 11/04/2002
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista nº BND_CB025
Revisado por Genivaldo Cavalcanti Filho
P/1 – Bom, primeiro eu queria que você fizesse sua identificação. Diga seu nome, o local e a data do seu nascimento.
R – Meu nome é Ilma Leda Pinheiro Machado. Eu nasci no Rio de Janeiro em dezoito de novembro de 58.
P/1 - Como você entrou no BNDES e quando?
R – Eu entrei no BNDES em 82. Eu fiz uma prova pra contratada; o Armando, rapaz que estava aí fora, foi ele que aplicou essa prova pra mim. Fiquei um ano como contratada.
No meio do ano eu soube que ia ter um concurso em 83, quem não passasse nesse concurso ia ser mandado embora. Eu tinha acabado de vir pra cá pra ganhar cinco vezes mais do que eu ganhava no outro emprego, então eu não podia perder essa oportunidade de trabalhar no BNDES.
Eu vim como contratada pra trabalhar no pool de datilografia da AP1 [Área de Projetos Industriais]. Era uma sala onde havia várias pessoas e aquelas máquinas Adler de escrever, com aqueles rolos enormes. E você ficava lá, “tec-tec-tec”, fazendo aquelas IPs e coisas que você não podia errar. Nós formamos um grupo de estudos porque justamente ali, no pool da AP1, a maioria eram pessoas contratadas. Elas não eram efetivadas no banco, não tinham prestado concurso, então a gente formou um grupo de estudos.
Teve um funcionário do banco, o nome dele é Dória, que hoje está aposentado, e ele se propôs a dar essa outra vez. Eu trabalhava na [Avenida] Rio Branco, 110 – nessa época o banco era todo desmembrado - e ele dava aula pra gente lá na [Avenida] Rio Branco, 53, de manhã cedo. A gente ia pra lá, estudava e voltava pra trabalhar. Estudamos assim o ano inteiro. Em 83 teve esse concurso, nós fizemos, e desse grupo que estudou praticamente todo mundo passou, então fui efetivada pelo banco. Tirei o primeiro lugar no concurso, estudei feito uma condenada, mas eu não podia perder essa oportunidade. E deu tudo certo.
Hoje, quando encontro com o Dória pelos elevadores, eu devo muito a ele, porque se não fosse a ajuda dele de ensinar com as técnicas dele, todas meio mirabolantes... Ele chegava na aula, e [sobre] aquela história de [dizer] “meio cansada”, ele dizia: “Não erra na prova, porque ‘meia cansada’...” Ele tirava a meia, botava em cima da mesa, fazia aquelas palhaçadas todas, e isso ajudou a gente a fixar muita coisa. Graças a ele, bastante gente passou no concurso, entre elas eu. E desde 83, eu sou efetivada pelo banco.
P/1 – As pessoas desse grupo de estudos, as outras também continuam no BNDES?
R – Continuam. Uma é a Márcia, que trabalha comigo hoje na área de Comunicação, e a gente… Somos poucos, então a gente continua se vendo, se falando. Nesse ano eu faço vinte anos de banco, então eu vou receber medalhinha, distintivo. O pessoal fala: “Vou receber meu ‘NI’”. Eu estava pensando em reunir esse pessoal desse concurso pra fazer uma comemoração, uma festa. Foi uma vitória, a gente está aqui até hoje e eu acho que isso merece uma comemoração. Vou ver se consigo articular isso.
P/1 - Então você entrou duas vezes no BNDES?
R – Entrei duas vezes. Fiz uma prova pra contratada e depois fiz um concurso público.
P/1 – E nessa segunda vez você entrou pra outro cargo?
R – Não, eu continuei porque eu era assistente, era o apoio. Eu continuei na P1, continuei no pool. Depois de algum tempo eu comecei a me engajar, a participar da Associação dos Funcionários do Banco. Dois anos depois, acho, eu fui cedida pra Associação, onde fui ser Diretora Social. Depois eu fui Diretora de Esportes (rindo) na Associação, pra comandar o time de futebol do pessoal do banco. Passei uns quatro anos na Associação, voltei pro banco e fui direto trabalhar no que é hoje a área de Comunicação e Cultura. Então tenho vinte anos de banco e treze anos de trabalho nessa área de Comunicação.
P/1 – Dos projetos que vocês já realizaram nessa área de Comunicação ou na própria Associação, quais você se lembra e tem uma boa memória, como sendo projetos bem-sucedidos?
R – Na Associação... Participei da Associação numa época que tinha bastante movimento. Tinha passeatas, a gente tinha certas campanhas, certas bandeiras aqui dentro do banco. Eu estava até falando: “Vou trazer as fotos da primeira greve do banco”. Uma greve realmente que todo o banco aderiu. Teve uma participação magnífica, [de] várias conquistas que o funcionário tem hoje, muitas foram adquiridas naquela época. Então essa passagem na Associação foi bem marcante e aqui no banco, a maior parte da minha vida profissional é nessa área de Comunicação, então é uma coisa que eu fico vendo e que eu...
Este ano estou mais emocionada porque esse tempo todo… Todo ano eu ajudo a promover, a fazer essa festa de aniversário do banco, a programar essa entrega dos distintivos, essa entrega de prêmios pra quem faz 20, 25, 30 anos, então eu tenho que estar vendo as pessoas ali. É uma coisa que me emociona muito nesse tempo todo é que nessa entrega que a gente faz pra funcionários… Um funcionário que acho que já deve ter passado aqui pra ser entrevistado, que é o Beraldo, quando foi chamado pra receber a medalha dele, o auditório inteiro, de 420 pessoas, se levantou pra aplaudir em pé. Foi aquela emoção, os diretores emocionados. É uma coisa muito legal.
Esse ano, particularmente, eu vou fazer vinte anos. Falei: “Meu Deus, eu vou programar minha própria festa?” Eu estou meio assim: “Como é que vai ser? Eu estou trabalhando e vou receber…” Acho que são coisas que às vezes a gente não se dá conta, mas que têm uma carga de emoção. São coisas interessantes. A gente fica trabalhando no projeto e de repente está fazendo parte dele.
P/1 – Pra você, qual é a importância do BNDES na sua vida? O que que é o BNDES pra você?
R – Pra mim foi uma mudança muito grande, porque minha vida profissional antes foi relativamente pequena. Eu não tive muitas experiências, então cheguei aqui no banco [quando] tinha vinte e poucos anos. Olho a minha foto - não é essa do crachá, outra, que está tudo lisinho… (risos) Toda minha vida, as coisas que eu adquiri, os conhecimentos, bens familiares, o aprendizado, foi todo ele muito aqui dentro do banco.
O banco pra mim é uma família. Eu costumo dizer que nós aqui do prédio, principalmente depois que a gente veio pra cá, nós somos uma família, somos talvez 1600 pessoas que se conhecem. E às vezes eu digo que a gente é uma praga. Eu lembro de uma vez que estava em férias lá em Canoa Quebrada. Naquela praia não tinha ninguém, mar, água... E aí você vê um vulto se aproximando, dois vultos, e quando você chega, você dá de cara com gente do banco. Eu falo: “Meu Deus, o que é isso? Eu estou em férias, numa praia deserta, aparecem ‘benedenses’.” Eu disse: “Nós somos poucos, mas a gente consegue se reproduzir e estar em lugares os mais inusitados possíveis.”
Eu acho que para mim o banco é uma família. Eu gosto muito de trabalhar aqui. O banco pra mim tem um significado muito forte e eu não sei, eu não consigo me ver fora do banco, assim como não consigo me ver trabalhando fora da área de Comunicação. É uma área que eu gosto. Eu costumo dizer pras pessoas: “Só saio daqui aposentada ou no dia que o banco me mandar embora.”
Eu gosto de trabalhar nessas coisas do banco. E achei super interessante que realize [o projeto de] 50 anos. A gente está podendo resgatar essas histórias, tantas pessoas. Hoje eu levei a Simon, achei que vinha aqui, até te falei... Que eu ia chegar aqui na hora do almoço e vocês iam estar aqui todos na cadeira, sem ninguém, entregues às moscas. Não achei que as pessoas iam vir pra contar. Muito mais gente podia vir, gente que pode contar histórias maravilhosas, mas achei super interessante que isso está mexendo com as pessoas. E acho que no final vai ser legal.
P/1 – E pra finalizar, o que você achou de ter dado essa entrevista e de ter contribuído pro projeto “50 anos do BNDES”?
R – Eu achei super legal. Achei que falei até pouco. Podia estar falando mais, falando de mais coisas. Às vezes a gente fica assim: “Eu quero trazer uns objetos.” Aí você pensa: “Será que isso eu posso levar? Será que isso é interessante?” A gente fica na dúvida do que é e do que não é. Amanhã eu vou trazer um bando de coisas. Se não prestar vocês separam lá, mas eu estou achando super legal essa montagem ontem que passou aqui, o pessoal montando… Uma coisa diferente, que nunca aconteceu e eu estou achando legal a receptividade das pessoas. E eu vou participar de tudo, tá bom?
P/1 – Obrigada.
R – Obrigada você.
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