Identificação
Meu nome é Devora Zlatkin Eu nasci em Israel, na cidade de Telaviv, em 13 de janeiro de 1946.
Origem
Os meus pais são Mordehay Areza e Esther Areza. Eles eram ligados ao comércio, porque meu avô materno tinha uma cadeia de lojas de tecidos. Os meu avós paternos eram Perla e Jacó Atiê, que era rabino. A origem do meu nome de solteira vem de Eres, que é pinheiro, é nome bem israelense, bem judaico.
Infância
Eu vivi em Israel só 10 anos, porque daí vim morar aqui. Era uma época bem difícil, que foi a da fundação do Estado de Israel. O Estado foi constituído em 48, eu nasci em 46, então eu acompanhei, antes um pouquinho e depois, as guerras até 56, quando eu saí de lá. Era muito difícil a vida.
Lazer
Lembro das brincadeiras, lembro. Eu morava num lugar muito bonito, que tinha uma alameda toda arborizada, as crianças brincavam na rua, era um lugar muito gostoso. Tinha uma praça onde nós brincávamos. Era muito bonito, muito gostoso.
Moradia
Eu não morava em casa, já era um dos primeiros prédios de Tel Aviv, um edifício de quatro andares com sacada, uma varandinha, onde eu gostava muito de brincar. Era num lugar muito arborizado, era bem bonito. A nossa brincadeira favorita acho que era a de pular corda.
Educação
Lembro da minha primeira escola, que eu gostava muito, era pertinho da minha casa. Era muito gostoso, tinha muitos amigos, e uma professora em particular de quem eu gostava muito. Era bom.
Costumes judaicos
O sábado de família judaica é típico, começa na sexta-feira à noite, aí o pai já não trabalha, vai à sinagoga, depois tem todo o preparo do jantar para a sexta feira, com as rezas. Sábado o dia todo é de folga, de brincadeiras, então é um dia de ficar com a família, de passear, ir à praia.
Chegada ao Brasil
Eu vim para o Brasil em novembro de 1956. Vim direto para o Rio de Janeiro de navio, que já tinha uns tios meus morando aqui. Meu pai, aventureiro que era, resolveu se...
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Identificação
Meu nome é Devora Zlatkin Eu nasci em Israel, na cidade de Telaviv, em 13 de janeiro de 1946.
Origem
Os meus pais são Mordehay Areza e Esther Areza. Eles eram ligados ao comércio, porque meu avô materno tinha uma cadeia de lojas de tecidos. Os meu avós paternos eram Perla e Jacó Atiê, que era rabino. A origem do meu nome de solteira vem de Eres, que é pinheiro, é nome bem israelense, bem judaico.
Infância
Eu vivi em Israel só 10 anos, porque daí vim morar aqui. Era uma época bem difícil, que foi a da fundação do Estado de Israel. O Estado foi constituído em 48, eu nasci em 46, então eu acompanhei, antes um pouquinho e depois, as guerras até 56, quando eu saí de lá. Era muito difícil a vida.
Lazer
Lembro das brincadeiras, lembro. Eu morava num lugar muito bonito, que tinha uma alameda toda arborizada, as crianças brincavam na rua, era um lugar muito gostoso. Tinha uma praça onde nós brincávamos. Era muito bonito, muito gostoso.
Moradia
Eu não morava em casa, já era um dos primeiros prédios de Tel Aviv, um edifício de quatro andares com sacada, uma varandinha, onde eu gostava muito de brincar. Era num lugar muito arborizado, era bem bonito. A nossa brincadeira favorita acho que era a de pular corda.
Educação
Lembro da minha primeira escola, que eu gostava muito, era pertinho da minha casa. Era muito gostoso, tinha muitos amigos, e uma professora em particular de quem eu gostava muito. Era bom.
Costumes judaicos
O sábado de família judaica é típico, começa na sexta-feira à noite, aí o pai já não trabalha, vai à sinagoga, depois tem todo o preparo do jantar para a sexta feira, com as rezas. Sábado o dia todo é de folga, de brincadeiras, então é um dia de ficar com a família, de passear, ir à praia.
Chegada ao Brasil
Eu vim para o Brasil em novembro de 1956. Vim direto para o Rio de Janeiro de navio, que já tinha uns tios meus morando aqui. Meu pai, aventureiro que era, resolveu se mudar. Quando eu cheguei aqui, não gostei muito do calor, muito quente, nós chegamos em novembro e já era pleno verão. Fomos morar em Copacabana, onde ficamos por muitos anos.
Juventude
Eu tinha muitos amigos, ia muito à praia. Tinha aquela turminha famosa da Miguel Lemos, que nós nos encontrávamos todos os dias. Nós saíamos, íamos ao cinema, festinhas. Sempre pratiquei esportes. Sempre, até hoje eu faço ginástica. Na época a gente jogava vôlei na praia e frescobol, fazia ginástica rítmica. Eu lembro da minha professora, a Iara Vaes que até hoje está lá no Leblon. A moda nessa época, eu lembro, era daquelas calças cigarrete, justinha, meio pesca de siri. Como na época ainda não tinha esses tecidos sintéticos que hoje se usa para ginástica, se fazia de algodão mesmo, e era difícil de vestir. (Risos) Mas, moda é moda.
Comércio
Em Copacabana tinha muitas butiques, eu gostava muito de fazer compras, lembrava dos nomes das butiques, mas são um pouco difíceis. Tinha ali na avenida Copacabana muitas lojas pequenas, tinha muita casa de fazenda, que a gente na época tinha costureira, comprava as fazendas, escolhia o modelo. Nos anos 60, quando eu estava na adolescência, tinha que ter um vestido... cada vez, para sair, tinha um vestido novo. (Risos) Era interessante, a maioria das paqueras acho que era na praia. Até hoje tem aí a praia, desfile de maiô. Na época começou o maiô, duas peças, depois veio o biquíni. Aí eu vi a evolução toda disso, a libertação da mulher, que naquela época era bem... Movimento feminista, participei de todo esse esquema, mas nunca pertenci a nenhum movimento feminista. Eu só acompanhei intelectualmente e levei a minha vida toda baseada nisso.
Trabalho
Eu casei com 19 anos, logo fiquei grávida, então eu não cheguei a fazer o curso superior, mas sempre trabalhei no comércio. Meu pai trabalhava com automóveis, importação de automóveis, e eu já trabalhava com ele e continuei trabalhando com ele nesse ramo por muitos anos.
Areza Automóveis
Meu pai já trabalhava com automóveis em Israel, então o know how que ele tinha foi desenvolvendo aqui. Ele teve uma loja na Prado Junior, chamada Areza Automóveis por muitos anos, uns 30 anos, 35 anos, depois nós tivemos a concessionária Fiat, nós fomos pioneiros na Barra da Tijuca.
Pioneirismo na Barra da Tijuca
A Barra da Tijuca não tinha nada, nós abrimos a nossa concessionária em 76, que foi quando a Fiat entrou no Brasil. E foi muito interessante, porque era um areial só, não tinha nada, absolutamente nada. Na época que em que nós começamos a obra era só areia.
Alguns podem achar loucura abrir uma concessionária num lugar pouco habitado. Mas nós já tínhamos a visão de que a Barra seria o próximo lugar de expansão imobiliária. Já pensávamos isso naquela época, e quando recebemos a concessão da Fiat, optamos pela Barra da Tijuca. Fomos a primeira concessionária de automóveis, o primeiro comércio, ali no Recreio dos Bandeirantes, na Avenida das Américas. Quando nós abrimos, não tinha Carrefour, Barra Shopping, não tinha nada, nada disso, fomos os primeiros. A primeira grande empresa que teve lá foi a nossa.
Concessionária Fiat
Eu fiquei à frente da agência durante muitos anos, de 76 a 89. Concessionária na verdade é uma representante da montadora. Só se pode comprar carros de uma montadora só, que é a que você representa, e tem que comprar as peças, tem que seguir todo um... toda orientação da montadora, porque todas as concessionárias têm um padrão de trabalho. Foi uma experiência muito interessante.
Forma de pagamento
No começo, a maioria comprava à vista mesmo. Com o tempo, aí entraram as financeiras e por orientação mesmo da montadora, nós tínhamos que oferecer o financiamento dos carros. Mas era uma época muito difícil, os juros eram astronômicos.
Família
Sou casada há 38 anos. Tenho dois filhos, Maurício, está com 37 e a Iael, fez 35 agora. Meu filho trabalha numa financeira e a minha filha é veterinária. Não, eu não quis que eles continuassem no comércio, porque cada um tinha sua visão, a sua vocação, tanto que nós nem ficamos com o negócio da família, vendemos porque não ia ter continuidade, e não valeria a pena a gente ficar.
Vida atual
Hoje eu trabalho muito, mas filantropicamente, no Terceiro Setor. Sou diretora financeira de uma ONG a nível internacional, e aqui no Brasil somos 4 mil mulheres. No mundo todo somos 250 mil. Eu faço a parte de administração financeira da entidade, eu curto muito, e isso me ocupa bastante. É uma ONG que está em 58 países, agrupa mulheres judias sionistas no mundo todo para manter a cultura judaica dentro das famílias judaicas.
Depois que eu parei de trabalhar, porque atualmente estou aposentada. vou à academia cuidar de mim, que eu sempre gostei muito de esportes, de ginástica e nunca tive muito tempo. Depois que os meus filhos casaram e nós paramos de trabalhar, então todos os dias de manhã eu vou à academia por volta de umas dez horas, malho por umas três horas, almoço lá, e depois de tarde tenho os meus afazeres.
Perfil de consumo
Já fui mais consumidora. Agora, acho que os meus valores mudaram bastante. Antigamente eu gostava mais de comprar. Hoje em dia eu vou só ao Fashion Mall, faço minhas compras lá, quando eu tenho que comprar presentes, ou alguma coisa para a casa, ou para mim. Eu escolhi ir lá por motivos de segurança.
Internet
Nós começamos a comprar pela Internet, mas ficamos com um pouco de medo da segurança. O cartão transitando aí pelo mundo... Então, compramos muito raramente, mas compramos, não posso dizer que não. Eu prefiro pagar mais caro e não ter o meu cartão exposto.
O que mudaria na minha vida
Não, não mudaria nada. E fiz o que queria. Consegui, nos anos 70, 80, me impor dentro do que eu fazia, dentro da minha empresa. Eu cheguei a ser diretora da ABRACAF, que é a Associação Brasileira de Concessionárias Fiat, com reuniões semanais em São Paulo, reuniões mensais na fábrica, representando vários estados. Eu representava Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Espírito Santo e cheguei a ser convocada para reuniões com ministros em Brasília. Fui indicada para ser diretora da FUNABRAVE, e fui. Acho que como mulher galguei muitos degraus, porque eu cheguei a ser da Comissão de Ética da ABRACAF. para resolver problemas entre concessionárias. Eu acho que tudo o que eu fiz foi com prazer e me senti muito realizada.
Projeto Memória
Acho muito legal. Eu tenho acompanhado muito a Zilda, a minha sobrinha lá de São Paulo, que é uma das fundadoras do Museu da Pessoa. Temos acompanhado o trabalho do Carlos Kessel, também meu sobrinho. Eu acho que a memória tem que ser preservada, acho uma muito interessante, tanto de histórias pessoais como de empresas, fundações, ONGs. Acho que a memória tem que ser preservada em todos os sentidos, porque isso é um patrimônio.
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